quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969


Foto nº 212


Foto nº 211


Foto nº 213


Foto nº 209


Foto nº 210

Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 >  Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).

Nas fotos de baixo  (nºs 209 e 210) vê-se, acima das cabeças de um grupo de militares, em plena parada,  a célebre Cilinha, a Cecília Supico Pinto (1921-2011), histórica fundadora e líder do Movimento Nacional Feminino (MNF), em visita ao setor L1,  Bambadinca.  A Tudo indica que esta visita se tenha realizado em abril ou maio de 1969 (vd. foto nº  209, com a acácia vermelha, em flor,  do lado direito).  O aquartelamento será atacado, em força, em 28 de maio desse ano. Nessa altura, fim da época seca, a líder do MNF andava pela Guiné, tendo visitado,  por exemplo,  a CCAÇ 2402 no Olossato, a que pertenceu o nosso grã-tabanqueiro Raul Albino.

O meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970,) já não pode precisar em que data é que foram tiradas estes "slides". Mas lembra-se muito bem da visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas que veio animar a malta da CCS do batalhão e subunidades adidas (Pel Rec Daimler 2046,  Pel Mort 2106, Pel Caç Nat 63 - que em maio vai para Fá, sendo rendido pelo Pel Caç Nat 53) . Será que o Jaime Machado, nosso grã-tabanqueiro e ex-comandante do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) se lembra destas "cenas" ? E o meu camarada, igualmente contemporâneo de Bambadinca, fur mil armas pes inf Lopes, do Pel Mort 2106 ?  Será que ele se lembra da Cilinha ? (Não tenho notícias dele, nem por onde pára ?)... Recorde-se que o Pel Mort 2106 esteve em Bambadinca entre Março de 1969 e Dezembro de 1970.

Quanto ao Pel Caç Nat 63, não pergunto nada ao nosso "alfero Cabral", que é "pira", em relação a mim...

O conjunto  musical (fotos nºs 211, 212 e 213)  era formado por 5 elementos, tudo ou quase tudo cabos, havendo 1 cantor, 3 guitarras elétricas e 1 baterista (pormenor curioso: arranjou um cunhete de munições para pôr em cima da cadeira e "fazer altura"). (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria  integrar este conjunto musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917).

Na foto nº 213,  já tirada ao anoitecer (e, por isso, de muito fraca resolução),  vê-se uma figura feminina, de saia azul,  a falar com um dos elementos da banda. Não é provável que fosse a Cilinha. O Lopes não tem ideia de ela ter pernoitado no "resort" de Bambadinca. Falámos ao telefone, a esclarecer este ponte: o mais provável era ser uma das senhoras que viviam em Bambadinca (por ex., a esposa do tenente Pinheiro, chefe da secretaria, a esposa do dr. David Payne, alf mil médico, ou outra: julgo que o ten cor Pimentel Bastos, comandante do batalhão,  também lá tinha a esposa; as senhoras tiveram que regressar a Bissau depois do ataque de 28/5/1969).

Pela leitura do livro de Sílvia Espirito Santo (Cecília Supico Pinto: o rosto do Movimento Nacinonal Feminino. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008), deduzo que a dirigente do MNE - uma mulher poderosa até à morte de Salazar  e que detestava o Marcelo Caetano - tenha estado na Guiné, pelo menos 4 vezes. 1964, 1966, 1969 e 1974... Da última vez, terá sido mesmo ferida por um estilhaço, em fevereiro de 1974.  Dela ela, na pág.  116: "Eu fui a quase todo o lado [da Guiné]. com excepção de Guerrilhe [, Guileje ?], Medina (sic) do Boé e Gadamaela [, Gadamael.  Não me venham dizer a mim que a Guiné estava  toda tomada, pro amor de Deus". Foi também da sua iniciativa convidar artistas na moda, como a Florbela Queirós ou o conjunto "João Paulo" para atuar,  no Ultramar, no mato (pp.143 e ss.).

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10961: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (7): A metralhadora pesada Browning, de calibre 12.7

8 comentários:

Luís Graça disse...

Já perguntei ao Vitor Raposeiro se ele é capaz de identificar alguns camaradas do conjunto... É malta mais velha do que ele... Conheci-o em Bambadinca, mais de um ano depois desta data...

Um abraço para ele. Julgo que vive em Setúbal, e ainda deve ter o bichinho da música, da guitarra elétrica, e das atuações por esse Portugal fora (, teve cá uma ou mais bandas).

Pedi-lhe fotos, com legenda, do seu tempo de "guitarra elétrica" na Guiné, no conjunto musical das Forças Armadas... LG

Luís Graça disse...

Sobre o Pel Mort 2106 (, não havia artilharia em Bambadinca, no meu tempo):

O meu amigo e camarada Benjamim Durães (CCS/BART 2917, 1970/72) identificou, há tempos, os quadros do Pel Mort 2016, que esteve em Bambadinca (mar 69 / dez 70):

(i) O Cmdt do Pel Mort 2106 era o Alferes Miliciano ANTÓNIO JOSÉ ESTEVES CAETANO, residente em Lisboa ("tenho o contacto dele");

(ii) Furriéis Milicianos:

FERNANDO S. CALDEIRA;
MANUEL FERNANDO ROSADO LOPES.

... Só me lembro do alteirão do Lopes, que - se não erro - era natural de Angola.

Luís Graça disse...

O Lopes era, de facto, um tipo alteirão, angolano, branco, que se dava bem com a malta da CCAÇ 12... Nunca soube se voltou a Angola...

Ele, na prática, é que comandava o Pel Mort 2106... Não me lembro do Caetano, o alferes... Não me lembro mesmo de nenhum alferes de armas pesadas... É possível que o alf mil Caetano tenha deixado Bambadinca, antes de Julho de 1969 (3º semana), quando a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 montou a tenda por aqueles lados.

Anónimo disse...


Jaime Machado
jaime@lusoswim.pt
25jan2013
07:21

Caro Luis

São 7 horas da manhã e estou a ler o teu poste em que relatas a visita da Cilinha a Bambadinca.
Dizes que terá acontecido em Abril ou Maio de 69.
Não me recordo de modo algum dessa visita.
Talvez nesse dia estivesse em Bissau ou no gozo de férias na “metrópole”
Se estivesse em Bambadinca não esqueceria, naturalmente, esse dia.
Recordo-me, isso sim, perfeitamente do tenente Pinheiro e esposa bem como do saudoso e gentilíssimo Dr. Payne e esposa.
Recordo-me ainda melhor da noite (pior) do ataque em Maio de 69.

Recebe o meu abraço
Jaime

Anónimo disse...

O Pel.Caç.Nat.63,só foi para Fá em

Julho de 1969.Na festa da Cilinha ou

estava em Bambadinca ou no Saltinho.

Em relação a ti Luís,sou um grande

"pira",cheguei à Guiné,quinze dias

depois...Abraço!

J.Cabral

Anónimo disse...

O Pel.Caç.Nat.63,só foi para Fá em

Julho de 1969.Na festa da Cilinha ou

estava em Bambadinca ou no Saltinho.

Em relação a ti Luís,sou um grande

"pira",cheguei à Guiné,quinze dias

depois...Abraço!

J.Cabral

Anónimo disse...

A Sra. Supico Pinto,por acaso até foi a Gadamael em fev/74.

Era para pernoitar no aquartelamento, mas não pernoitou..é que começou a correr o boato que no dia seguinte viria um heli. para levar a Sra,o que quase levou a um levantamento militar.
Regressou no mesmo dia a Cacine e julgo que a Bissau.
No final da tarde fomos flagelados mas Sra.já estaria provavelmente no remanso de Bissau.
Porquê do quase levantamento militar..simples..as evacuações eram feitas em sintex ou zebro para cacine e daí em heli. para Bissau..se não vinha heli. a gadamael para evacuações..era o que faltava vir um para levar a Sra.
Confesso que fui um dos autores morais ..da coisa.
Quanto a conjuntos musicais e outras "variedades", nunca tivemos direito a nada disso..ora era suficiente o arraial que tínhamos quase diariamente.

C.Martins

José Maria (Braga) disse...

Foi uma surpresa agradável estar à procura de imagens da Guerra Colonial na Guiné e ver duas ou três fotos que me dizem respeito. Estou a referir-me às fotografias do conjunto musical a tocar em Bambadinca junto às instalações onde dormiam os sargentos e oficiais. Esclareço que faço parte daquele grupo pois era o viola solo da banda. Adorei ver o Toni que era o nosso vocalista romântico, o Serafim que era o baterista, o Peixoto que era o viola ritmo e, ao mesmo tempo, vocalista pop, o viola baixo, sinceramente não me lembra o nome dele, apenas sei que era um moço que em tempos praticou halterofilismo e trabalhava nas oficinas. Gostaria de os ver a todos, embora eu não fizesse parte do vosso batalhão, pois tinha pertencido ao batalhão anterior ao vosso em Bambadinca e na altura que formamos a banda eu estava agregado aos serviços de intendência também em Bambadinca.

Costumo participar no almoço anual do meu antigo batalhão (1904), mas teria muito prazer se por caso estes colegas que eu frisei ainda forem vivos (por Deus espero que sim) em participar num almoço do vosso batalhão que ao fim e ao cabo foi convosco que eu passei a maior parte do tempo em Bambadinca.

Vivo no Grande Porto (São Mamede Infesta), o meu contacto é 96 945 64 23 e o email é josesousa.jmsf@gmail.com.