sábado, 4 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12541: Os nossos seres, saberes e lazeres (63): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (7) (Tony Borié)

1. Em mensagem do dia 29 de Dezembro de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos o 7.º episódio da narrativa da sua viagem/aventura de férias, num percurso de 7000 milhas (sensivelmente 11.265 quilómetros) através dos Estados Unidos da América, na companhia de sua esposa.




7000 MILHAS ATRAVÉS DOS USA - 7

Companheiros, o Ano Novo vai começar, vamos esquecer por alguns momentos a guerra, o “Bom ou Mau Tempo na Bolanha”, os “contra-guerrilheiros, do companheiro combatente JD”, que me vai desculpar de eu me ter aproveitado daquelas “geniais” palavras que pelo menos para mim, eram novas na nossa linguagem de antigos combatentes, mas quer queiramos ou não, fazem algum senso, sim senhor.

Não abusando da paciência do “comandante” Luís, dos seus mais directos colaboradores, das análises e comentários de todos, pois os vossos comentários “ajudam-me”, não importa que gostem ou não gostem, são a vossa sincera expressão, saem da boca e são escritas pela mão de companheiros combatentes que andaram lá, sentiram o cheiro daquela terra vermelha, mas em particular e sem “beliscar” nenhum de vocês, as análises do companheiro Hélder Valério, que gostava de ter encontrado lá na Guiné, “true, encourage them, who knows what he writes, are special”, desculpem de a mensagem ir em inglês, mas é a maneira mais fiel de me expressar, do sempre dedicado Carlos Vinhal, que com a sua maneira de estar no tempo, firme e honesta, nunca se esquece do seu trabalho, se alguma coisa nos escapa, ele está lá e lembrar-nos, a corrigir-nos, a explicar que aquele texto “não está adequado”, ou que daquela maneira, o texto, “está muito bem adequado”, contribuindo assim para o bom nome do “nosso blogue”, que com a sua “ bondosa paciência”, vai aturando este “Tó d’Agar, este Cifra, este Tony”, que também foi combatente, e que pela conversação que tem mantido com o Carlos, já o considera “a friend, also special”, e claro de todos vocês, que como já expliquei por diversas vezes, constituem a minha segunda família.




Vamos então divertir-nos um pouco com a continuação da nossa viajem do ano que já lá vai, que era aquele há muito tempo, há uns dias, na semana que passou.

Não se lembram onde parámos para dormir no último dia?(*)


Eu lembro foi na cidade de Mitchell, lá no estado de Dakota do Sul.

Pela manhã o tempo não estava muito mau, demos uma volta pela cidade de Mitchell, ainda em Dakota do Sul, dizem que quem lhe deu o nome foi um senhor muito rico, que até era presidente dos caminhos de ferro de Chicago, Milwaukee e St. Paul, que se chamava Alexander Mitchell, esta a razão do nome Mitchell.


O tanque ainda tinha gasolina que dava para umas tantas milhas, portanto rumámos ao Atlântico, ou seja para leste, esperando encontrar a gasolina a um preço mais acessível o que aconteceu passado umas horas, ainda em Dakota do Sul, próximo da cidade de Sioux Falls, onde estando na estação de serviço, portanto com alguma segurança, começa uma enorme tempestade, com chuva, vento e trovoada, por um período de mais de uma hora, inundando toda a zona, e com todos os carros e camiões de longo curso, saindo da estrada, a quererem refugiar-se na estação de serviço. Foi aquilo a se chama “um engarrafamento”, demorámos quase outra hora para sair da estação de serviço, mas saímos “secos” e em segurança.

Continuámos a nossa rota, entrando no estado de Minnesota, que é o maior estado da região centro-oeste dos Estados Unidos em extensão territorial. Só as cidades de Saint Paul, que é a capital, e Minneapolis, abrigam mais de 60% da população do estado. O solo da região sul de Minnesota é um dos mais férteis do mundo, e é uma das líderes nacionais na produção de trigo e soja. Minnesota, inicialmente fez parte da colónia francesa de “Nova França”, mas em 1763, a região, passou sob os termos do “Tratado de Paris”, para controle britânico, e claro após a independência dos Estados Unidos, em 1783, a região sul de Minnesota passou ao controle dos Estados Unidos, enquanto a região norte passou a controle Espanhol, mas esta última região passaria novamente a controle francês em 1800, mas foi anexada pelos Estados Unidos em 1803, na “Compra da Luisiana”, de que já aqui falámos em anteriores textos.
A palavra Minnesota, vem de duas palavras “sioux”, “mine”, que significa “água”, e “sota”, que significa “cor-do-céu”, portanto em “sioux”, o seu verdadeiro nome é “Águas Cor-do-Céu”.

Fomos ao centro de boas-vindas, informando-nos dos pontos importantes a ver no estado, o que fizemos, pois fomos ver o “Fort Belmont”, onde dizem que alguns exploradores, como os irmãos William, George e Charles Wood, vindos de Indiana, no ano de 1856, estabeleceram-se por aqui, construindo um local para se abrigarem, a que deram o nome de “Springfield”, pois a primavera aproximava-se. Foram chegando pessoas vindas do leste, depois passou a ser um posto avançado de trocas, entre os índios da região, as pessoas que viajavam para oeste, onde alguns por aqui ficaram.

Também fizemos paragens nas cidades de Worthington, Fairmont, Albert Lea, Austin, Rochester, entrando no estado de Wisconsin ainda ia o sol alto.

O estado de Wisconsin, possui um dos maiores rebanhos de gado bovino dos Estados Unidos, dizem que é o maior produtor nacional de queijo e manteiga, e o segundo maior produtor de leite. Foi o primeiro estado a abolir a pena de morte no país. Os primeiros exploradores europeus no Wisconsin foram os franceses, e fez parte da colónia francesa de “Nova França”, até 1763, quando passou a ser controlada pelo Reino Unido, mas em 1783, após a independência, o Wisconsin passou a ser administrado pelos Estados Unidos, fazendo parte de diversos territórios até 1836, quando o “Território de Wisconsin” foi fundado, mas só em 1848, é que o Wisconsin se tornou o 30.º estado norte-americano. O Wisconsin é uma palavra de origem nativa, mas ninguém sabe ao certo o seu significado, que pode muito bem significar, “agrupamento de águas”, “campos selvagens de arroz”, “terra natal” ou “grande rocha”.

Aqui a paisagem já era diferente, havia vegetação, havia algumas subidas e descidos na estrada, já não era só planície, paramos na cidade de Madison, comprámos queijo, num estabelecimento que só vendia queijo, e tinha queijos gigantes, da altura de um homem, de todas as qualidades, de todas as cores!

O preço, não era muito convidativo, o Tony ficou com a ideia que se podia adquirir o mesmo produto, em qualquer outro estado, pelo mesmo preço, em qualquer loja de produtos alimentícios local.

Ao cair da tarde, entrámos no estado de Illinois, e dormimos na cidade de Rockford, onde já havia movimentação, muitos hotéis, restaurantes, comércio, pessoas na rua, já cheirava a Chicago, aquele “Chicago, Chicago”, dos filmes e dos “Al Capones”, de que vos falarei no texto do próximo dia.

Este foi o resumo do dia 7, praticamente na estrada.

Tony Borie, Agosto de 2013
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Notas do editor

(*) Vd.  poste de 2 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12239: Os nossos seres, saberes e lazeres (59): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (6) (Tony Borié)

Último poste da série de 27 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12352: Os nossos seres, saberes e lazeres (62): Estalo Novo, nova peça da Companhia Maior, que vai ser estreada no Centro Cultural de Belém no do dia 28 de Novembro (Carlos Nery)

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caro amigo Tony

Não precisas agradecer.
Faço as minhas intervenções em jeito de comentários emprestando-lhes a minha sensibilidade e procurando ser incentivador à colaboração escrita porque entendo que é através da palavra escrita que melhor nos podemos entender.

E é um gosto acompanhar os teus discursos, as tuas memórias, as tuas reflexões, sejam na pele do Tó d'Agar, do Cifra ou ou próprio Tony, emigrante bem sucedido e que não esquece o que é ser solidário e não repudia as suas raízes e companheiros.

Nunca fui aos 'States'. O que conheço é dos filmes, das séries e das reportagens de televisão.
Por isso, alguns dos nomes que referes são conhecidos, ou melhor, 'reconhecidos' mas falta o 'sentir'.
Alguns dos teus relatos dão-nos uma 'imagem' (que poderá ser real ou apenas imaginada) com a qual nos podemos enriquecer em conhecimentos. E costumas fazê-lo com arte suficiente para constantemente fazeres a ponte entre o que vês e o nosso passado comum.

Abraço
Hélder S.