quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12531: Blogpoesia (364): Quem me dera que não ficasse tudo igual (Juvenal Amado)

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 1 de Janeiro de 2014:

Luís, Carlos, Virginio, Magalhães e restante Tabanca Grande
Quando a minha filha era criança, eu ele e a minha mulher fomos a Espanha. Está claro que o assunto foi falado com antecedência, o que acabou por criar expectativas na menina quanto ao que era passar a fronteira.
Pensava ela que quando transpusesse a linha, tudo se modificaria por magia e nada seria igual ao que tínhamos deixado para trás.
Já muitos quilómetros andados para lá da fronteira pergunta ela "mas afinal quando chegamos a Espanha?"

Pois transpusemos esta noite mais uma fronteira no calendário e quem me dera que não ficasse tudo igual.
Quem é que não queria?

Um abraço
Juvenal Amado


ANO NOVO

Quem me dera acordar noutro dia,
não noutro ano.
Outra realidade
Longe abismo que nos cerca
Para que quero um ano novo
Onde tudo se repetirá de novo
Repetem-se as injustiças
As chacinas
As crianças soldado
Os Direitos Humanos calcados
Tecnologia?
Feiras de armamento
“Vejam esta bala que procura o alvo sozinha”
“Programa-se e mata, limpo,”
“Podem pagar mesmo em diamantes”
“Se não pode pagar agora paga quando chegar ao poder”
“É uma chatice lá não haver fábricas de armamento?
Hipocrisia e gestos educados!
Quanto custa o barril de petróleo?
Engelham o nariz como quem cheira peixe podre
Lampedusa, Palestina, Sudão ….?
Crescem os campos de refugiados
Morrem dos nossos excessos
Grandes discursos e nobres intenções
Palavras vazias que rapidamente perdem eco
Interesses escondidos
A escravatura do corpo e da mente
Tudo se repete num ciclo
E até a esperança que algo mude se repete.

Juvenal Amado
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12478: Blogpoesia (363): Cavador da alvorada... (J. L. Mendes Gomes, autor de "Baladas de Berlim")

1 comentário:

Bispo1419 disse...

"E até a esperança que algo mude se repete":
É o mínimo que podemos desejar, meu caro Juvenal, que a esperança nos não abandone ou que a não percamos.
Sem esperança é que não vamos a lado nenhum, sem ela vai-se a energia necessária ao combate e sem combate nada de valor humano se alcança.

Um abraço amigo do
Manuel Joaquim