Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar Queiroz, de sargento de dia (1)
Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição. L.G.]
1. Mensagem, de hoje, 1h50, do Valdemar Queiroz:
Boa noite, Luís Graça;
Chego atrasado, no Dia Mundial da Poesia... E tenho pena de não saber de cor o poema "D. João VI e a mulat", completo...
Quando a corte de D. João VI
Chegou a Paquetá,
Tudo servia de pretexto
P’ra censurar, p’ra criticar
Certa mulata que havia lá!...
Quem sabe esta pérola completa, que mete perninhas de frango nos bolsos de D. João VI, é o ex-fur mil Aurélio Duarte, da nossa CART 11, que é de Coimbra, e que, depois de uns estrondosos, eferreás, declamava esta poesia em que o D. João VI respondia aos inimigos da mulata nestes termos:
Já lhes disse que aqui em Paquetá
Eu sigo a lei da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má
Porque eu decreto que a mulata é boa...
Hoje faz 44 anos que estvémos juntos em Canquelifá!...
Tivemos um desentendimento a jogar matraquilhso na rua.principal, num fim de tarde. Já bem bebidos, resolvemos jogar matraquilhos, mas de cócoras, sem ver o recinto de jogo (Ganda bezana!)... As bolas entravam de um lado e do outro e o Aurélio perdeu.
Ele não gostou e embrulhámos os dois à tareia, sozinhos, sem ninguém para nos separar. O Duarte com o seu metro e oitenta e e eu com o meu metro e sessenta e sete... . Eu, com mais agilidade, deixei-me cair e o Duarte foi projetado, estatelando-se. Partiu um braço e, assim, andou, num grande sofrimento uns meses.
Ainda hoje ele me diz. "Ò Queiroz, aquele teu golpe de judo em Canquelifá!"...
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Bajudas <
Tudo servia de pretexto
P’ra censurar, p’ra criticar
Certa mulata que havia lá!...
Quem sabe esta pérola completa, que mete perninhas de frango nos bolsos de D. João VI, é o ex-fur mil Aurélio Duarte, da nossa CART 11, que é de Coimbra, e que, depois de uns estrondosos, eferreás, declamava esta poesia em que o D. João VI respondia aos inimigos da mulata nestes termos:
Já lhes disse que aqui em Paquetá
Eu sigo a lei da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má
Porque eu decreto que a mulata é boa...
Hoje faz 44 anos que estvémos juntos em Canquelifá!...
Tivemos um desentendimento a jogar matraquilhso na rua.principal, num fim de tarde. Já bem bebidos, resolvemos jogar matraquilhos, mas de cócoras, sem ver o recinto de jogo (Ganda bezana!)... As bolas entravam de um lado e do outro e o Aurélio perdeu.
Ele não gostou e embrulhámos os dois à tareia, sozinhos, sem ninguém para nos separar. O Duarte com o seu metro e oitenta e e eu com o meu metro e sessenta e sete... . Eu, com mais agilidade, deixei-me cair e o Duarte foi projetado, estatelando-se. Partiu um braço e, assim, andou, num grande sofrimento uns meses.
Ainda hoje ele me diz. "Ò Queiroz, aquele teu golpe de judo em Canquelifá!"...
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Bajudas <
Foto. : © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição. L.G.]
2. Comentário de L.G.:
Em tua homenagem e ao teu amigo e camarada Aurélio Duarte, e aos demais Lacraus, recordando os bons velhos tempos de Paquetá, quero eu dizer, Canquelifá, ai vai a letra completa, recuperada da Net... Um alfabravo. Luis
____________________
“D. João VI e a mulata”
Em tua homenagem e ao teu amigo e camarada Aurélio Duarte, e aos demais Lacraus, recordando os bons velhos tempos de Paquetá, quero eu dizer, Canquelifá, ai vai a letra completa, recuperada da Net... Um alfabravo. Luis
____________________
“D. João VI e a mulata”
Música; Armando Rodrigues
Letra: R Calado
Disponível no You Tube
Quando a corte de D. João VI
Chegou a Paquetá,
Tudo servia de pretexto
P’ra censurar, p’ra criticar
Certa mulata que havia lá.
Diziam que ela era um perigo,
Que ela era uma tentação,
E que um marquês de nome antigo
Desdenhava o rei, não cumpria a lei,
P’ra ser só dela o cortesão.
Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que, aqui em Paquetá,
Eu sigo a lei da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má,
Porque eu decreto que a mulata é boa.
Certa noite muito escura,
A moça se assustou,
Vendo surgir uma figura,
Gorda, a ofegar,
Que, sem falar,
Nos gordos braços logo a apertou,
Ela sentiu-se muito aflita,
Como a dizer que não,
Até na treva era bonita,
E lá fez de conta, que ficava tonta,
Sem saber que era o seu D. João.
Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que aqui em Paquetá
Eu sigo a lei da corte de Lisboa,
E não me digam que a mulata é má
Porque eu já sei como a mulata é boa.
Cortesia de Manuel Casimiro de Lopes Lopes
Canto de Villaret da Côrte de D. João VI e a Mulata de Paquetá,
gravado no Teatro Boa Vista,
em Lisboa no ano de 1954.
gravado no Teatro Boa Vista,
em Lisboa no ano de 1954.
Quando a corte de D. João VI
Chegou a Paquetá,
Tudo servia de pretexto
P’ra censurar, p’ra criticar
Certa mulata que havia lá.
Diziam que ela era um perigo,
Que ela era uma tentação,
E que um marquês de nome antigo
Desdenhava o rei, não cumpria a lei,
P’ra ser só dela o cortesão.
Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que, aqui em Paquetá,
Eu sigo a lei da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má,
Porque eu decreto que a mulata é boa.
Certa noite muito escura,
A moça se assustou,
Vendo surgir uma figura,
Gorda, a ofegar,
Que, sem falar,
Nos gordos braços logo a apertou,
Ela sentiu-se muito aflita,
Como a dizer que não,
Até na treva era bonita,
E lá fez de conta, que ficava tonta,
Sem saber que era o seu D. João.
Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que aqui em Paquetá
Eu sigo a lei da corte de Lisboa,
E não me digam que a mulata é má
Porque eu já sei como a mulata é boa.
[Letra disponível aqui... Por Linhas Tortas > 17 de março de 2008 > D. João VI...Reproduzida com a a devida vénia] [Revisão / fixação de texto: LG]
Nota do editor:
Último poste da série > 19 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12854: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IX): Canquelifá era uma tabanca bonita, com grandes árvores frondosas e população de gente muito alta, panjadincas, muçulmanos
Último poste da série > 19 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12854: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IX): Canquelifá era uma tabanca bonita, com grandes árvores frondosas e população de gente muito alta, panjadincas, muçulmanos
3 comentários:
Obrigado, Luis Graça. Muito obrigado.
Já não ouvia/lia a 'pérola das poesias' que era dita pelo ex-Fur.Mil. Aurélio Duarte, da CART 11.
Até chorei, de contentamento.
A poesia tem destas coisas.
Muito obrigado Luis Graça.
Um abraço
Queiroz
Valdemar ainda tens uma memória do carago, continua. Abraços.
Caro Valdemar
As fotos continuam a ser de um grande valor documental.
Temos as bajudas, a criança ao colo, mas principalmente a do militar caminhando só, num espaço largo sem ser ver mais ninguém, em atitude solitária, é bem marcante.
Normalmente as fotos mostram as pessoas, as paisagens que para nós eram estranhas e que queríamos 'gravar' para mais tarde recordar, mas essa da solidão pode ser bem mais simbólica.
Abraço
Hélder S.
Enviar um comentário