"A rapariga com brinco de pérola" (c. 1665)... Uma das obras primas do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Óleo sobre tela (44,5 cm x 39 cm). Localização atual: Galeria Mauritshuis, Haia. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipedia.
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1. Mensagem do Valdemar Queiroz
[, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
[, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
Data: 15 de Setembro de 2014 às 01:25
Assunto: Ainda sobre as libanesas (*)
Ora viva, caro Luís Graça.
Cá te temos, desta vez pra sabermos o que é o belo. Isto para voltarmos a falar das libanesas de Nova Lamego e/ou Bafatá.
Quanto eu gostava de saber o que é o belo, agora que em toda a zona da Agualva/Mercês há um florescer de plumas, milhares de plumas, que é uma beleza de ver, ou se só as 'Meninas de Avignon', do Picasso, ou 'As meninas' ,de Botticelli, são uma beleza de ver?
E por que razão as raparigas/mulheres libanesas de Nova Lamego ou Bafatá, não seriam uma beleza de ver? Que mal estaria a rapazida a fazer, se só apreciassem os olhos verdes das libanesas? Cometiam um grave sacrilégio de apreciar a sua beleza, ou querendo lá saber disso teriam que apreciar o saber do passar a ferro, o mudar a água ás azeitonas, o fazer uma sopa de beldroegas e esperar?
Acho que não, a rapaziada gostava de ver raparigas bonitas, libanesas, fulas, mandingas e até as filhas dos da metrópole que eram mais finas. Não havia nenhum mal nisso, era absolutamente normal.
Quem em 1969/70, na Guiné, não gostava de ver uma mulher de olhos verdes, sem estar a pensar nas mulheres de olhos castanhos, azuis ou pretos para fazer comparações e também pensar que todas as mulheres têm olhos bonitos, que elas haveriam de ser um dia as nossas companheiras e as mães dos nossos filhos?
Pois é, caro Luís, naquele tempo, há 45 anos, sem querer, já nós apreciávamos a 'Mulher com brinco de pérola', de Vermeer , sem com isso desgostar da 'Mulher de Afife com arrecadas', da 'Mulher com o joelho à mostra na Pastelaria Suíça', ou 'A Vera de biquíni amarelo na Caparica'.
Pois é, caro Luís, isto do belo dá pano para mangas e é só escolher, pra nós as libanesas chegavam: libanesas de olhos verdes, nunca tinhamos visto.
Um abraço e gostei de ver tuas fotos e de ler os teus poemas.
Valdemar Queiroz
Sintra > Zona da Agualva/Mercês > Setembro de 2014 > "Há um florescer de plumas, milhares de plumas, que é uma beleza de se ver"...
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: LG]
Quem em 1969/70, na Guiné, não gostava de ver uma mulher de olhos verdes, sem estar a pensar nas mulheres de olhos castanhos, azuis ou pretos para fazer comparações e também pensar que todas as mulheres têm olhos bonitos, que elas haveriam de ser um dia as nossas companheiras e as mães dos nossos filhos?
Pois é, caro Luís, naquele tempo, há 45 anos, sem querer, já nós apreciávamos a 'Mulher com brinco de pérola', de Vermeer , sem com isso desgostar da 'Mulher de Afife com arrecadas', da 'Mulher com o joelho à mostra na Pastelaria Suíça', ou 'A Vera de biquíni amarelo na Caparica'.
Pois é, caro Luís, isto do belo dá pano para mangas e é só escolher, pra nós as libanesas chegavam: libanesas de olhos verdes, nunca tinhamos visto.
Um abraço e gostei de ver tuas fotos e de ler os teus poemas.
Valdemar Queiroz
Sintra > Zona da Agualva/Mercês > Setembro de 2014 > "Há um florescer de plumas, milhares de plumas, que é uma beleza de se ver"...
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: LG]
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Nota do editor:
(*) Vd. último poste da série > 14 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13607: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (6): Ainda as libanesas de Nova Lamego (José Martins / Valdemar Queiroz / Abílio Duarte)
5 comentários:
Vermeer é um dos meus pintores favoritos do grande século de oiro holandês... Já estive em Haia, mas não se proprocionou viistar a galeria onde está esta obra prima... Vi, há uns largos atrás, o filme com o mesmo nome (*)... Adortei sobretudo a fotografia do nosso Eduardo Serra, um grande mestre...
Nessa época (, séc XVII), Portugal e a Holanda eram rivais na expansão colonial... A nossa integração na coroa de Espanha (1580-1640) foi-nos fatal... Os holandeses souberam tirar partido da globalização aberta pelos portugueses... E as nossas elites não se compravam: uma, a portuguesa, senhorial, feudalizante, patrimonialista, católica da contra-reforma; a outra, holandesa, burguesa, capitalista, protestante, aberta à ciência e às novas correntes estéticas...
Valeu-nos o povo, o grande povo português!... E homens à frente do seu tempo como Padre António Vieira!,,,
Um abraço, Valdemar, e obrigado por estas tuas reflexões sobre a beleza das mulheres, das libanesas às futafulas, e as referências aos seus pintores (que são todos homens)...
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(*) Título original:
Girl With a Pearl Earring
De:
Peter Webber
Com:
Colin Firth, Scarlett Johansson, Tom Wilkinson
Género:
Drama
Classificação:
M/12
Outros dados:
GB/LUX, 2003, Cores, 95 min.
Links:
Site Oficial: http://www.girlwithapearlearringmovie.com/
Sinopse:
Holanda, 1665. Depois do pai ficar cego na sequência de uma explosão, Griet, uma jovem de 17 anos, é obrigada a trabalhar para ajudar a família. Torna-se então criada na casa do pintor Johannes Vermeer. Vermeer é um perfeccionista, que demora meses a terminar os seus quadros. Gradualmente, Griet torna-se a sua inspiração, a sua musa. Essa inspiração dará origem a um dos mais belos quadros do grande mestre holandês, a "Rapariga com brinco de pérola", mas também a inúmeras perturbações familiares (Vermeer era casado) e pessoais. Scarlett Johansson e Colin Firth dão corpo aos protagonistas do filme - adaptado do "best-seller" da norte-americana Tracy Chevalier "Girl with a Pearl Earring" - com que o português Eduardo Serra está nomeado para o Óscar de Melhor Director de Fotografia.
Fonte: Cortesia de Cinecartaz, do Público
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/92893_rapariga-com-brinco-de-perola
Pois é.
Eu sei que tu sabes, quem ia ver as Fulas a tomar banho.
Famílias libanesasa ficaram ligadas pelo matrimónio com militatres portugueses.
Não devo mencionar nomes, mas gente libanesa muito respeitável, que continuava bem portuguesa por casamento, e guineenses por nascimento continuou a resistir aquele desastre social e político em que o PAIGC transformou aquele país.
Pelo menos 20 anos após a independência alguns desses libaneses (poucos) continuavam a resistir.
Admiravam-nos, e era com imenso respeito que falavam do esforço e da luta dos portugueses para evitar o «inevitável».
O mesmo sentimento sobre o exército luso, tinham muitos guineenses e os últimos velhos caboverdianos que sobraram ao fim de 20 anos após o 25 de Abril.
Era hóspede na casa de uma família luso-libanesa, (ele ex- ten. milº) o muito falado jornalista assassinado em Bissau, de nome Quadros.
Quando se falar em Libaneses, devemos ter uma boa memória dessa gente, embora se torça muitas vezes o nariz a quem viveu dois anos no martírio do arame farpado.
Rosinha, também tenho essa ideia, pelo que sei e li: a comunidade de origem libanesa, ou síriolibanesa, ou lusolibanesa, na Guiné-Bissau, é influente e merece a nossa estima e o nosso respeito.
Muito provavelmente, algumas famílias que nós conhecemos (eu, mal) e que convíviam com as NT no mato, eram mais antigas do que a maior parte das famílias portuguesas, de origem metropolitana ou lusoportuguesa... Sobre oa população caboverdiana, sei pouco ou nada...
Vou-te mandar, em pdf, uma tese de dissertação de mestrado em antropologia, um trabalho académico, recente, de uma brasilelira, sobre a história do estabelecimento da população sírio-libanesa, na nossa antiga colónia, no tempo da I República (1910-1926)... Pelo que li, pro alto, na vertical, parec-me interessante...
Rosinha, prometes-me que vais lê-la e escrever uns apontamentos sobre este tema... Eu não tenho tempo...
Um abraço. Luis
Em boa verdade, gostava que alguém pegasse neste estudo, tirasse uns apontamentos e mandasse material para se publicar uns postes para esta série sobre os libaneses de ontem e de hoje...
Meus amigos e camaradas, isto tem a ver com a história da Guiné nas três primeiras décadas do séc. XX!... Os libaneses, na sequência da "guerra de pacificação" (1913-1915), liderada pelo "capitão diabo", o angolano Teixeira Pinto, instalam-se na Guiné e tornam-se importantes intermediários do export-import... Ou o mesmo é dizer, agentes da expansão colonial portuguesa, da europeização e da modernização da economia e da sociedade guineenses... A história da Guiné, no séc. XX, não se pode fazer sem eles!...
São homens de negócio, atentos aos sinais dos tempos... Muitos deles cristãos, vítimas da repressão do império otomano...
O Brasil é hoje a grande pátria lusófona deste povo, martirizado e corajoso!... Há 5 a 8 milhões de brasileiros, oriundos da diáspora libanesa !...
O grande lexicógrafo da língua portuguesa do séc. XX é o António Houaiss, de origem libanesa!... O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesaq é um dos meus livros de cabeceira...
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