quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13644: Tabanca Grande (447): Egídio Avelino Lopes, ex-Tenente Pilav da BA 12 (Bissalanca, 1966/67)... É o nosso grã-tabanqueiro n.º 668

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70) com data de 21 de Setembro de 2014:

Carlos:
Com vista a satisfazer a voragem do blogue, qual dragão chinês, aí mando este duplo trabalho, da apresentação de um novo tabanqueiro, o Egídio Lopes, e duma viagem à China a qual está interligada com a apresentação do Egídio.

Dado o seu grande tamanho, em termos de fotos, faz a publicação como entenderes.

Com um grande abraço.
Fernando Gouveia


O mundo é pequeno e a nossa tabanca é … grande.

Sim, o mundo é pequeno. Pois não é que se foram encontrar, na terra do dragão, lá no outro lado do mundo, quatro ex-combatentes sino-admiradores?

Dos quatro, três são conhecidos da Tabanca Grande porém o quarto carece de apresentação no blogue. Trata-se de Egídio Lopes com o nome de guerra, lá na Guiné, de “Brutus”.

Contrariamente ao que é habitual passo eu próprio a apresentar o “Brutus”, mandando as respectivas fotos, do tempo da guerra e de agora bem como a primeira história da guerra, que me contou. Mais tarde, “fazendo um looping”, será ele a gerir os seus assuntos junto do blogue.


O Egídio Avelino Lopes e eu próprio nascemos no concelho de Torre de Moncorvo, embora em aldeias diferentes. O Egídio na freguesia da Lousa.

Como Piloto do Quadro, antes de ir para a Guiné, fez vários cursos de pilotagem, nomeadamente com os jactos T37, T33, F86 e Fiat G-91.

Já na Guiné, onde esteve de Março de 1966 até Outubro de 1967, como Tenente Piloto na BA 12, foi o fundador da Esquadra dos FIAT G-91 - TIGRES, voando também no DO-27.
Nessa altura a missão principal dos Fiats era a destruição das antiaéreas e apoio próximo às missões das FT, tendo sido várias vezes atingido pelo fogo das antiaéreas.
Nos DO-27 realizou missões de REVIS e transporte de pessoas e bens para e entre quartéis.

Depois da Guiné a sua actividade como piloto não parou e em 1968/69 aparece como Capitão Piloto de Experiências nas OGMA e faz o curso de piloto de helicópteros AL II e AL III.

Em 1970/72 faz uma comissão em Angola, no avião Noratlas.
E como muitos outros bons pilotos não deixa de ser piloto da TAP, de 1973 a 2000.

De 2000 a 2010 foi Assessor de Segurança Operacional da ANA e de 2001 a 2005 foi Director Adjunto da Academia Aeronáutica de Évora.


O Tenente pilav Egídio


Pilotos Fiat G91- Guiné 1966. Da esquerda para a direita: TCor Hugo (CMDT Grupo); Alf. Luís António; Ten. Egídio Lopes (CMDT Esquadra Fiat); Cap. Costa Pereira (Operações); 1.º Sarg Cardoso e Fur. Mec.


Antiaéreas que os Fiat atacavam no Quitafine


Fotos ©: Egídio Lopes (2014)


Uma pequena história contada pelo Egídio, que se espera venha a contar muitas mais.

Quase no final da minha comissão, regressava à Base voando a cerca de 10.000 pés, depois de mais um ataque a antiaéreas no Quitafine.

De repente vejo um DO-27 por baixo de mim e a voar por cima do Cantanhês. Chamei-o e disse-lhe para se afastar imediatamente pela direita, porque estava a ser alvejado por uma antiaérea.
Assim fez e livrou-se de ser abatido, porque àquela velocidade e altitude era “tiro e queda”!

Quando aterrou na BA12, o piloto (Cap. Vasquez, recém chegado e um operacional de mão-cheia) veio ter comigo a exagerar que lhe tinha salvo a vida!

- Não ouvias os disparos da antiaérea, àquela altitude e já tão próximo?

Resposta:
- Ouvia um matraquear, mas julgava que eram os cintos soltos da parte de trás do DO, que estavam a bater!

Ainda hoje recordamos esta cena, com alguma saudade e muita amizade, não obstante o perigo evidente, que só pode ser compreendida por quem andou pelas terras da Guiné.

Aquele abraço
Egídio Lopes


2. Comentário do editor

Aqui deixamos o nosso obrigado ao camarada Fernando Gouveia por ter trazido até nós o novo tertuliano Egídio Lopes. Ao nosso novo Grã-Tabanqueiro enviamos um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Vinhal.
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Nora do editor

Último poste da série de 20 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13631: Tabanca Grande (446): Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464 CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70)... É o nosso grã-tabanqueiro nº 667

1 comentário:

Luís Graça disse...

Meu caro Fernando: Deste um bom exemplo dos deveres de um grã-tabanqueiro como tu, coaptar camaradas da Guiné e sentá-los aqui, sob o nosslo magnífico e pujante poilão...O Egídio, teu conmterrâneio e nosso camarada da FAP, só pode ser recebido com manifestações de alegria...

O tempo está contra nós, e todos somos poucos para compor o "puzzle" das nossas memórias...

Daí nós insistirmos no "dever de memória"... Para que amanhã não sejam os outros, depois de nós, a "contar" por nós as histórias que deveriam ser nossas... e que não cheg+amos a contar, por lassidão, cansaço, pudor, temor, ou oura má razão qualquer...

Que o teu exemplo frutifique e que a gente chegue ao fim do ano com os tais 700 grã-tabanqueiros!... Cada um de nós tem a obrigação de tarzer masi um camarada consigo para a Tabanca Grande!

Luís Graça