Septuagésimo quarto episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Resumo do dia décimo quinto
A povoação de Tok está situada numa grande planície no
Vale do Tanana, entre o Rio Tanana e o “Alaska Range”,
que é uma cordilheira com 650 Km de comprimento,
relativamente estreita, na região centro-sul do território do
Alaska. Esta povoação fica num cruzamento do “Alaska
Highway”, com o “Glenn Highway”, com muita
importância, tendo uma área de aproximadamente 132
Km2, tudo em terra, sendo a marca “Historic Milepost
1314”, do “Alaska Highway”, onde dormimos.
Pela manhã, tomando um copo com café, uma pessoa a
nosso lado, aqui residente há muitos anos, mas que tinha
vindo das ilhas do Hawai, querendo saber de onde
éramos oriundos, começou por explicar que a povoação
de Tok começou a ter alguma visibilidade a partir do ano
de 1942, quando do início da construção do “Alaska
Highway”, pois passou a ser um grande campo de
construção e manutenção desta famosa estrada, até lhe
chamavam o “Million Dollar Camp” e, até aquela data, era
conhecida como uma aldeia onde viviam os “Athabascan”,
um povo que aqui caçou, pescou e viveu por séculos.
Estávamos mais ou menos a 100 milhas (160
quilómetros) da fronteira com o Canadá, quando
comprávamos alguma gasolina, o condutor de uma
caravana, que vinha da fronteira, lavando os vidros da
frente e as manetes das portas, explicou-nos que a
estrada estava em construção a partir do quilómetro 15 ou
20, dentro do território do Canadá, para nos prepararmos
para muitas paragens, mas com o nosso equipamento,
não iríamos ter muitos problemas, ele sim, teve e, pelo
aspecto da viatura, devia mesmo de ter tido.
A fronteira chegou, umas milhas antes existe um
estabelecimento com um grande cartaz anunciando que
é a última oportunidade de comprar gasolina,
recordações, comida, bebida e outras lembranças do
Alaska, havia algum trânsito, antes de entrar no edífio que
cruza a fronteira, verificámos os documentos, tudo em
ordem, sempre perguntam se levamos bebidas com
álcool, dissemos que sim, eram ainda algumas garrafas
de vinho que tinham vindo da origem, ou seja da nossa
casa na Florida, o funcionário riu-se e desejou-nos “bon
voyage”, em francês.
Depois da fronteira, algumas fotos, e eis-nos na estrada
onde começaram a aparecer as tais obras de manutenção e
alteração da via, com paragens sucessivas, longas
esperas pelo “carro piloto’, onde as pessoas aproveitavam
para sair das viaturas, tirar fotos do cenário, ou conversar,
começando até novos conhecimentos.
Parámos na povoação de Beaver Creek, que marca o
“Historic Milepost 1202”, onde dizem que é uma
comunidade com poucos habitantes, pois além de ser a
residência dos empregados do “Canada Border Services
Agency”, tem só algumas “cabanas” para turistas que
aqui querem passar algum tempo, pescando nos dois
pequenos rios que por aqui passam.
Continuámos a nossa rota, rumo ao leste, paragens
frequentes, desvios de estrada, parando na povoação de
Burwash Landing, que marca o “Historic Milepost 1093” e,
que é uma pequena comunidade encostada ao “Kluane
Lake”, que é um grande e bonito lago, que primeiramente
foi usada como “campo de férias de verão”, até começar a
ser um “posto avançado de trocas”, que os irmãos
Jacquot, por volta do ano de 1900, aqui construiram.
A pequena povoação de Destruction Bay, que marca o
“Historic Milepost 1083”, era já ali, é uma pequena
comunidade que sobrevive quase do negócio de turismo,
com as pessoas que por aqui passam no “Alaska
Highway”, até dizem que a sua população está a diminuir,
pois já chegou a ter 59 habitantes e, presentemente
andam à volta de 35.
Embora as obras na estrada nos obrigassem a frequentes
paragens, um tempo depois, pois de acordo com os
habitantes daqui, a distância não conta, o que conta é o
tempo e, medem a distância de uma povoação a outra
pelo tempo, não pela distância, ei-nos na povoação de
Haines Junction, que marca o “Historic Milepost 1016”,
que também começou a ter alguma visibilidade por altura
do ano da construção do “Alaska Highway”, sendo neste
momento um importante encontro de duas estradas, pois
daqui segue a estrada número 3, com destino ao sul da
província de Yukon. Antes, dizem que por mais de dois mil
anos, era um campo de caça e pesca que o povo,
“Southern Tutchone”, usava em algumas estações do ano.
E como já dissemos, também passado algum tempo,
ainda de dia, embora fossem já 9 horas da noite,
chegámos de novo ao pequeno óasis no deserto, que é a
cidade de Whitehorse, que marca o ”Historic Milepost
918”, da qual já falamos anteriormente, onde depois de
visitar o Centro de Turismo, procurámos comida e
dormida, onde se pudesse tomar banho e dormir com
algum conforto.
Já agora, queria lembrar que o trajecto que hoje fizemos,
entre a cidade Tok, no estado do Alaska e a cidade de
Whitehorse, na província do Yukon, já no Canadá, ficou
por fazer, na viagem de ida para o estado no Alasca, pois
nessa altura, nesta cidade de Withehorse, desviámo-nos
para norte, fizemos o célebre “”Klondike Loop”, que nos
levou à cidade de Dawson City, que depois de atravessar,
numa jangada o rio Yukon, entrámos na estrada que
chamam “Top of the World Highway”, onde fizemos a
fronteira com o estado do Alaska, em direcção à cidade
de Tok.
Neste dia, percorremos 452 milhas, com o preço da
gasolina, variando entre $1.66 e $1.82
Tony Borie, Agosto de 2014.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 8 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13861: Bom ou mau tempo na bolanha (73): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (14) (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Olá, bom dia, Tony...Queria dar-te um recado: há um tuga em Key West, tens de o procurar e conhecer. É teu vizinho. Partiu ontem de Estocolmo. Deve ficar por aí uns tempos, com a família. Já ouviste falar dele, é nosso grã-tabanqueiro: José Belo...Vou tentar por-vos em contacto...LG
Olá Luis.
Obrigado pela mensagem.
Absolutamente, se o companheiro José Belo, vem para Key West, gostava de me encontrar com ele e, claro, com a sua família.
Um abraço Luis, extensivo a todos os nossos companheiros.
Tony Borie.
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