Cais do Xime - Adeus Xime
1. Mensagem do nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art da CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) com data de 7 de Setembro de 2015:
Caro camarada Carlos Vinhal
O pessoal da Cart 2520, praticamente acompanhou toda a construção do cais do Xime, já não a tenho a certeza se desde o seu início, se já estava em construção quando lá chegámos.
O seu construtor foi um senhor que se dava pelo nome de Mendes e tinha a seu cargo uma equipa de nativos. Os seus aposentos eram junto aos dos oficiais e dizia-se que bebia uma garrafa de whisky por dia.
Lembro-me perfeitamente do ruído das máquinas a trabalhar, principalmente do bate-estacas a "enterrar" as estacas pelo lodo do rio abaixo e que formaram o suporte de toda aquela estrutura em madeira.
Recorri ao meu álbum de recordações fotográficas para enviar algumas fotos tiradas nesta estrutura, que nos foi muito útil para a descarga de víveres, bem como de munições. Este cais do Xime também serviu de ponto de passagem das nossas tropas que iam para outros pontos da Guiné ou que viajavam para Bissau, alguns para consultas externas, como foi o caso do nosso amigo Joaquim João Pina da CCAÇ 12, de outros que regressavam à Metrópole, ou que mudavam para outras zonas operacionais, como foi o nosso caso.
Entretanto recebe um grande abraço deste amigo,
José Nascimento
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Cais do Xime - A descarregar uma barcaça
Cais do Xime - A descarregar uma barcaça
Cais do Xime - A descarregar uma barcaça
Cais do Xime - A descarregar uma barcaça
Cais do Xime - Fase de Construção
Cais do Xime - Bate-estacas
Cais do Xime - Com o Fur Mil Enf.º Costa, à esquerda
Xime - Estrada entre o quartel e o cais
Cais do Xime - Fase de construção
Cais do Xime - Passagem de tropas e descarregamento de víveres
Cais do Xime e camaradagem
Cais do Xime - Pôr-do-sol
Cais do Xime - Salta periquito
Cais do Xime
Fotos e legendas: © José Nascimento____________
Nota do editor
Último poste da série de 2 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15065: Memória dos lugares (318): em terra dos felupes: Bolor, Rio Cacheu, Djufunco, Varela... (Patrício Ribeiro)
9 comentários:
No início da minha comissão, fui muitas vezes ao Xime. Conheci bem o Senhor Mendes. Aí, pelos anos 80,deparei com ele na Avenida do Brasil...Estava internado no Hospital de Júlio Matos, tratando-se do alcoolismo...Abraço. J.Cabral
Um abraço, grande, aqui de Candoz, onde fui às vindimas, opara o meu camarada da CART 2520, Zé Nascimento... O Xime mexe muito comigo!... Algumas das melhores e piores recordações da Guiné passam pelo Xime...
Também lá estive hospedado.
É deste Xime que me lembro quando a LDG abria a porta da frente e nós subíamos a rampa com quartel mais acima.
Um abraço
E lá está o ex-Cap Mil Maltês meu colega do Liceu José Estêvão de Aveiro e anterior e posteriormente a esta foto Professor de Física e Química no mesmo Liceu.
Abraço
JPicado
Cais Do Xime!
Muitos milhares por lá passaram mas muito menos foram os lá ficaram meses a fio como eu durante minha permanência na 12. Quem "bebeu" água do Geba e pisou o tarrafo e desceu até Bissau ou vice-versa não esquece aquele cais despido de encanto. Só o macaréu lhe dava personalidade. Parti e ali cheguei algumas vezes, curiosamente nunca na LDG. Tudo isto aconteceu no longínquo ano de 1973 o que hoje me provoca nostalgia o que naqueles idos tempos nunca pensei vir a sentir.
João Silva.
Zé Nascimento: Vocês, CART 2520, foram render, no Xime, a CART 1746, em junho de 1969... Quando a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, aí desembarcou, na LDG, em 2 de junho de 1969, a caminho de Contuboel, ainda foram os "velhinhos" da CART 1746 quem "abriu alas" à nossa passagem... Lembro-me de ter ido num "Matador" até Bambadinca... Não me lembro do cais acostável, de madeira, a tensão era grande, não dava para fixar todos os pormenores... Provavelmente já estava em construção... Fomos colocados - agora a companhia completa, com as praças africanas - em Bambadinca, setor L1, a partir de 18/7/1969... E sempre vi assim aquela cais, de madeira, que deu ao Xime uma importância estratégica que até então nao tinha. As LDG já não precisavam de ir até a Bambadinca. A logística passava agora pelo Xime: desembarque de tropa e rebastecimento (alimentos, munições, material...). A estrada Xime-Bambadinca passava a ser mais segura com o destacamento no Rio Udunduma, e com a CCAÇ 12 como unidade de intervenção ao serviço do BCAÇ 2852...
As tuas fotos são preciosas: dá para perceber que o Taufick Saad, de Bissau, era importador da água de Perrier, indispensável para o uisquinho... Provavelmente vinha do Senegal... Há caixotes de refrigerante Fanta, que era muito popular entre a nossa tropa, incluindo a africana... E tamb´«em se bebia Laranjina C,em garrafa, mas os enlatados eram uma novidade para a malta metropolitana: a Fanta, a Coca-cola... E lembro-me bem do capitão mil Maltês, um paisano no meio da tropa... Realmente, tinha ar de professor de liceu, sei que é amigo do nosso Jorge Picado, ilhavense... Fizemos operações juntos, a CART 2520 e a CCAÇ 2590/CCAÇ 12...
Quando trazes o teu/nosso amigo Pina até aqui, à Tabanca Grande ?... Pede-lhe emprestadas, ao menos, as suas fotografias, que um dia vão parar ao caixote do lixo... Dá-lhe um abraço do Henriques [, Luís Manuel da Graça Henriques]... O Pina foi um dos nossos graduados que levou chumbo no corpo... Uma morteirada!...
Luís Graça,
O nosso particular amigo Joaquim Pina, mora a seis ou sete Kms daqui de Lagoa. De vez em quando encontro-me com ele. Não tem fotos da Guiné porque lhe roubaram a bagagem quando desembarcou em Lisboa. Tem página no facebook "Joaquim Pina".
Um abraço
José Nascimento
Estas fotos são realmente interessantes.
O espelho de água da primeira foto é uma imagem perfeitamente tranquilizadora. Quem poderia pensar que havia risco em 'viver' por ali.
Sei de saber certo que passei ali em 15 ou 16 de Abril de 1971. Tomei a "Bor" a caminho de Bissau, numa viagem já por aqui descrita por tantas experiências e quase sempre coincidentes, que é difícil esquecer.
Hélder S.
Obrigado ao Nascimento por estas magnificas fotos!
São bocadinhos das nossas vidas que ali deixamos. A construção do cais do Xime só começou muito depois da chegada da Cart 2520, O Sr. Mendes, era realmente uma figura curiosa na Guiné Responsável Pela Empresa de Construção "Tecnil", à frente da sua equipa de trabalhadores nativos, lá ia construindo, cais, pontes e estradas. Havia quem pensasse que ele jogava para os dois lados, pois a Tecnil, nunca era atacada, ou molestada pelo PAIGC.(passe a maledicência)
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