Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Todas as manhãs, bem cedo, Cuntima tinha visitantes do Senegal. Uns para fazerem comércio, outros para partir mantenhas com familiares e amigos e muitos outros para serem assistidos no Posto de Socorros pelo Médico e Enfermeiros da Companhia. Estas duas bajudas senegalesas prestaram-se para a fotografia, à distância conveniente, da máquina e dos militares". (*)
1. Cada um de nós olha para as fotos que vamos publicando no nosso blogue (e já são mais de 50 mil!), com um certo olhar, seguramente único, já que a íris de cada de nós (pelo menos a sua forma) é única...
Nenhum ser humano "vê" a mesma coisa da mesma maneira... Muitas das fotos que aqui publicamos retratam a mesma "realidade", quase até à exaustão: a maminha da bajuda, o pilão, o rio, o Niassa, os bu...rakos onde nos metemos, o obus 14, a G3, o Unimog 411 feito num oito... Outras chamam-nos a atenção pela sua singularidade... Esta, por exemplo, obrigou-me a usar "vários óculos" (incluindo os de ver ao perto)... E comentei:
"Vitor, a cena, com as bajudas senegalesas, que vocês estão a 'galar', é um espanto!... Merece destaque num poste à parte... Podia ser um fotograma de... um filme do faroeste, um filme de cowboys!... Eu acho é uma imagem com um grande carga erótica... Há aqui alta voltagem de erotismo!... Podíamos chamar-lhe 'As bajudas do Senegal e os rapazes de Cuntima!'... Elas, púdicas mas vaporosas, e vocês a mirá-las, a despí-las de alto a baixo... Qem terá sido o feliz fotógrafo ?"...
2. E depois é verdade: não há recanto nenhum da Guiné, do "nosso tempo", que não esteja mininamente documentado pelo nosso blogue, graças a uma rede, fantástica, de gente generosa que vai tendo a paixão, a carolice, a pachorra, a infinita paciência de ir compondo as peças de um "puzzle" sem fim...
Por outro lado, há uma coisa que nos preocupa, amigos e camaradas da Guiné: é o destino a dar a todo este já imenso património memorialístico, reunido ao longo de doze anos... E que já não pertence apenas aos seus autores, ao Vitor, ao Humberto, ao Arlindo, ao Tony, etc., é de todos os nossos leitores, portugueses, guineenses, e por aí fora, que nos procuram e acarinham, que leem os nossos postes, veem as nossas fotos, e comentam ou não...
De qualquer modo, muitas terras da Guiné, pura e simplesmente, não existiriam "no mapa", se não fora o nosso blogue... Se calhar Cuntima é um delas!... (E façam a experiência: vão ao Google Imagens e procurem por um topónimo da Guiné: por exemplo, Bambadinca, Bafatá, Cacine, Fulacunda, Xime, Guileje... A maioria das imagens que o Google exibe são "nossas"...). Na realidade, o nosso blogue presta um serviço público de grande alcance, modéstia à parte!..
E depois vem o "nosso mais velho", o António Rosinha, ainda "armar mais confusão":
"Há quem diga que não fomos colonizadores (Sérgio Buarque da Holanda lido por Norton de Matos), fomos apenas uns aventureiros. As fotos do nosso blogue, com a Guiné em fundo, parece que pode comprovar isso mesmo a muita gente. Andámos ali 500 anos a fazer o quê?, perguntou-me um dia um engenheiro italiano em Bissalanca, na construção da Rotunda onde agora tem a estátua de Amílcar Cabral. Dizia aquele italiano que aquela terra tinha tão pouca graça... E de facto, cá para nós, aqui nesta altura do campeonato, em que até alguns estiveram nos 'Cus de Judas', outros 'além da Taprobana', é difícil explicar a estranhos o nosso 'gosto tão estranho'...
"Talvez este blogue ainda ajude a explicar a 'aventura colonial', além de explicar a nossa guerra em que contámos com Amílcar Cabral do outro lado". (*)
... E acrescentaria eu: "e cercados por todos os lados, a norte pelo Senegal, a leste e a sul pela Guiné-Conacri, a oeste pelo Atlântico e o resto do mundo"... LG
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 5 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15940: Memória dos lugares (338): Cuntima, no meu tempo (ex-1º cabo Vitor Silva, CART 3331, "Os Tigres de Cuntima", 1970/72) - Parte I
(**) Último poste da série > 30 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15915: Fotos à procura de...uma legenda (72): Três anos e meio separam estas duas fotos, tiradas no mesmo lugar, no destacamento da ponte do Rio Udunduma, estrada Xime-Bambadinca... Ou melhor, num sítio de nenhures... (Jorge Araújo, 1973 / Humberto Reis, 1970)
E depois vem o "nosso mais velho", o António Rosinha, ainda "armar mais confusão":
"Há quem diga que não fomos colonizadores (Sérgio Buarque da Holanda lido por Norton de Matos), fomos apenas uns aventureiros. As fotos do nosso blogue, com a Guiné em fundo, parece que pode comprovar isso mesmo a muita gente. Andámos ali 500 anos a fazer o quê?, perguntou-me um dia um engenheiro italiano em Bissalanca, na construção da Rotunda onde agora tem a estátua de Amílcar Cabral. Dizia aquele italiano que aquela terra tinha tão pouca graça... E de facto, cá para nós, aqui nesta altura do campeonato, em que até alguns estiveram nos 'Cus de Judas', outros 'além da Taprobana', é difícil explicar a estranhos o nosso 'gosto tão estranho'...
"Talvez este blogue ainda ajude a explicar a 'aventura colonial', além de explicar a nossa guerra em que contámos com Amílcar Cabral do outro lado". (*)
... E acrescentaria eu: "e cercados por todos os lados, a norte pelo Senegal, a leste e a sul pela Guiné-Conacri, a oeste pelo Atlântico e o resto do mundo"... LG
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 5 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15940: Memória dos lugares (338): Cuntima, no meu tempo (ex-1º cabo Vitor Silva, CART 3331, "Os Tigres de Cuntima", 1970/72) - Parte I
1 comentário:
Mais uma grande fotografia do nosso blogue.
Muitas fotos desta temática 'a tropa a ver as bajudas', algumas até mais ousadas,
tiradas nas mais diversas paragens existem publicadas no blogue da Tabanca Grande.
Esta é especial, por se tratar de bajudas do Senegal e se apresentarem como numa
Guiné Fashion 1972.
Os soldados, embora com ar gingão, parecem dizer (calados) 'estou sem palavras'.
Qualquer dia teremos que fazer uma grande exposição ou publicação do grande e valioso espólio fotográfica da Tabanca Grande.
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