O "cocciolo"...
Naqueles tempos,
Muito lá atrás,
A abóboda celeste
Parecia infinita,
Uma campânula breve,
Onde todos vivíamos.
Tinha os limites do horizonte.
Tudo serras ao redor
A definiam.
Era a Serrinha perto
E o Marão lá longe.
Lado nascente.
Santa Quitéria ao norte,
Ali bem à vista.
Do mar a Penha
E Barrosas ao fundo.
Ali se vivia,
Numa cerca verde.
Se sabia de cor
O que nela havia.
As mesmas caras.
As mesmas vozes.
O vestir igual.
A camioneta da carreira,
Além do carteiro,
Que ia e vinha,
Às mesmas horas,
Dos mesmos sítios.
O comboio ao longe.
A bicicleta ao pé.
O que fosse estranho
Toda a gente via.
Me lembro bem,
O espanto que deu,
Uma bicicleta a andar,
Sem dar ao pedal.
Tinha um motor
Que largava fumo.
Era de Braga.
Um "cocciolo"
Ficou na história.
Nunca mais esqueceu.
Foi o começo.
O progresso a vir.
À mão de todos...
Os poucos carros
Eram só p'ra fidalgos...
Berlim, 3 de Junho de 2016
9h6m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
************
O talento…
Aquela tocha oculta.
Só se vê
Quando arde e ilumina.
Que amplifica a força e o poder.
Desvenda ao vulgo o belo e o saber
Com um recato quase divino.
Um mistério à vista
No quadro excelso dum pintor.
Na mensagem bela dum poema
Que nos deixa extasiado.
Naquela voz com timbre d’oiro
Que se desprende com fulgor
E nos deixa arrepiado.
As mãos que correm as teclas
Fazendo ouvir os maviosos sons
Que só uma mente iluminada ouviu
E escreveu numa pauta.
Aquele mago doutor da medicina
Que, só de ver,
Nos descobre e sara do mal,
Com uma arte quase divina…
É um valor que se tem ou não.
Não se compra e não se vende…
Ouvindo concerto nº 1 para piano de Chopin
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
____________
Nota do editor
Último poste da série de 29 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16143: Blogpoesia (450): "Brando, sereno e suave..." e "As energias...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
3 comentários:
Nostalgia o progresso me lembro bem do Cocciolo motor auxiliar creio a quatro tempos com válvulas à cabeça que desafinavam constantemente. Um abraço.
Uma nota: a Cucciolo tinha um motor de 49cc da Ducati.
Adenda ao comentário anterior:estou na dúvida se o motor tinha 48 ou 49cc.
Também teve uma rival: a Lutz. O sistema era praticamente idêntico: o motor era incorporado numa vulgar bicicleta previamente adaptada.
V Briote
Enviar um comentário