Eu adquiri o livro [do Jorge Sales Golias] e por ele constatei que o MFA começou numa viagem de avião para Bissau, em 1 de Julho de 1972, que reuniu o autor, Carlos Matos Gomes ("um camarada informado, lúcido e consciente da ditadura e da inutilidade da guerra"), bem como José Manuel Barroso jornalista do República, respectivamente capitães do QP e capitão miliciano.
"A conversa evoluíu no sentido de mantermos a ligação e a firme intenção de nos reunirmos em Bissau para análise da situação politico-militar e eventual trabalho político com vista a uma tomada de posição do Exército no futuro do país. E assim havia de ser!" - pag.33, a primeira do texto.
Categoricamente fica agora desmentida a questão da carreira dos capitães-milicianos, que durante tanto tempo serviu de justificação para o movimento dos "prejudicados" capitães do QP, onde, aliás, já não encaixavam muito bem no argumento os oficiais de patentes superiores.
Ao longo do texto não se constata outra preocupação, que não seja a da concretização do golpe que libertaria os militares do QP, que era a preocupação do conjunto de promotores que, segundo a descrição, foi aumentado com mais adesões de oficiais de mais elevadas patentes, golpe que encaixava nas ambições pessoais de Spínola, que deu apoio, e terá provocado perplexidade determinante no Governo.
Jorge Sales Golias |
ao conforto dos respectivos lares, onde as famílias os esperavam com desejo, pois os envolvidos não tiveram preocupações sérias com o destino dos povos das colónias onde havia Forças Armadas, mesmo em Angola praticamente pacificada. Longe das mulheres e dos filhos é que residiam as preocupações. Esta e outras razões parecem encaminhar as causas do 25 de Abril para a tese de Manuel Godinho Rebocho, constante da publicação "Elites Militares e a Guerra de África".
Também em nenhum lugar do livro de Golias foi aflorada a questão da sobrevivência da nação, cuja economia pujante era estruturada nas três mais importantes parcelas, a metrópolo, Angola e Moçambique. Naquele tempo Portugal só recorreu a um empréstimo externo para financiar Cahora-Bassa, e a metrópole tinha os mercados africanos portugueses como preferentes para a colocação dos seus produtos incapazes de concorrerem noutros mercados.
Além disso, havia um importante mercado de invisíveis correntes provenientes de matérias-primas africanas e davam conforto aos cofres do Banco de Portugal. Assim, nem o intelectual []Melo] Antunes [1933-1999] vislumbrou qualquer problema com o desmembramento do conjunto, situação relevante do ponto de vista da metrópole.
Ainda somos afectados por essa decisão, pois aos resultados positivos das execuções orçamentais, Portugal não voltou a conseguir idêntico desiderato durante o regime alegadamente democrático, 42 anos depois.
Ainda somos afectados por essa decisão, pois aos resultados positivos das execuções orçamentais, Portugal não voltou a conseguir idêntico desiderato durante o regime alegadamente democrático, 42 anos depois.
Como dizia o brasuca, "pimenta no cú do outro, para mim é refresco", pelo que ninguém deve admirar-se do abandono ostensivo e surpreendente para os movimentos, pois o importante era o regresso urgente. Sobre os argumentos de "democracia, desenvolvimento e descolonização" já me referi bastante, e há muitas outras ilações sérias sobre a matéria, que evidenciam que a democracia nem sequer era seguida entre o que os revoltosos decidiam.
Os irresponsáveis capitães aparecem agora a propor-nos compreensão, esquecendo que não foram vítimas de nada, nem do regime opressivo, nem das escolhas que fizeram, salvo, se essas escolhas não foram sérias, como, aliás, parece e avulta das traições praticadas.
JD.
2. Resposta ao editor que me pediu o seguinte, em 22 de maio passado:
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Zé Dinis (c/c Antº Rosinha): Vês se me esclareces o uso do vocábulo "Puto" (diminuitivo de Portugal), usado no teu tempo em Angola e ainda hoje. Diz-me quem usava o termo: os brancos, em geral, os africanos, também ?... Tinha um sentido depreciativo ou não ?
Estranho que os nossos dicionários ainda não tenham grafado o vocábulo, ao fim destes anos todos... Ab. Luis
Data: 25 de maio de 2016 às 20:59
Assunto: O uso do vocábulo Puto
Olá Luís, boa noite!
Colocas uma questão para a qual não tenho ciência. Mas posso arriscar.
"Puto" é uma expressão que me soou sempre com algum carinho, algum sentido de origem, e ouvi-a tanto em Angola, como em Moçambique.
Se tivermos em conta o significado de pequeno, pode traduzir a referência à metrópole feita nas grandes provincias ultramarinas. Uma referência "simplex", de apenas duas sílabas, e dita tanto por brancos, como por pretos ou mulatos.
Era como se fosse a terra mãe de todos nós, os que aqui nascemos, como os que lá eram governados a partir do "jardim". O governo está no Puto; o Sporting é do Puto; vou passar as férias no Puto; este vinho é do Puto; chegou agora do Puto, são expressões que representam as circunstâncias de referências à metrópole.
Seria uma espécie de idiomática, mas o Rosinha pode dar um contributo mais válido. (**)
Se tivermos em conta o significado de pequeno, pode traduzir a referência à metrópole feita nas grandes provincias ultramarinas. Uma referência "simplex", de apenas duas sílabas, e dita tanto por brancos, como por pretos ou mulatos.
Era como se fosse a terra mãe de todos nós, os que aqui nascemos, como os que lá eram governados a partir do "jardim". O governo está no Puto; o Sporting é do Puto; vou passar as férias no Puto; este vinho é do Puto; chegou agora do Puto, são expressões que representam as circunstâncias de referências à metrópole.
Seria uma espécie de idiomática, mas o Rosinha pode dar um contributo mais válido. (**)
Um abraço
JD
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16204: Agenda cultural (483): Livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Edições Colibri, 2016): apresentação por A. Marques Lopes, 5.ª feira, dia 16, pelas 18,00 horas, Biblioteca Municipal Florbela Espanca, Matosinhos
(*) Vd. poste de 15 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16204: Agenda cultural (483): Livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Edições Colibri, 2016): apresentação por A. Marques Lopes, 5.ª feira, dia 16, pelas 18,00 horas, Biblioteca Municipal Florbela Espanca, Matosinhos
(**) Último poste da série > 3 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16163: (Ex)citações (309): Ex-Soldado Carlos Carrilho Alberto, da CCAV 3463 do BCAV 3869, Piche (Out71/Dez 73), recebeu a sua medalha com 43 anos de atraso (Sousa de Castro)
11 comentários:
?O que é "PUTO"? Puto, era Portugal para toda a gente em Luanda no tempo colonial.
(Ca)puto, é "o português" ou alguém "de Portugal".
Em Angola e noutras áfricas, ouve-se muitos "ca" "qui" "chi", que serão artigos, ou prefixos ou pronomes, sei lá, nunca aprendi qualquer lingua tribal, por falta de jeito.
Chama-se etimologia, ver de onde saem as palavras?
Pois quando a nossa geração veio ao mundo nas nossas "terrinhas", já há muitos anos se falava português em quimbundo em bijagó e em carioca.
E eu que sou das obras, vou dar uma de professor de línguas.
Então é assim: Em África e no Brasil, os escravos e não escravos, adotavam e adaptavam tudo o que o "berranco" falava, rezava, vestia e calçava...mas à sua maneira.
E uma palavra que tenha certas letras como o R, o L, o LH, o E fechado, nem que façam o pino, não dobram a língua como nós.
Portugal, o mais aproximado que o velho régulo caconda de zagaia e flecha consegue exprimir seria "putugare"; Colono, o máximo que podia sair a um mamuila seria "côrôno" ou "crônho", daí, os brancos de Sá da Bandeira ficaram para toda a gente os "chicrônhos" e Portugal resumiram para "Puto" e acabou a confusão.
E na favela da Rocinha no Rio, ou em São Salvador da Baia de Betânea e Caetano Veloso, a vendedeira de laranjas o mais que te vende é "raranja" ou o máximo "ralanja" ou "lalanja".
E mesmo no Funchal estás sujeito a comprar no mercado os lavradores um "coelho de semeilhas" e sair de lá com um "quilo de batatas".
Conheci um furriel açoreano em Luanda, que me garantiu que um dia foi a Lisboa e se quiz ir para o hotel teve que falar em inglês ao taxista.
Penso que não disse nada de muito novo.
Mas praticamente isto já passou tudo à história colonial, que é o que estamos a escrever.
Olá José Dinis,
Também adquiri o livro de Jorge Sales Golias que ainda não acabei de ler, por que necessito mastigar algumas palavras, frases e mesmo assuntos, embora esteja quase completa a sua leitura e respectivos anexos.
Não quero deixar de aqui manifestar a minha possível influência, não interesse, por este ex-capitão, dado termos partilhado o mesmo espaço e na mesma altura, evidentemente com as devidas diferenças, e de eu até já ter comentado em post de um outro camarada a sua azáfama no dia 24 para 25 de Abril de 1974. Aliás, tal como por vezes vejo referido e eu próprio o faço quando falo do tratamento na Força Aérea ou na Marinha, também sem qualquer interesse pessoal, considero os oficiais do então Agrupamento de Transmissões, como oficiais de nível superior, com alguma rara excepção, o que justifica também a escolha do então Tenente-Coronel Mateus da Silva para assegurar o lugar de Governador até à chegada de Carlos Fabião.
Isto para dizer que fizeste uma leitura e análise tão resumida de tudo que aconteceu que quase não dá para entender, ou seja, eu compreendo que reconheças que o interesse dos capitães era regressarem a casa independentemente do resto, mas parece-me um pouco simples demais. Confesso que tenho descoberto nesta leitura muitas coisas desconhecidas, como as reuniões havidas sobre as tropas africanas que lá deixámos e tanto temos criticado por isso bem como os movimentos e pressões da metrópole sobre os acontecimentos pela sua diversidade e complexidade, além dos interesses individuais paralelos.
Não achas que tenho razão sobre a simplicidade da tua análise?
Parece-me que este livro merece mais e melhor apreciação e espero que, quem de direito que não eu, possa e faça uma análise aprofundada de todo o seu conteúdo, ajudando certamente a uma melhor compreensão de tudo que se passou nesse período e não apenas e só sobre os interesses pessoais dos capitães da altura. Não esqueçamos que também a muitos de patentes iguais e superiores não interessava acabar por motivos financeiros.
Um abraço.
BS
Rosinha:
"Perdemos" (nós, quem ?) os dois milhõs de quilómetros quadrados do império...a que só começamos a "ligar" verdadeiramente depois do "ultimato" britânico, em 1890, sete décadas depois da "perda" do Brasil... Emigrámos em grande para o Brasil, durante um século, em períodos de graves crises nacionais... Para o melhor e para o pior, o Brasil tem uma fortíssima marca portuguesa... E e vai a contuinuar a ser um grande país de dimensão continental...
"Perdemos" tal como os "outros", grandes colonizadores, a França, a Inglaterra... A Na Inglaterra vitoriana o sol nunca se punha ?... "Perdemos" ou "ganhámos" ? Afinal, "demos novos mundos ao mundo"...
Os portugueses (alguns, muitos ? ) ainda não perceberam a importância que poder ter ( e já tem) o português, como traço de união e de identidade de mais de 250 milhões de seres humanos...
Se calhar o "Puto", dito de maneira condescente ou paternalista que se usava no teu tempo (afinal, quem mandava no "Puto" era um velho de botas de elástico que nunca saiu do quintal de São Bento, e em Luanda e Lourenço Marques vivia-se à grande, muito melhor do que em Lisboa, diziam...), pois se calhar o "Puto" hoje já não faz sentido: já não há cidade-mãe ("mater polis"), e os angolanos, os moçambicanos, os guineenses, os caboverdianos escolheram viver a vida deles...porque qusieram c ortar o cordão umbilical... Hoje são adultos,como os filhos que deixam a casa dos pais, para fundar outro lar, começar outra vida...
Entendo a ambiguidade da palavra, é depreciativa mas também tem ternura, como diz o Zé Dinis. Ainda hoje alguns dos meus amigos angolanos a deixam escapar dos lábios, quando vêm a Portugal... Para eles, ainda é um "porto seguro": vêm cá tratar-se, têm cá propriedades, filhos a estudar... A afinal está a 7 horas de viagem...
Não sejamos é serôdios saudosistas de um paraíso perdido que historicamente nunca existiu... Em parte nenhuma. Ab. LG
Os nossos "lexicógrafos" ainda não apanharam (ou não grafaram) o vocábulo "Puto" (diminuitivo de Portugal, no antigamente, quando "Angola era nossa"...). Nem os portugueses, nem os angolanos, nem os brasileiros. Estes "putos" mais novos não sabem o significado de "Puto" (com maiúscula)...
Há aqui um "Dicionário aberto de calão e expressões idiomáticas", de José João Almeida. com data de 19 de Maio de 2016, 174 pp.
http://natura.di.uminho.pt/~jj/pln/calao/dicionario.pdf
... O "Puto" (diminuitivo de Portugal) não consta.
Boa noite Camaradas!
Ao Rosinha quero felicitar este belo e simples comentário sobre o termo "puto" que em África identifica a metrópole portuguesa.
Ao Belarmino quero referir que não fiz um post, mas um comentário que agora foi levado à conta de post. Há 2 meses o Beja Santos fez uma recensão sobre o livro em apreço. Eu fiz um comentário, que assenta na data do inicio dos encontros que geraram o MFA e o golpe - 01/07/1972. Ora, todos sabemos, que o MFA andou anos a justificar a iniciativa com a relativa injustiça sobre uma efémera lei que revia a condição dos capitães milicianos, coisa que foi logo ultrapassada, mas não deu satisfação aos capitães do QP. Por outro lado, se confrontarmos esta data com a da alegada superioridade aérea (já contestada pelo António Martins de Matos) em resultado da utilização dos "strella", estes só foram utilizados em Guilege, em Maio de 73, quase um ano depois desse acontecimento. Daqui resulta uma coisa simples, a falta de argumento dos revoltosos para planearem em Julho de 1972 o derrube do Governo. Além disso, não são dadas razões válidas do ponto de vista da evolução dos acontecimentos bélicos, quer de um lado, quer do outro, que me levem a acompanhar na "conclusão" de que a guerra estava perdida, e impunha-se o abandono. Também não havia sinais de quebras nos abastecimentos, nem no recrutamento de militares para as NT, aliás, já suficientemente reforçado em termos humanos. Onde havia excesso de efectivos, era na retaguarda, e ao nível das Repartições, as impressões eram de pouca eficácia.
E acrescento no comentário que o País vivia com notório desenvolvimento, apesar das sucessivas reprovações da OUA, e já contava com uma óbvia tolerância por parte dos EUA que controlavam o Conselho de Segurança. Portugal desenvolvia modelarmente as principais colónias, e consolidava as instituições e o conjunto das infra-estruturas que teriam permitido às novas independências o reforço das relações democráticas, ao que o MFA contrapõe com uma ideia absurda e totalitária, com o único objectivo de se justificar, de que o poder só poderia ser entregue aos guerrilheiros. Afinal, com o argumento, dão a entender que de África percebiam muito pouco, e dos choques provocados, todos conhecemos parte das consequências desastrosas.
É a esta ideia que não deixo de recorrer para desmistificar o oportunismo do MFA, que bastaria alegar as saudades que os capitães (e outros oficiais de mais altas patentes) sentiriam para promoverem o regresso imediato. Mas essa é uma ideia inaceitável para a envergadura do acontecimento. Por isso, ainda inventaram razões acessórias, como a "democracia", o "desenvolvimento" e a "descolonização",pois nunca deram provas de maturidade desde o golpe até aos tempos correntes, razões para a miséria moral e material em que nos encontramos e as antigas provincias. E porque já vai longo, abstenho-me de abordar o papel do MFA ao serviço das potências que protagonizavam a guerra fria.
Abraços fraternos
JD
Luís Graça, sobre o sentido da palavra "Puto" tinha várias, imensas nuances
As várias tonalidades de Puto e Caputo variavam conforme quem as pronunciava.
Se fosse antes da guerra, os independentistas intelectuais do MPLA, (eu nem falo dos outros movimentos porque perderam a guerra) tipo Lúcio Lara, Agostinho Neto, e os cabos milicianos meus colegas, evitavam a palavra porque ela pertencia ao povão, e se usassem era depreciativamente para dizer: "caputo, vai para a tua terra", até que se calaram com o terrorismo da UPA.
Mas na rádio e no jornal e no trato popular o termo Puto estava assimilado como jindungo para a malagueta, machimbombo para o autocarro.
Esse termo, hoje, está condenado a desaparecer precisamente porque cai mal no discurso oficial anti-colonial, porque Puto também queria dizer Metrópole, outra palavra que o velho régulo tinha dficuldade em «desintrabinquadrilhar».
Luís Graça, Não sejamos é serôdios saudosistas de um paraíso perdido que historicamente nunca existiu... Em parte nenhuma.
Tens razão Luís, mas não digas isso à gente que colonizou, diz antes àqueles milhões que tentam atravessar o arame em Ceuta, e o Mediterrâneo na Líbia, há mais de 40 anos, que aquilo que existiu no tempo dos pais deles, foi apenas um filme dos Europeus, era mais uma mentira dos «brancos».
É que esses náufragos sabem que os seus dirigentes e famílias têm todos nacionalidades do velho colon.
Que é o caso de todos os familiares de ministros guineenses ou são portugueses ou franceses, e alguns têm as duas nacionalidades europeias.
Então eles os náufragos pensam mesmo que qualquer coisa existiu.
Cumprimentos
Em bom português nos entendemos!.. E o nosso blogue deve dar o bom exemplo, mas dá quando a gente escreve ao correr do teclado, na mecha, e sem a ajuda do utilíssimoo corretor ortográfico...
O Carlos Vinhal, sempre atento, puxou-me as orelhas, logo a mim que sou useiro e vezeiro em gralhas e atropelos à comunicação... Pois claro que a palavara correta é DIMINUTIVO: "Puto, diminutivo de Portugal!...
Os nossos leitores que me perdoem... LG
De um modo geral, como fundador, administrador e editor principal deste blogue, procuro evitar "tomar partido" nas nossas pequenas, serenas e caseiras polémicas...
Uma delas, e não menos "divertida", se não mesmo "hilariante", é a da guerra ganha / guerra partida... Mesmo com os pés para a cova, acho que vamos continuar, alguns de nós, a esgrimir argumentos a favor de uma ou de outra tese...
Já foi fraturante esta polémica, ao ponto de até se contarem espingardas... Não foi um momento particularmente feliz,m mas se clahar tinha que acontecer... Nessa altura houve leitores e autores que se afastaram das nossas lides bloguísticas...
Felizmente, veio ao de cima o bom senso e o bom gosto, prevaleceu o sentimento (mais forte) de camaradagem), sem com isso deixarem de existir as nossas clivagens político-ideológicas, de resto legítimas, desde que não sejam "totalitárias"... À boa maneira do faroeste americano, os "cowboys" entregam as armas à menina da receção do "saloon"...
Enfim, não faz nem mal nem bem (?) o exercío mais ou menos inocente e periódica da retórica, de um lado e do outro. As nossas "leituras dos acontecimentos" não vão, de resto, alterar a história, porque na história não há "ses"... E se a gente continuasse a guerra ? E se o Salazar não tivesse caído da cadeira ? E se o Amílcar Cabral não tivesse morrido ? E se o Dom Duarte fosse o rei da malta ? E por aí fora... até à conquista da Ibéria pelos romanos no séc. XX antes de Cristo...
Se pudéssemos "manipular certas variáveis", então a história podia ser feita de acordo com o método experimental... Houve quem já o tentasse fazer, no caso do Holocausto, por exmplo, mas felizmente que o método falhou, o Reich dos mil anos acabou, tragicamente, em 1945... Foi uma tragédia que a marcou a Europa e o mundo de maneira indelével, e que esperamos nunca mais se repita...
Acho que aqui, no blogue, somos melhores a contar histórias, a partilhar memórias e emoções do que a fazer "leituras da História com H grande"... Mas todos, aqui, temos esse direito, o de fazer fazer análises críticas... já que a Tabanca Grande isso mesmo, um espaço aberto e plural... Afinal, fomos atoires, e não devemos deixar a História para os historiadores e historiógrafos, grandes ou pequenos... Era o que faltava!...
Neste caso, o Zé Dinis traz, ao nosso conhecimento (e a gente agradece), as suas "notas de leitura" sobre o livro do Jorge Sales Golias... Ele já leu o livro por nós, yal como o Beja Santos.. Quer se concorde ou não com a leitura do livro por parte de um ou do outro, ou de ambos, o que importa é que quem aqui comenta o faço sempre dentro das normas editoriais (e éticas) do blogue... O que o Zé faz, até por que é um homem crítico e frontal, mas sempre ativo, leal, dedicado e magnífico grã-tabanqueiro...
Naturalmente que o pluralismo implica também o princípio do contraditório... O Jorge Sales Golias, mesmo não sendo membro da nossa Tabanca Grande, tem o mesmo direito de esclarecer, comentar, complementar ou criticar os pontos de vista dos seus críticos. Mas foi ele que escreveu o livro, e quem escreve expõe-se... É saudável e enriquecedor que apareçam diferentes abordagens de leitura... por parte de quem, naturalmente, leu o livro (o que ainda não é o meu caso).
Das nossas 10 regras de conduta da nossa Tabanca Grande, relembre-se então a nº 2:
"manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.)"...
Boa continuação das v/ leituras de fim de primavera... LG
SEI QUE PERDEMOS EM ALCÁCER-QUIBIR E GANHÁMOS EM ALJUBARROTA...ABRAÇO Jorge Cabral
Caro Alfero, não esqueças que até a I Grande Guerra ganhámos apesar de perdermos a Batalha de La Lys, onde morremos como tordos, assim como em Moçambique, na mesma guerra, onde morreram muitos mais. Mas como fazíamos parte do lado que ganhou, lá trouxemos a medalha de vencedores. Somos assim, se não ganhamos na prática, ganhamos moralmente. E Fé em Deus.
Abraço e votos de que estejas bem.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Amigo Carlos! Estava a brincar...Há assuntos que não me interessam... Ainda estou vivo, que até prova em contrário, é melhor do que estar morto.Não sou Historiador, mas Estoriador...ABRAÇO GRANDE!
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