Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Da esquerda para a direita: o fur mil José Carlos Rodrigues Lopes, dos reabastecimentos, um mecânico (que não consigo identificar) , o Ismael Quitério Augusto (que estava de oficial de dia, como se fica a saber pela braçadeira vermelha), e o 2º sargento Daniel (se não erro: 2º srgt mecânico auto Rui Quintino Guerreiro Daniel).(*)
No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia um oficial de manutenção (o Ismael Augusto), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)... Tinha ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (Vieira João Ferraz). Os restantes dezanoveeram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...
Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça.)
1. Mensagem de ontem, do Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande, cmdt do pelotão de manutenção, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 2852),
Amigo e Camarada Luis Graça:
Tenho lido as versões mais disparatadas sobre o ataque, ou flagelação a Bambadinca. Esta é a mais fantasiosa. Não tem pés nem cabeça. (**)
Mantive-me em silêncio por considerar que cada um tem direito ás suas versões, vividas ou ouvidas de terceiros e também por saber que a memória muitas vezes atraiçoa. Também mantive o silêncio por considerar que haveria temas mais relevantes.
Mas sempre e apesar de tudo entendi que um dia talvez fosse o tempo de dizer alguma coisa.
Como perguntaria o saudoso Batista Bastos, se por acaso entrevistasse alguém sobre este tema "Onde é que estava no 28 de Maio de 1969, quando do ataque a Bambadinca? " Se a pergunta me fosse dirigida diria, como muitos outros amigos, eu estava lá, em Bambadinca.
O único mérito desta afirmação é que de facto estava lá.
Vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado, que também lá estava e que se não for completo, terá o mérito de conter o essencial do que aconteceu.
Acrescentarei uma história, que acho divertida, que me foi contada na mesma Bambadinca, em Junho de 1995, por um antigo comandante do PAIGC, que comandava um bi-grupo na noite do ataque.
Até lá um grande abraço e os parabéns sempre renovados pelo excelente trabalho que tu e toda a equipa do blogue vem fazendo. A reconstrução das memórias é uma tarefa sem preço.
Ismael Augusto
Obrigado, Ismael... Fico radiante com o teu mail e o prometido texto a quatro mãos...
Estou de acordo que se publiquem todas as versões, porque os olhos e os ouvidos de cada um são únicos... Mas, no teu/meu/nosso blogue, há o saudável princípio do contraditório... Sem
triangulação de fontes e saturação de versões não há "verdade histórica"...
Gostava de saber mais sobre este repórter de guerra, Al J. Venter (**), que devia ser próximo, política e ideologicamente, do regime de então... Só sei que ele visitou Bambadinca um ano depois do ataque, já vocês, a malta do BCAÇ 2852, deviam estar em casa...
Arranjei esta série ("Falsificações da história") justamente para podermos rebater, com elegância e sentido de humor, aldrabices e fanfarronices que por aí se escrevem, a par de lapsos, imprecisões, erros... de um lado e do outro. Estamos a falar de "factos históricos", não de leituras da história: aí cada um lê ca história com os "óculos" que tem, ou seja, com suas "grelhas de leitura"...
Há imprecisões factuais que persistem, deliberadamente ou não, e que acabam por serem fixadas na literatura, na comunicação social, na Net, etc. . Uma delas foi Madina do Boé, como local da proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, em 24/9/1973... O nosso blogue já publicou postes suficientes para corrigir este "erro toponímico"... Outro mito que persiste é o início da guerra na Guiné em 23/1/1963, com o ataque a Tite...Ora o terror e o contraterror, a guerra subserviva e contrassubersiva, em suma, a guerra colonial, já tinha começado há muito mais tempo, e envolveu inicialmente outros atores para além do PAIGC...
Temos o "dever de memória", de ambos os lados... As nossas histórias, mesmo com h pequeno, fazem parte da história comum, com H grande, dos nossos dois povos e países...
________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609
triangulação de fontes e saturação de versões não há "verdade histórica"...
Gostava de saber mais sobre este repórter de guerra, Al J. Venter (**), que devia ser próximo, política e ideologicamente, do regime de então... Só sei que ele visitou Bambadinca um ano depois do ataque, já vocês, a malta do BCAÇ 2852, deviam estar em casa...
Arranjei esta série ("Falsificações da história") justamente para podermos rebater, com elegância e sentido de humor, aldrabices e fanfarronices que por aí se escrevem, a par de lapsos, imprecisões, erros... de um lado e do outro. Estamos a falar de "factos históricos", não de leituras da história: aí cada um lê ca história com os "óculos" que tem, ou seja, com suas "grelhas de leitura"...
Há imprecisões factuais que persistem, deliberadamente ou não, e que acabam por serem fixadas na literatura, na comunicação social, na Net, etc. . Uma delas foi Madina do Boé, como local da proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, em 24/9/1973... O nosso blogue já publicou postes suficientes para corrigir este "erro toponímico"... Outro mito que persiste é o início da guerra na Guiné em 23/1/1963, com o ataque a Tite...Ora o terror e o contraterror, a guerra subserviva e contrassubersiva, em suma, a guerra colonial, já tinha começado há muito mais tempo, e envolveu inicialmente outros atores para além do PAIGC...
Temos o "dever de memória", de ambos os lados... As nossas histórias, mesmo com h pequeno, fazem parte da história comum, com H grande, dos nossos dois povos e países...
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Notas do editor:
(**) Último poste da série > 28 de maio 2017 > Guiné 61/74 - P17405: Falsificações da história (1): a fantasiosa versão do repórter de guerra e escritor sul-africano Al J. Venter sobre o ataque a Bambadinca em 28/5/1969
4 comentários:
Ismael: aqui tens a tua mensagem "publicitada", para "abrir o apetite" aos leitores...
O teu 1º cabo condutor auto, Carlos [Alberto Castro] Teixeira (que vive na Maia) escreveu anteontem no facebook da Tabanca Grande:
(...) Se este escritor lá estivesse borrava-se todo, pois meia hora antes do ataque tinha chovido e estavámos convencidos que era a trovejar. A viatura que me estava distribuída, o unimog grande [404] apanhou uma bomba em cima e eu fiquei com a viatura toda furada e uma roda rebentada, pois tinha furado nesse dia e a roda estava na caixa. Felizmente correu tudo bem." (...)
https://www.facebook.com/profile.php?id=100001808348667
Aqui tens a página dele no Facebook:
https://www.facebook.com/carlos.teixeira.50?fref=ufi&pnref=story.unseen-section
Ab., Luís
Otacilio Henriques
1 jun 2017 16:29
Boa tarde
Camarada, peço desculpa por só agora ter percebido que querias o meu endereço electrónico para falares comigo àerca das fotos que te entreguei em Coimbra.
Espero chegar ainda tempo.
Como não tens comparecido aos últimos almaços convivio [do pessoal de Bambadinca, 1968/71], espero que estejas de boa saúde e que ainda estejas interessado em falares comigo.
Assim; envio-te o meu telefone (...) , se me quiseres ligar ou escrever estou atua inteira disposição.
Moro em Laveiras/Caxias na Rua Tomas de Lima (...).
Um grade abraço até breve
Otacílio Henriques
Luís Graça
1 jun 2017 19:06
Ismael,dou-te conhecimento do email que recebi esta tarde do Otacílio Henriques, o "chapinhas", um dos bravos do teu pelotão. Fpi ele quem me fez chegar, há uns anos (em Coimbra, 2013), as fotos do José Carlos Lopes, o furrriel amanuense do CA do comando do v/ batalhão. (O Zé Carlos Lopes.m Mora aqui em Linda a Velha, mas anda com problemas sérios numa vista. Tem excelentes "slides" de Bambadinca. Ando há uns tempos para lhe ligar
mas perdi o o raio do telefone. Por sinal encontrei um amigo dele, o Abílio Duarte, do
BNU, que costuma almoçar todos os meses com ele...).
O Otacílio partilhou também comigo fotos do seu álbum. Tem 9 referências no nosso blogue mas ainda não está na lista dos 744 grã-membros. O que me parece uma grande injustiça.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Otac%C3%ADlio%20Luz%20Henriques
Vou repará-la, ele acaba de me contactar, passo a ter o seu email e nº de telemóvel. Vou apresentá-lo à Tabanca Grande. Será o nº 745.
Um alfabravo. Luís Graça
Ismael:
Tentei telefonar ao Otacílio depois do jnatar, mas não o apanhei.
Tenho agoea o endereço de email dele e o nº de telemóvel. Só me falta uma
fotografia atual.
Não tenho ido, de facto, aos convívios de Bambadinca, nunca mais o encontrei depois de Coimbra (2013...).
Descobri há tempos (e isso está num ou mais postes) que ele, Otacílio, fazia parte do conjunto musical de Bambadinca, "Os Bambas d'Incas", juntamente o Zé Maria de
Sousa Ferreira, do pelotão de intendência, o Peixoto, 1º cabo escriturário, o Neves (bateria) e o célebre Tony, "cantor romântico", também do teu pelotão...
O Zé Maria Sousa andava à procura desta malta, só tinha reencontrado o
Peixoto. até há 2 anos atrás... Já deve ter localizado o Otacílio.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2015/05/guine-6374-p14600-memoria-dos-luagres.html
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