Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1970 > Parque da cidade com a estátua de Oliveira Muzanty (governador-geral, 1907-1909) e, ao fundo, a Casa Gouveia.
Foto: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. O historiador Armando Tavares da Silva mandou-nos os seguintes comentários ao poste P17532, sobre o trabalho de António dos Anjos “Resumo do que era a Guiné há vinte anos…” (edição de autor, Bragança, 1937). (*)
[Foto à direita: Armando Tavares da Silva, membro da nossa Tabanca Grande, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.). ]
(i) A demarcação das fronteiras da Guiné
No início do Post apresenta-se uma imagem da estátua de Oliveira Muzanty erigida em Bafatá. A inclusão desta imagem neste Post leva-me a um comentário. Eu creio que essa estátua se destinou mais a homenagear o oficial que desempenhou um papel importante na chefia da parte portuguesa da comissão luso-francesa que procedeu à demarcação das fronteiras da Guiné, do que o governador a quem esteve confiado o território entre 1906 e Janeiro de 1909.
É para chefiar a parte portuguesa desta segunda missão que é nomeado o 2.º-tenente João Augusto d’Oliveira Muzanty. Porém, os novos trabalhos de demarcação iniciam-se pela fronteira sul, uma vez que os franceses rejeitavam o traçado fixado pela comissão de 1888, realizado com base em cartas que apresentavam erros, colocando exigências que se traduziam para Portugal na perda de territórios no Forreá. Isto conduz à ruptura das negociações e à necessidade de um levantamento rigoroso das zonas fronteiriças, e a aceitar a cessão recíproca de territórios se indicações geográficas ou outras a tornassem indispensável e fosse justificada.
Os trabalhos só são retomados em Janeiro de 1901, ficando os delegados portugueses instruídos a cingir-se, tanto quanto possível, à Convenção de 1886, mantendo-se os pontos iniciais da fronteira sobre o litoral, tanto ao norte como ao sul, nela mencionados, de modo a não diminuir a extensão da costa portuguesa. A fronteira sul ficará demarcada em Maio desse ano.
Os trabalhos de demarcação só serão retomados em finais de 1902, e Oliveira Muzanty mantinha-se a chefiar a delegação portuguesa. Novamente devido a inexactidões das cartas, nomeadamente ao facto de se ter reconhecido que, de acordo com estas, Cadé ficaria dentro do território português, contrariando os termos da Convenção de 1886, foi necessário proceder a compensações territoriais. Os trabalhos desta nova comissão ficam concluídos em Maio de 1903.
Só em Janeiro de 1904 serão retomados os trabalhos de demarcação da parte mais importante, a fronteira entre o Casamansa e o rio Cacheu, que obrigava ao levantamento destes rios, o qual fica terminado em Maio. Reiniciados no final de 1904, depois de passada a época das chuvas, virão finalmente a terminar em Abril do mesmo ano, com a colocação de um marco no cabo Roxo. Terminava assim um longo período, durante o qual a chefia da delegação portuguesa nestas comissões estivera confiada a Oliveira Muzanty.
(iii) O opúsculo de António dos Anjos contém inúmeras inexatidões, erros e omissões
O trabalho de António dos Anjos pretende transmitir a ideia de que foram múltiplas as dificuldades que se depararam às autoridades no estabelecimento de uma administração no território e, sobre este aspecto, cumpre o objectivo. Porém, devo advertir o leitor de que este trabalho contém muitas inexactidões, podendo criar uma ideia errada de alguns dos acontecimentos que procura relatar. O que é natural, pois o próprio diz “não consultei relatórios nem Boletins Oficiais”, baseando-se no que ouvira, e também no que tinha visto depois de chegar à colónia em 1911. E sabe-se quanto a transmissão oral do conhecimento leva à adulteração dos factos.
Não vamos ser exaustivos na análise do que escreve António dos Anjos. Digamos, como exemplo, que menciona a ida para a Guiné de uma coluna de operações proveniente da metrópole, aquando dos problemas de Bissau de 1891. Ora, o que é facto, é que nenhum contingente metropolitano foi enviado para Bissau nessa altura. Foram os efectivos lá existentes que protagonizaram os acontecimentos da altura.
Mas há uma parte do escrito de António dos Anjos que merece um comentário mais desenvolvido, pelas convicções que transmite e por me parecer estar bastante longe da realidade dos factos. Diz respeito ao que se passou no Oio em Março de 1897, na desastrada incursão desencadeada por Graça Falcão.
(iv) O mito do herói Graça Falcão
Nesta qualidade [, como governador,] a sua actuação não deixou boas recordações nem resultados úteis, tendo mesmo no final do seu mandato sido objecto de fortes críticas. Muitas das campanhas militares que empreendeu, ou redundaram num efectivo fracasso, ou foram desnecessárias.
Notemos que a inutilidade da campanha de Muzanty de 1908 em Bissau fora também referida no relatório de inspecção das alfândegas da Guiné, a que procedera o comissário Henrique Gonçalves Cardoso em 1912, e que determinou uma reorganização destes serviços. No índice do relatório, na parte referente à apreciação da vida da província, são mencionados os seguintes parágrafos: “As guerras de Bissau”, “A intriga dos proprietários em Bissau”, “Necessidade de pacificação de Bissau”, “A campanha de 1908 foi inútil”.
Notemos que a inutilidade da campanha de Muzanty de 1908 em Bissau fora também referida no relatório de inspecção das alfândegas da Guiné, a que procedera o comissário Henrique Gonçalves Cardoso em 1912, e que determinou uma reorganização destes serviços. No índice do relatório, na parte referente à apreciação da vida da província, são mencionados os seguintes parágrafos: “As guerras de Bissau”, “A intriga dos proprietários em Bissau”, “Necessidade de pacificação de Bissau”, “A campanha de 1908 foi inútil”.
Caso curioso é o facto de as páginas deste relatório que conteriam estes parágrafos, não se encontrarem presentes no relatório, fazendo crer terem dele sido removidas propositadamente, talvez para esconder factos que alguém desejaria que ficassem desconhecidos.
A efectiva demarcação das fronteiras da Guiné para dar cumprimento às disposições da Convenção de Maio de 1886 desenvolveu-se em várias fases. A primeira decorreu entre Janeiro e Março de 1888, e nela foi feita a demarcação da fronteira sul, sem que problemas de maior tivessem sido levantados. Porém, a demarcação da fronteira norte vai ser fonte de dificuldades, pois obrigava Portugal a abandonar Zeguichor [, Ziguinchor ou Zinguinchor], facto contra o qual várias vozes se levantaram, originando resistências e um atraso nessa entrega, que só ocorrerá em 12 de Abril.
Após esta entrega, os trabalhos de demarcação ficam suspensos, pois a França pretendia agora que se fizesse uma alteração à Convenção de 1886, substituindo o cabo Roxo pela ponta Varela, donde partiria a linha de fronteira, o que não fora aceite. Parecia, de resto, que, conseguida a ocupação de Zeguichor, os franceses se desinteressaram de prosseguir os trabalhos de demarcação.
Estes só serão retomados no começo do ano de 1900, passados mais de 10 anos desde os trabalhos daquela primeira missão, e na sequência de uma série de diligências iniciadas com a apresentação, pelo governo português, junto do governo francês, de uma proposta com aquele objectivo, no início de 1898.
(ii) O papel do 2º tenente João Augusto d'Oliveira Muzanty na chefia da parte portuguesa da comissão luso-francesa para a demarcação das fronteiras
A efectiva demarcação das fronteiras da Guiné para dar cumprimento às disposições da Convenção de Maio de 1886 desenvolveu-se em várias fases. A primeira decorreu entre Janeiro e Março de 1888, e nela foi feita a demarcação da fronteira sul, sem que problemas de maior tivessem sido levantados. Porém, a demarcação da fronteira norte vai ser fonte de dificuldades, pois obrigava Portugal a abandonar Zeguichor [, Ziguinchor ou Zinguinchor], facto contra o qual várias vozes se levantaram, originando resistências e um atraso nessa entrega, que só ocorrerá em 12 de Abril.
Após esta entrega, os trabalhos de demarcação ficam suspensos, pois a França pretendia agora que se fizesse uma alteração à Convenção de 1886, substituindo o cabo Roxo pela ponta Varela, donde partiria a linha de fronteira, o que não fora aceite. Parecia, de resto, que, conseguida a ocupação de Zeguichor, os franceses se desinteressaram de prosseguir os trabalhos de demarcação.
Estes só serão retomados no começo do ano de 1900, passados mais de 10 anos desde os trabalhos daquela primeira missão, e na sequência de uma série de diligências iniciadas com a apresentação, pelo governo português, junto do governo francês, de uma proposta com aquele objectivo, no início de 1898.
(ii) O papel do 2º tenente João Augusto d'Oliveira Muzanty na chefia da parte portuguesa da comissão luso-francesa para a demarcação das fronteiras
É para chefiar a parte portuguesa desta segunda missão que é nomeado o 2.º-tenente João Augusto d’Oliveira Muzanty. Porém, os novos trabalhos de demarcação iniciam-se pela fronteira sul, uma vez que os franceses rejeitavam o traçado fixado pela comissão de 1888, realizado com base em cartas que apresentavam erros, colocando exigências que se traduziam para Portugal na perda de territórios no Forreá. Isto conduz à ruptura das negociações e à necessidade de um levantamento rigoroso das zonas fronteiriças, e a aceitar a cessão recíproca de territórios se indicações geográficas ou outras a tornassem indispensável e fosse justificada.
Os trabalhos só são retomados em Janeiro de 1901, ficando os delegados portugueses instruídos a cingir-se, tanto quanto possível, à Convenção de 1886, mantendo-se os pontos iniciais da fronteira sobre o litoral, tanto ao norte como ao sul, nela mencionados, de modo a não diminuir a extensão da costa portuguesa. A fronteira sul ficará demarcada em Maio desse ano.
Os trabalhos de demarcação só serão retomados em finais de 1902, e Oliveira Muzanty mantinha-se a chefiar a delegação portuguesa. Novamente devido a inexactidões das cartas, nomeadamente ao facto de se ter reconhecido que, de acordo com estas, Cadé ficaria dentro do território português, contrariando os termos da Convenção de 1886, foi necessário proceder a compensações territoriais. Os trabalhos desta nova comissão ficam concluídos em Maio de 1903.
Só em Janeiro de 1904 serão retomados os trabalhos de demarcação da parte mais importante, a fronteira entre o Casamansa e o rio Cacheu, que obrigava ao levantamento destes rios, o qual fica terminado em Maio. Reiniciados no final de 1904, depois de passada a época das chuvas, virão finalmente a terminar em Abril do mesmo ano, com a colocação de um marco no cabo Roxo. Terminava assim um longo período, durante o qual a chefia da delegação portuguesa nestas comissões estivera confiada a Oliveira Muzanty.
(iii) O opúsculo de António dos Anjos contém inúmeras inexatidões, erros e omissões
O trabalho de António dos Anjos pretende transmitir a ideia de que foram múltiplas as dificuldades que se depararam às autoridades no estabelecimento de uma administração no território e, sobre este aspecto, cumpre o objectivo. Porém, devo advertir o leitor de que este trabalho contém muitas inexactidões, podendo criar uma ideia errada de alguns dos acontecimentos que procura relatar. O que é natural, pois o próprio diz “não consultei relatórios nem Boletins Oficiais”, baseando-se no que ouvira, e também no que tinha visto depois de chegar à colónia em 1911. E sabe-se quanto a transmissão oral do conhecimento leva à adulteração dos factos.
Não vamos ser exaustivos na análise do que escreve António dos Anjos. Digamos, como exemplo, que menciona a ida para a Guiné de uma coluna de operações proveniente da metrópole, aquando dos problemas de Bissau de 1891. Ora, o que é facto, é que nenhum contingente metropolitano foi enviado para Bissau nessa altura. Foram os efectivos lá existentes que protagonizaram os acontecimentos da altura.
Mas há uma parte do escrito de António dos Anjos que merece um comentário mais desenvolvido, pelas convicções que transmite e por me parecer estar bastante longe da realidade dos factos. Diz respeito ao que se passou no Oio em Março de 1897, na desastrada incursão desencadeada por Graça Falcão.
(iv) O mito do herói Graça Falcão
Jaime Augusto da Graça Falcão (e não António) tem um extenso historial desde que, como alferes, foi transferido de Angola para a Guiné por questões disciplinares em 1892, até ao momento em que, em 1926, foi aposentado compulsivamente pelo governador Vellez Caroço, por desrespeito a este. Extenso historial que não vou aqui desenvolver, acrescentando apenas que durante este período foi expulso por três vezes da Guiné, tendo a sua liberdade de movimentos na Guiné sido coarctada uma outra vez.
Digamos que a operação que ele promoveu no Oio em Março de 1897, que já tinha sido precedida de outra incursão entre Janeiro e Fevereiro do mesmo ano, que se saldara num “revés” e que o governador Pedro Inácio de Gouveia mandara sindicar, foi realizada à revelia deste, e para a qual não tinha autorização, deixando de cumprir a determinação de que os comandantes militares estavam proibidos de sair das sedes dos comandos sem ordem ou licença.
Responsável por este desastre é também o 1.º tenente Álvaro Herculano da Cunha que, como delegado do governo no presídio de Farim, determinara a 6 de Março a organização de uma coluna de operações do Oio. Nesta incursão perderam a vida dois oficiais, dois sargentos além de vários soldados. Uma tentativa do governador de última hora, ao tomar conhecimento, através das autoridades do Senegal, de que os oincas pretendiam a paz, não resultou, alegadamente por tal intervenção ter chegado ao conhecimento de Herculano da Cunha e Falcão depois de iniciado o ataque.
Este lamentável episódio, deu origem a dois autos de averiguações, quatro relatórios, em que se procurava fazer luz sobre as razões últimas que levaram Graça Falcão a invadir o Oio, servindo-se de uma força apreciável de auxiliares.
Os relatos que até agora têm sido feitos sobre este incidente, tendentes a transformar Graça Falcão num herói, e a enaltecer o facto de este ter escapado com vida, desconhecem toda a realidade envolvida nesta lamentável aventura não autorizada, e cuja realização parece que fora previamente decidida. (**)
____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 29 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17523: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", de autoria do 2.º Sargento Reformado António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança (1) (Alberto Nascimento, ex-Sold. Cond. Auto da CCAÇ 84, 1961/63)
(**) Último poste da série > 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17417: Falsificações da história (2): o ataque a Bambadinca em 28/5/1969: eu estava lá !... e vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado com a nossa versão dos acontecimentos (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)
Este lamentável episódio, deu origem a dois autos de averiguações, quatro relatórios, em que se procurava fazer luz sobre as razões últimas que levaram Graça Falcão a invadir o Oio, servindo-se de uma força apreciável de auxiliares.
Os relatos que até agora têm sido feitos sobre este incidente, tendentes a transformar Graça Falcão num herói, e a enaltecer o facto de este ter escapado com vida, desconhecem toda a realidade envolvida nesta lamentável aventura não autorizada, e cuja realização parece que fora previamente decidida. (**)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 29 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17523: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", de autoria do 2.º Sargento Reformado António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança (1) (Alberto Nascimento, ex-Sold. Cond. Auto da CCAÇ 84, 1961/63)
(**) Último poste da série > 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17417: Falsificações da história (2): o ataque a Bambadinca em 28/5/1969: eu estava lá !... e vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado com a nossa versão dos acontecimentos (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)
11 comentários:
João Augusto de Oliveira Muzanty chegou a contra-almirante e chefe do estado maior da armada, em 1934-37, em pleno Estado Novo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado-Maior_da_Armada
Savbemos ainda que:
(i) nasceu em Lisboa, a 17 de Outubro de 1872;
(ii) era filho de João Luiz Muzanty Júnior (1844-1904), então tenente do Estado-Maior, e de
Emília Cândida de Lacerda Pamplona Corte Real Betencourt de Oliveira Muzanty (1837-1894), natural do Porto;
(iii) assentou praça no corpo de alunos da Armada em 5 de Novembro de 1888 como aspirante de 2ª classe de Marinha e foi o 8º do seu curso, concluído em 1892;
(iv) guarda-marinha em 1893, foi promovido a 2º tenente em 1895;
(v) fez parte da guarnição da canhoneira “Liberal” durante as campanhas contra os Namarrais e de Gaza, ambas em 1897, e foi louvado pela forma como cumpriu o seu dever “embora não tivesse ocasião de se distinguir durante as operações de guerra”;
(vi) foi depois comandante da lancha-canhoneira “Capello”, no rio Limpopo, entre 17 de
Março de 1897 e 8 de Março do ano seguinte, regressando então a Lisboa;
(vii) em Janeiro de 1900. foi nomeado chefe da comissão de limites da Guiné, tendo terminado o serviço de delimitação, já 1º tenente (fora promovido em 1902) em Junho de 1905;
(viii) esteve várias vezes em Lisboa, durante esses anos, por períodos longos mais ou menos coincidentes com os períodos das chuvas na Guiné (Maio-Novembro);
(ix) o profundo conhecimento da Guiné que adquiriu durante esses anos justifica que em Junho de 1906 tivesse sido nomeado governador da Província, aonde chegou, nessa qualidade, em 13 de Agosto seguinte;
(x) manter-se-ia no cargo até 28 de Janeiro de 1909 (deslocou-se a Lisboa entre 20 de Julho e 17 de Novembro de 1907 e entre 15 de Julho e 13 de Dezembro de 1908);
(xi) casara, entretanto, em Janeiro de 1907, aos 34 anos, com D. Amélia Vieira (de quem enviuvou em Outubro de 1922);
(xii) como governador, Oliveira Muzanty organizou e comandou diversas operações militares (de 21 de Março a 28 de Abril de 1907 no Oio, de 21 de Novembro de 1907, a 31 de Janeiro de 1908 no Geba, e de 19 de Março a 15 de Maio de 1908 na ilha de Bissau, tendo participado em combates como o de Gã-Turé (6/7 de Abril de 1908) e os travados em Intim entre 4 e 11 de Maio de 1908, que foram os últimos das suas expedições;
(xiii) foi louvado pelo “zelo, dedicação, inteligência e infatigável esforço” com que
exerceu o cargo de governador da Guiné, e foram lhge concedidas, em 28 de Janeiro de 1909, o dia da sua exoneração, as honras de «oficial às ordens de S. M. El-Rei “em atenção ao seu merecimento e aos serviços que prestou como combatente da coluna de operações na Guiné em 1908”;
(xiv) por despacho publicado no Diário do Governo de 13 de Janeiro de 1910, foi nomeado para fazer parte da comissão que ia estudar a organização da marinha colonial e em Abril de 1910 recebeu dois louvores: a 7, “pelo zelo e inteligência como se desempenhou na comissão que lhe foi cometida para estudar a reorganização da Marinha na parte que diz respeito à polícia
e fiscalização das costas e rios das possessões ultramarinas” e a 22 “pelo zelo e inteligência como se desempenhou do serviço que lhe foi cometido para estudar a reorganização administrativa da província da Guiné”;
(xv) em 29 de Maio seguinte, foi condecorado, juntamente com outros oficiais (de menor patente e, por isso, em graus inferiores) com o grau de Comendador da Antiga e Muito
Nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, “por relevantes serviços prestados nas operações realizadas na Província da Guiné em 1908”;
(xvi) finalmente, a 1 de Junho de 1910 foi encarregado do comando da canhoneira “Limpopo”, à qual seria cometida a fiscalização da costa entre Lisboa e Viana do Castelo.
(xvii) foi imporpular como governador, pelo menos um sector dos comerciantes portugueses da Guiné não não apreciou a sua governação e a impresna local fez-se eco do repúdio face às notícias que davam como certa sua recondução como governador...
Fonte:
https://digitalis.uc.pt/files/previews/56769_preview.pdf
P almirante Oliveira Muzanty terá morrido em 1937, com 64 anos.
http://www.revistademarinha.com/index.php?option=com_content&view=article&id=23:a-qrevista-de-marinhaq-ha-mais-de-setenta-anos-no4&catid=113:arquivo&Itemid=110
Olá Camarada
Mais um texto que nos confirma oque sabemos.
A divisão da Guiné com a França foi feita com "a faca de matar o porco", como em toda a África foram as fronteiras definidas. Nunca entenderemos oss conceitos que estiverem na base do estabelecimento das fronteiras por parte da potências colonizadoras. E era curioso que o soubéssemos caso a caso. Compreenderíamos muita coisa, a nível local...
Se lermos o resto confirmamos o que sabemos acerca do modo como a "administração colonial" era exercida.
Claro que todos os outros faziam o mesmo...
Mas fica assim provado que o "passado comum" entre Portugal e as ex-colónias é um mito e algo que não deve ser invocado. Ainda hoje, na TV observei que o "bruxo" do Benfica não sabe falar português...
O tal passado, como já disse envergonha-nos a nós e revolta-os a eles.
Um Ab.
António J. P. Costa
O rio Casamance fazia muita falta aos franceses no Senegal, principalmente porque os ingleses lhe enfiaram o dedo pelo rio Gâmbia a dentro.
Daí puxarem a Guiné Bissau para dentro da Guiné Conacry a sul.
De facto partiu-se e repartiu-se sem respeito pelos africanos, mas o pior foi o colonialista europeu, que usou e "deitou fora", numa altura em que os africanos mais precisavam da sua presença.
Mas já está a "sobrar" também para a Europa.
A história das Nações foi sempre um parto distócico... A violência, infelizmente, está mo ADN das nossas civilizações...Saberemos ainda aprender com o passado ?
Um bom domingo.
Bom domingo, desde o calor da Guiné.
Já está feito desde há mais de 100 anos, agora há que adaptar...
No Norte.
-Há a situação dos independentistas de Casamansa, que não está resolvida, já lá vão umas dezenas de anos, que não se fala, mas existe...
- Por vezes estes “marcos”, tem criado alguns problemas graves, com o Senegal.
No Sul.
- Os povos do Futa, tem estado a ocupar o sul.
- Estão a desmatar as florestas e a plantar cajú, que este ano foi vendido a (de preço de ouro). Especial na região do Boé, criando novas tabancas, região que sempre foi pouco povoada.
- Os “marcos” ninguém respeita, para os encontrar é necessário andar de GPS.
- Nem os humanos, nem alguns elefantes e leões, que por la vão andando...
Abraço
Segundo este último comentário do Patrício, os marcos das fronteiras do país de Amílcar Cabral e de Honório Barreto, poderão ter adquirido pernas.
Talvez os marcos precisem de um chip para se encontrarem,em vez de um GPS.
Patrício, será que os do Norte deslocam-se para sul e os marcos do sul deslocam-se para Norte?
Como sabemos o que a "casa gasta" e já não temos a Lusa nem a RTP África aí para nos informar, avisa quando tivermos apenas duas Guinés em África, a Guiné espanhola e a Guiné francesa.
Bom trabalho e saudinha
O conceito ´do Colonialismo e a prática colonialista são criações da Conferência de Berlim, engordados pela "Primeira Revolução Industrial". Quem impôs a Portugal a "ocupação efectiva" dos territórios ultramarinos, para ter direito a invocar-se seu colonizador? A Alemanha, a França e a Inglaterra. Quem prenunciou a nossa falência e consequente dependência externa? Lenine e Mao-Tsé-Tung. Os principais beneficiários, globais, do abandono intempestivo do Ultramar? a Rússia e a China.
Antes dessa Conferência, os Portugueses e a sua circunstância desempenhavam-se colonizadores através do conhecimento mútuo e da troca de bens transaccionáveis, criando fortalezas e feitorias nas costas marítimas e não governos.
Poderá um "passado comum" de 500 anos passar a mito? O decurso da história põe a nu a causa da revolta dos povos, que deixaram de ser o sujeito da nossa colonização.Os seus quadros superiores não falam português, porquê? A primeira preocupação "revolucionária" de Amílcar Cabral foi preservar a língua de Camões e a primeira missão que confiou a Osvaldo Vieira, seu braço direito, foi ensiná-la na escola de quadros de Ratoma. O camarada Fernando Henriques da Silva, nosso notável embaixador, na crise Ansumane Mané/Nino Vieira, afirmou, com toda a propriedade, que a instabilidade na Guiné-Bissau era objectivo da "inteligência" da política externa francesa...
Boas férias e fiquem bem.
Manuel Luís Lomba
Caro Mário Lomba
Conferência de Berlim (1884/85), Lenine, Mao Tsé-Tung, que grande confusão.
Passado comum de 500 anos, troca de bens transacionáveis, que grande confusão.
Cumprimentos
Valdemar Queiroz
Queria dizer
Caro Manuel Lomba
Meu caro Valdemar Silva:
Salvo erro ou omissão, Lenine emitiu o seu prognóstico em 1916 e o Mao no princípio da década de 60, do sec. passado. Quanto aos bens "transaccionáveis" não referi a compra e venda de escravos porque não são - nem deviam ser!
Ab.
Manuel Luís Lomba
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