1. Norberto Lopes (Vimioso, 1900-Linda A Velha, Oeiras, 1989) foi um notável jornalista e escritor, tendo estado entre outros ao serviço do "Diário de Lisboa", onde foi chefe de redação, desde 1921, cronista e grande repórter, além de diretor (entre 1956 e 1967). Saiu do "Diário de Lisboa" para cofundar em 1967 o vespertino "A Capital" (que dirigiu até 1970, ano em que se jubilou).
Mestre do jornalismo na época da censura, transmontano de alma e coração,. sempre se bateu pela liberdade de expressão, que considerou a maior conquista do 25 de Abril. Entre a suas obras publicadadas, destaque-se:"Visado pela Censura: A Imprensa, Figuras, Evocações da Ditadura à Democracia "(1975). Aprendeu a lidar com a censura e os censores e a escrever nas entrelinhas, como muitos jornalistas que viveram no tempo do Estado Novo,
Claro, conciso, preciso. objetivo e imparcial... são alguns dos atributos da sua escrita e do seu estilo como repórter da imprensa escrita, um dos maiores do nosso séc. XX português. Foi. além disso, um grande amigo da Guiné e dos guineenses. Tal como nós, também ele bebeu a água do Geba... Visitou aquele território pelo menos duas vezes. Esteve lá em 1927 e em 1947. Das suas crónicas de 1947, publicou o livro "Terra Ardente -Narrativas da Guiné" (Lisboa, Editora Marítimo-Colonial, 1947, 148 pp. + fotos). (*)
2. O trabalho de Norberto Lopes, sobre a Guiné ao tempo do governador geral Sarmento Rodrigues, cuja ação ele apreciava e elogiava publicamente, merece ser conhecido dos nossos camaradas, que fizeram a guerra colonial, entre 1961 e 1974. Quando fomos mobilizados para o CTIG, pouco ou nada sabíamos daquela terra e das suas gentes, da sua história e da sua geografia...
O livro de Norberto Lopes, "Terra Ardente - Narrati vas da Guiné", já não é de fácil acesso, para a generalidade dos nossos leitores (e muito menos para os nossos amigos da Guiné-Bissau) mas em contrapartida as suas reportagens, publicadas no "Diário de Lisboa", podem ainda ser lidas no portal Casa Comum, da Fundação Mário Soares.
Hoje reproduzimos, com a devida vénia, a segunda crónica que ele mandou para o seu jornal, justamente sobre Bissau, então em fase de grande crescimento. Foi publicada em 10/2/1947, há 70 anos, a idade por que rondam muitos dos nossos camaradas.
Apesar do "desenvolvimentismo" do governador-geral Sarmento Rodrigues, havia já problemas cuja solução se iria eternizar como, por exemplo, a projetada construção da ponte sobre o rio Mansoa, ligando a ilha de Bissau ao norte e ao sul da colónia... No nosso tempo, por exemplo, lá continuávamos a usar a velha jandaga em João Landim...
Não é indiferente saber que Bissau era uma povoação insalubre e insegura até ao tempo da I República...e que a fortaleza da Amura iria custar, além de 50 contos de réis, mais de um milhar de vidas (!), entre os seus trabalhadores, "vitimados pelo gentio, pelo escorbuto e pela malária"...
Em 1947 aguardava-se a projetada construção do porto de Bissau...Foi o governador Carlos [de Almeida] Pereira quem, em 1913, deu início ao processo de desenvolvimento urbanístico de Bissau, então vila e depois cidade (a partir de 1914), derrubando a famigerada muralha (um muro de tijolo de 4 metros de altura, e antes uma tosca paliçada...) que ia de um dos baluartes da fortaleza da Amura até ao cais do Pigiguiti, separando brancos e pretos, neste caso a colonos (europeus e cabo-verdianos) e o "chão de papel"...Era um muralha protetora com valor mais simbólico do que físico...Foi este gesto iconoclasta que acabou por dar origem à moderna Bissau que nós ainda iríamos conhecer.
Considerando que terá sido eventualmente um erro a transferência da capital, em 1941, por ter ferido de morte a histórica cidade de Bolama, o jornalista três décadas e tal depois. da ação decisiva do governador republicano, Carlos Almeida Paredes (outubro de 1910-agosto de 1913), dava conta de (e descrevia em detalhe) os notáveis progressos de Bissau "onde se rasgaram largas avenidas paralelas ao eixo central formado pela Avenida da República" [, hoje, av Amílcar Cabral]...
3. Enfim, a cidade começava a ter uma "fisionomia europeia" (**)... O clube de ténis é local de encontro das senhoras, brancas e cabo-verdianas, tão raras ainda nos anos 20. Para os homens ficava reservada a bola ( e as paixões da bola). O campeonato de futebol da Guiné estava ao rubro: "Vi jogar os Balantas de Mansoa contra o Sport Lisboa e Bolama, em Bissau. Azuis e vermelhos lutaram com a mesma ralé [, garra, raça, vigor...] dos clubes lisboetas"... Enfim, duas boas equipas, constituídas, na curiosa expressão do autor, por "indígenas assimilados à civilização europeia" (sic)...
E o repórter cita largamente o escritor Fausto Duarte (1904-1953), o autor de "Auá" (1934), de origem cabo-vrediana, funcionário da admimnistração colonial, que foi testemunha privilegiada dessas mudanças históricas... Para Fausto Duarte, o coração, os pulmões, os braços e as pernas de Bissão estavam no Pigiguiti, nas suas embarações e nos seus estivadores... Onde Norberto Lopes parece ser menos preciso é quando escreve que a construção da primeira ponte-cais de Bissau, a "maior obra de engenharia da colónia", foi atribuída a uma empresa inglesa. Tanto quanto sabemos, a construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, foi feita pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (segundo informação de Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá) (***).
A última crónica (ou "narrativa da Guiné") de Norberto Lopes será a do elogio público da obra e da personalidade do enérgico transmontano Sarmento Rodrigues, futuro ministro das colónias (e depois do Ultramar). (***) (LG)
Recorte do "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), nº 8694, ano 26, segunda feira, 10 de fevereiro de 1947, pp. 1 e 9.
Cortesia de portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos > 05780.044.11045
Citação:
(1947), "Diário de Lisboa", nº 8694, Ano 26, Segunda, 10 de Fevereiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22342 (2017-10-18)
[Seleção, montagem dos recortes, edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
____________
Apesar do "desenvolvimentismo" do governador-geral Sarmento Rodrigues, havia já problemas cuja solução se iria eternizar como, por exemplo, a projetada construção da ponte sobre o rio Mansoa, ligando a ilha de Bissau ao norte e ao sul da colónia... No nosso tempo, por exemplo, lá continuávamos a usar a velha jandaga em João Landim...
Não é indiferente saber que Bissau era uma povoação insalubre e insegura até ao tempo da I República...e que a fortaleza da Amura iria custar, além de 50 contos de réis, mais de um milhar de vidas (!), entre os seus trabalhadores, "vitimados pelo gentio, pelo escorbuto e pela malária"...
Em 1947 aguardava-se a projetada construção do porto de Bissau...Foi o governador Carlos [de Almeida] Pereira quem, em 1913, deu início ao processo de desenvolvimento urbanístico de Bissau, então vila e depois cidade (a partir de 1914), derrubando a famigerada muralha (um muro de tijolo de 4 metros de altura, e antes uma tosca paliçada...) que ia de um dos baluartes da fortaleza da Amura até ao cais do Pigiguiti, separando brancos e pretos, neste caso a colonos (europeus e cabo-verdianos) e o "chão de papel"...Era um muralha protetora com valor mais simbólico do que físico...Foi este gesto iconoclasta que acabou por dar origem à moderna Bissau que nós ainda iríamos conhecer.
Considerando que terá sido eventualmente um erro a transferência da capital, em 1941, por ter ferido de morte a histórica cidade de Bolama, o jornalista três décadas e tal depois. da ação decisiva do governador republicano, Carlos Almeida Paredes (outubro de 1910-agosto de 1913), dava conta de (e descrevia em detalhe) os notáveis progressos de Bissau "onde se rasgaram largas avenidas paralelas ao eixo central formado pela Avenida da República" [, hoje, av Amílcar Cabral]...
3. Enfim, a cidade começava a ter uma "fisionomia europeia" (**)... O clube de ténis é local de encontro das senhoras, brancas e cabo-verdianas, tão raras ainda nos anos 20. Para os homens ficava reservada a bola ( e as paixões da bola). O campeonato de futebol da Guiné estava ao rubro: "Vi jogar os Balantas de Mansoa contra o Sport Lisboa e Bolama, em Bissau. Azuis e vermelhos lutaram com a mesma ralé [, garra, raça, vigor...] dos clubes lisboetas"... Enfim, duas boas equipas, constituídas, na curiosa expressão do autor, por "indígenas assimilados à civilização europeia" (sic)...
E o repórter cita largamente o escritor Fausto Duarte (1904-1953), o autor de "Auá" (1934), de origem cabo-vrediana, funcionário da admimnistração colonial, que foi testemunha privilegiada dessas mudanças históricas... Para Fausto Duarte, o coração, os pulmões, os braços e as pernas de Bissão estavam no Pigiguiti, nas suas embarações e nos seus estivadores... Onde Norberto Lopes parece ser menos preciso é quando escreve que a construção da primeira ponte-cais de Bissau, a "maior obra de engenharia da colónia", foi atribuída a uma empresa inglesa. Tanto quanto sabemos, a construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, foi feita pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (segundo informação de Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá) (***).
A última crónica (ou "narrativa da Guiné") de Norberto Lopes será a do elogio público da obra e da personalidade do enérgico transmontano Sarmento Rodrigues, futuro ministro das colónias (e depois do Ultramar). (***) (LG)
Recorte do "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), nº 8694, ano 26, segunda feira, 10 de fevereiro de 1947, pp. 1 e 9.
Cortesia de portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos > 05780.044.11045
Citação:
(1947), "Diário de Lisboa", nº 8694, Ano 26, Segunda, 10 de Fevereiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22342 (2017-10-18)
[Seleção, montagem dos recortes, edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor
(*) Vd. poste de 21 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17785: Historiografia da presença portuguesa em África (92): quando a Guiné do tempo de Sarmento Rodrigues tinha uma "boa imprensa": Norberto Lopes, o grande repórter da "terra ardente"
(**) Sobre o planeamento e o desenvolvimento urbanístico de Bissau, bem como da sua arquitectura colonial, vd. entre outros os postes de:
12 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13392: Manuscritos(s) (Luís Graça) (36): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VII): O melhor edifício da cidade, a Associação Comercial, hoje sede do PAIGC, projeto do arquiteto Jorge Chaves, de 1949-1952
20 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13312: Manuscritos(s) (Luís Graça) (33): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VI): O novo bairro da Ajuda (1965/68), um "reordenamento" na estrada para o aeroporto...
(*) Vd. poste de 21 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17785: Historiografia da presença portuguesa em África (92): quando a Guiné do tempo de Sarmento Rodrigues tinha uma "boa imprensa": Norberto Lopes, o grande repórter da "terra ardente"
(**) Sobre o planeamento e o desenvolvimento urbanístico de Bissau, bem como da sua arquitectura colonial, vd. entre outros os postes de:
12 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13392: Manuscritos(s) (Luís Graça) (36): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VII): O melhor edifício da cidade, a Associação Comercial, hoje sede do PAIGC, projeto do arquiteto Jorge Chaves, de 1949-1952
20 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13312: Manuscritos(s) (Luís Graça) (33): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VI): O novo bairro da Ajuda (1965/68), um "reordenamento" na estrada para o aeroporto...
19 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13164: Manuscrito(s) (Luís Graça (28): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte IV): Na antiga avenida da República (, hoje Amílcar Cabral), os edifícios da Sé Catedral (João Simões, 1945) e dos Correios (Lucínio Cruz, 1950/55)
25 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13042: Manuscrito(s) (Luís Graça (26): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte III): Sarmento Rodrigues, o seu palácio e a sua praça do império (fotos de Benjamim Durães, julho de 1971)
25 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13042: Manuscrito(s) (Luís Graça (26): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte III): Sarmento Rodrigues, o seu palácio e a sua praça do império (fotos de Benjamim Durães, julho de 1971)
29 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial
A ponte de Ensalmá que que veio permitir a ligação de Bissau a Mansoa |
Vd. também os postes de Mário Dias:
19 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - P549: Memórias do antigamente (Mário Dias) (2): Uma serenata ao Governador
15 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P611: Memórias do antigamente (Mário Dias) (3): O progresso chega a Bissau
Bissau, 1908, antiga ponte cais em madeira: desembraque de tropas |
(***) Vd. poste de 8 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10350: Historiografia da presença portuguesa em África (44): Construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá)
(***) Último poste da série > 7 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17831: Historiografia da presença portuguesa em África (97): A Exposição do V Centenário do Descobrimento da Guiné (Mário Beja Santos)
(***) Último poste da série > 7 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17831: Historiografia da presença portuguesa em África (97): A Exposição do V Centenário do Descobrimento da Guiné (Mário Beja Santos)
4 comentários:
Acredito que Bissau, no início do séc. XX, não fosse propriamente muito amigável para a rapaziada que vinha da metrópole... Não era só o mito: a Guiné era uam espécie de antecâmara do inferno... Quantos não deixaram lá os ossos!,,.
De resto, eram poucos e "pouco recomendáveias" os que se aventuravam por aquelas paragens. Os 500 anos de civilização são uma tanga!,,, Os europeus só "descobriram" África há cento e tal anos... E fizeram muita merda... Podia ter sido doutro jeito ? Não sei, em história não dá para fazer o exame duas vezes...
A máquina administrativa portuguesa devia ser "cabo-verdiana" até muito tarde... E os militares metropolitanos, "pocos, pero locos"... O Teixeira PInto nem sequer era metropolitano, era um verdadeiro "africanista"...
Sabemos, e esta reportagem vem reforçar a ideia, que nunca fomos um grande país colonizador....Nunca fomos colonizadores, e quando o fomos, éramos "pocos, pero locos"... Mas tiro o chapéu a homens com visão e grande patriotismo como Carlos Pereira e Sarmento Rodrigues...
Insisto na ideia, foi pena o Amílcar Cabral ter casado com uma portuguesa, devia ter casado com uma bijagó...
Em dia de fuytebol, está tudo com as antenas viradas para outros lados...
Ninguém leu ou entendeu a minha provocação:
"Amigos e camaradas, antes de irmos para a 'vala comum do esquecimento', façamos uma derradeira viagem, de canoa nhominca, e vamos lá descobrir os Bijagós!... Não é Bolama nem Bubaque,,, É Caravela, é Orango, é o ilhéu de Qeuré (ou Keré...). No tempo da guerra, não havia tempo para fazer turismo, muito menos ecoturismo... Há muito que o Patrício Ribeiro, o 'pai dos tugas', deambula por lá, em trabalho e em lazer... Daqui a 50 anos os Bijagós podem ter desaparecido com a subida do nível da água do mar... E com eles, o bom povo bijagó, e os seus hipopótamos de água doce e salgada... Foi o único sítio onde não houve guerra, na Guiné, no nosso tempo!... Porque lá eram as mulheres quem mais mandavam e escolhiam os maridos...O Amílcar Cabral infelizmente casou com uma portuguesa, não com uma bijagó"...
Pois... grande treta.
Então os civilizadores cristãos e ocidentais?
Novos mundos ao mundo... tráfico de escravos e colónias penais.
Vá lá, uma igreja cristã 450 anos depois.
Agora, ao menos, viva a Ilha de Keré.
Valdemar Queiroz
A Guiné Bissau,devido à sua dimensão geográfica, podia servir para fazer uma biópsia a toda a África sub-sariana, colonizada pela europa.
(Devemos sempre com esta(s) minha(s) afirmação habitual, exceptuarmos, África do Sul e Rodésia (Zimbábué).
As muitas centenas de quilómetros de fronteiras que conheci de Bissau e Angola: Senegal, G.Conacry, Congo Belga, Zambia e Namibia,vi sempre os pretos tão escuros e encarapinhados como do nosso lado, apenas estas poderiam ter uma pequena diferença, aqui e ali, que seria por exemplo, duas casas de banho, uma para brancos e outra para pretos.
Do nosso lado, nada, porque teriam que ser três, porque os mestiços também eram filhos de Deus.
Ó Valdemar, e essa de uma igreja apenas, na Guiné, se achas pouco, vê a dimensão da Guiné, imagina quantas teriam que ser construídas no Brasil e Angola para estas não ficarem a perder.
Ainda se fizeram as fortalezas de Bissau e Cacheu um exagero em território tão pequeno.
Naquelas fronteiras que conheci bem, os pretos eram tão pretos e encarapinhados como do nosso lado.
Talvez o ferro de desfrizar (desfilizar)possa ter ido para lá quando os pastores protestantes, os jesuítas eram mais retrógrados, levaram-no mais tarde, mas também foi.
Mas no fundo, não se julgue que os portugueses apenas mataram os índios todos do brasil e trouxeram todo o ouro, e não deixámos nenhuns indios para os brasileiros matarem nem ouro para os brasileiros roubarem, como aprendem nos bancos da escola.
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