São verdes e negras…
São verdes as folhas que brotam da seiva da terra.
As capas e mantas que cobrem as serras e vales.
Os fundos imensos na obscuridade dos mares, coberta de limos e algas.
São negros os fumos das fábricas que devoram os ares.
A metralha mortífera que jorra dos castelos da força.
Os ditames tiranos das leis do dinheiro que manietam as almas e aprisionam os sonhos.
Secaram as fontes que jorravam amor do ventre da terra.
Soam gemidos e gritos pelos quadrantes do mundo, clamando justiça e paz.
Desfeita de dor, agoniza a esperança, aquele sopro divino aceso na alma dos povos.
Ouvindo Sibellius
Berlim, 13 de Outubro de 2017
6h3m
Jlmg
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Mais um pouco...
Não me sai da cabeça este tema.
Não sei se já o li nem onde, nem de quem.
Vou segui-lo e ver onde me leva.
Pelo meu pé.
Mais um pouco e serei astro.
Sem ser estrela.
Diadema dum rei ou dum herói.
Serei mar ou só um rio.
Já fui pobre. Agora rico.
Vivi na sombra. Um deserdado.
Sempre acesa a minha chama.
Bem desperto. Muito atento.
Guardando o belo e o bom.
Na hora certa, a porta abriu.
A luz entrou.
Que mar azul.
Seara verde.
Jardim em flor.
Árvores com fruto.
Quase a cair.
Foi só colher.
Enchi os cestos.
Chamei amigos.
Ofereci ao mundo.
Nada sobrou.
Sejam doces e façam bem.
Mais um pouco e será tudo...
ouvindo Dulce Pontes
Berlim, 15 de Outubro de 2017
9h9m
Jlmg
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Língua materna
Tinha tremas e acentos breves o falar doce que meus pais me deram.
Eram quentes as suas sílabas.
E as palavras que me diziam calaram tão fundo, nunca mais esqueci.
Brilhante a luz para um mundo lindo.
Há tanto ano,
Tinham calor,
Ainda hoje brilham.
Que suave o timbre da voz que tinham.
Tão bem diziam.
A melhor escola que me deu a vida.
Tudo aprendi.
Tudo me deu.
Nunca mais a esqueço.
Sou como sou.
Dela nasci.
Berlim, 9 de Outubro de 2017
8h5m
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 8 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17836: Blogpoesia (532): "Oração ao mar..."; "Levitação das pedras" e "Através das frestas...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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