terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19351: Blogpoesia (601): "Fantasias", "Sementeira" e "Tédio", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Fantasias

Nosso refúgio é o reino das fantasias.
Onde buscamos o que não temos e criamos o que não nos é preciso.
À margem da nossa vida real nos surgem no horizonte alucinações e ilusões.
Nos seduzem. Atraem nossa vontade e imaginação com promessas de realidade.
Tudo se desvanece ao raiar da aurora.
Basta a claridade do sol e tudo se vai.

Sua fonte é nossa ambição. Nossa vontade de querer mais.
O que temos é sempre pouco.

A felicidade está na contenção.
Pouco e bom é o segredo...

Ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 24 de Dezembro de 2018
7h21m
Jlmg

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Sementeira

É verde a sementeira depois de despontar.
Traz a esperança na algibeira e a fé no coração.
Se multiplica em frutos bons.
Sacia a fome e dá o pão.

Cumpre a lei,
Na sombra da terra oculta.
Desperta à hora.
Cresce ao sol.

A ninguém escolhe.
Nem ela sabe,
Sua arte é dar.
Sem olhar a quem.

Não tem pai nem mãe.
Tem tudo em si.
Sua sorte é o sol e a chuva.
Sem eles não…

Ouvindo A sinfonia “Novo mundo” de Dworak
Berlim, 27 de Dezembro de 2018
7h59m
Jlmg

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Tédio

Quando o tédio me ronda a mente,
subo ao monte e busco um poema.
Risonho aparece ao longe.

Vem sorrindo como um amigo que já não via há muito.

Nos abraçamos. Saudosos.
Fervem nossos corações.
Novidades. Dum ao outro.
São tantas as novidades.

Tantas primaveras floridas.
Verões de fogo ao pé do mar.
Que a distância nos tirou à gente.
Aquelas tardes calmas do recolher.
As estrelas que se acendiam diante de nossos olhos na aldeia que nos viu nascer.

Que nos queriam dizer as constelações de estrelas ordenadas,

segundo uma linha de pensamento que alguém escreveu?
Os mistérios que sombreavam nossa mente sobre o mistério do viver.

Aquelas conversas enlevadas que se prolongavam pelas madrugadas.
O encanto das amizades da vizinhança.
Um sabor que, de só o lembrar, nos adoça e extingue o tédio que nos assoma de vez em quando...

Berlim, 28 de Dezembro de 2018
17h46m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19346: Blogpoesia (600): "Horas serenas...", "Adro de areia" e "Ventania e tempestade", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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