domingo, 2 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19849: Blogpoesia (622): "Rubros telhados", "Gotas de chuva" e "Cada manhã", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Rubros telhados

Rubros telhados, lavados da chuva,
luzindo ao sol.
Tapam os lares e regalam os olhos,
na tardinha de Domingo de Maio.
Que pena! Amanhã, há escola e trabalho.
O que vale, a partir de Junho, a festa das férias.
Viagens. Campo. Campismo. A praia.
Tempo de sonho que a família não esquece.

Do sol ao Minho, abunda o sol.
Latadas de verde. Searas de pão.
Romarias nos montes.
Estralejam foguetes.
Jorra a alegria.

Se reúne a família.
Noitadas de fogo.
Coretos de música.
Confronto das bandas.
Noites sem fim.

A marcha da vida,
No ciclo dos anos.
Reinado da paz.

20h11m
Jlmg

********************

Gotas da chuva

São balas as gotas da chuva.
Se estatelam no chão.
Abrem crateras.
Parecem vulcões.

Batem na fronte.
Escorrem na cara.
Lágrimas fresquinhas.
Sabem tão bem.

Contas sem conta.
Ao preço da chuva.
Sobraram algures.
O chão ressequido,
Seco do sol,
Batido do vento,
fica feliz.

As sementes rebentam.
Surgem ao ar.
Vestem de verde.
Que regalo é ver tudo a florir.

Não é o acaso.
Tudo perfeito.
Só há que ter fé.
Quem criou tudo isto
Sabe bem o que fez.

Berlim, 27 de Maio de 2019
12h31m
Jlmg

********************

Cada manhã

Saio à rua cada manhã.
Buscando imagens da vida em marcha.
Destinos cruzados.
Gente tão díspar.
Ocidente e de leste.
Ásia menor.

Vestes diferentes.
Damas veladas e rostos barbudos.
Como se estivessem em casa.
Parecem felizes.
Corre-lhes bem.

A troco de quê?
Por certo, grandes interesses.
Estratégia infernal.
Entre as potências.

O pior é se mudam os ventos...
Não olham a meios.
Correm com todos.
Sem olhar para trás.

O melhor seria como é natural.
Cada povo seu chão.
Perspectivas diferentes
Como são os falares.

Reboadas da história
Na sua marcha do mundo.
O passado as teve.
E, agora, o presente.

Berlim, 28 de Maio de 2019
9h54m
Dia de sol duvidoso
Jlmg
____________

Nota do editor

Último poste da série de 26 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19826: Blogpoesia (621): "Desafio do tempo", "Depois da trovoada e chuva grossa..." e "Um manto de luz", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1 comentário:

Valdemar Silva disse...

Mendes Gomes
'....
Melhor seria como é natural.
Cada povo com o eu chão.
...'
Pero Vaz de Caminha escreve a D. Manuel:
'....Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas'

Não sabemos se os índios teriam dito pra seus botões 'estamos f....'.
Coitados dos índios do norte, do centro e do sul, só Vieira se lembrou dalguns deles.

Abraço.
Valdemar Queiroz