Bolama (1964) – Fonte: Arquivo Digital > Foto de Manuel da Silva Pereira Bóia, com a devida vénia).
Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial
Foto: © Patrício Ribeiro (2010)Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Guiné-Bissau > Bolama (2017) > Fonte: Jornal "O Democrata", Bissau, edição de 12 de Abril de 2017, com a devida vénia).
O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada; tem c. 225 registos no nosso blogue.
MEMÓRIAS DE BOLAM: A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAIS HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS
1. INTRODUÇÃO
Emerge esta narrativa do facto de terem surgido no Fórum, nas últimas quatro semanas, vários subsídios históricos alusivos à Ilha de Bolama. Uns, os mais antigos, relacionados com a sua descoberta e a presença portuguesa em África [P20104]. Outros, do princípio do Século XX, através de testemunhos do 2.º Sargento António dos Anjos, onde descreve ao pormenor a sua comissão de dois anos na Guiné, iniciada em 29 de Março de 1911, a primeira, com vivências em Bolama [P20041 e P20059]. Os últimos, recuperando uma efeméride de terror, pela quantidade de sangue derramado, respeitante aos trágicos acontecimentos de Morocunda, em Farim, nos dias 1 e 2 de Novembro de 1965, em que se presume ter sido o ex-presidente da Câmara Municipal de Bolama, Júlio Lopes Pereira, o seu "autor moral", e de que resultaram mais de três dezenas de mortos e cerca de uma centena de feridos [P20130, P 20135, P20140 e P20144].
Corolário da conjugação desses diferentes factos e análises historiográficas e sociológicas dadas à estampa pelos seus autores, permitiu adicionar-lhe uma outra abordagem, ainda pouco aprofundada, e que acabaria por corresponder ao tema em título. E esse aprofundamento, ou questão de partida, nasceu, inicialmente, da consulta ao trabalho de investigação do historiador guineense, Leopoldo Amado, publicado no seu livro «Guineidade e Africanidade», das Edições Vieira da Silva, 2013.
2. A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAL HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS
De forma sucinta e como antecedente histórico, Leopoldo Amado defende que Portugal, ao sair vitorioso da disputa por Bolama em que se vira envolvido com os Ingleses, ainda que com a sentença arbitral do Presidente norte-americano, Ulisses Grant, ficou obrigado a proceder à implantação de uma administração que garantisse a soberania sobre o território, bem como a criação de um mínimo de infraestruturas, que até então tinham estado sob a tutela do Governo-geral de Cabo Verde.
E é em 1879 que a Guiné ganha o estatuto de Província, passando Bolama a ser a sua capital, onde oito anos antes (1871) havia ganho o estatuto de Concelho [hoje, Município]. Desde então o Governo da Guiné passou a preocupar-se mais com as guerras de pacificação, e a prosseguir com a intervenção na estruturação da sua administração, processo que decorreu aproximadamente até aos finais da década de 30 do século XX.
Quanto à Imprensa, e na sequência do processo de pacificação, Leopoldo Amado acrescenta: "os colonos entregaram-se às tarefas mais prementes como, por exemplo, a instalação da tipografia em 1879 e a criação do Boletim Oficial da Guiné em 1880 que, não obstante alguns pequenos hiatos, foi publicado ininterruptamente até 1974" [P11804]
2.1. A IMPRENSA COLONIAL
De acordo com a narrativa de Leopoldo Amado, é no ano de 1879, com a instalação de uma tipografia em Bolama e com a constituição do primeiro grupo de tipógrafos guineenses que, no ano seguinte (1880), começa a ser editado o Boletim Oficial da Guiné. Acrescenta ainda que "a década de 30 [do século passado] nem por isso foi fértil."
Entretanto, em consulta à obra do jornalista guineense António Soares Lopes Jr. (Tony Tcheka), em «Os media na Guiné-Bissau», publicado pelas Edições Corubal, em Agosto de 2015 (capa ao lado, da 1.ª edição), aí se aprofunda um pouco mais sobre as origens da tipografia e, concomitantemente, a sua importância para a evolução da imprensa escrita.
António Lopes refere que "o surgimento da imprensa na Guiné-Bissau está intimamente ligado à instalação de uma tipografia em Bolama, em 1879, que seria mais tarde designada por Imprensa Nacional da Guiné Bissau. Nesta unidade se constituiu o primeiro grupo de tipógrafos guineenses, a maior parte deles, já com instrução primária feita. Depois, em 31 de Outubro de 1883, foi em Bolama editada a primeira publicação, 'Fraternidade', dedicada à sensibilização e recolha de fundos para socorrer as vítimas da estiagem que tinha ocorrido, nesse mesmo ano, em Cabo-Verde.
Em 1920, quarenta anos depois da criação da Tipografia em Bolama, surge na banca a terceira publicação, 'Ecos da Guiné'. Seguiram-se em 1922, a 'Voz da Guiné', um quinzenário republicano independente, e em 1924 o 'Pró-Guiné', órgão do Partido Democrático Republicano. Estas publicações pertenciam a portugueses radicados na Guiné." (op. cit. p35)
Por outro lado, o primeiro periódico editado e dirigido por um guineense, o advogado Armando António Pereira, foi 'O Comércio da Guiné', em 1930, tendo tido, contudo, uma curta duração, com encerramento no ano seguinte. No entanto, congregou à sua volta figuras de relevo da sociedade guineense, como o poeta Fausto Duarte (coordenador de um dos Anuários da Guiné-1946), Alberto Pimentel, Álvaro Coelho Mendonça, Juvenal Cabral (pai de Amílcar Cabral), João Augusto Silva e Fernando Pais de Figueiredo." (op. cit. p36).
Após o encerramento de 'O Comércio da Guiné', surgem três outros jornais, todos de número único e por isso, como afirma Leopoldo Amado, "sem qualquer importância para o sujeito em estudo". Foram eles, respectivamente, o '15 de Agosto', em 1932, o 'Sport Lisboa e Bolama', em 1938, e 'A Guiné Agradecida', em 1939." [P11804].
"Entretanto, a década de 40 do século XX inicia-se com um acontecimento importante: a capital da Guiné é transferida de Bolama para Bissau, e dela resulta que Bissau cresce a olhos vistos, enquanto Bolama perde a sua vitalidade. Na verdade, a transferência da capital para Bissau foi um duro golpe para a elite africana de cariz pequeno-burguesa de Bolama, dispersando-se por imperativos de força maior. Por isso, a actividade literária e cultural em geral foi o primeiro sector a apresentar sinais palpáveis de um retraimento significativo, a ponto de se paralisar qualquer actividade editorial na Guiné, exceptuando as publicações do Boletim Oficial da Guiné." (Leopoldo Amado; P5147].
Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Cabeçalho do jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, 12 pp. (com a devida vénia).
2.2. O 'SPORT LISBOA E BOLAMA', EM 1938
Partindo da referência supra, mas procedendo em sentido contrário ao de Leopoldo Amado, entendemos que se justificaria tudo fazer para encontrar este número do jornal do Sport Lisboa e Bolama, que, por ser único, era de primordial importância localizá-lo.
E assim aconteceu.
Este jornal único do Sport Lisboa e Bolama é editado a propósito das comemorações do 5.º Aniversário da sua fundação em Bolama, em Novembro de 1933, inspirado no Sport Lisboa e Benfica (fundado em 28.02.1904), como se prova na figura acima. Com a transferência da capital de Bolama para Bissau, nasce o Sport Bissau e Benfica, em 27.05.1944, sendo a vigésima nona filial do Sport Lisboa e Benfica.
O seu estádio é considerado como sendo a mais antiga instalação desportiva da Guiné-Bissau, tendo sido inaugurado com a designação de «Estádio de Bissau», em 10 de Junho de 1948, pelo então governador da Província da Guiné, Manuel Maria Sarmento Rodrigues (1899-1979), quatro anos depois da inauguração do «Estádio Nacional», no Jamor.
Mais tarde o «Estádio de Bissau» passou a designar-se por «Estádio Sarmento Rodrigues», em homenagem àquele governador. Na sequência da independência da Guiné-Bissau, em 1974, a designação anterior foi, de novo, alterada, passando a designar-se por «Estádio Lino Correia», em homenagem ao antigo jogador da União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), e guerrilheiro do PAIGC, morto em 1962.
Eis o programa das Festas: entre 26Nov1938 (sábado) e 04Dez1938 (domingo)
2.3. O COMÉRCIO LOCAL QUE CONTRIBUIU PARA OS FESTEJOS
Como elemento historiográfico relacionado com o comércio existente em Bolama, naquela época, e para memória futura, apresentamos o nome das empresas que patrocinaram o 5.º Aniversário do Sport Lisboa e Bolama. De entre os comerciantes e industriais , destaque para os nossos já conhecidos Fausto [da Silva] Teixeira (, "Serração Eléctro-Mecânica") e Júlio Lopes Pereira (representante na Guiné da máquina de escrever Royal).
[Recorde-se que o Fausto Teixeira foi um dos primeiros militantes comunistas [segundo reivindicação do PCP,] a ser deportado para a Guiné, logo em 1925, com 25 anos, ainda no tempo da I República; era dono, em novembro de 1938, segundo o anúncio, que abaixo se reproduz, de "a mais apetrechada de todas as Serrações existente nesta Colónia". E o anúncio acrescenta: "Em 'stock' sempre as mais raras madeiras. Preços especiais a revendedores. Agentes em Bolama, Bissau e nos principais centros comerciais da Guiné"... Na altura a sede ou o estabelecimento principal era no Xitole... Foi expandindo a sua rede de serrações pelo território: Fá Mandinga, Bafatá, Banjara... Era exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960... Naturalmente, sempre vigiado pela PIDE...Nota do editor, LG]
Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 7 (com a devida vénia).
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
13SET2019
Eis o programa das Festas: entre 26Nov1938 (sábado) e 04Dez1938 (domingo)
2.3. O COMÉRCIO LOCAL QUE CONTRIBUIU PARA OS FESTEJOS
Como elemento historiográfico relacionado com o comércio existente em Bolama, naquela época, e para memória futura, apresentamos o nome das empresas que patrocinaram o 5.º Aniversário do Sport Lisboa e Bolama. De entre os comerciantes e industriais , destaque para os nossos já conhecidos Fausto [da Silva] Teixeira (, "Serração Eléctro-Mecânica") e Júlio Lopes Pereira (representante na Guiné da máquina de escrever Royal).
[Recorde-se que o Fausto Teixeira foi um dos primeiros militantes comunistas [segundo reivindicação do PCP,] a ser deportado para a Guiné, logo em 1925, com 25 anos, ainda no tempo da I República; era dono, em novembro de 1938, segundo o anúncio, que abaixo se reproduz, de "a mais apetrechada de todas as Serrações existente nesta Colónia". E o anúncio acrescenta: "Em 'stock' sempre as mais raras madeiras. Preços especiais a revendedores. Agentes em Bolama, Bissau e nos principais centros comerciais da Guiné"... Na altura a sede ou o estabelecimento principal era no Xitole... Foi expandindo a sua rede de serrações pelo território: Fá Mandinga, Bafatá, Banjara... Era exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960... Naturalmente, sempre vigiado pela PIDE...Nota do editor, LG]
Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 7 (com a devida vénia).
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
13SET2019
____________
8 comentários:
Olá Camaradas
Chamo a atenção para o tipo de comércio que se praticava em Bolama e o modo como os produtos e actividades comerciais estão publicitados.
Ainda conhecemos esta forma de comerciar. Não nos é difícil imaginar como seria a Bolama daquele tempo...
Um ab.
António J. P. Costa
Em boa hora, o Jorge Araújo desencantou, na Hemeroteca Digital d CM de Lisboa, este exemplar do jornal-programa do 5º aniversário do "Sport Lisboa e Bolama"... de que reproduziu não só o cabeçalho como os anúncios dos patrocinadores... Alguns dos quais seriam gente do "reviralho" (opositores do Estado Novo), como era o caso, notório, do Fausto Teixeira...
Como muito vem observa o nosso camarada António J. Pereira da Costa (Tó Zé, para os amigos), através deste delicioso "puzzle" anúncios comerciais podemos imaginar como era a vida, pacata mas bem vida, de uma cidadezinha como Bolama, capital da "colónia" da Guiné, anets da II Guerra Mundial...
A perda de estatuto de Bolama (, com a transferência da capital para Bissau,) veio provovocar a sua lenta mas progressiva decadência. E empresários como o Júlio Lopes Pacheco (, mesmo assim, presidente da câmara municipal de Bolama, aquando da visita, en 1955, do gen Craveiro Lopes, presidente da República), começaram a mudar-se, com armas e bagagens para a parte continental da Guiné... A tratar-se da mesma pessoa, como eu penso, o Júlio Lopes Pereira, já com 60 e tal anos, era em 1965 o gerente da filial, em Farim, da Sociedade Comercial Ultramarina, que pertencia ao grupo BNU e era rival da Casa Gouveia, da CUF...
Talvez o Mário Beja Santos nos possa esclarecer o que é o "cronista desconhecida do canal do Geba" mandaou dizer, para Lisboa, sobre os "trágicos acontecimentos" de Farin, em 1 de novembro de 1965, e do contraterror que se abateu sobre a "pequena burguesia", local e regional (Farim, Cuntima, Bigene...)... O Júlio Pereira foi uma das vítimas, terá morrido na prisão em circunstâncias que ainda estão por esclarecer: segundo o Cadogo Pai, o Júlio Pereira terá sido morto por um dos seus companheiros de cela... (ou do campo, rodeado de arame farpado, onde os "suspeitos" ficaram detidos, segundo o nosso camarada António Bastos...).
Convirá, de vez quando, relembrar aqui o notável texto do historiador guineense e nosso grã-tabanqueiro Leopoldo Amado sobre os antecedentes da "luta armada", protagonizada pelo PAIGC: "Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau". Foi publicado em três partes: Aqui vai um excerto da Parte I:
(...) Durante todo o período que durou a II Guerra Mundial, no tempo do Governador Vaz Monteiro, havia em Bissau, Safim e Quinhamel algo que em muito imitava os campos de concentração na Alemanha do Hitler. O maior assassino era o administrador de Bissau, António Pereira Cardoso, que veio a ter aqui preso o Benjamim Correia. A partir daí, o filho da Guiné tomou consciência de que havia que lutar pela sua causa (...)".
No início, a pequena burguesia organiza-se num quadro africano, mas cujo fim não é ainda a independência nacional. Trata-se de mais um desejo confuso de encontrar o seu lugar, de emergir socialmente. Mas a dominação portuguesa não é ainda contestada, a aspiração a assimilação mantém-se, nesta etapa, largamente espalhada. Isto apesar de alguns elementos da elite guineense são já serem sensíveis a uma “reafricanização”.
A prova eloquente do acima dito é o facto de a maior parte dos "notáveis" guineenses da sociedade colonial pertencerem ao Conselho Legislativo do governo da Guiné, tais como Mário Lima Whanon (comerciante), Dr. Augusto Silva [, pai do nosso saudoso amigo Pepito], Joaquim Viegas Graça do Espírito Santo (aposentado e comerciante residente em Bafatá), Dr. Armando Pereira (advogado), Benjamim Correia (comerciante) [, sogro do Júlio Lopes Pereira], Carlos Domingos Gomes (comerciante) [, Cadogo Pai,] e Dr. Severino de Pina (advogado) (...).
A estes juntaram-se outros guineenses pertencentes à pequena burguesia, sendo de reparar a participação de cabo-verdianos e de portugueses que na altura eram claramente anti-situacionistas. Este grupo, que não escondia igualmente as suas pretensões de ascensão na sociedade colonial, dava também, paradoxalmente, o seu inequívoco apoio ao emergente nacionalismo guineense. (...)
22 DE FEVEREIRO DE 2006
Guiné 63/74 - P558: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - I Parte
Há uma dúvida que me persegue: o Júlio Lopes Pereira, colono e comerciante de Bolama, representante oficial em Bolama, em 1938, das máquinas de escrever Royal, condecorado em 1947 com o grau de Cavaleiro da Ordem do Mérito - Classe de Mérito Industrial (Decreto de concessão publicado em D.G. de 29 de abril de 1947), presidente da Câmara Municipal de Bolama em 1955, aquando da visita do presidente da República, gen Craveiro Lopes, e que deverá ter nascido no início do século, ou por volta de 1910 (, já que há notícias dele, radicado em Bolama, em meados dos anos 30)...seria o mesmo Júlio Lopes Pereira, gerente da Casa Ultramarina [, abreviatura de Sociedade Comercial Ultramarina, do grupo BNU], sucursal de Farim, considerado o "autor moral" do atentado de 1 de novembro de 1965, e que terá morrido em novembro de 1965, às mãos da PIDE ou do comando do BART 733, em Farim, sendo o pai da dra. Ana Emília Pereira, ou Milocas Pereira, jornalista e professora universitária, radicada em Angola desde 2004 e misteriosamente desaparecida oito anos depois...
Temos a versão Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai:
...) "Como uma bomba soou-nos a notícia da prisão de Júlio Pereira em Farim, na sequência de uma granada atirada a um ajuntamenmto numa festa de tambor em Farim. Foi sovado que nem um animal e obrigado numa cela a lutar com um companheiro até à morte.
"Eu era vereador da Câmara Municipal de Bissau, com o velho companheiro Benjamim Correia, Dr. Armando Pereira e Lauride Bela. Ninguém me fazia acreditar que seria preso (...)
(...) "Com a morte de Júlio Pereira, a raiva que gerou, atingiu-nos a todos, Benjamim Correia que era meu colega, também vereador da Câmara [de Bissau], todos muito vigiados, colocou-me os anseio da filha, Luisa Pereira, esposa do Júlio Pereira, de pedir o corpo do marido. "
Falei hoje com o nosso camarada e grã-tabanqueiro António Estácio, autora do livro "Bolama, a saudosa"... O Estácio viveu em Bolama, na infância, a mãe era professora primária e pai fical de obras na CM Bolama... Lembra-se muito bem do Júlio Lopes Pereira, e da visita do gen Craveiro Lopes, bem como da segunda mulher do Júlio, a Luisa Lopes Pereira...mas aqui divergem as duas versões, a dele e a do Cadogo Pai:
(i) O Júlio era europeu, já entradote (50, 60 anos ?), quando ele, Estácio, nascido em 1947, o conheceu;
(ii) a Luisa era a segunda esposa do Júlio, que teve por ela, vinda da Metrópole, uma paixão serôdia:trazia já com ela, um filho, o Jorge Lopes Pereira; não podia, pois, ser filha do Benjamim Correia;
(iii) O Estácio tem uma foto da Luisa no seu livro, "Bolama, a saudosa"... (edição de autor, 2016, 491 pp. ilustrado) (, ele deu-me um exemplar que se perdeu em Monte Real, por acasião de um dos nossos últimos encontros);
(iii) segundo um neto, que vive em Portugal, o Júlio Lopes Pereira morreu de doença, já velho, no hospital de Bissau...
(iv) o Estácio fez a guerra em Angola e depois viveu muitos anos em Macau; não sabia dos aconteciemntos em Farim, em 1965...
(v) admite que o Júlio Pereira, de Farim, seja outra pessoa, talvez cabo-verdiano...
Quando se fala de Bolama, nascido em Bissau em 1947, não se pode ignorar o livro de memórias do nosso prezado amigo e camarada António Estácio, que viveu a infância em Bolama...
Recorde-se que: (i) de 1964 a 67 estudou, em Coimbra, na ex-Escola Nacional de Agricultura, onde tirou o Curso de Regente Agrícola, tendo depois estagiado no extinto Instituto de Algodão de Angola (IAA): (ii) de janeiro de 1969 a abril de 1972 cumpriu o serviço militar obrigatório, tendo, a partir de março de 1970 a maio de 1972, prestado comissão de serviço na Região Militar de Angola (RMA): (iii) Esteve aquartelado nas povoações de Luquembo, Sautar e Bessa Monteiro; (iv) de 28 setembro de 1972 a 2 dezembro de 1998 viveu em Macau, onde exerceu vários cargos e funções, tendo passado depois a viver em Portugal.
Entre as famílias ilustres de Bolama, o autor coloca o Júlio Lopes Pereira e a esposa D. Luisa Lopes Pereira, que viviam em Bolama e na ilha das Cobras na altura da visita do gen Craveiro Lopes (1955).
20 DE MAIO DE 2016
Guiné 63/74 - P16112: Agenda cultural (485): Sessão de lançamento do novo livro do lusoguineense António Júlio Estácio, "Bolama, a saudosa...", Lisboa, Palácio da Independência, dia 25, às 18h00 - Resumo da obra: parte I
21 DE MAIO DE 2016
Guiné 63/74 - P16115: Agenda cultural (486): Sessão de lançamento do novo livro do lusoguineense António Júlio Estácio, "Bolama, a saudosa...", Lisboa, Palácio da Independência, dia 25, às 18h00 - Resumo da obra: parte II
22 DE MAIO DE 2016
Guiné 63/74 - P16117: Agenda cultural (487): Sessão de lançamento do novo livro do lusoguineense António Júlio Estácio, "Bolama, a saudosa...", Lisboa, Palácio da Independência, dia 25, às18h00 - Resumo da obra: III e última parte
'VISADO pela Comissão de Censura' está escrito no cabeçalho do Jornal do Glorioso de Bolama.
…não fosse o diabo tece-las e aparecesse qualquer coisa escrita sobre os 'vermelhos' de Bolama, quando por cá foram obrigados a ser tratados por os 'encarnados' de Lisboa.
Quem faria parte deste caricato 'lápis azul' sediado em Bolama?
Valdemar Queiroz
Qual Vichy, qual Perrier, qual carapuça!... Em Bolama, em 1938, o uisquinho da ordem, para matar a bicharada, era acompanhdo com a aguinha de Grichões!... Eram patriotas os bolamenses!
Sabem onde fica ? Agora chama-se, passe a publicidade, água Salutis!... Aqui fica a história:
(...) "Água com qualidade desde 1917
“A 6 km da vila de Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo, em Ferreira, no lugar de Quintão, na meia encosta, brota desde 1917 de uma fratura em rochas graníticas, a água mineral natural SALUTIS.
"A região é das mais salubres do norte do país mercê da sua altitude média, da configuração orográfica que a protege dos ventos do norte e do nordeste e de um conjunto de fatores climáticos, que se manifestam por benéficos efeitos terapêuticos que lhe têm conquistado justa reputação.
Era para aí que ilustres clínicos do país, especialmente a norte, remetiam os seus doentes carecidos de tonificação, mais que todos os doentes pulmonares e em especial os casos de tubérculose.
Esta água mineral natural é hipomineralizada, levíssima, diurética, desintoxicante, fria excelente para o funcionamento dos aparelhos digestivos e respiratório e para o sangue em geral. Esta magnífica água é ácida e macia e como tal ideal para ser consumida diariamente.” (ÁGUA DE GRICHÕES - ASPETOS DA SUA AÇÃO FARMACOLÓGICA, POR DR. FELICIANO GUIMARÃES, PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA E DO INSTITUTO DE CLIMATOLOGIA E HIDROLÓGIA DE COIMBRA).
SALUTIS foi e será sempre, uma água que se respira!
A água é definitivamente o “remédio” natural da humanidade.“Enquanto uns inventam novos aparelhos de guerra para destruir os seus semelhantes, outros dedicam-se à descoberta de remédios que deem alívio e curem os males da população”. (A VOZ DE COURA, 29/9/1917)." (...)
https://www.diretorioempresarial.pt/alto-minho-aguas-minero-medicinais-de-grichoeslda-agua-paredes-de-coura3
Água das Lombadas 'versus' água de Grichões ? O que é que se consumia mais em Bolama em 1938 ? Não sei, mas amboas eram águas nossas, portuguesas... Depois é que veio a Vichy e a Perrier, por influência francesa na região...
Por pesquisa na Net, fiquei a saber que !a exploração da 'Água das Lombadas' desenvolveu-se desde finais do século XIX até finais do século XX, musas a sua produção foi interrompida na sequência de um deslizamento de terras que ocorreu em 1998 e destruiu a unidade industrial de engarrafamento, pelo que a exploração está atualmente [, 2017,] susspensa."
https://www.dn.pt/lusa/interior/agua-das-lombadas-em-sao-miguel-nos-acores-regressa-ao-mercado-em-2019-8892558.html
O despacho da Luda, +ublicado no DN - Diário de Notícias, de 3/11/2017, dizia que "a água mineral das Lombadas, na ilha de São Miguel [, Ribeira Grande,] vai regressar ao mercado dentro de 18 meses, estimando a empresa Atlantifalcom, que ficou com a exploração da água, a produção de 40 mil garrafas por hora."...
De qualquer modo, o arranque da exploração está ainda, em 2019, com dificuldades...
https://www.rtp.pt/acores/economia/empresa-concessionaria-enfrenta-dificuldades-para-comercializar-a-agua-das-lombadas-som_62180
Enviar um comentário