Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Foto nº 4
Foto nº 5
Tabanca dos Emiratos > Abu Dhabi > Uma casa portuguesa, com certeza,,, (como cantaria a Amália, no seu imortal e irónico fado...)
Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Data: sexta, 24/04/2020 à(s) 21:13
Assunto: Notícias dos "Emiratos"
Caro Luís,
Boa noite. Hoje foi dia de descanso semanal. Aproveitámos para ir às compras, para repor os stocks, pois temos o vício "desgraçado" de comer todos os dias. Feito o pagamento das últimas compras, e na impossibilidade de almoçarmos fora, devido ao encerramento dos estabelecimentos de restauração (a exemplo do que está a acontecer em Portugal), a alternativa foi regressar ao local de partida, numa altura em que o termómetro indicava já 30º, no dia em que chegou aos 38º.
Sem nada preparado para o almoço, havia que "desenrascar" qualquer coisa rápida, agradável e fresca. Ao ler/ver as sugestões, de hoje, dos "vagomestres" da Tabanca Grande, por sinal muito apelativas, cada uma delas a fazerem crescer água na boca, mas sem as podermos "agarrar", logo aproveitei a ideia das conservas... e já está... vai ser ATUM?... e foi mesmo!
Foi baptizado de «Salada de Atum Camuflado" ... para dois (e meio).
Ingredientes utilizados: (foto 1)
- 8 batatas p/ assar (pequenas) .... da África do Sul
- 1 lata de atum (160 g) ................ da Indonésia (Arábia Saudita)
- 2 ovos ........................................ origem local
- 1/2 cebola .................................. de Espanha
- salsa (qb) ................................... origem local
- azeitonas (qb) ............................ de Espanha
- azeite (qb) .................................. de Espanha
- pimenta (qb) .............................. de França
- vinho (qb) .................................. de Portugal (alentejano)
Modo de preparar:
- Cozer as batatas e os ovos
- desfiar o atum
- cortar a 1/2 cebola em rodelas finas
- picar a salsa
Modo de empratar:
Numa terrina adequada às quantidades utilizadas, colocar por esta ordem:
1. - batatas cozidas cortadas aos cubos;
2. - atum desfiado;
3. - cebola;
4. - azeitonas fatiadas;
5. - ovos fatiados:
6. - pimenta a gosto;
7. - salsa
8. - azeite para temperar a gosto (individual)
9. - vinho - o estritamente necessário, neste tempo de confinamento.
Resultado final (fotos 2 e 3)
Bom apetite!.
Quando quiserem... apareçam. A porta está aberta, e a mesa está posta. (fotos 4 e 5).
Nota: Aconselha-se este prato, em especial, ao grupo dos que tenham um "perímetro abdominal" superior ao regulamentado. Os restantes também podem/devem experimentar, numa altura em que importa repensar a nossa alimentação, tornando-a mais saudável, pois pertencemos a um "grupo de risco".
Bom "25 de Abril"... Bom fim-de-semana.
Um abraço,
Jorge Araújo.
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Nota do editor:
5 comentários:
Meu malandro, roubaste a receita à Tabanca do Xime!,,,
Essa também é uma das minhas receitas... preferidas: é rápida, barata, e nunca falha...
Bela sugestão para uma.. emergência!... E fica bem com o fado da Amália, com letra de um grande e infeliz poeta luso-moçambicano, o Reinaldo Ferreira...
A Amália sempre cantou grandes poetas... E foi tão injustamente tratada por "fascista" no tsunami do pós-25 de Abril... Nunca ninguém percebeu quem era o autor da letra e a ácida ironia da sua letra:
Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa coa gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho a alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho pra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho a alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
Reinaldo Ferreira (1922-1959)
https://www.escritas.org/pt/t/1965/uma-casa-portuguesa
JOrge, a nossa Direçºao Geral Saúde tem aqui um bom manal de receitas "com lata", ou seja, à base das nossas conservas que são... as melhores do mundo.
https://www.dgs.pt/em-destaque/receitas-com-lata-alimentacao-saudavel-a-base-de-conservas-de-pescado.aspx
Pode set estranho um gajo que esteve na Guiné, na p... da guerra, e que se recusava a comer as rações de combate... HOje adoro cavalas, sardinhas (picantes) e atum... Tenho, lá em baixo, na arrecadação, o meu "stock de segurança" de enlatados... Mas, confesso, a minha "CHef" não me deixa abrir nenhuma!...É mesmo só para o caso de rebentar a III Guerra Mundial...
Não imaginas como tenho saudades de uma latinha de sardinhas (picantes), no pão de centeio, sem mais nada!...Claro, só um copo de tinto!
Caro jorge sabes que o alentejano neste caso também é bastante desenrascado, acende uma fogueira aquece agua, um pouco de azeite alho como diz o poeta
Dá pouco trabalho
É água a ferver
Coentros e alho
Coentros e alho
E água a ferver
Dá pouco trabalho
E é fácil fazer.
Um abraço.
lho. Um abraço.
Ainda dentro do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que de comidinha não lhe faltam poemas (pra quando um dos 'estilhaços com arroz'?), cá vão dois sonetos do lisboeta Nicolau Tolentino de Mendonça (1740-1811).
Lá onde d'antes era situada
Essa antiga Ribeira, em negras choças
Estão vendendo enlabuzadas moças
Arroz com açafrão, sardinha assada
Socos nos pés, as pernas sem ter nada,
Roupinhas de bacta, argolas grossas,
Aos tostões dos galegos fazem nossas
Co'o feijão, com isca, e co'o canada:
Ali de humilde boi já esfolado
O mole bofe se lhe vai frigindo,
E em prato o pôem, que nunca foi lavado:
Toda a plebe à chanfana vai surgindo,
Mas depois sáem d'este coe danado
Ora dando encontrão, ora caindo
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Em casa terrea com dous bancos sujos,
Meza de pinho a quem um dos pés falha,
D'estopa em cima sordida toalha,
E de roda fumando alguns marujos:
A porta sempre cheia de sabujos,
E defronte sentada sobre palha
De Guiné, e d'Angola essa canalha,
Vendendo mexilhões, e caramujos:
De louro à porta um grande molho atado,
Cortina rota, e sobre o fogareiro
Da chanfana o banquete costumado:
Pois quem vir isto assim fuja do cheiro,
Que se entrar por querer d'este guisado
Sairá sem comer, e sem dinheiro.
Valdemar Queiroz
Obrigado Luís,
Obrigado Colaço,
Obrigado Valdemar.
Agradeço a todos a oferta, ao incluírem nesta refeição a vossa sensibilidade poética tão importante ao nosso músculo (coração) e à "alma", num tempo em mudança acelerada... rumo ao novo, logo ao desconhecido.
Fiquem bem... e cuidem-se!
Que tenham um óptimo dia.
Abraço, Jorge Araújo.
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