sábado, 14 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21543: Manuscrito(s) (Luís Graça) (193): A garça-real da foz do rio grande da minha infância, indiferente aos dramas da humanidade, a começar pela pandemia de Covid-19 que está a marcar tragicamente o ano da desgraça de 2020

 Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8



Foto nº 9


Foto nº 10

Lourinhã > Praia da Areia Branca > Foz do Rio Grande e passeio pedonal pelas dunas da Praia do Areal Sul, um garça-real, e patos-reais... 



Vídeo (0' 13'') > O voo da garça real


Vídeo, fotos e legendas: © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Já cá está há muito na foz do "rio grande da minha infância" (*), mas só ontem dei por ela, esta elegante mas solitária garça-real (Ardea cinerea, chamam-lhe os cientistas). 

Indiferente aos dramas da humanidade, a começar pela pandemia de Covid-19 que está a marcar tragicamente o ano da desgraça de 2020. Ainda não tinha tomado o pequeno almoço, estava "emboscada", imóvel, camuflada, perto da margem esquerda do rio,,, Com sorte, terá apanhado uma taínha nessa manhã,.. Estava a maré a subir...

Eu tinha coneçado o meu passeio matinal pela via pedonal que atravessa as dunas da Praia do Areal Sul, quando a vi a 50 metros da ponte  de madeira sobre o rio Grande... Dizem-me que frequenta estas paragens há muito e, na verdade,  fui descobrir, no blogue, uma foto de 2014, em que apanhei, com o zoom, um bando de patos-reais (Ana platyrhyunchos) que aqui nidificam e vivem, penso que todo o ano (Fotos nºs 5, 6, 7). A um canto,  do lado direito, que agora assinalei com uma cercadura a amarelo, lá estava discreta, uma garça-real (Foto nº 5). Seria a mesma de ontem ?...

A haver aqui vida selvagem significa que o rio está menos poluído do que no passado. Em 1929, o meu  pai lembrava-se, com 9 anos,  de vir aqui com o patrão caçar  patos bravos... E eu, nos anos cinquenta, também vinha com ele apanhar enguias... 

Depois as destilarias (caldeiras de queimar vinho), a agricultura intensiva, os pesticidas, a expansão urbana, os esgostos domésticos  e sobretudo os aviários e as suiniculturas deram cabo do rio grande da minha infância... Lentamente, o rio, que é sazonal, e só é grande de nome, tem vindo a regenerar... Nesta altura do ano está em contacto permanente com o mar...

Fiquei feliz por poder fotografar esta garça-real (Fotos nºs 1, 2, 3 e 4).(**) e dar valor à liberdade que qualquer ser vivo tem direito a usufruir...

Cuidem-se, caros/as leitores/as, e de preferência deem, se puderem,  alguns passeios à beira-mar, de pequena, média ou longa duração,  tanto faz, desde que seja longe do Sars-CoV-2 que nos está a tramar... 

2. Leio no portal "Aves de Portugal", o seguinte sobre a garça-real (e que reproduzo com a devida vénia...)

(...) Imponente, com o seu longo pescoço cinzento, a garça-real é muitas vezes a maior ave aquática que a vista alcança. Devido à facilidade com que é observada, é frequentemente uma das primeiras espécies a serem vistas por quem se inicia na observação de aves. (...)

(...) Estatuto de conservação em Portugal: Pouco preocupante (Continente). Informação insuficiente (Açores) (...)

(...) Identificação: Com quase 1 metro de altura, é a maior das garças que ocorrem em Portugal. É uma ave cinzenta, que se destaca pelo seu longo pescoço. Ocasionalmente pousa em árvores ou
mesmo em edifícios. Pode ser confundida com a garça-vermelha, distinguindo-se desta
pela total ausência de tons castanhos ou arruivados. Quando em voo o pescoço encontra-se recolhido, sendo esta uma característica que a separa da cegonha-branca.(...) 

(...) Abundância e calendário: Comum. Ocorre em Portugal ao longo de todo o ano, mas é mais
numerosa fora da época de nidificação. Surge associada a todo o ipo de zonas húmidas, sendo particularmente abundante nos grandes estuários e lagoas costeiras. Durante a época de
nidificação é relativamente escassa e tem uma distribuição mais restrita. Existem algumas colónias no Alentejo, especialmente nos distritos de Évora e Portalegre, mas são conhecidos casos de
nidificação isolada noutros pontos do território. Algumas garças-reais não nidificantes podem ser vistas nas zonas de invernada ao longo da Primavera.

(...) Onde observar: A  garça-real é uma espécie fácil de encontrar. Qualquer mancha de água doce ou salobra de média ou grande dimensão é propícia à sua observação e em zonas de habitat muito favorável ou com abundantes recursos alimentares ocorrem por vezes concentrações de muitas dezenas ou mesmo centenas de aves.

(...) Litoral centro – bastante frequente e fácil de observar nas zonas húmidas costeiras como a ria de Aveiro, o estuário do Mondego e a lagoa de Óbidos, podendo também ser vista no paul do Taipal, no paul da Madriz, nas lagoas de Quiaios, e na barrinha de Esmoriz. Por vezes aparece no rio Tornada, perto de São Martinho do Porto.  (..)

(...)  Lisboa e Vale do Tejo – abundante e fácil de encontrar, a garça-real é particularmente numerosa no estuário do Tejo, podendo ser vista nos vários pontos de observação em redor do estuário como o parque do Tejo, as salinas de Alverca, o sapal de Corroios, o sítio das Hortas ou as lezírias da Ponta da Erva; ocorre também no paul da Barroca, na lagoa de Albufeira, no paul do Boquilobo e no rio Nabão, em Tomar. Ocasionalmente é vista na zona ribeirinha de Lisboa. (...)

Quanto ao pato-real (Anas platyrhynchos), é uma ave ainda mais facilmente observável,  "potencialmente, em quase todas as zonas húmidas de Portugal."

São duas das 482 espécies de aves constantes da lista das "Aves de Portugal", de A a Z.

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