terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Guiné 63/74 – P21761: Estórias avulsas (100): Como substitui o comandante de operações de patrulhamento em Jumbembem (Fernando C. G. Araújo, ex-Fur Mil OpEsp 2ª CCAÇ/BCAÇ 4512)



1. O nosso Camarada Fernando Costa Gomes de Araújo* (ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512, Jumbembem, 1973/74), enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 10 de Janeiro 2021:

Camaradas, 

Conforme conversa com o Magalhães Ribeiro, pelo telefone, e por pensar ser uma matéria interessante, envio algumas fotos e um texto, narrando como um Fur. Mil. substituiu o comandante de operações de patrulhamento, em Jumbembem. 

Substituição do comandante de operações de patrulhamento em Jumbembem 

Em 24-07-1973, no “Teatro de Operações da Guiné,” tive o ensejo e a honra, como “Furriel”, de ter comandado numa operação de patrulhamento, os oficiais e furriéis que integravam os dois grupos de combate: 1º e 2º pelotão. 

Um motivo de grande orgulho para mim, ao guiar todos estes homens (+/- 40 a 50) e pela confiança depositada pelo Capitão, comandante de companhia .


Convenções:

Cuntima ---------------  E

JBB --------------------  D

Curva da areia --------- C

Norobanta -------------- B

Entrada ------------------ A


Em 07-08-1973, comandei dois grupos de combate, mas faltam as convenções.   Em 09-08-1973, tive novamente o ensejo, como “Furriel”, de ter comandado noutra operação com maior risco, os oficiais e furriéis que integravam os três grupos de combate: 1º; 2º e 4º pelotão. 

Um orgulho ainda maior, pela confiança que o comandante da companhia mais uma vez depositava nas minhas mãos, (+/- 70 a 80 homens). Convenções assinadas pelo (Capitão) comandante da 2ª Compª.Bat.4512. 


 



          Convenções:

JBB ----------------------- C

Farim --------------------- A

Estrada Fambanta ------- D

Alto Lamel --------------- F

Lamel --------------------- R

Entrada -------------------- E

Isto traduz bem o que representa um militar de Operações Especiais e da segurança e força anímica que consegue transmitir a terceiros. Desde o primeiro dia, após a minha integração no 2º pelotão da 2ª Companhia do BCAÇ 4512, que os homens ficaram mais motivados no teatro de operações quando comigo começaram a actuar. A disciplina, o rigor a lealdade e a dignidade com que sempre os tratei e habituei, fizeram com que o sacrifício por eles dispendido fosse atenuado com uma firme vontade de vencer, porque sabiam por quem estavam a ser guiados e sentiam-se mais confiantes.


Audácia; Abnegação; Coragem; Decisão; Disciplina; Entusiasmo; Generosidade; Lealdade; Resistência e Sobriedade, foram os aços com que fui forjado, no centro de Instrução de Operações Especiais e que humildemente fui e vou transmitindo. 

Chamavam-me “Chicalhão” quando apresentava o pelotão, a companhia, ou quando exigia que melhor se ataviassem, para se apresentarem na formatura. Julgo que estas situações que relato dispensam comentários, pelo treino militar adquirido no Centro de Instrução de Operações Especiais não havendo por isso comparação possível com os outros militares do contingente do exército. 

Um abraço,
Fernando Araújo
Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512

Fotos: © Fernando Araújo (2009). Direitos reservados.
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

SÁBADO, 25 DE JULHO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21198: Estórias avulsas (99): Achado misterioso (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo CAR)

6 comentários:

Carlos Vinhal disse...

Caro camarada de armas Fernando Araújo.
Aconselho-te a que percas um minuto a ler este poste do nosso camarada Alberto Branquinho.
Vê aqui: https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2013/07/guine-6374-p11876-contraponto-alberto.html
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

paulo santiago disse...

Lá diz o ditado:
"Presunção e água benta,cada qual toma a que quer"

Santiago

Valdemar Silva disse...

Havia em todas as Companhias um Furriel e um Alferes de Operações Especiais com a especialidade feita em Lamego. Julgo que a instrução teria o mesmo nível de exigência ao longo dos vários anos, quer dizer que todos vinham com o mesmo espírito militar de Operações Especiais.
De 1969-70 sei eu, não havia na Guiné uma força especifica de Operações Especiais e esses especialistas (um sargento e um oficial) integravam como Cmdt. de Secção ou de Pelotão como outros, na respectiva Companhia.
Todos sabemos ter havido muitos Pelotões em que o Furriel mais velho comandava na falta do Alferes, mas quando a operação era a nível de mais de um Pelotão havendo um Alferes, esse Oficial era o comandante da operação. Nem podia ser outra coisa: que interessante seria o Oficial ser interpolado a nível superior (p.ex. Gen. Spínola) e responder 'sei lá, o furriel é que comandava a operação'.
Mas, sabe-se lá em que ponto estava a guerra Jumbembem, em 1973-74, para as "coisas" correrem como nos é agora contado, e muito oportuno questionar se os alferes levaram alguma "porrada" por falta de liderança em combate ou o furriel foi louvado por isso e abonado com a diferença de vencimento. Comandar 80 homens, quase a Companhia, é obra e com excedente orçamental.

Abracelos
Valdemar Queiroz

João Candeias da Silva disse...

Em Cabuca, na Ccav 3404 71-73, o furriel de operações especiais era pelos outros furrieis, a título carinhoso, conhecido pelo furriel de operações complicadas.
Jc

Valdemar Silva disse...

João Candeias
Em 1969, o meu Pelotão da CART.11 "Os Lacraus" fez a segurança aos pedreiros civis na construção das pequenas pontes na estrada N.Lamego-Cabuca.
A nossa CART.11, de soldados fulas e de oficiais, sargentos e especialistas da metrópole estava em intervenção na zona leste, sedeada no Quartel de Baixo em Nova Lamego mudando em meados de 1970 para Paunca.

Ab.
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Rectiicação
Queria dizer '...Oficial ser interpelado a nível superior...'

Valdemar Queiroz