domingo, 14 de março de 2021

Gué 61/74 - P22006: Usados & achados (9): pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis" (9): Morra o Eça (de Queiroz)!, viva o Caldo (Verde)!



O escritor Eça de Queirós em 1882.
In O Contemporâneo, nº 108, Lisboa [1882], p. [1]
 Cortesia de Wikipedia


1. Recorte de imprensa:

Público > Opinião > Vítor Belanciano > 14 de Março de 2021, > Ai! Valha-nos Deus! Não toquem no Eça!

(...) Uma investigadora, a doutorar-se em Estudos e Teoria Luso-Afro-Brasileiros, nos EUA, apresentou há semanas uma comunicação, via Zoom, onde o ponto de partida, no sentido de provocar a reflexão, era se o romance Os Maias, de Eça de Queirós, conteria ou não traços de racismo. Lançava questões aos seus pares, académicos como ela, acerca de um trabalho que não está finalizado. Coisa vulgar em qualquer universidade.

Eis senão que o escândalo irrompe nos jornais em Portugal. Lia-se que Eça tinha sido acusado de ser racista. Que queriam censurar Eça. Que agora já não se pode dizer nada, que é tudo racismo. Que qualquer dia, depois do Padre António Vieira e dos Descobrimentos, já não temos nada com que nos orgulhar. E outros dislates parecidos. Felizmente, durante a semana, a CNN considerou o caldo verde uma das melhores sopas do mundo, o que deve ter equilibrado o orgulho pátrio, dado a grandes oscilações. (...)

(...) O realizador João Botelho, que adaptou ao cinema Os Maias, afirmava em 2014 que o Portugal do romance era quase igual ao de hoje, e não andará muito longe da verdade. Uma sociedade de aparências. Estranho país, de vidas precárias e de desigualdades, mas que grita Ai! Valha-nos Deus! Não toquem no Eça, na herança colonial ou nos Descobrimentos, vivendo ainda imerso em sonhos de grandeza, incapaz de se alinhar com a realidade, reactivo perante quem quer cultivar a reflexão. O país já é, aliás, isso. Não existe uma totalidade perene, ao contrário do que nos fazem crer. Há diversidades em construção, onde coexistem, às vezes em consenso, outras conflituando, pessoas, grupos, narrativas. Há quem veja nisso, perda de identidade. Eu vejo enriquecimento. (...)

14 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valdemar Silva disse...

Agora o Carlos Gaspar bem pode dizer 'não penso ler o Eça, ainda vai sobrar alguma coisa pra nós'.

Já cá canta. Hoje, Domingo!!!!, fui chamado pra ser vacinado da primeira doze contra o covid, a segunda doze vai ser em Junho. Tudo impecável, até por causa da minha doença não me esforçar a enfermeira despiu-me a camisa, e até lhe disse 'já há uns anos que uma mulher não me despe'.
O pior foi a minha "cadeira de rodas", resolveu não ligar a bateria e tive de pedir boleia a um vizinho.

Abracelos, ainda por enquanto
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Evidentemente que não foram doze, fiquei pela primeira dose e já gozei.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Toda a gente sabe..

O Eça foi um reles racista, estrangeirado e com asco do tuga provinciano.

O Q.I. é proporcional à latitude , sendo os esquimós os mais inteligentes seguidos dos lapões incluindo um luso-lapão por usucapião.

O Egas Moniz devia ficar sem o prémio Nobel porque a lobotomia era muito violenta e a cintigrafia cerebral causou tumores hepáticos até 30 anos depois.

O convento de Mafra e a biblioteca da U.Coimbra deviam ser vendidas em hasta pública e o dinheiro enviado ao Brasil para indemnização do ouro roubado.

Os ex-combatentes das colónias deviam ser fuzilados porque foram criminosos de guerra.

O mamarracho do padrão dos achamentos que está em Belém devia ser destruído à bomba ou enviado em foguetão para a Lua.

O Pe. A. Vieira foi um reles esclavagista e genocida dos peixinhos que atraía com palavrinhas mansas.

AB

C.Martins

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ò C. Martins, e então o que a gente há de fazer com o português, filho bastardo do latim, a língua dos nossos conquistadores e colonizadores romanos ?... Vamos optar pelo esperanto ?

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, gostei da tua exuberância e humnor ao dar-nos a feliz notícia da tua 1ª toma da vacina contra a Covid-19.

Apesar das tuas limitações de autonomia, por causa da tua doença crónica, és um ser maravilhoso, com um otimismo contagiante... Que a saúde é isso mesmo,é saber lidar com as nossas "mazelas", é saber fazer boa gestão das doenças crónicas com que alombamos nesta fase da vida!... Um abração, Luís

Anónimo disse...

Eça de Queiroz—Os Maias

“Civilização”

Aqui importa-se tudo.
Leis,ideias,filosofias,teorias,assuntos,estéticas,ciências,estilos,indústrias,modas,maneiras, pilhérias, tudo vem em caixote pelo paquete.

A civilização custa-nos caríssimo,com os direitos de Alfândega.
E é em segunda mão,não foi feita para nós,fica-nos curta nas mangas........


Um abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Uf! té qu'enfim. Desconfinamento...
E como ainda temos o paladar apurado, já podemos empanturrar com uns "Ovos com chouriço", ou com um "Arroz de favas", ou ainda com um "Coelho guisado à moda da Porcalhota", seguindo uns malvados gostos gastronómicos do Eça, e para ajudar sempre se vai indo até Sintra (que até dizem ser um lugar muito sintrado) e quero lá saber se o Eça escreveu:
'No alto, duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo, como se essa residência fosse toda de uma cozinha talhada às proporções de uma gula de rei que cada dia come todo o reino'.
Mas, nunca fiando na treta das injecções de dose pra cavalos, paludismo e refrescos de água da bolanha a criar-nos imunidade. Muito cuidado, não esquecer os casos conhecidos com a nossa rapaziada.

Abraços
Valdemar Queiroz

p.s. (não confundir com sigla partidário, que aqui não temos disso) Com esta de deitar abaixo o Eça, só peço que não nos venham chatear com a pesca intensiva de bacalhau no mar do norte, como aconteceu com a palmeta.

Antº Rosinha disse...

O Fernando Pessoa também está posto em causa, pelas novas gentes.

Ainda agora li tanta baboseira na revista Sábado sobre Angola de 1961, (15 de Março)que esta nova gente de jornalistas, ainda vão na conversa de lançar terroristas pela porta fora a partir de aviões Dakota (para quem conhecia este avião de carreira aérea da DTA se rir um pouco, alem de ficar barato era muito prático).

Mas tem lá mais umas tantas!

Nós os antigos temos que reaprender.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Da obra póstuma do grande poeta popular, António Aleixo, "Este livro que vos deixo" (1969).


Quadras da mentira e da verdade
por Antônio Aleixo

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Mentiu com habilidade,
fez quantas mentiras quis;
agora fala verdade
ninguém crê no que ele diz.

Gosto do preto no branco,
como costumam dizer:
antes perder por ser franco
que ganhar por não ser.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!

Anónimo disse...

Valdemar ainda bem que já fostes vacinado e espero que a vacina seja das boas isto é das mais eficientes.Achei piada a essa de eu não ler o Eça.Mas acontece que quem cursou o liceu o Eça era uma grande estopada. Será que ainda se lembram?Hoje até gosto.
Um abraço
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

António Rosinha eles nem sabem o que é o dakota, cujas portas não podiam ser abertas em pleno voo.Salvo para lançamento de paraquedistas, mas para isso eram configurados em terra, antes de levantarem voo.Enfim continuo a dizer que para essa gente que escreve esses dislates devia haver "imodium" para a diarreia mental.
Carlos Gaspar

Valdemar Silva disse...

Carlos Gaspar estou lixado, levei com uma zeneca, que vale é que eu fui vacinado nos primeiros anos de vida com caldo de couves e até ao momento ainda não senti nada de especial.
Mas o Eça tem das boas, e foi um grande crítico da sociedade do seu tempo, do seu tempo que incomodava no nosso tempo tudo ser proibido. "O Crime do Padre Amaro" e o "Primo Basílio" só se vendiam às escondidas e "A Relíquia" nem se quer se vendia. O respeitinho era muito bonito.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A nossa geração ainda é do tempo do "ndex Librorum Prohibitorum", pu seja, o Índice dos Livros Proibidos, pela Igreja Católica... Foi criada pelo Papa Paulo IV em 1559, no Concílio de Trento (1545-1563). E paraa travar o avanço das "ideias subversivas" daquele tempo, leia-se o o protestantismo, a reforma do cristianismo...

Estava sob a administração da Inquisição ou Santo Ofício. Só foi abolida em 1966 por outro Papa Paulo, o VI...

Dizem, nunca vi, que o nosso Eça também lá estava... Só li os Maias, o Crime do Padre ou a Relíquia já adolescente, mais tarde que a "A Nàusea", do Jean-Paul Sartre... Na Biblioteca Itinerante da Gulbenkian, que passava pelas nossas terras, havia "livros escondidos" que os funcionários só emprestavam a alguns leitores...