sexta-feira, 23 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22128: 17.º aniversário do nosso blogue (1): Meu caro Luís Graça, tu és um "querido mano" para todos os que têm o privilégio de te conhecer (João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)


1. Mensagem do nosso camarada João Crisóstomo, ex-Alf Mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), com data de 20 de Abril de 2021:

Meu caro Luís Graça,

Tenho seguido como tantos outros camaradas o teu diário tratamento no Instituto de Oncologia. Se não te conhecesse ficaria admirado das tuas qualidades de homem completo, levado neste caso a um grau quase sublime.
Mas contigo e em ti todas as coisas extraordinárias são normais. Mais uma vez a tua vida e o teu exemplo são tremenda inspiração que para todos aqueles que tiveram/têm a data de te conhecer.

Pessoalmente, mesmo entre estes, eu me sinto um afortunado, pois quis o bom destino que além dos muitos elos que nos unem como camaradas da Guiné, se juntassem o facto de sermos vizinhos e termos como comuns amigos indivíduos também extraordinários que tanto têm enriquecido a nossa vida. Já hå muito nos tratamos como mano e irmão. Agora vejo com alegria grande que ao fim e ao cabo tu não és um mano e irmão apenas para mim e mais alguns: tu és um "querido mano" para todos os que têm o privilégio de te conhecer.

Sem intuitos de enaltecimentos ou de querer parecer bem fazendo-te elogios: Obrigado, meu querido mano, pelo que és. A tua vida a nível familiar e social é um exemplo fabuloso, uma verdadeira inspiração para todos nós. Pela tua vida, pelo teu trabalho, incluindo este blogue e tudo o que deste blogue resultou para benefício de cada um de nós, da história da Guiné, de Portugal e não só… de ti se pode com toda a verdade dizer “ porque deles é que reza a história”. Bem hajas!

Para ti e todos os teus, mas neste momento especialmente para ti, um apertado abraço, tão grande como a amizade que nos une

João, Nova Iorque


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PS: Para o caso de não teres visto, aproveito este para te mandar um artigo que acabei há momentos de ler no “Expresso curto”, escrito pela Cristina Figueiredo, editora de política da SIC, na rubrica "o que ando a ler".

Aqui está:

"Agora que se cumprem 60 anos sobre o início da longa e mortífera guerra colonial é boa altura para lembrar, sobretudo aos mais novos, o significado da palavra “Ultramar” para a geração dos seus avós.

A revista do Expresso trazia na semana passada um texto de Jorge Calado sobre as (poucas) fotografias públicas que há do conflito. Mas se faltam as fotos não faltam os livros. Um dos mais recentes é "Palco Sombrio", de Alice Caetano (Emporium Editora, setembro de 2020).
A ideia que preside à obra é original: dar um conteúdo improvável à expressão “teatro de guerra”, narrando um período do conflito nas colónias através do testemunho de um capitão miliciano que, coincidência aproveitada pela autora, também é encenador e ator.


Conheço bem o protagonista: Carlos Nery Gomes de Araújo é meu sogro (fica feita a declaração de interesses).

Foi, como tantos outros, mobilizado contra vontade para combater numa guerra em que não acreditava e de que não sabia se voltaria. Partiu para a Guiné, a bordo do Niassa, em maio de 1968, tinha 35 anos, um filho (o meu marido) com apenas um ano. Sem qualquer formação militar, a não ser o serviço militar obrigatório que cumprira 10 anos antes, foi treinado em Mafra “à pressão”, por quem pouco mais sabia do que ele. Foi no mato que aprendeu, a expensas próprias, como comandar homens, como reagir a ataques, como manter o sangue frio em situações que um técnico do Banco de Portugal, como ele, estava longe de imaginar ter de viver: “A primeira coisa que eu decidi naquela guerra é que não ia morrer ali. Decidi isto ainda antes de lá chegar e acho que foi essa decisão que me salvou. A mim e aos meus homens”.

Voltou intacto, com efeito, e sem ter perdido uma única das vidas humanas que tinha à sua responsabilidade.

Mais de meio século decorrido, uma escritora interessou-se por esta e outras histórias que compõem a sua biografia, indissociável do gosto pelo teatro, que não abandonou nem mesmo naqueles dois anos em África (terminou a sua comissão de serviço com uma encenação de “A Cantora Careca”, de Ionesco, em Bissau) e que continua a ser o seu “elixir da juventude”: aos (quase) 88 anos, é ator residente da Companhia Maior, em Lisboa, e prepara-se para subir mais uma vez ao palco (assim a pandemia o permita) no final do ano.

A sua vida, de facto, dava um livro. Alice Caetano teve essa presciência e em boa hora passou das musas… ao teatro".


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Comentário do co-editor CV:

Neste dia em que se vira mais uma página para um novo ano de existência, o 18º deste Blogue, não podemos deixar de cumprimentar, com uma vénia muito grande, o criador e mentor desta página, o nosso mano Luís Graça.
Embora ele e os seus colaboradores precisem já de uns suplementos vitamínicos, porque são já uns septuagenários cheiinhos de ferrugem, continuam animados e coesos para levar a sua missão o mais longe possível.

Ao Luís, quero desejar a melhor saúde. Presentemente está a precisar de uns retoques, mas no 18º aniversário estará já a cem por cento.

Aos nossos camaradas de armas, e aos nossos leitores em geral, desejo que continuem a acompanhar-nos nesta jornada que também inclui participação activa com o envio de textos e fotos.

Carlos Vinhal
Coeditor

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Notas do editor:

1 - Edição e inserção das imagens da responsabilidade do editor.

2 - Sobre a peça de teatro "A Cantora Careca", levada à cena em Bissau em 5 de Abril de 1970, vd. poste de:

4 DE SETEMBRO DE 2010 > Guiné 63/74 - P6935: A Cantora Careca, estreado em Bissau no dia 5 de Abril de 1970 (Carlos Nery)

3 - Neste dia de aniversário do nosso Blogue, vejam o Poste n.º 1 de:
23 de Abril de 2004 > Guiné 63/74 – P1: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

3 comentários:

José Teixeira disse...

Tenho saudades daquele fim de tarde na Madalena em Gaia, pelo Natal de 2005 em que levado pelo Xico Allen tive oportunidade de conhecer o Luís Graça e o nosso blogue, que logo ali, o tomei como meu. Tem sido uma oportunidade de promover amizades, dinamizar excelentes momentos de camaradagem e sobretudo de passagem ao futuro das experiências vividas no teatro da guerra na Guiné.
Não será possível escrever a verdadeira história da guerra na Guiné sem o contributo do espólio recolhido no Blogue do Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Foi também para mim um incentivo para escrever e consequentemente desenvolver as minhas capacidades.

Bem hajas Luís pela iniciativa. Bem hajam todos os camaradas que ao longo dos anos tem contribuído para enriquecer o seu conteúdo e aumentado os meus conhecimentos.
Obrigado pela tua amizade que nasceu ali, naquele momento, e tem vindo a ser enriquecida nos nossos diálogos e nos nossos encontros pessoais e familiares.
Aceita os meus votos de rápidas melhoras.
Fraternal abraço do
Zé Teixeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João e Carlos: fico muito sensibilizado e agradecido pelo que um escreveu e o o utro editou. Fico mais confortável por ser poste com referência aos nossos 17 anos...

Quem está de parabéns é o nosso blogue, não sou eu...Mas é bom saber que estamos (cada um de nós a fazer bem a muitos amigos e camaradas da Guiné que nos continuam a ler...).

A referência ao Carlos Nery é bem justa... Ainda por cima é meu vizinho de Alfragide.

Quanto ao meu tratamento no IPO, está a correr bem, com algum sofrimento (, sobretudo as noites...),. Mas só faltam 4 (quatro!) sessões de radioterapia externa...E segunda feira vou, com um atraso, de mais de 3 meses, ao meu ortopedista que me prometeu tirar as muletas... DE facto, este ano, calhou-lhe a fava no "bolo-rei"...

Um chicoração para os dois e para as vossas queridas que sustentam a metade do vosso céu, Vilma e Dina. Luís.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, tu também és um dos "manos" que vim aqui encontrar na nossa "tertúlia" e mais tarde "Tabanca Grande"... É um privilégio ser teu amigo e camarada. Obrigado por tudo...

Recordo-me bem desse dia... Já deu origem a vários postes:

15 DE DEZEMBRO DE 2009
Guiné 63/74 - P5472: Blogoterapia (136): O Natal dos tertulianos de 2005, embrião da Tabanca Pequena de Matosinhos, criada em 18/11/2008... (Luís Graça)


Legenda da foto: Vila Nova de Gaia > Madalena > Vésperas de Natal de 2005 > Uma minitertúlia de camaradas e amigos da Guiné... Da esquerda para direita: Eu, A. Marques Lopes, José Teixeira, Albano Costa, Hugo Costa e Francisco Allen (mais conhecido pelo Xico de Empada...).

Quem diria que estava aqui um dos embriões da Grande Tabanca Pequena de Matosinhos, que iria surgir três anos depois, em 19 de Novembro de 2008. O A. Marques Lopes e o José Teixeira são dois dos administradores do blogue: os outros dois são o Álvaro Basto e o Jorge Teixeira (Portojo), membros igualmente da nossa Tabanca Grande.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/12/guine-6374-p5472-blogoterapia-136-o.html