quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22433: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte V: A lenda de Sundiata Keita



A lenda de Sundiata Keita  (pp. 28-41). Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 29



1. Transcrição das págs. 28 a 41 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)

J. Carlos M. Fortunato > Lendas e contos
da Guiné-Bissau


[Foto abaixo: o autor, Carlos Fortunato, foi fur mil arm pes inf, MA, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga]



CarçpsFotunato


A lenda de Sundiata Keita


Estava certo dia o Mansa(Rei) (15) do Mali, Naré Maghan Kon, também chamado “leão do Mali”, a descansar na sua tenda, quando dois caçadores, acompanhados de uma jovem corcunda e feia, se aproximaram e pediram autorização para lhe entregar uma prenda.

Grande Mansa, vimos de uma terra onde um búfalo terrível devastava udo. Nós matamo-lo, mas o seu espírito encarnou nesta mulher, que é feia, mas forte e corajosa, por isso a trouxemos para você casar com ela, pois o filho que ela lhe der tornará grande o Mali. O nome dela é Sagolom  disse um dos caçadores.

 O filho de um leão e de um búfalo serão poderosos de verdade - sussurrou o djali bá  (conselheiro) (16) ao Mansa Maghan.

O Mansa casou-se com Sagolom, e no ano seguinte, ela deu à luz um menino. Todos se alegraram, menos Sassouma Bérété, a primeira esposa do Mansa.

 Maghan já tem o meu filho como seu herdeiro. Que necessidade tem ele de outro? Porque foi casar com aquela mulher horrível? Porque o meu filho não pode ser o Rei? O que vai ser de mim e do meu filho?   Sassouma, amargamente, pelos corredores do palácio.



Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 30


Mas o novo príncipe, Sundiata, embora tendo o espírito do búfalo e do leão, não conseguia andar.

Durante anos Sagolom tentou em vão curar o seu filho com mésinhos (17), mas Sundiata arrastava-se de gatas pelo palácio, ignorado por uns, ridicularizado or outros, deixando a sua mãe desolada e o seu pai desesperado, apenas o djali bá do Mansa lhes dava esperança.

Doente e sentindo que a morte se aproximava, o Mansa Maghan ordenou que Sundiata fosse trazido à sua presença:

  Meu filho,  já estou velho e os meus dias estão a terminar. Está na altura de tu, como futuro Mansa teres o teu djali bá. Este é Bala Fasséké, o seu pai foi meu djali bá, e ele será o teu. Ele irá ajudar-te no teu reinado  –disse o Mansa.

Quando o Mansa Maghan morreu, o Conselho dos Homens Grandes não respeitou a decisão do Mansa de nomear Sundiata como seu sucessor, e nomeou o filho de Sassouma , como novo Mansa.

Cheia de orgulho, a agora poderosa Sassouma insultou a mãe de Sundiata e expulsou-a do palácio, bem como a Sundiata e aos seus irmãos.

Sundiata, vendo a sua mãe em lágrimas, ordenou a Bala que lhe fosse buscar uma vara de ferro. Quando Bala voltou, Sundiata, apoiando-se na vara com ambas as mãos, levantou-se e ficou de pé, sem qualquer apoio, ficando a vara vergada com a força que Sundiata fez.

Uma multidão reuniu-se espantada quando Sundiata deu um passo, depois outro, e outro, e Bala gritou: 

 
– Abram caminho! Abram caminho! O leão está a andar!

Aos sete anos, Sundiata começava finalmente a andar, o que encheu de alegria a sua mãe.

Quando Sassouma ouviu as notícias sobre a caminhada e a força de Sundiata, ela temeu que ele agora fosse desafiar o seu filho pelo lugar no trono, e decidiu matá-lo. Depois pensou melhor e decidiu aguardar, pois Sundiata não tinha quem o apoiasse na conquista do trono, e com o tempo o seu jovem filho ganharia cada vez mais poder, e seria mais fácil destruir Sundiata.

Quando Sundiata fez dez anos, Sassouma achou que era a altura de se vingar de Sundiata e da sua família. Assim enviou primeiro Bala para a corte do terrível Mansa Sosso, Sumanguru, para Sundiata não ter ajuda do seu djali bá.


Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 32

Sumanguru era um poderoso feiticeiro, conhecido pela sua maldade e magia, cujo grande exército era muito temido. Sumanguru ficou impressionado com a inteligência e habilidade do jovem Bala, e resolveu mantê-lo ao seu serviço para sempre.

Sundiata ficou zangado e triste com o destino do seu amigo e conselheiro, mas seguiu as sábias palavras de sua mãe:

 Meu filho, temos que deixar o Mali. Aqui corremos muito perigo, porque Sassouma agora é muito poderosa, e vai matar-nos a nós e à nossa família. Temos que fugir. Um dia voltarás para o lugar que te pertence.

Naquela noite, Sagolom e os seus filhos deixaram tudo, e partiram à rocura de um reino que lhes desse abrigo. Durante sete anos, a família viajou, indo de reino em reino, a pedir ajuda.

Alguns dos governantes dos lugares por onde Sundiata passava negavam-hes abrigo e as portas eram fechadas, pois tinham medo das represálias de Sassouma.

A juventude de Sundiata foi uma permanente viagem, mas isso deu-lhe muitos conhecimentos e muitos amigos, e com o tempo o seu corpo tornou-se também forte, transformando-se num guerreiro poderoso.

Em todos os reinos e caravanas, Sundiata ouvia falar do poder crescente de Sumanguru, da sua crueldade e do povo que vivia infeliz nas terras sob seu poder.

Por fim, a família de Sundiata encontrou um lugar para ficar, junto ao rio Níger, na cidade de Mema, e a sua mãe cansada e doente, pôde finalmente  descansar.

Sundiata colocou-se ao serviço do Mansa de Mema, distinguindo-se logo nos combates que este travou contra os inimigos do Reino, o que lhe granjeou os favores do Mansa.

O Mansa de Mema, observando a coragem e a capacidade de liderança de Sundiata, foi-lhe dando cargos militares cada vez mais importantes, e impressionado com a sua capacidade, decidiu fazer dele o seu herdeiro, dando-lhe a sua filha para casar, e ensinando-lhe a arte da guerra e da governação.

Um dia, chegou inesperadamente um grupo de homens a Mema, e entre eles vinham os homens grandes do Mali, que antes não tinham querido Sundiata como seu Mansa, e pediram-lhe uma audiência urgente.
 


Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 33

- Filho do leão e do búfalo, volta para a tua terra, a tua gente precisa de ti - imploraram os homens grandes.

- O que aconteceu? - perguntou Sundiata.

- Sumanguru invadiu o Mali, matou a família real, e continua a matar e a escravizar muita gente. O povo quer lutar, mas não temos um líder para nos guiar. Os marabus dizem que só tu podes salvar o Mali - responderam eles.

- Irei partir já! Vamos destruir Sumanguru, e o seu reino de terror! - exclamou Sundiata.

Sundiata não perdeu tempo e foi falar com o Mansa de Mema, pedindo-lhe autorização para partir imediatamente. O Mansa de Mema deu-lhe metade do seu exército, e disse-lhe:

- Vai, o teu Reino está à tua espera, leva metade do meu exército e salvao teu povo.

- Obrigado. Nunca vou esquecer toda a ajuda que me deu. Eu voltarei para casar com a sua filha - disse Sundiata agradecido.

Sundiata com a cavalaria formou o seu esquadrão de ferro, e ele próprio assumiu o seu comando.

A cavalaria de Mema era constituída por cavaleiros com grandes lanças de ferro. Cavalgando à cabeça desta coluna, Sundiata planeou reunir um poderoso exército, indo a cada reino que o tinha ajudado durante o seu longo exílio, e aos reinos que combatiam contra Sumanguru.

Quando Sundiata se dirigiu para a cidade de Tabom, para se encontrar com o seu amigo Tabom Uana, o qual era agora Mansa de Tabom, Sumanguru enviou o seu filho Sosso Bala, que tinha aproximadamente a idade de Sundiata para lhe barrar o caminho.

Sosso Bala colocou os seus guerreiros no vale, à entrada das montanhas, que davam acesso ao caminho para Tabom. Sosso Bala estava confiante, pois o seu exército era muito mais numeroso que o pequeno exército sob o comando de Sundiata, e só as setas dos seus numerosos arqueiros, quando estes as disparassem, tapariam a luz do sol, e seriam suficientes para destruir Sundiata e o todo o seu exército,
antes de ele chegar perto dos seus guerreiros.

Quando Sundiata chegou ao vale, depois de um longo dia de marcha, o vale estava negro com a infantaria de Sosso Bala. Todos os chefes de guerra foram da opinião de que os guerreiros deviam descansar e combater no dia seguinte.


- Sundiata, deixe os seus homens descansarem, amanhã combateremos.

Sundiata sabia que todos estavam cansados da caminhada, mas acreditou que poderia transformar aquela fraqueza em força, e contra tudo o que todos pensavam disse:

- Não vamos descansar. Vamos atacar já!

Sundiata colocou-se à frente da sua cavalaria e deu ordem de ataque.




Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 35

Os espiões Sossos tinham informado Sosso Bala que o exército de Sundiata tinha feito uma longa marcha e que estava demasiado cansado para combater, pelo que os guerreiros poderiam descansar, pois a batalha só seria no dia seguinte.

Sosso Bala apesar de saber que Sundiata estava perto, acreditando na informação dos espiões, não achou necessário colocar o seu exército em formação de batalha, e o ataque de Sundiata apanhou todos de surpresa e lançou a confusão total.

- Alerta, alerta! Ataque de Sundiata! - gritaram as sentinelas, mas já era tarde, pois a cavalaria de Sundiata, lançada num galope desenfreado, entrou pelo acampamento de Sosso Bala.

Os arqueiros Sossos nem tiveram tempo de disparar as flechas para deter a onda atacante, e num instante Sundiata e o seu exército estavam no meio deles, fazendo um massacre terrível.

Sundiata viu Sosso Bala e avançou para ele, mas um guerreiro Sosso colocou-se no caminho, e enquanto Sundiata lutava, Sosso Bala aproveitou a oportunidade para fugir, temendo pela sua vida.

Ao verem Sosso Bala fugir, os guerreiros Sossos fugiram também. Antes do fim do dia, já só havia homens de Sundiata no vale, e os seus cavaleiros perseguiam e aprisionavam guerreiros Sossos.

Ao entardecer, o Mansa Tabom Uana veio ao encontro do seu amigo Sundiata, trazendo mantimentos e mais guerreiros, reforçando assim o exército de Sundiata.






Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 36



Ilustracão: mestre Augusto Trigo, pág. 37



A notícia da derrota do invencível exército de Sumanguru espalhou-se rapidamente, e todos os que tinham sofrido às mãos de Sumanguru, corriam agora a juntar-se a Sundiata.

Em breve, um numeroso exército se estendia pela planície, e os cascos dos seus cavalos eram ouvidos a muitos quilómetros de distância. Agora Sundiata podia passar à ofensiva, e decidiu ir ao encontro de Sumanguru no vale de Neguéboria, em Boure.

Os dois exércitos encontraram-se no estreito vale de Neguéboria. Sundiata optou por uma formação em quadrado, com a cavalaria à frente e os arqueiros na retaguarda.

Sumanguru com o seu capacete com chifres, bem visível no alto de uma das colinas que dominavam o vale, dava ordens ao seu exército. Sundiata deu ordem de ataque, soaram tambores e trompetas, e os cascos dos cavalos da sua cavalaria levantaram uma nuvem de pó vermelho e ecoaram nas paredes do vale, como um enorme trovão, fazendo tremer de medo as forças de Sumanguru.

Sundiata comandou a carga de cavalaria, e o seu manto branco esvoaçava no ar como uma bandeira, que os seus homens seguiam.

As forças de Sundiata atacaram o centro do exército de Sumanguru e logo este começou a ceder. Sumanguru deu ordem aos guerreiros que tinha escondido para atacarem as forças de Sundiata pelos lados, numa estratégia conhecida como chifres de búfalo, mas Sundiata já tinha previsto essa manobra e o seu exército estendeu-se rapidamente por toda a largura do vale, bloqueando a sua passagem.

Sumanguru tentou conter a queda do centro do seu exército, juntando- se aos seus guerreiros, para lhes dar coragem, mas isso colocou-o ao alcance da lança de Sundiata.


Ilustracão: mestre Augusto Trigo,  pág. 38

Sundiata não perdeu a oportunidade e atirou a sua lança, a qual atingiu o peito de Sumanguru, mas fez ricochete. Sundiata não desistiu e com o seu arco lançou uma flecha contra Sumanguru, mas esta também fez ricochete no peito de Sumanguru.

- Ninguém me pode matar! - gritou Sumanguru.

- Isso é o que vamos ver - respondeu Sundiata.

Furioso, Sundiata pegou noutra lança e avançou para onde estava Sumanguru, mas quando o procurou novamente, já ele estava no alto da colina.

Espantado, Sundiata parou de lutar e ficou a olhar para Sumanguru, vendo-o desaparecer.

O exército de Sumanguru, ao vê-lo fugir, fugiu também. Sundiata ficou a pensar como poderia derrotar Sumanguru, se ele tinha uma magia tão poderosa que podia desaparecer e era invulnerável ao ferro.

Sundiata continuou a sua marcha, desta vez para a Sibi, de onde lhe chegaram boas notícias, pois o seu amigo e conselheiro Bala tinha conseguido fugir da corte de Sumanguru e vinha ao seu encontro.

O encontro entre Sundiata e Bala foi de grande alegria, e a partir dele Sundiata ficou a saber que o animal sagrado de Sumanguru era o galo, e era dele que provinham os seus poderes e feitiços.

Bala tirou do seu saco uma seta, que tinha na ponta um esporão de galo, e disse:

- Esta seta irá acabar com o poder de Sumanguru, pois este esporão de galo irá destruir toda a sua magia. Basta feri-lo para ele ser vencido!

- Como poderei feri-lo, se as lanças e as setas fazem ricochete nele? - perguntou Sundiata.

- Sumanguru tem um escudo de ferro, escondido debaixo da roupa, atingi-o onde não tiver roupa.

- Obrigado Bala! Vamos fazer Sumanguru provar o seu próprio feitiço!

Os dois exércitos enfrentaram-se na planície de Kirina. Durante todo o dia, uma furiosa batalha foi travada entre os dois exércitos, e Sundiata, montado no seu cavalo, procurou Sumanguru.

No meio da poeira vermelha e da confusão da batalha, Bala descobriu o feiticeiro e gritou para Sundiata, ao mesmo tempo que apontava:

- Sumanguru está ali!

Sundiata olhou, e viu Sumanguru no alto de um morro perto de si, e, antes que ele o visse, pegou no seu poderoso arco e puxando a corda ao máximo disparou a seta com o feitiço.

A flecha voou como um raio, espetando-se no braço de Sumanguru. Somanguru ao sentir-se ferido e vendo que a seta tinha o feitiço do galo, soltou um grito de pânico e fugiu a galope do campo de batalha.

-Ahaaa! Estou perdido! - gritou Sumanguru.

Desorientado com a fuga de Sumanguru, o exército do feiticeiro fugiu também. Sumanguru, perseguido por Sundiata, fugiu para a encosta do Monte Koulikoro e entrou cambaleando numa caverna escura, mas por mais que o procurassem nunca mais foi visto.

Diz-se que Sumanguru foi transformado na pedra da caverna, pelos poderes do mal que ele servia.

Sundiata voltou em glória para Mali. Durante toda a sua viagem, as pessoas corriam aos caminhos e estradas por onde passava, gritando vivas e louvores.




Ilustracão: mestre Augusto Trigo,  pág. 40

- Sundiata! Sundiata! Viva Sundiata! - gritavam à sua passagem.

Os Mansas que tinham ajudado Sundiata no exílio e nas suas batalhas, juraram-lhe fidelidade, e o Mansa do Mali, filho do leão e do búfalo, transformou assim o Reino do Mali num Império, constituído por todos esses Reinos.

Sundiata foi o primeiro Mansa Bá (Imperador) (18) do grande Império do Mali, sendo este o maior Império da África Ocidental.

Esta é uma das muitas versões da lenda de Sundiata.

[Adaptação, revisão/fixação de texto e inserção de fotos e links para efeitos de edição deste poste no blogue: LG]

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Notas do autor:

(15)  Mansa - designação dada pelos mandingas aos seus reis. Os portugueses chamaram-lhes “Régulos”, que significa pequenos reis.

(16) Djali bá - os djali bá já não existem, hoje são apenas artistas tocadores de corá, que contam as histórias ao som da música do corá, mas os djali bá tiveram no passado um papel importante junto dos Mansas (Reis), pois além de tocadores de corá eram seus conselheiros;
eram eles que transmitiam oralmente a história e as leis do Reino, e aconselhavam o Rei nas mais diversas decisões. A palavra significa grande em mandinga, isto significa que não eram um simples artistas de corá, porque para esses, o termo em mandinga é corá djaló, ou seja artista do corá ou tocador de corá. Além do termo artista, corá djaló e djali bá, são várias as denominações que lhe são atribuídas, desde o termo judeu em português, djidiu do crioulo, até ao griote do francês.

O termo judeu aparece pela primeira vez no “Tratado Breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde” de 1594, do capitão André Alvares d´Almeida, o qual os descreve no capítulo dedicado ao Reino de Borçalo. O crioulo adaptou o termo judeu, para jideu ou djideu, hoje em dia pronuncia-se djidiu.

(17) Mésinhos - palavra do crioulo que significa medicamento, remédio, mas também é usada para se referir a coisas com poderes mágicos.

(18) Mansa Bá - era o título dado pelos mandingas aos Mansas que possuíam nos seus domínios poder sobre outros Mansas (Reis), a palavra  em mandinga significa grande, dai o significado de Grande Rei ou Imperador, por vezes, por lisonja os súbditos chamavam ao
Rei, de Grande Rei, apesar de não o serem. Também existem referências a Imperadores chamando-lhes apenas de Mansa, o que é usual. Os portugueses chamavam a todos eles de “Régulos”, o que significa pequenos reis.
 


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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22405: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte IV: Lendas mancanhas

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A batalhá aqui descrita terá ocorrida em 1235 e foi fundadorá do Império do Mali...Sundiata Kesta é uma figura semi-lendária.

Valdemar Silva disse...

As ilustrações, desta Lenda de Sundiata Keita, de Augusto Trigo são fabulosas.
Também fabulosa é a descrição da Lenda e da batalha do séc. XIII.
Provavelmente no séc. XIII, em África, mesmo no riquíssimo Reino do Mali, não haveria uma batalha com o envolvimento da cavalaria com cavalos e chefes militares tão bem "apresentados".
Atentei ao pormenor da bainha e da espada do Sumanguru. Aquela espada com guarda-mão não é daquela bainha, repare-se na espada de Sundiata igual à que nós vimos na Guiné sem guarda-mão.
Por outro lado, Sumanguru é retratado com "ar de feiticeiro índio" em tronco nu mas quando é atingido pela sete já está vestido.
Peço desculpa a Augusto Trigo desta minha minhoquice, mas quem não tem nada que fazer e tem uma espada daquelas pendurada na parede em casa repara nas pormenorizadas e fabulosas ilustrações apresentadas.
Também me desculpe Carlos Fortunato por intrometer este meu hábito dos tempos de observação do "descubra as diferenças" nos jornais da tarde nos cafés, que nada tem a ver com o louvável projecto literário, lusófono e solidário da ONGD Ajuda Amiga.

Venham mais Lendas e ilustrações fabulosas

Abraço
Valdemar Queiroz

p.s. Sobre o Reino do Mali dizem que uma grande armada do Imperador Mansa Muça chegou ao Brasil e às Caraíbas no início do séc. XIV.

Anónimo disse...

Carlos Fortunato (by email)
7 ago 2021 8:30
Luis

Tudo bem, grande lenda esta do Sundiata, é mais conhecida, existem várias obras sobre ele.

Obrigado, um abraço e saúde.

Carlos Fortunato

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Em português, o fundador do império do Mali é Sundiata Queita...

Já agira, transcreve-se aqui um execrto da entrada da Wikipedia:


...) O Império do Mali (Mandinga: Nyeni ou Niani. Ou também Manden Kurufaba ou historicamente Manden) foi um império pré-colonial africano, da época da Idade Média, existente entre 1235 e 1670, na região de Manden, nos atuais Mali, Serra Leoa, Senegal, Gâmbia, Guiné e sul do Saara Ocidental. Este Império foi um dos mais poderosos da historia da humanidade, sendo uma das maiores potências da Idade Média, além de um dos mais ricos em ouro e pedras preciosas. O Império e considerado o mais rico de toda a historia africana. O Império foi fundado por Sundiata Queita e foi o mais poderoso do Saara Ocidental durante muitos anos, expandindo a língua mandinga, as leis e costumes do povo.

O império começou como um pequeno reino Mandinga na parte superior do rio Níger, centrado em torno da cidade de Niani. Durante os séculos XI e XII, começou a se desenvolver como um império após o declínio do Império de Gana ao norte. Durante esse período, as rotas comerciais mudaram para o sul, para a savana, estimulando o crescimento de estados como o Estado de Bono. (...)

A história inicial do Império do Mali (antes do século XIII) não é clara, pois existem relatos conflitantes e imprecisos tanto de cronistas árabes quanto de tradicionalistas orais. Sundiata Queita é o primeiro governante para o qual há informações escritas precisas (por meio de Ibne Caldune). Sundiata Queita foi um príncipe-guerreiro da dinastia Queita que foi chamado para libertar o povo do Mali do domínio do rei do Império do Sosso, Sumaoro Kante, na Batalha de Kirina. A conquista do Sosso em 1235 deu ao Império do Mali acesso às rotas comerciais transsaarianas. (...)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Mali

Valdemar Silva disse...

O célebre Imperador do Mali Mansa Muça (reinou c 1312-1327) é considerado o homem mais rico da História.
Na sua histórica Peregrinação a Meca em 1324 deslocou-se com 60.000 homens, 12.000 escravos e 80 camelos que carregavam entre 50 e 300 quilos de ouro em pó cada.

No não menos célebre Atlas Catalão, de c. 1375 (!!!), atribuído a Abraão Cresques, aparece representada parte de África com Mansa Muça no seu trono imperial.

(fonte wikipedia)

Valdemar Queiroz