Foto 1A > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: o Major Ramalho Eanes, de óculos de sol (Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa). à ponta esquerda; o ten cor Lemos Pires (chefe da repartição), na ponta direita; o alf mil Ernestino Caniço está ao centro, na segunda fila.
Foto 1B > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: na segunda fila, o então capitão de artilharia Otelo Saraiva de Carvalho, na ponta esquerda, na segunda fila; ao centro, o terceiro a contar da direita deve ser o então já ten cor Luz Almeida (, será comandante da Polícia Militar em 1973).
Foto 2 > Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > QG/CCFAG > 1971 > Rep ACAP (Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica) > Departamento de Fotocine > Ao centro, o Cap Art Otelo Saraiva de Carvalho e à sua esquerda o Alf Mil Cav Ernestino Caniço, seu colaborador.
Fotos (e legendas): © Ernestino Caniço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Subject: Otelo
Amigo Luís Graça:
Perante o teu convite para umas referências à Rep ACAP, a propósito do Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, pela sua empatia, munificência e humanismo, vou espichar algumas linhas, tentando que, após meio século, não seja atraiçoado pela memória.
Como já tinha referido, fiz parte da Rep ACAP, no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura -Bissau no ano de 1971. À data era chefe da repartição o Major Lemos Pires (posteriormente promovido a Tenente Coronel).
Faziam parte, com funções de relevo, o Major Ramalho Eanes, o Major Luz Almeida, o Capitão Otelo Saraiva de Carvalho, o Alferes Arlindo Carvalho e o 1º Cabo João Paulo Dinis.
O Major Ramalho Eanes era o Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa do Comando-Chefe. Com ele partilhei a responsabilidade da biblioteca, além de outros contactos nas nossas funções.
Na manobra psicológica em curso no T.O. o Capitão Otelo era Relações Públicas por mim coadjuvado e dentro da missão da Rep ACAP, com enfoque nos contactos internacionais, acompanhando figuras proeminentes, nomeadamente jornalistas, atores, senadores, etc., instalando-os e preparando programas, que o Tenente Coronel Lemos Pires apresentava ao General Spínola.
O louvor que me foi atribuído pelo Agrupamento de Bissau, foi redigido pelo Capitão Otelo por indicação do Tenente Coronel Lemos Pires.
Para a entrada na ACAP (após a desativação do meu pelotão Daimler) tinha-me sido destinado a Secção de Assuntos Civis. À minha chegada e pelos contactos anteriores, entendeu o Major Lemos Pires que eu tinha perfil para a Ação Psicológica, pelo que me colocou na Secção de Operações Psicológicas, dirigida pelo Major Luz Almeida.
Competia-me então (entre outros) dar apoio logístico ao General Spínola, Governador e Comandante Chefe, nas suas intervenções nas populações, bem como a feitura de ofícios para as entidades civis e militares por determinação do chefe da repartição.
Numa outra área intervinha na sensibilização das populações, nomeadamente através de
obras e estruturas efetuadas pelas nossas tropas. A gestão e fruição destas informações estavam a cargo do Alf mil Arlindo Carvalho, de acordo com as normas emanadas superiormente e com a supervisão do Major Ramalho Eanes.
O 1º Cabo João Paulo Diniz animava a rádio das Forças Armadas na Guiné-Bissau, sendo locutor no Pifas (Programa de Informação para as Forças Armadas).
Espero ter correspondido ao solicitado.
Um abraço, Ernestino Caniço
Médico – Chefe Serviço MGFGestor Serviços Saúde – Ordem Médicos
Pós Graduação em Direito da Medicina – Faculdade Direito Universidade de Coimbra
2. Comentário do editor L.G.:
Dois camaradas, o José Belo e o Ernestino Caniço, já aqui fizeram o elogio fúnebre do cor art Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021), que fez duas comissões de serviço em Angola e a última na Guiné (1970/73). (*)
Independentemente do seu lugar na nossa História, ele aqui é tratado como qualquer outro "camarada da Guiné", desde que tenha referências no nosso blogue. E o Otelo tem quase duas dezenas.
O Otelo faleceu
Segundo li no jornal
não haverá luto nacional
para o mentor da Revolução.
Dele ficará, pois, "enfermo".
Este, será, um termo
que indico como senão.
Mas já consta da História,
à margem da reles escória.
O povo não o esqueceu.
À despedida, acorreu.
____________
Notas do editor:
25 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22402: In Memoriam (399): Coronel Otelo Saraiva de Carvalho (1936 - 2021), autor do Plano de Operações do 25 de Abril de 1974 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné entre 1970 e 1973
18 comentários:
Eram estes os homens, oficiais do quadro permanente, cansados da guerra (tinham razões para isso!), eram estes os homens, mais alguns alferes milicianos colocados em Bissau, quase todos operacionais, mas deslocados para Bissau, para a segurança do "ar condicionado", eram estes os homens, instalados em Bissau, por infindáveis "cunhas". Como oficiais, estes nossos camaradas, salvo honrosas excepções, deixaram o mato, ou nunca lá puseram os pés, graças a grandes "cunhas". Estacionaram, pelo bem bom na messe e instalações de Santa Luzia, laboraram na 5ª Repartição, no Quartel General, na Amura, etc. Está por fazer, neste blogue, a nossa História, destes otelos, otelinhos, e otelões, na Guiné.
Sei umas coisas sobre Ramalho Eanes, major no CAOP 1, Teixeira Pinto,1970 depois da barbárie da morte dos três majores do meu CAOP 1, desarmados, ao encontro dos guerrilheiros e assassinados, retalhados por eles. Sei umas coisas sobre o Otelo, na REPACAP, em 1973,levando no seu jipe, com escolta escondida, jornalistas estrangeiros a passear até Nhacra e Quinhamel e mostrando-lhes que quem controlava a maioria do território da Guiné eram as tropas portuguesas.
Nada tenho contra o Otelo Saraiva de Carvalho, como um dos estrategas do 25 de Abril. O que vem depois é uma tristeza, uma vergonha.
Há quem goste.
Abraço,
António Graça de Abreu
A primeira das "10 regras de convívio" da nossa tertúlia (ou Tabanca Grande) diz o seguinte:
(i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem)...
Isso significa que não há membros da Tabanca Grande de 1ª ou de 2ª segunda... Não há a "malta do mato" e dos "operacionais da guerra do ar condicionado", os das especialidades boas e das especialidades más, os do quadro e os do contingente geral, os do Exército, da Marinha ou da Força Aérea... A guerra da Guiné não começava em Nhacra ou em Mansoa... Bissau também era parte integrante Guiné...
Eu,q ue fui "tropa-macaca", também gistava de me "desenfiar" até Bissau... Fui lá uma vez, desenfiado... Calhava a todos os graduados... Era um "contrato tácito", uma semana de férias extra... Em toda a comissão, não era "pecado"...
Aqui o Otelo (ou ou o eanes,se um dia vier cá bater à porta), é apenas mais um camaradad entre camaradas da Guiné... WE todos fomos camaradas de armas!... Verdadeiros camaradas no sentido etimológico do termo... LG
Não quero, ser desagradável para ninguém,
Mas estas fotos só provam, o que no meu tempo se dizia á boca cheia.
Miliciano no mato, e quadro permanente no Ar Condicionado, em Bissau.
Andei 22 meses por la, 14 meses numa tropa de Intervenção, C.ART./C.Caç.11, e raramente via um oficial superior , ou um Sargento do Quadro no mato.
Erro meu, vi várias vezes o Gen. Spínola, e a sua endurance, de resto era so Capitães, Alferes Milicianos.
Gostei do comentário anterior, e só por isso me atrevi a este comentário.
Abílio Duarte
Eu percebo-te, meu caro Luís Graça, na Guiné, todos irmãos, todos iguais. Mas não foi assim, não foi essa a realidade das nossas vidas.De resto, infelizmente, nunca é assim, na guerra, ou em paz.
Só isso. Há assuntos sobre o quais não será conveniente falar.
Não desejo ofender ninguém, muito menos os meus camaradas na Guiné, com toda a comissão em Bissau, ou no mato.
Mas não façam de mim parvo.
Abraço,
eduardo francisco (by email)
2 agosto 2021 20:04
Mato e ar condicionado
É isso mesmo Luís!
Há valores que devem continuar a ser respeitados tendo em conta o facto de, como diz o povo, cada cabeça cada sentença. Em duas das fotografias onde está o falecido Cor. Otelo Saraiva de Carvalho, encontra-se um ex-Alf. Mil. que esteve comigo na CCaç 14 desde o seu início em Maio de 1969. Tal como eu, comeu e engoliu o pó das colunas a Farim, saíu para o mato por períodos de 48 horas ( saídas ao Domingo e regresso á terça pela manhã, voltando a sair na segunda feira a seguir). Nesse intervalo, escoltas á coluna, picagens á estrada, seguranças próximas e serviços ao aquartelamento. Com alguma frequência, operações com intervenção de maiores meios humanos o que obrigava a reduzir o espaço entre as saídas das 48 horas, pois no mato estavam sempre em permanência dois grupos de combate, ou mais. Em meados de 1970 esse camarada arranjou forma de ser colocado em Bissau e pena tenho eu de não ter conseguido o mesmo. É fácil identificá-lo na foto. É o único que tem a farda número dois vestida. É o ex-Alf. Mil. João Roda, presumo eu que seja familiar dum outro camarada Roda da tua CCaç 12, pois ambos são de Leiria.
Um fraterno abraço, extensivo a todos os companheiros do blog .
Eduardo Estrela.
Caro António Graça de Abreu,
Fica-te muito bem a defesa dos camaradas que fizeram a guerra no mato em contraponto aos que arriscavam diariamente a vida nas repartições de Bissau.
No entanto, não terás muito que dizer da tua comissão passada no mato, já que não eras operacional. Quem te lê aqui e não leu o teu livro, pode ficar com a ideia de que foste um operacional a sério, daqueles que comandavam pelotões. Pode-se pensar que fizeste emboscadas nocturnas e diurnas, colunas auto, operações de dias, que tiveste contactos com o IN, frente a frente, e tudo que um militar operacional fazia como rotina quase diária.
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Este comentário do Eduardo Estrela até parece ser sido feito por ter estado na CART.11, e em intervenção em quase toda a zona leste.
Evidentemente, na CART.11, quando em Nova Lamego saímos para operações de intervenção ou reforço doutras tabancas e passava-mos, logo à saída do Quartel, pela casa da pide, dizia-mos 'vai pro mato malandro' como se Nova Lamego não fosse também mato, e também lá estava mais à frente a uns 50 metros o edifício do Comando do Batalhão com oficiais superiores que não saíam em operações e do pó ou lama só o das ruas em tempos de seca ou chuvadas e, provavelmente, como ainda não fosse tempo de modas popularuchas, não pensava-mos 'se calhar tinham cunhas'.
A questão e em relação à fotografia com todos aqueles oficiais, provavelmente do QP, é saber se aquelas REPACs eram necessárias ou foram 'arranjas/inventadas' para satisfazer "cunhas".
A guerra da Guiné era do caraças.
O que diríamos dos muitos oficiais do QP mobilizados para Angola ou Moçambique, por lá haver cidades para repacs à brava sem necessidade de cunhas? Ou as cunhas eram arranjadas cá?
Pois estes de Angola e Moçambique .... não sei arranjar uma popularuchada à la mode para aquela situação, mas por lá também havia guerra e tinha que acabar.
Abraços
Valdemar Queiroz
Calma....
Vamos lá por os pontos nos is.
A natureza deste "blogue" tem regras bem definidas.
Vejo aqui resquícios de complexos mal resolvidos.
Somos todos iguais independentemente do posto e do lugar onde estivemos, só assim este blogue pode perdurar.
Se cada um se posicionar na perspetiva de quem foi mais combatente ou sofreu mais na guerra isto acaba rapidamente.
Já agora aos oficiais superiores não era suposto andarem de "canhota" na mão no mato.
Quem fez grande parte da guerra nos 3 T.OS foram os soldados e os graduados milicianos e não podia ser de outra forma.
Quanto a cunhas sempre existiram e existirão e quem esteja inocente que o diga aqui e agora.
Tomem juízo que já tem idade para isso.
Um ex-artilheiro em Gadamael aí colocado por motivos políticos devido a recomendação da PIDE.
Tenho dito.
C.Martins
Meus caros
Como dizia Carl Rogers famoso psicólogo estadunidense, ninguém pode analisar verdadeiramente um situação se a não tiver vivido.
Daí ser compreensível que aportem algumas perspetivas olhizainas.
Abraços,
Ernestino Caniço
Corrijo "uma" situação.
Ernestino Caniço
Curioso. Esta manhã abri o blogue, como costumo fazer todos os dias. Não deu, eu estava bloqueado, havia sido saneado, com a indicação externa de impossibilidade de aceder ao blogue. Tudo bem, tudo mal, falei em otelo e otelões, mijei fora do penico,falei em cunhas, em Bissau. Ou apenas um mal entendido. Porque à tarde o blogue já abriu no meu computador.
Já disse, mil vezes neste blogue, que todos os combatentes na Guiné,k até o Otelo que não foi propriamente combatente, são meus irmãos!
Abraço,
António Graça de Abreu
Desculpem, afinal já estou a ficar com a mania da perseguição. O blogue bloqueado teve a ver com causas externas. Desculpem-me os tiros de pólvora seca, balas de salva, desculpem-me os editores do blogue, meus irmãos.
António Graça de Abreu
Uf! já temos o blogue connosco. (não confundir com admiração geriátrica)
Eh pá!
Até parecia que o blogue tinha sido sequestrado por alguma extrema-radical e exigir muito dinheirinho pela libertação, e até pensei naqueles grupos extremistas-esquisitos sabe-se lá quem são.
Valdemar Queiroz
Caro António Graça de Abreu
Se tens consciência de que estás com manias de perseguição (palavras tuas) porque não consultas um psicólogo?
Abraço
Carlos Vinhal
Coeditor
Meus amigos,
Nós ralhamos, amuamos, damos murros na mesa, zangamo-nos, mas basta uns minutos do Blogue em baixo e entramos todos em Pânico. Enfim! Somos uma verdadeira família.
Bem haja quem criou, quem edita e quem dá corpo e alma a este Poilão (Blogue) que nos abriga a todos não obstante as nossas idiossincrasias...e azias!
Viva o nosso Blogue!
Abraços
Joaquim Costa
Boas noites,
Informo que, após as 19:21 de 03Ago2021, o vosso P22423 ou "desertou" ou "desapareceu em combate".
(JCAS)
Meu caro Carlos Vinhal
Fui ao psicólogo há quinze dias atrás, estive no consultório do meu psiquiatra a semana passada. Tivemos grandes conversas sobre os malefícios de traduzir poesia clássica chinesa.
Obrigado pelo teu cuidado, sempre atento à minha saúde.
António Graça de Abreu
Meu caro António
Não acredito na tua dificuldade em traduzir poesia clássica chinesa, da qual te advém algum malefício (palavra tua) psicológico pois te considero um mestre na matéria. Pior para ti será "traduzir" alguma prosa em português que por aqui circula.
Não te desejo as melhoras porque estamos numa de brincadeira. Desejo-te sim saúde física.
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
(que é longe da China mas que tem alguns cidadãos chineses bem integrados)
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