terça-feira, 12 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23160: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIII: Conto - O leão e o javali no tempo da sede

 


Ilustração (pág. 73) do mestre Augusto Trigo, pai da pintura guineense e grande ilustrador,
a sua obra é uma referência




O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga




1. Transcrição das pp. 73-74 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)



J. Carlos M. Fortunato
Lendas e contos da Guiné-Bissau



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5

Conto - O leão e o  javali 

no tempo da sede (pp. 73/74)

 

No tempo da sede, os animais tiveram que partir para longe para procurar água para beber, pois a chuva não vinha, as bolanhas estavam  secas, e pior ainda é que, sem chuva, a água do mar tinha continuado a  subir até à nascente dos rios, e toda a água era agora salgada.

O leão e o seu amigo javali partiram juntos, à procura da terra da água  doce, na esperança de encontrarem alguma água boa pelo caminho, pois  a sede era muita e essa terra ficava muito longe.

Depois de vários dias a andar sem encontrarem água, o leão disse para  o seu amigo:

Não vou aguentar, estou muito cansado e a terra da água doce ainda fica muito longe.

Aguenta. Eu vou à frente, pode ser que encontre alguma água disse o javali.

E por sorte o javali encontrou logo uma pequena bolanha, que ainda tinha um pouco de água.

Água! Água! gritou o javali.

O leão reuniu todas as forças e correu para beber a água.

O javali já se preparava para beber a água, quando o leão o empurrou e disse:

Eu sou o Rei dos animais, eu é que vou beber primeiro.

Eu é que cheguei primeiro, eu é que vou beber primeiro respondeu o javali, empurrando o leão.

O leão e o javali começaram a lutar. O leão era mais forte, mas não conseguia vencer o javali, porque estava fraco, e o javali era muito rápido, mas não tinha força suficiente para vencer o leão.

Se continuarmos a lutar, vamos morrer os dois. Eu deixo-te beber a água primeiro, se prometeres só beber metade disse o javali.

Tens razão, não devemos lutar, desculpa ter-te empurrado, eu quero que continues a ser meu amigo respondeu o leão.

Fizeram as pazes. O leão bebeu a água primeiro, depois foi a vez do javali, e com novas forças continuaram a viagem.

E foi assim, que os dois amigos conseguiram chegar à terra da água doce.



2. C
omo ajudar a "Ajuda Amiga"?


Caro/a leitor/a, podes ajudar a "Ajuda Amiga" (e mais concretamente, o Projeto Água e Energia para a Escola Ajuda Amiga de Nhenque):

(i) fazendo uma transferência, em dinheiro, para a Conta da Ajuda Amiga:

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BIC MPIOPTP

(ii) Podes também fazer uma declaração de IRS solidária, não tem quaisquer encargos para ti.

A Ajuda Amiga é uma Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e são muitas pequenas ajudas que lhe permitem realizar a sua Missão.

Ajuda Amiga ONGD > NIF > 508 617 910

Para saber mais, vê aqui o sítio da ONGD Ajuda Amiga:

http://www.ajudaamiga.com

2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sugestão de leitura complementar:

https://animussemper.blogs.sapo.pt/o-asno-de-buridan-623428

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Recorda-se o uso, há 30 ou 40 anos atrás, em sessões de formação sobre trabalho em equipa, gestão de conflitos, liderança, etc. ,de um cartum com dois burros, atados por um corda curta, e dois fardos de palha, distanciados um do outro. Os burros só podiam lá chegar e saciar a sua fome, se se entendessem e cooperassem... Mas no inicio o que vinha ao de cima era o feroz individualismo, a medição de forças, o conflito disrusptivo em que os dois contendores perdiam...

Este conto africano é uma variante desta fábula que é universal... Mas não chega aos teatros de guerra. Não chegou a tempo à nossa "guerra de África"...