terça-feira, 15 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23787: Carta aberta a... (17): Ministros da Cultura e da Defesa... Portugal pode e deve recuperar os restos das estátuas, abandonadas no Forte do Cacheu, dos nossos Teixeira Pinto (séc. XX), Nuno Tristão (séc. XV) e Diogo Gomes (séc. XV-XVI) (António J. Pereira da Costa, cor art ref)

 

Cópia do ofício enviado pelo chefe de gabinete do Ministro  da Cultura, ao nosso camarada António J. Pereira da Costa.


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Antigo Forte ou Fortim de Cacheu (séc. XVI) > Restos da estátua de Teixeira Pinto, o "capitão-diabo" ...Estátua, em bronze, da autoria do professor de Belas Artes, o escultor Euclides Vaz (1916-1991), ilhavense. Encontrava-se no  Alto do Crim, antigo parque municipal, onde agora está a Assembleia Nacional. 


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Antigo Forte ou Fortim de Cacheu (séc. XVI) >   O que resta da estátua, também em bronze, do Nuno Tristão:  erigida por ocasião do 5.º centenário do seu desembarque em terras da Guiné (1446), a estátua ficava no final na Av da República, hoje, Av Amílcar Cabral... 

Esta artéria, a principal avenida de Bissau no nosso tempo, vinha da Praça do Império ao Cais do Pidjiguiti, tendo no final a estátua de Nuno Tristão; no sentido ascendente, ou seja, do Pidjiguiti para a Praça do Império, tinha à esquerda a Casa Gouveia, por detrás da estátua, e mais à frente, à direita, a Catedral.
 

Guiné > Bissau > Região de Cacheu > Forte de Cacheu (séc- XVIII) >  Restos da estátua de Diogo Gomes, que até à Independência, estava em Bissau,  frente à ponte cais de Bissau...

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagens recentes de António J. Pereira da Costa, cor art ref:

(i) Data - 7/11/2022

Assunto - Estátuas do Cacheu

Olá Camaradas

Venho só comunicar que, hoje, enviei ao Ministro da Cultura e à Ministra da Defesa duas cartas a pedir o respectivo interesse na recuperação das estátuas do Cacheu.
Seguem, em anexo.

Como se recordam tentei levantar esta questão junto do pessoal do blog. Pouco êxito! (Vd. ponto 2).

Claro que o NÃO está sempre garantido, mas valeria a pena tentar.

Obrigado pelo vosso (des)interesse.

Um Ab.
António J. P. Costa

PS - Se não vos der muito trabalho façam uma tentativa idêntica junto do PR. Pode ser que ele dali tir algum proveito político... Bora ajudá-lo? Bora

(ii) Data . - 11/11/2022, 16:49

Assunto - Estátuas do Cacheu

Olá, Camaradas.

Em respostas às cartas que enviei, recebi esta carta do Ministério da Cultura.

Julgo que pode servir de orientação para a exposição do assunto supra.

Entretanto, descobri que na Presidência da República há um "muro de lamentações" que poderemos usar. É só preencher e... esperar, claro. (**)

O não está garantido...
Um Ab. Tó Zé

2. O assunto em apreço foi lançado há  menos de dois meses, por mensagem de António J. Pereira da Costa (que na altura não chegou a ser publicada no nosso blogue) (*):

Data - 20/9/2022 10:34
Assunto - Ainda a os restos das estátuas do Cacheu

Bom dia, Camaradas:

Acham que valeria a pena lançarmos, no blog, um apelo para que o Estado Português mandasse recolher o que sobras das estátuas "colonialistas" e as depositasse no local mais adequado, a determinar?

Podíamos enviar cartas individuais (para aumentar o impacto) aos ministros da Cultura e da Defesa para que se dedicassem ao assunto.

E,  se perdêssemos a cabeça,  ir até ao PR?!

Por mim, tenho duas cartas prontas a partir e poderiam servir de modelo a quem quisesse.
Ora digam...

Um abraço, 
António Costa
________________

Sugestão de carta a mandar, por mais camaradas e amigos da Guiné,  aos Ministros da Cultura e da Defesa e, eventualmente, ao Presidente da República:

Mem-Martins, 5 de Novembro de 2022

Excelentíssimo Senhor Ministro da Cultura

Excelência

Desconhecendo, em detalhe, a estrutura do Governo, mas pressupondo que, de alguma forma, o assunto que exponho se incluirá na área da vossa tutela, tomo a liberdade de me dirigir a V. Ex.ª para expor o seguinte:

No blog de ex-combatentes da Guiné em que frequentemente participo, encontrei algumas fotografias que me permitem concluir que, na Guiné-Bissau, mais exactamente do forte português que se ergue, desde o Séc. XVII, junto da localidade de Cacheu, estão depositados os restos de três estátuas portuguesas que foram colocadas em Bissau, quase todas por ocasião do 5º centenário do desembarque em terras da Guiné (1446) e que foram apeadas após a independência.

Uma é estátua do capitão de Infantaria João Teixeira Pinto que comandou as forças que, entre 1912 e 1915, dominaram a revolta de uma parte da população (balantas e grumetes) contra as autoridades portuguesas. Este oficial veio a morrer, em Moçambique, no posto de major, na Batalha de Negomeno (1917) durante a I Guerra Mundial.

Ali estão também as estátuas dos navegadores portugueses ligados à Guiné: a de Diogo Gomes e a de Nuno Tristão

Além destas, é provável que ainda seja possível localizar os restos da estátua do Governador (entre 1906 e 1909) João Augusto de Oliveira Muzanty, primeiro-tenente da Marinha, que também participou em diversas operações de pacificação. Esta foi erguida em 1950, em Bafatá. Será da autoria do escultor António Duarte, tendo permanecido intacta após a independência, embora tombada no chão e terá sido destruída, em 1992. O respectivo pedestal encontrar-se-á no referido local.

Creio que estes restos poderiam ser recuperados para Portugal e colocados em locais/instalações relacionadas com as actuações destas personalidades. Atrevo-me a sugerir que a de Teixeira Pinto seja colocada na Escola da Armas do Exército e as dos navegadores numa instalação naval relacionada com os descobrimentos.

A Guiné parece não ter qualquer interesse neste espólio, pelo que nada justificará que não seja recolhido e transportado para o nosso país

Em anexo apresento algumas fotografias da localização/estado das estátuas

Mais informo V.Ex.ª que, nesta data enviei á Senhora ministra da Defesa uma carta de teor idêntico ao desta.

António José Pereira da Costa
Coronel de Artilharia (reformado)
___________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


(**) Último poste da série >  7 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23333: Carta aberta a... (16): José Belo, um intelectual contemporâneo luso, sueco-lapão-americano, hábil a usar palavras (Francisco Baptista, transmontano de Brunhoso)

12 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé: bens hajas pela iniciativa,,, Lançaste o barro à parede...Vamos ver "se a coisa pega"...

As estátuas podem não ter qualidade artística ou estética (não sei), mas têm valor simbólico, documental e museológico, para a historiografia da presença portuguesa em África...

Um abração. Luís

Valdemar Silva disse...

Uma boa tentativa pra ver se não desaparecem.

É pena não haver na Guiné-Bissau um Departamento da Cultura (ou haverá?) para contactos, sobre
o que o seu governo pensa fazer com aquele espólio.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Com as redes de ladrões de cobre e bronze que há por todo o lado, admiro-me que as pobres estátuas (ou o que resta delas) ainda lá estejam, quietinhas, no forte do Cacheu... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Na minha zona, Lourinhã, despareceram, há uns anos, caldeiras / destilarias / alambiques inteirinhos!... Gloriosas relíquias do tempo do "vinho a martelo", de há 50 e tal anos atrás... LG

Antº Rosinha disse...

Os guineenses talvez não gostem muito da história da sua Pátria.

Mas estes restos que sobraram podiam ser aproveitados para pelos políticos guineenses para justificarem tudo o que corre mal na Guiné.

"Eles são os culpados".

Por acaso acontece que em Angola o MPLA arquivou com todo o carinho na Fortaleza de São Miguel em Luanda, uma autêntica sala de visitas, e que publica em postais, pelo menos uma estátua de Dom Afonso Henriques, uma de Camões e penso ser uma de Vasco da Gama.

E penso que também conservam um Padrão dos Descobrimentos.

Deixámos tão poucas coisas por lá, que podiam aproveitar o pouco que lá ficou, para recordação.

Valdemar Silva disse...

Realmente, Ant. Rosinha.
"Deixámos tão poucas coisas por lá, que podiam aproveitar o pouco que lá ficou, para recordação."

Os portugueses chegaram à Guiné em 1450 e saíram em 1974 deixando meia dúzia de estátuas como registo da sua presença durante mais de 500 anos.
Os romanos que andaram a colonizar os lusitanos mais ou menos 550 anos deixaram por cá centenas de estátuas e, ainda agora, cada cavadela cada estátua romana.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

José Botelho Colaço disse...

Também fico curioso: Será que as estátuas mesmo mutiladas ainda estão no forte do Cacheu ou já foram derretidas para a compra ou troca por um material que está hoje muito em "vogue" e dá pelo nome de coca? Talvêz este movimento se mais não tiver efeito o possa esclarecer. Será que o camarada Patrício Ribeiro poderá dar uma dica actualizada?

Manuel Luís Lomba disse...

Felicito o camarada Pereira da Costa pela iniciativa.

Alguém disse que povo que despreza a sua história não tem futuro.

Os Portugueses não inventaram a Guiné, mas o país Guiné-Bissau é criação sua, grande foi o contributo do maltratado guineense Honório Barreto - quer se queira, quer não.

As estátuas "coloniais" que a GBissau removeu são padrões e memória da história comum da Guiné e Portugal.

Julgo que o comandante Alpoim Calvão levou para o túmulo a acusação do Estado da GBissau do crime de ter resgatado a estátua do presidente americano Ulisses Grant da sucata!...

A GBissau deve a Honório Barreto e a Ulisses Grant a sua dimensão geográfica que lhe concedeu a formatação de país e de estado.

Quando os historiadores se deixarem de complexos, talvez descubra que a GBissau só não faz parte da Grande Guiné (Conacri), porque Portugal combateu a guerra de Amílcar Cabral. Se tivesse "descolonizado", Sekou Turé tinha-o "comido de cebolada".

O PAIGC só libertou a Guiné de Portugal, porque Portugal a libertou de Seou Turé...

Algum dia a GBissau levantará uma estátua a Salazar ou aos combatentes portugueses?...


Manuel Luís Lomba disse...

Onde se lê "se tivesse descolonizado"... leia-se "se em 1963 tivesse descolonizado"...

Valdemar Silva disse...

Bem aparecido, Luís Lomba.

Eu diria, não muito convicto, se a acontecer seria uma estátua a Spínola.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Depois desta algarviada toda o que é que vamos fazer?
Queremos ou não dar uma ajuda para que o governo português se empenhe na recuperação das estátuas?
Se que queremos é só pressionar o governo e o PR.
Caso contrário: "descansar à vontade"! É abandonar o assunto, mas depois não há matéria para censuras ou lamentações.
É elementar a recuperação de Teixeira Pinto.
Honório Barreto é Guineense e a recuperação da sua estátua é um assunto do seu país de nascimento. Por mim, não fará sentido que venha para Lisboa.
A do 1.º Ten. Mudzanty seria bom que também voltasse para Lisboa, se tal ainda for possível.
As estátuas dos navegadores não podem ser consideradas como de racistas ou similares e, à semelhança do que vi em S. Tomé, poderão ficar a evocar um facto histórico de relevo mundial, colocadas na via pública, se a Guiné não quiser enviá-las para Lisboa.
Ora informem e deixem-se de filosofias. Tá bem?

Um Ab.
António J: P. Costa

João Fialho disse...

Boa tarde.

Gostaria de saber se sobre esta epistola enviada pelo Sr. Coronel António José Pereira da Costa já existe resposta do Governo.

Com os melhores cumprimentos

João Francisco Fialho