José António Gomes de Sousa (1949 - 2025).
Tinha 76 anos
Foto de família: o Zé António,a esposa Maria de Fátima e a filha Alexandra,
Fonte: Página do Facebook > José António Sousa
1. Soubemos, pelo Facebook da Tabanca de Matosinhos, que morreu ontem mais um camarada nosso, o José António Gomes de Sousa (ou José António Sousa). O Zé Teixeira confirmou-nos esta manhã a triste notícia e deixou escrito o seguinte:
Foi apanhado de surpresa pela morte, deixando a família e todos nós em sofrimento profundo.
À tua esposa, Maria de Fátima, que tantas vezes te acompanhou e nos brindou com a saborosa bola de carne, à tua filha Alexandra, ao teu querido primo Zé Eduardo e a toda a família, os mais profundos sentimentos de pesar da Tabanca de Matosinhos. (...) (Tabanca Matosinhos> 20 de novemrbo de 2025, 20h00).
O corpo está em câmara ardente desde ontem a partir das 16 horas na Igreja Stellla Maris - Carmelitas, na Rua de Gondarém 274, na Foz do Douro, e o funeral será hoje às 16 horas, indo a sepultar no jazigo de família, no cemitério da Foz do Douro, Porto.
2. Também a Tabanca Grande se associa a esta manifestação de pesar (*). Daqui enviamos um abraço de solidariedade na dor, da parte dos editores, colaboradores permanentes e demais membros da nosso blogue à família e aos camaradas da Tabanca de Matosinhos bem como de O Bando do cafeé Progresso que nos últimos anos conviveram mais regularmente com o Zé António Sousa.
(...) A Tabanca de Matosinhos está de luto. O José António Sousa deixou-nos para fazer o caminho eterno.
Ainda ontem esteve no nosso almoço semanal, como era seu hábito há vários anos:
- um homem calmo,
- que transparecia serenidade,
- um amigo sempre disponível,
- um conversador nato,
- um camarada que todos estimamos
- e sabemos que ele nos estimava a todos.
Foi apanhado de surpresa pela morte, deixando a família e todos nós em sofrimento profundo.
Zé António, estás no coração de todos os tabanqueiros e estarás presente na nossa memória, quando, à quarta feira, nos juntarmos para conviver.
À tua esposa, Maria de Fátima, que tantas vezes te acompanhou e nos brindou com a saborosa bola de carne, à tua filha Alexandra, ao teu querido primo Zé Eduardo e a toda a família, os mais profundos sentimentos de pesar da Tabanca de Matosinhos. (...) (Tabanca Matosinhos> 20 de novemrbo de 2025, 20h00).
O corpo está em câmara ardente desde ontem a partir das 16 horas na Igreja Stellla Maris - Carmelitas, na Rua de Gondarém 274, na Foz do Douro, e o funeral será hoje às 16 horas, indo a sepultar no jazigo de família, no cemitério da Foz do Douro, Porto.
O José António Gomes de Sousa, ex-soldado condutor auto, CCAV 3404/ BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73) entrou formalmente para a Tabanca Grande em 13/2/2013.
Era, cronologicamente, o grão- tabanqueiro nº 602. (**)
Nasceu em 16/6/1949. Despede-se, pois, da Terra da Alegria aos 76 anos. Merecia ter vivido muito mais.
Era um bom ser humano, amigo e camarada que eu tive o prazer de conhecer na Tabanca de Matosinhos, tal como o Rogério Paupério e outros camaradas do Norte.
O José António Sousa (tem 6 referências no nosso blogue) e o seu camarada Rogério Paupério, ambos membros da Tabanca de Matosinhos e da Tabanca Grande, foram à Guiné-Bissau em 2010 e, na picada do Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi) depararam-se com os restos calcinados da GMC onde, em 17 de abril de 1972, encontraram a morte, em combate, o alf mil op esp Armandino Silva Ribeiro e mais onze elementos da CAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), incluindo dois milícias e um civil (***). O sold at inf António da Silva Batista (1950-2016) por sua vez, foi dado como desaparecido: soube-se depois que fora feito prisioneiro pela força do PAIGC que montou a emboscada, tendo sido apenas libertado em setembro de 1974.
Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Cabuca > Brasão da CCAV 3404 / BCAV 3854 (1971/73) e o menino de Cabuca.
Este batalhão embarcou em 4 de julho de 1971 e regressou à Metrópole em 5 de outubro de 1973. Esteve sediado (comando e CCS) em Lamego (Comandante: ten cor cav António Malta Leuschner Fernandes).
A CCAV 3404 esteve em Cabuca, a CCAV 3405 esteve em Mareué e Nova Lamego, e a CCAV 3406 em Madina Mandinga.
O Zé António Sousa, no T/T Niassa, em julho de 1971, a caminho da Guiné
Fonte: Página do Facebook > José António Sousa
3. Sobre a sua história de vida militar, ele escreveu:
(...) A minha história é igual ou semelhante à de tantos milhares de camaradas que na flor da sua juventude se viram envolvidos na Guerra do Ultramar.
Tudo começou numa manhã de verão, num domingo dia 4 de julho de 1971. Depois de uma viajem noturna de autocarro entre Estremoz e Lisboa, acordei e dei de frente com um navio negro (na altura achei-o feio), na sua proa, o nome: Angra do Heroísmo.
A viagem decorria normalmente quando me apercebi que o navio mudava de rumo para oeste, dirigia-se para o Funchal a fim de ser efetuada a evacuação de um camarada que tinha sofrido uma apendicite.
Tudo começou numa manhã de verão, num domingo dia 4 de julho de 1971. Depois de uma viajem noturna de autocarro entre Estremoz e Lisboa, acordei e dei de frente com um navio negro (na altura achei-o feio), na sua proa, o nome: Angra do Heroísmo.
A viagem decorria normalmente quando me apercebi que o navio mudava de rumo para oeste, dirigia-se para o Funchal a fim de ser efetuada a evacuação de um camarada que tinha sofrido uma apendicite.
Desembarcámos em Bissau passados sete dias, no cais esperava-nos um sem-número de camiões civis que nos transportaram para o Cumeré a fim de efetuarmos a habitual IAO.
Durante essa viagem e apesar do desconforto, achei-a maravilhosa, era o meu primeiro contacto com África que há muito sonhava.
A 13 de agosto seguimos na LDG Alfange, Rio Geba acima, rumo ao Xime onde fomos recebidos com pompa e circunstância pela “velhice” local, até câmaras de TV havia; seguimos depois em coluna com passagens por Bambadinca e Bafatá, sempre a praxe a receber-nos. E quando chegámos a Nova Lamego já era noite, famintos, cansados e encharcados, pois durante toda a viagem choveu copiosamente, foi-nos distribuída uma sopa de lentilhas que no momento nos pareceu um manjar.
À chegada, como não podia deixar de ser, a 'velhice' lá estava para nos receber festivamente, na verdade fomos recebidos com muito respeito pelos nossos camaradas da CCaç 2680 para quem quero aproveitar para enviar um forte abraço.
Caros camaradas, esta é a primeira história que tenho para contar à Tabanca, é uma singela introdução das muitas coisas que aconteceram nos 27 meses que passei na Guiné. (...)
Durante essa viagem e apesar do desconforto, achei-a maravilhosa, era o meu primeiro contacto com África que há muito sonhava.A 13 de agosto seguimos na LDG Alfange, Rio Geba acima, rumo ao Xime onde fomos recebidos com pompa e circunstância pela “velhice” local, até câmaras de TV havia; seguimos depois em coluna com passagens por Bambadinca e Bafatá, sempre a praxe a receber-nos. E quando chegámos a Nova Lamego já era noite, famintos, cansados e encharcados, pois durante toda a viagem choveu copiosamente, foi-nos distribuída uma sopa de lentilhas que no momento nos pareceu um manjar.
Depois do merecido descanso, partimos para o nosso destino: Cabuca. A picada estava em péssimas condições e, com a chuva a cair sem parar, a viagem foi dolorosa, para percorrer os cerca de 20 quilómetros que separam Nova Lamego e Cabuca demorámos o dia todo.
Caros camaradas, esta é a primeira história que tenho para contar à Tabanca, é uma singela introdução das muitas coisas que aconteceram nos 27 meses que passei na Guiné. (...)
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Notas do editor LG:
(*) Vd. último poste da série > 15 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27428: In Memoriam (561): Ana de Lourdes Duarte Gonçalves Mendonça da Silva (1951-2025), viúva do nosso camarada Torcato Mendonça, que faleceu no passado dia 12 de Novembro
(**) Vd. poste de 24 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10995: Tabanca Grande (383): José António Gomes de Sousa, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73)
(***) Vd. postes de:
2 de abril de 2023 _ Guiné 61/74 - P24185: Fotos à procura de...uma legenda (172): Ainda a tragédia do Quirafo, de 17 de abril de 1972: comparando as fotos da GMC destruída, de 2005 (Paulo / João Santiago) e de 2010 (Rogério Paupério / José António Sousa)
Notas do editor LG:
(*) Vd. último poste da série > 15 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27428: In Memoriam (561): Ana de Lourdes Duarte Gonçalves Mendonça da Silva (1951-2025), viúva do nosso camarada Torcato Mendonça, que faleceu no passado dia 12 de Novembro
(**) Vd. poste de 24 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10995: Tabanca Grande (383): José António Gomes de Sousa, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73)
(***) Vd. postes de:
2 de abril de 2023 _ Guiné 61/74 - P24185: Fotos à procura de...uma legenda (172): Ainda a tragédia do Quirafo, de 17 de abril de 1972: comparando as fotos da GMC destruída, de 2005 (Paulo / João Santiago) e de 2010 (Rogério Paupério / José António Sousa)




4 comentários:
O Zé António foi dos camaradas que voltou á Guiné. Com o Rogério Paupério.
O Zé António tinha deixado no cais a sua viatura GMS destinada a abate. Na volta da coluna, de regresso ao seu destacamento, deveria conduzir a Berliet novinha em folha, acabada de chegar de Bissau. Era essa a sua intenção, mas o Primeiro Cabo, puxando das divisas, impôs-se, nestes modos: " quem vai estrear a Berliet sou eu...tu levas o honimog que eu trouxe". O Zé António, naquela maneira de levar tudo a brincar, perguntou-lhe o motivo pelo qual não era ele próprio a conduzir a viatura acabada de chegar, uma vez que a mesma lhe estava destinada. O Primeiro Cabo lacónica e autoritariamente respondeu-lhe: " Porque eu sou cabo ...
O Zé António, rendido ao peso das divisas, assentiu, sob um sorriso malandro:
" Então, se és cabo, leva-a."
Passados alguns quilómetros a Berliet nova pisou uma mina. Por sorte o nosso Primeiro Cabo apenas sofreu ferimentos sem grande gravidade.
Foi uma maneira de te homenagear, meu amigo Zé António.
Carvalho de Mampatá
Uma história "edificante", António...Na tropa e na guerra, e na vida em geral, todos conhecemoes esses "chico-espertos"... A "chico-espertice" é, de há muito, uma forma peculiar de ser e de estar do "tuga"... Conheci alguns na Guiné, com consequências mais trágicas do que as que relatas... Mas é uma boa homenagem ao nosso saudoso Zé António.
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chico-esperto
(chi·co·-es·per·to)
adjectivo e nome masculino
1. [Portugal, Informal, Depreciativo] Que ou quem se acha muito esperto ou mais esperto do que os outros (ex.: chegou toda chica-esperta, mas também não conseguiu resolver o problema; é só comentários de chicos-espertos). = SABICHÃO
2. [Portugal, Informal, Depreciativo] Que ou quem age de modo oportunista e, por vezes, desonesto, desrespeitando regras em proveito próprio (ex.: que povo tão chico-esperto; aquele chico-esperto estaciona o carro em qualquer lado).
"chico-esperto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/chico-esperto
Lamento profundamente o desaparecimento deste nosso camarada.Privei com ele durante muito tempo,no Bando,e uma vez ou outra na tabanca de Matosinhos......Descansa em paz,amigo.....
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