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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27448: In Memoriam (562): José António Sousa (1949-2025), ex-sold cond auto, CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73): o funeral é hoje, dia 21, às 16h00, no cemitério da Foz do Douro, Porto


José António Gomes de Sousa (1949 - 2025). 
Tinha 76 anos


1. Soubemos, pelo Facebook da Tabanca de Matosinhos, que morreu ontem mais um camarada nosso, o José António Gomes de Sousa (ou José António Sousa). O Zé Teixeira confirmou-nos esta manhã a triste notícia e deixou escrito o seguinte:

(...) A Tabanca de Matosinhos está de luto. O José António Sousa deixou-nos para fazer o caminho eterno.

Ainda ontem esteve no nosso almoço semanal, como era seu hábito há vários anos:
  • um homem calmo,
  •  que transparecia serenidade, 
  • um amigo sempre disponível, 
  • um conversador nato, 
  • um camarada que todos estimamos 
  • e sabemos que ele nos estimava a todos.

Foi apanhado de surpresa pela morte, deixando a família e todos nós em sofrimento profundo.

Zé António, estás no coração de todos os tabanqueiros e estarás presente na nossa memória, quando,  à quarta feira, nos juntarmos para conviver.

À tua esposa, Maria de Fátima, que tantas vezes te acompanhou e nos brindou com a saborosa bola de carne, à tua filha Alexandra, ao teu querido primo Zé Eduardo e a toda a família, os mais profundos sentimentos de pesar da Tabanca de Matosinhos. (...)  (Tabanca Matosinhos 20 de novemrbo de 2025, 20h00).


O corpo está  em câmara ardente desde ontem a partir das 16 horas na Igreja Stellla Maris - Carmelitas, na Rua de Gondarém 274, na Foz do Douro, e o funeral será hoje às 16 horas, indo a sepultar no jazigo de família,  no cemitério da Foz do Douro, Porto.


2. Também a Tabanca Grande se associa a esta manifestação de pesar (*). Daqui enviamos um abraço de solidariedade na dor,  da parte dos editores, colaboradores permanentes e demais membros da nosso blogue à família e aos camaradas da Tabanca de Matosinhos que nos últimos anos conviveram mais regularmente com o Zé António Sousa.

O José António Gomes de Sousa, ex-soldado condutor auto, CCAV 3404/ BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73) entrou formalmente para a Tabanca Grande em 13/2/2013

Era, cronologicamente, o grão- tabanqueiro nº 602. (**)

Nasceu em 16/6/1949. Despede-se, pois, da Terra da Alegria aos 76 anos. Merecia ter vivido muito mais. 

Era um bom ser humano, amigo e camarada que eu tive o prazer de conhecer na Tabanca de Matosinhos, tal como o Rogério Paupério e outros camaradas do Norte.

O José António Sousa (tem 6 referências no nosso blogue) e o seu camarada Rogério Paupério, ambos membros da Tabanca de Matosinhos e da Tabanca Grande, foram à Guiné-Bissau em 2010 e, na picada do Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi) depararam-se com os restos calcinados da GMC onde, em 17 de abril de 1972, encontraram a morte, em combate, o alf mil op esp Armandino Silva Ribeiro e mais onze elementos da CAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), incluindo dois milícias e um civil (***). 

O sold at inf António da Silva Batista (1950-2016) por sua vez, foi dado como desaparecido: soube-se depois que fora feito prisioneiro pela força do PAIGC que montou a emboscada, tendo sido apenas libertado em setembro de 1974.


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Cabuca > Brasão da CCAV 3404 / BCAV 3854 (1971/73) e o menino de Cabuca.

Este batalhão embarcou em 4 de julho de 1971 e regressou à Metrópole em 5 de outubro de 1973. Esteve sediado (comando e CCS) em Lamego (Comandante: ten cor cav António Malta Leuschner Fernandes). 

A CCAV 3404 esteve em Cabuca,  a CCAV 3405 esteve em Mareué e Nova Lamego, e a CCAV 3406 em Madina Mandinga. 

Foto: Cortesia de Os Abutres de Cabuca (2ª CART / BART 6523/73, Cabuca, 1973/74) [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Sobre a sua  história de vida militar, ele escreveu:

(...) A minha história é igual ou semelhante à de tantos milhares de camaradas que na flor da sua juventude se viram envolvidos na Guerra do Ultramar.

Tudo começou numa manhã de verão, num domingo dia 4 de julho de 1971. Depois de uma viajem noturna de autocarro entre Estremoz e Lisboa, acordei e dei de frente com um navio negro (na altura achei-o feio), na sua proa, o nome: Angra do Heroísmo.

A viagem decorria normalmente quando me apercebi que o navio mudava de rumo para oeste, dirigia-se para o Funchal a fim de ser efetuada a evacuação de um camarada que tinha sofrido uma apendicite.

Desembarcámos em Bissau passados sete dias, no cais esperava-nos um sem-número de camiões civis que nos transportaram para o Cumeré a fim de efetuarmos a habitual IAO.

Durante essa viagem e apesar do desconforto, achei-a maravilhosa, era o meu primeiro contacto com África que há muito sonhava.

A 13 de agosto seguimos na LDG Alfange, Rio Geba acima, rumo ao Xime onde fomos recebidos com pompa e circunstância pela “velhice” local, até câmaras de TV havia; seguimos depois em coluna com passagens por Bambadinca e Bafatá, sempre a praxe a receber-nos. E quando chegámos a Nova Lamego já era noite, famintos, cansados e encharcados, pois durante toda a viagem choveu copiosamente, foi-nos distribuída uma sopa de lentilhas que no momento nos pareceu um manjar. 

Depois do merecido descanso, partimos para o nosso destino: Cabuca. A picada estava em péssimas condições e, com a chuva a cair sem parar,  a viagem foi dolorosa, para percorrer os cerca de 20 quilómetros que separam Nova Lamego e Cabuca demorámos o dia todo.

À chegada, como não podia deixar de ser, a 'velhice'  lá estava para nos receber festivamente, na verdade fomos recebidos com muito respeito pelos nossos camaradas da CCaç 2680 para quem quero aproveitar para enviar um forte abraço.

Caros camaradas, esta é a primeira história que tenho para contar à Tabanca, é uma singela introdução das muitas coisas que aconteceram nos 27 meses que passei na Guiné. (...)

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Zé António foi dos camaradas que voltou á Guiné. Com o Rogério Paupério.