1. 1. O nosso Camarada
José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego e Gabú) -
1973/74, enviou-nos uma mensagem onde nos descreve a sua energia e força de lutador,
e o seu poder de crer e esperança, que serviu para ultrapassar momentos
dolorosos na sua vida passada recente e que poderá servir-nos de exemplo e
incentivo, para revitalizarmos o nosso ânimo físico e psíquico quando, e se,
nos tocar, a um de nós, idêntico problema.
HISTÓRIA DE UMA VIDA
De miúdo irreverente, ao futebol, passando pela tropa (Tavira, Lamego e
Guiné), ao jornalismo e a um AVC (aos 55 anos) que me tentou derrubar sendo eu
mais forte, é uma história de vida que cruzou momentos ímpares de prazer e de
sofrimento. Hoje, passados cinco anos sobre esse maldito infortúnio,
considero-me um homem livre que continua absorvido na escrita não obstante tudo
fazer apenas com a mão esquerda, aquela que sempre recusou o trabalho, faço uma
vida normal, regressei à condução, desloco-me para qualquer lugar e
considero-me um VENCEDOR.
O AVC não limitou as minhas faculdades mentais, deixou-me manco e com
lado direito limitado, é verdade, mas… VENCI!
UM EXEMPLO DE VIDA!
Todos temos uma
história de vida para contar. A minha escreve-se com ensejos de prazer e de
dor. De sofrimento. Desde muito jovem que evidenciei capacidades físicas de
todo invejáveis. Aos 13 anos iniciei-me no futebol federado no Despertar
Sporting Clube, em Beja, aos 16 ingressei no Sporting Clube de Portugal, aos 18
regressei à velha Pax Júlia integrando então uma equipa de craques do Desportivo de Beja onde fui logo titular
apesar a minha tenra idade e aos 22 entrei para o serviço militar.
Tavira recebeu-me,
transitei depois para Lamego – Operações Especiais/Ranger – e seguiu-se a Guiné
– Gabú. A minha vida profissional dividiu-se, a certa altura, entre funcionário
da Segurança Social e o jornalismo. Finalmente o jornalismo preencheu-me por
completo, sendo que em 1999, como escritor, lancei o meu primeiro livro
“GLÓRIAS DO PASSADO”, uma temática inédita que relata a evolução do futebol ao
longo do Séc. XX na Associação de Futebol de Beja. Em 2006 trouxe à estampa o
segundo volume de “GLÓRIAS DO PASSADO” e a 27 de Julho desse ano confrontei-me
com a infeliz visita do meu AVC.
Não desisti. A vida,
sendo difícil, abriu-me sempre novas portas. O primeiro ano foi devastador.
Palavras! Poucas. O meu frequente diálogo parecia perdido no tempo. A cadeira
de rodas a minha pontual companhia. Depois foi a canadiana que me ajudou a
delinear os primeiros passos. Pelo meio do trajecto registei inúmeras quedas,
algumas me conduziram ao hospital.
Paulatinamente fui
ganhando confiança. Vieram novas metas. Novos objectivos. Ultrapassei barreiras
impensáveis. Não desisti. A certa altura consegui alterar os conteúdos da minha
carta de condução. Não foi fácil. A fala, entretanto, regressou. No Centro de
Mobilidade de Alcoitão fui submetido a um exame de precisão para avaliar as
minhas potencialidades. Fiquei apto.
Comprei um carro. As
dificuldades iniciais impuseram-me, naturalmente, restrições. Tudo é feito
utilizando os membros esquerdos. Consegui. Mais uma vitória.
Em 2009 lancei mais um
livro, agora a relatar a minha realidade: JOSÉ SAÚDE - AVC ACIDENTE VASCULAR
CEREBRAL – NA PRIMEIRA PESSOA – editora MEL – Editores (Estarreja). Uma obra
que relata o meu caso particular e incentiva aqueles que, eventualmente, se
deparam com a infeliz realidade.
Na continuidade deste
tema já preparo uma segunda versão: JOSÉ SAÚDE - AVC ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
– VOLTAR A SER FELIZ.
Confesso que esta é
apenas uma pequeníssima resenha da minha história de vida. Faço-o por que numa
conversa (telefónica) recente com o Luís Graça ele lançou-me o desafio e eu
despretensiosamente aceitei.
JORNALISTA:
Responsável pelo Departamento Desportivo da Rádio Voz da Planície, Beja (11
anos); correspondente dos jornais “A BOLA” e JN; director e proprietário de
jornal desportivo “O ÁS”, em Beja; pioneiro em televisão por internet – TV BEJA
– na área desportiva e redactor do jornal Diário do Alentejo.
Sporting CP – 1968
Guiné – 1973
Fevereiro de 2009
PREFÁCIOS
GLÓRIAS DO PASSADO II
INTRODUÇÃO
GLÓRIAS DO PASSADO” é
uma obra que visa recuperar um espólio que corria o risco de se perder no
tempo, não ficando para a posteridade registos públicos daqueles que foram sem
dúvida os grandes impulsionadores do futebol no Séc. XX no distrito de Beja.
Neste contexto, os factos e os protagonistas narrados na obra, onde os
depoimentos são justamente sustentados em imagens fotográficas recolhidas no
baú das recordações, visam deixar escrito às gerações vindouras a história do
futebol na região contada na primeira pessoa.
É verdade que não foi
fácil reunir toda a documentação. Porém, a amabilidade com que me fui deparando
ao longo de todo o percurso por parte daqueles que comigo colaboraram,
permitiram que o sonho, aos poucos, se fosse tornando realidade.
Reconheço que pelo
meio ficaram imensos sacrifícios; muitos contactos; muitas consultas; muitos
quilómetros percorridos; e, sobretudo, muitas horas de trabalho que chegou a
roçar a exaustão. Mas porque estou convicto de que se trata de um passado que
importa preservar, julgo que a aposta está ganha e que valeu a pena toda a
persistência e empenho na recolha dos dados.
A todos que tornaram
possível mais um volume de Glórias do Passado, o meu muito obrigado!
O Autor
PREFÁCIO
O acidente vascular
cerebral (AVC) é uma doença que, quando não é fatal, deixa normalmente marcas
físicas nos membros afectados do doente portador, umas vezes com sinais
evidentes de uma recuperação, mas outros casos há, porém, em que a marca fica,
sendo então transportada até ao resto da vida.
Nesta última situação,
importa que o doente enfrente com naturalidade os efeitos a que ficou
submetido, elevando ao máximo a sua autoestima, fazendo, assim, uma vida
normal, pensando sempre que o romper de nova aurora será mais um dia que
estamos no seio dos seres viventes.
Nada de submissões,
mas seguir em frente com o destino que a vida nos reservou. Somos gente capaz
de nos elevarmos ao ponto máximo de tudo fazermos sem recorrermos ao próximo na
procura de uma eventual ajuda.
O “coitadinho”, visto
de fora, é, afinal, uma pessoa útil e competente para o cumprimentos dos seus
deveres e das obrigações. Não procurámos o mal que um dia nos visitou. Chegou
quando nada o fazia prever.
Aconteceu. Tenhamos, pois, a coragem para saber
lidar com uma doença que não conhece sexos nem idades. É universal.
"Subtil, surge
inesperadamente sem avisar."
“Esta é uma obra sobre
um paciente acometido de um Acidente Vascular Cerebral, que lhe deixou como
sequela uma Hemiplegia Direita, e que do lado de lá nos relata a sua visão,
ainda que por vezes bastante ténue, o seu acompanhamento e os cuidados
prestados. O AVC na Primeira Pessoa aborda o quotidiano, os desafios, os
mistérios e os segredos desse mundo vivido pelo próprio! De maneira singela,
fala-nos de como uma doença que ameaçou dilacerar as suas esperanças de
liberdade, se deve tornar emblema de uma sociedade.
in Prefácio
José Manuel Mestre
Gestor de Serviços de
Saúde
(Ex Fisioterapeuta)