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domingo, 27 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26083: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (36): E que Deus, Alá e os bons irãs nos dêem a bianda e o mafé de cada dia...

 


Foto nº 1 >  Guiné- Bissau > Outubro de 2024 > "Cacres bem vivos ... para o prato tradicional da Guiné... Mercado de Gamamudo,  estrada entre Mansoa e Bambadinca".(Cacre, caranguejo da bolanha, de cor escura, termo do crioulo)



Foto nº 2 >    Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "O almoço de hoje", disse o djubi...


Foto nº 3A > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > O "pescador"... lançando a rede (numa bolanha antes de se chegar a Bambadinca, na estrada Mansoa - Jugudul -Bambadinca; o fotógrafo ve de Bissau e vai a caminho de Bafatá).



Foto  nº 3 > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 >  "Pesca para o almoço em uma das bolanhas antes de Bambadinca" (ele escreve "Babadinca", como pronuncia o povo...)



Foto nº 4  > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo": um sorriso para a fotografia...


Foto n º 5 > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo: vendedeira"



Foto n º 5A > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo": uma banca com legumes e peixe (da bolanha)



Foto n º 5B > Guiné-Bissau > Outubrode 2024 > "Mercado de Gamamudo": peixe seco fumado...


Foto n º 5C > Guiné-Bissau > Outubrode 2024 > "Mercado de Gamamudo":  como se chamam em crioulo estas frutas e  legumes (algumas das quais nos são familiares) ?

 (Ver aqui brochura, em pdf,  36 pp.,  "Guiné-Bissau,da terra à mesa: produtos e pratos tradicionais". que faz referência a frutas e legumes, que têm diferentes nomes em português,  crioulo e línguas locais tais como:  jagatu, tomate sinho, quiabo, niebé (feijão mancanha), foroba, nené badaje, citi (óleo de palma), fole, tambacumba, limão-da-terra, mandiple, manganaça, cabaceira,veludo,tamarindo...



Foto nº  6  > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo:  Legumes da época" (...aos montinhos, um regalo para a vista)



Foto nº 7A > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo":   frutas e legumes.


Foto nº  6A  > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo: Frutas e  legumes da época" (é sempre um regalo para a vista...)


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > "Mercado de Gamamudo"  (Pormenor de uma banca)


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Outubro de 2024 > Em Jugudu, foto tirada do jipe: "... E lá vão eles 
[ balantas] para a sua cerimónia, e estamos nós em 2024"...

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso "embaixador em Bissau" voltou ao seu posto. Depois de ter passado aqui o verão, na sua adorada Águeda, decidiu que estava na hora de voltar para aquela terra verde-rubra, que é a sua segunda ou terceira terra (depois de Angola e Portugal)...Já lá está "atabancado" há quatro décadas. (E na Tabanca Grande, há 18,  desde 1 de junho de 2006).

E quando lá chega, agora que vem aí o tempo seco, enquanto que por cá começa a aparecer a chuva, o frio. a neve, a água pé  e as castanhas, o nosso querido Patrício Ribeiro nunca se  esquece de "partir mantenhas" com os seus amigos e camaradas do "Puto"  que se reunem sob o poilão da Tabanca Grande (*)...

Sobre ele escrevemos, em 2017, o seguinte pequeno retrato a corpo inteiro:


Angola, c. 1969/72
  • Patrício Ribeiro,  empresário,  
  • português de Águeda, 
  • da colheita de 1947, 
  • vivido, crescido, educado e casado em Angola, Nova Lisboa / Huambo; 
  • antigo fuzileiro naval (Angola, 1969/72)
  • que retornou ao "Puto" (na véspera da independência...),
  • fixando-se entretanto na Guiné-Bissau, em 1984,
  •  país onde fundou a empresa Impar Lda, 
  • que é líder na área das energias alternativas; 
  • é um daqueles portugueses da diáspora 
  • que nos enchem de orgulho 
  • e nos ajudam a reconciliarmo-nos com nós mesmos 
  • e afugentar o mau agoiro dos velhos do Restelo, dos descrentes, dos pessimistas; 
  • é de há muito tratado carinhosamente  como o ´pai dos tugas´, 
  • pelo carinho e apoio que dá aos mais jovens, 
  • que chegam à Guiné-Bissau, em visita ou em missões de cooperação; 
  • de vez em quando lembra-se de nós 
  • e manda-nos fotos das suas andanças por estas bandas da África Ocidental;
  •  já estava na altura de lhe criar uma série só para ele: 
  • e chamámos-lhe, à série,   "Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro)"...(marca registada) (o primeiro poste é de 3 de abril de 2017 ) (**)

2. Embora a coluna já não o deixe andar no "gosse, gosse", ele continua a adorar conduzir o seu jipe e a calcorrear a "nha terra"... 

Seguramente que ele é, na Guiné-Bissau, uma das pessoas que melhor conhece todas aquelas bolanhas, lalas, matas, florestas, trilhos, picadas,  rios, braços de mar, tabancas, mercados, escolas,  pequenos hospitais, alojamentos locais, "resorts" turísticos, etc., e a sua gente, simples, gentil, jovem, trabalhadora... Para não falar da fauna e da flora, ele que já foi caçador, e agora só caça... de telemóvel. 

Gente guineense que todos os dias tem de lutar pelo sua "bianda com mafê"...nem que seja um peixinho da bolanha (fresco, seco ou fumado), ou uns cacres... Ou seja, é preciso, lá como cá, ganhar "o pão nosso de cada dia", ganhar para o arroz para o mafé (molho ou caldo, geralmente feito de carne, peixe ou marisco, que se junta ao arroz,a bianda).

O Patrício gosta mais de fazer e de fotografar, do que perder tempo com blá-blá... Aqui vão as suas belíssimas e sempre surpreendentes fotos (tiradas de telemóvel, com razoável resolução, c. 600 kb) com as respetivas legendas, precisas e concisas...


Obrigado, "senhor embaixador"!... E boa estação, boa estadia. Boa noite, aqui da Lourinhã. 

PS1 - Patrício, quando chegarmos ao poste 40 (vamos ainda no 36), temos de começar a pensar numa seleção das tuas melhores fotos, que estão profundamente ligadas às tuas e nossas geografias emocionais... 

Temos de passá-las a papel. Pode ser que a empresa, a Impar Lda, agora do teu filho, nora e neto...queira patrocinar a edição de um livro a condizer... Tu mereces, a gente merece... Afinal, a IMpar Lda é uma empresa social e ambientalmente responsável e dá um contributo importante para o desenvolvimento sustentado do país onde opera... (Ofereço-me para escrever o prefácio...)

PS2 - Afinal, estás a fazer 40 anos de Guiné... e 75 de África!...  "Manga de ronco", temos  que celebrar. Não te esqueças que não levas o patacão para o céu!...O São Pedro não aceita o CFA nem o dólar nem o euro... Só as "boas ações"... E um livro é uma boa ação. 

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 23 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25429: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (35): A Casa dos Direitos (antiga esquadra policial), no centro histórico de Bissau

(**) Primeiro poste da série >  3 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17203: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (1): um recorte do "Bolamense" (set / out 1963), e duas fotos para recordar: (i) uma visita do João Melo, ex-1º cabo op crito da CCAV 8351, ao antigo quartel de Cumbijã, região de Tombali; e (ii) o ilhéu de Caió, região do Cacheu

sábado, 26 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26082: (In)citações (267): Não às armas nucleares e às mudanças climáticas: carta do Papa Francisco e o testemunho dos Hibakusha (os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki), cuja organização, a Nihon Hidankyo, acaba de receber o Nobel da Paz de 2024 (João Crisóstomo, Nova Iorque)

1. Mensagem de João  Crisóstomo, o "nosso embaixador" em Nova Iorque e o nosso "régulo"da Tabanca da Diáspora Lusófona, conhecido ativista de "causas sociais " (como Foz Coa, Aristides Sousa Mendes, Timor Leste...).

Data segunda, 14/10/2024, 12:14 

Assunto - Uma carta do Papa Francisco e o Nobel da Paz de 2024
 
Meus caros,

Há muito que eu sinto que temos de “tocar os sinos a reboque” antes que seja tarde demais (*), O Comité do Prémio Nobel parece concordar comigo.

Estou a enviar isto a toda a gente a que eu possa chegar. Façam disto o que bem entenderem. Sei que "não é nenhum assunto da Guiné”, mas se alguma vez o pior acontecer nem mesmo a Guiné vai escapar. É um assunto de todos e cada um de nós.

Um grande abraçø
João

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Uma carta do Papa Francisco e o Nobel da Paz

O Nobel Committee acaba de anunciar que o Prémio Nobel da Paz 2024 foi atribuído a Hihon Hidankyo (**), a organização japonesa que tem lutado pela eliminação das armas nucleares.

Este prémio veio mesmo no momento certo, como sucedeu em 1996 quando a luta pela independência de Timor Leste recebeu renovada energia pela atribuição deste prémio.

De facto é difícil compreender a indiferença e apatia quase geral com que o problema das armas nucleares é tratado, quando da solução deste problema depende a nossa própria sobrevivência e a do nosso planeta.

A proliferação de armas nucleares, em vez de ser objeto de diálogo e conversações visando uma redução agora e num futuro a sua eliminação, tem aumentado em número de armas nucleares e de países que as possuem.

Situações como as no Médio Oriente, Ucrânia, Coreia do Norte em que os governantes fizeram e continuam fazendo ameaças sobre um eventual uso de armas nucleares,  exigem um despertar de consciências e esforços visando a sua eliminação progressiva até à sua eliminação completa. Antes que uma situação sem controle, antes que um lunático seja ele político, militar ou mesmo religioso,  com acesso ao botão vermelho,  resolva pressioná-lo.

Se o que temos presenciado é já horrível, imaginemos uma situação, comece ela onde for, no Médio ou Extremo Oriente ou qualquer parte do mundo em que armas nucleares fossem usadas. Muito provavelmente o mundo inteiro no espaço de algumas horas será transformado num inferno a nível global. Nada mais horrível do que o desespero de uma morte pelo fogo; mas se nada se fizer para que isso nunca suceda é muito provável que mais cedo ou mais tarde seja mesmo esse o destino de todos nós, o destino da humanidade.

Nessa altura tudo será tarde demais.

No ano passado ao ouvir palavras ameaçadoras em várias regiões de conflito, resolvi juntar a minha inquieta voz às daqueles que tem lutado por uma solução. Uma inesperada situação de saúde não me permitiu fazer muito. Mas o que fiz foi o suficiente para me aperceber de que existe muita gente preocupada e ansiosa pela falta de iniciativas e esforços direcionados na solução desta grande ameaça que paira sobre todos nós.

A rapidez com que recebi uma resposta do Papa Francisco a quem me dirigi também, mostra o seu grau de preocupação:

 "Estamos preocupados com as catastróficas consequências…que poderiam resultar de qualquer tipo de uso de armas nucleares", diz o Papa Francisco na sua carta de cinco de Fevereiro deste ano, para logo a seguir acrescentar: "O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações"....

A quem me ouvir eu peço que não ignorem este apelo do Papa e de muitos outros indivíduos responsáveis com indiferença. Embora eu não saiba a melhor maneira de acção, permitam-me sugerir que uma das maneiras de fazer ouvir a nossa voz - e fazendo-o sermos influentes no nosso destino - , é a de contactarmos, se possível por escrito, os nossos dirigentes , a nível local, nacional ou mesmo mundial. Dirijo-me especialmente à gente nova a quem desafio a serem os nossos lideres neste movimento.

Não receiem fazê-lo porque na maioria dos casos eles ouvem quem os procura e por vezes até esperam estes contactos que lhes permitam agir com confiança.

Este Prémio Nobel da Paz pode ajudar a que as vozes de senso comum sejam ouvidas e prevaleçam. E não esqueçamos nunca que "o destino da humanidade (…) está nas nossas mãos e nas das novas gerações."

João Crisóstomo

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A carta que recebi, a 5 de fevereiro de 2024, do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin em nome do Para Francisco é como segue: ( a tradução é minha)

« Sua Santidade o Papa Francisco recebeu a sua carta de 1 de janeiro passado, e pediu-me para lhe agradecer o ter dado a conhecer a sua preocupação com problemas relacionados com a sobrevivência da humanidade, devido às mudanças climáticas e ao potencial perigo das armas nucleares.

A Santa Sé está profundamente comprometida a convencer/estimular a comunidade internacional a tratar efetiva e responsavelmente estes problemas . O Papa Francisco está convencido de que, 'somos todos uma só família. Não há fronteiras ou barreiras, políticas ou sociais, atrás das quais nos podemos esconder e, muito menos ainda, não há espaço para a globalização de indiferença (Laudato si’, n.52).

No que diz respeito às mudanças de clima (… a transição para um “ net- zero” precisa de ser grandemente acelerada. …).   Estamos num ponto critico: sem uma mudança nos modelos de consumo e produção, assim como da forma de vida, esta transição será muito vagarosa. Nesta perspetiva , temos de nos comprometer connosco mesmos a promover uma educação para uma ecologia integral, e é essencial o envolvimento da juventude.

No que diz respeito a armas nucleares, posso garantir-lhe que o Santo Padre não se poupa a esforços para promover um mundo livre de armas nucleares. (…) 

 Estamos preocupados com as consequências humanitárias e ambientais catastróficas que poderiam resultar de qualquer uso de armas nucleares. 

 (…) Estamos também preocupados pelas consequências negativas que resultam dum continuo clima de medo, falta de confiança e de resistência, gerados pela simples posse das armas.

O envolvimento da juventude é também importante no processo de não proliferação e do desarmamento nuclear.

O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações, que irão 'passar a pasta' a outras gerações. Conforme nos foi mandatado por Deus, é nossa responsabilidade assegurar um futuro digno de ser vivido. Para conseguir isto , temos de ter coragem de mudar de rumo e evitar roubar a esperança às novas gerações.(…)"

(Assinado) , Pietro Parolin
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Notas do editor:


(**) The Nobel Prize > Press Release > The Nobel Peace Prize

(...) O Comité Norueguês do Nobel decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2024 à organização japonesa Nihon Hidankyo. 

Este movimento popular de sobreviventes da bomba atómica de Hiroshima e Nagasaki, também conhecido como Hibakusha, acaba de receber o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar,  através de depoimentos de testemunhas, que as armas nucleares nunca deverão ser utilizadas novamente. 

Em resposta aos ataques com a bomba atómica, em Agosto de 1945, surgiu um movimento global cujos membros trabalharam incansavelmente para aumentar a consciencialização sobre as consequências humanitárias catastróficas da utilização de armas nucleares. 

Gradualmente, desenvolveu-se uma norma internacional poderosa, estigmatizando a utilização de armas nucleares como moralmente inaceitável. Esta norma ficou conhecida como “o tabu nuclear”. O testemunho dos Hibakusha – os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki – é único neste contexto mais amplo. (...)

 (tr. do inglês, Google translate / LG)

Fonte:   Press release. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Sat. 26 Oct 2024. 

<https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2024/press-release/>

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

Guiné 61/74 - P26081: As nossas geografias emocionais (27): Berlim, 2023: junto aos restos do muro mais tristemente famoso do mundo: "Mein Gott, hilf mir diese tödliche Liebe zu überleben" / “Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor fatal" (António Graça de Abreu)







Alemanha > Berlim > Agosto de 2023

Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2023). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), ainda no rescaldo de mais um cruzeiro que efetuou, com a esposa, em agosto de 2023, desta vez à Gronelândia e à Islândia (*):

Data -  25 out 2024, 19:15

Assunto - Berlim 2023- .. Dá para publicar ?


Berlim, 2023, Alemanha

por António Graça de Abreu


"Para lá das portas de Brandenburgo e da Praça de Potsdam, reina a fria inteligência marxista, onde os soldados soviéticos, alguns deles sobraçando espingardas-metralhadoras, parecem sentinelas de um angustiante rigor, tolhendo toda a alegria de viver."  (Urbano Tavares Rodrigues, em 1954)


Regresso a Berlim no Verão de 2023, cinquenta e quatro anos depois, agora em avião da TAP e aterragem em Brandenburg, um dos aeroportos da cidade.

Caudais imensos de água límpida e poluída correram entretanto sob as pontes do rio Spree, que atravessa Berlim. E eu cresci, em conhecimento, em aspecto, hoje muito mais largo e gasto do que o rapazinho de há cinco décadas atrás. Levo comigo o gosto de regressar a uma cidade que marcou os meus anos de juventude, que me fez definitivamente descrer no modelo soviético de governo das gentes do mundo.

Para esta viagem de 2023, procurei na net um hotel situado na antiga parte oriental de Berlim, a mais rica em monumentos e História, e acho que acertei. Fico no Arcotel John F. Kennedy, logo ao lado da chamada ilha dos museus. Um quatro estrelas, noventa euros por noite, um pequeno almoço digno de marqueses, viscondes e barões pequeninos. Na mesma rua situa-se o vasto edifício do actual Ministério dos Negócios Estrangeiros, já aqui instalado nos tempos da Alemanha comunista.

Tenho cinco dias para conhecer, reconhecer Berlim, sem muros, nem arame farpado. Há muitos quilómetros para fazer a pé, de metro, compro um passe de dois dias para os autocarros vermelhos Hop on Hop off que dão uma volta à cidade em duas horas, passando pelos mais importantes lugares turísticos. Sobe-se, desce-se do autocarro, somos levados para quase tudo quanto é sítio.

Caminho algo perdido pela malha da cidade, em busca do norte/sul/leste e oeste, procurando o recortado traçado do velho Muro como referência. No mapa, no telemóvel, quanta sinuosidade, quantos espaços terraplanados, quanta reconstrução, quantas paredes tapadas, quanto rasgar doloroso na memória do coração de Berlim...

Hoje, o que é que resta do Muro, como recordar a humilhação de todo um povo? Em Charlie Point, tiro uma fotografia da fronteira entre as duas Berlins. Por aqui passei, engolindo sapos e petróleo, de carro, atravessando para o lado dos camaradas comunistas, em 1969. 

Agora, 2023 o posto militar ainda de pé, atravancando a Friedrichstrasse, mas funcionando para definir o avançar da avenida ladeada, entre outros, por um museu do Muro, um MacDonald e um Kentucky Fried Chicken. Não longe, há um pedaço do Muro honestamente conservado. E um extenso passeio com reconstituições rigorosas, com fotografias e texto, do que foram esses tempos sofridos de divisão da cidade.

Numa outra parte de Berlim, junto ao rio Spree, na Mühlenstrasse mantém-se de pé um pedaço do Muro com quase um quilómetro de extensão. Transformaram-no num original museu a céu aberto, com as secções do Muro decoradas com dezenas e dezenas de largas pinturas alusivas à liberdade, e outros temas da autoria dos mais diversos pintores. 

Sobressai uma cópia em grande de uma famosa fotografia de Leónidas Brejnev, o líder russo, beijando gloriosamente na boca o líder alemão comunista, Erich Honecker. A foto verdadeira foi tirada aqui em Berlim em 1979. Por baixo do rosto dos dois senhores está escrito em russo e em alemão Mein Gott, hilf mir diese tödliche Liebe zu überleben, o que significa “Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor fatal.”

Os museus da cidade, o Altes e o Neues Museun, o Bode, o Pergamon, a Nationalgalerie. Neste último espaço, numa sala enfeitada de magia, tiro uma fotografia entre dois retratos de mulher, à minha direita uma dama linda de rosto alongado pintada por El Greco (1541-1614), à minha esquerda, uma espaventosa senhora saída da imaginação de Pablo Picasso (1881-1973). A perfeição do traço, a serenidade do olhar, a esfusiante loucura. Que maravilha!

Toda esta zona da cidade foi intensamente bombardeada durante a II Guerra Mundial, houve grandes destruições, mas os nazis tinham já cuidado de guardar, em precária segurança, muitos dos fundos culturais mais valiosos. 

Os russos, os primeiros a chegar à Alemanha derrotada em 1945, levaram para Moscovo e São Petersburgo muitas das peças dos museus alemães. Estão ainda hoje, no Museu Pushkin e no Ermitage. A Alemanha reivindica o seu regresso, e há negociações para que tal aconteça.

Passear-me em absoluto prazer pela Avenida Unter der Linden, a Ópera com o Daniel Barenboim como o maestro, adiante o Reichstag, o parlamento da terra germânica. Logo depois, as Portas de Brandenburgo, ao fundo, silenciosamente abertas para a liberdade do mundo.

(Revisão / fixação de texto, bold, itálicos, título: LG)

Guiné 61/74 - P26080: Consultório Militar do José Martins (85): Protocolo de Colaboração entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e a Associação Nacional de Freguesias para concessão de benefícios aos Antigos Combatentes


Em mensagem de 23 de Outubro de 2024, o nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), fez chegar até nós uma cópia do Protocolo de Colaboração entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e a Associação Nacional de Freguesias para concessão de benefícios aos Antigos Combatentes referidos no Estatuto do Antigo Combatente, aprovado pela Lei n.° 46/2020, de 20 de agosto, e em ações de divulgação deste Estatuto.
Reproduzimos com a devida vénia.



PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO
Entre

A Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, NIPC 600 086 640, com sede na Avenida Ilha da Madeira, n.° 1, 1400-204 Lisboa, representada neste ato pelo Diretor-Geral de Recursos da Defesa Nacional do Ministérios da Defesa Nacional, Dr. Vasco Manuel Dias Costa Hilário, com poderes para o ato, adiante designada por “DGRDN”;
e
A Associação Nacional de Freguesias, pessoa coletiva de utilidade pública n.° 502 176 482, com sede na Rua José Ribeiro de Almeida, Lote 18 - 1° Dto., Benedita, Freguesia de Benedita, Concelho de Alcobaça, e escritório no Palácio da Mitra, Rua do Açúcar, n.° 56, em Lisboa, representada neste ato pelo Presidente do Conselho Diretivo, Jorge Manuel Lebre da Costa Veloso, com poderes para o ato, adiante designada por “ANAFRE”;

Adiante designadas por Partes;

Considerando que:


a) O Estatuto do Antigo Combatente, aprovado pela Lei n.° 46/2020, de 20 de agosto, consagra um conjunto de direitos e medidas de apoio económico-social e de saúde dirigidas aos Antigos Combatentes;
b) O art.° 22.° do referido Estatuto prevê que o Ministério da Defesa Nacional pode celebrar protocolos e parcerias com outras entidades, públicas ou privadas, que proponham conceder benefícios na aquisição e utilização de bens e serviços aos Antigos Combatentes;
c) As responsabilidades conferidas à DGRDN na implementação e acompanhamento das medidas de apoio aos Antigos Combatentes;
d) As freguesias, pelas competências que a lei lhes confere e pela proximidade com a generalidade da população em todo o território nacional, se afiguram como parceiros privilegiados no âmbito da implementação e divulgação do Estatuto do Antigo Combatente.

As Partes acordam celebrar o presente Protocolo de Colaboração, que se rege pelas cláusulas seguintes:

CLÁUSULA 1.ª
(Objeto)

O presente protocolo estabelece o quadro de uma colaboração estreita entre a DGRDN e a ANAFRE, traduzida na concessão de benefícios aos Antigos Combatentes referidos no Estatuto do Antigo Combatente, aprovado pela Lei n.° 46/2020, de 20 de agosto, e em ações de divulgação deste Estatuto.


CLÁUSULA 2.ª
(Obrigações da DGRDN)

Nos termos e condições estabelecidos no presente Protocolo, a DGRDN compromete-se:

a) A disponibilizar à ANAFRE a informação e esclarecimentos necessários, tendo em vista a atribuição dos benefícios estabelecidos pelo presente protocolo;
b) A nomear um interlocutor direto para contacto com a ANAFRE e as freguesias, no âmbito do apoio à prestação de informações, tendo em vista garantir qualidade e eficácia na atribuiçâo e divulgação dos direitos aos Antigos Combatentes.


CLÁUSULA 3.ª
(Obrigações da ANAFRE)

A ANAFRE, em articulação com as juntas de freguesia, compromete-se:

a) A divulgar a informação relativa aos direitos consagrados no Estatuto do Antigo Combatente e o ponto de situaçâo da implementação das medidas aí consagradas, nos termos e quando solicitado pela DGRDN;
b) A isentar os Antigos Combatentes do pagamento de atestados, certidões e outros documentos cuja emissão seja da competência das freguesias;
c) A prestar aos Antigos Combatentes os esclarecimentos por estes solicitados no âmbito do relacionamento com a Administração Pública;
d) A apoiar atividades de natureza social, cultural ou recreativa destinadas aos Antigos Combatentes;
e) Apoiar a construção e conservação de monumentos alusivos ao Antigo Combatente.


CLÁUSULA 4.ª
(Confidencialidade)

1. As Partes assumem obrigação de estrita confidencialidade relativamente a todos os dados pessoais de que venham a ter conhecimento ao abrigo do presente protocolo.

2. Esta obrigação é extensiva à informação a que os trabalhadores, subcontratados e consultores das Partes tenham acesso no âmbito das suas funções, garantindo as Partes que os mesmos assumiram um compromisso de confidencialidade.


CLÁUSULA 5.ª
(Cessação do Protocolo)

O presente Protocolo vigora a partir da data da sua assinatura, por um ano, sendo renovável automaticamente por iguais períodos, salvo se alguma das Partes o denunciar, por carta registada com aviso de receção, com uma antecedência mínima de 90 dias.

Lisboa, 21 de outubro de 2021

Pela DGRDN
(assinatura ilegível)

Pela ANAFRE
(assinatura ilegível)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 25 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26078: Consultório Militar do José Martins (84): Protocolo de Cooperação entre o Hospital das Forças Armadas e a Liga dos Combatentes para assistência médica e internamento dos seus sócios

Guiné 61/74 - P26079: Os nossos seres, saberes e lazeres (651): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (176): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Julho de 2024:

Queridos amigos,
Confesso que esta rota das olarias me encheu as medidas, conhecer o que foi e é a produção cerâmica e oleira que de algum modo uniu os destinos de Sta. Maria e Vila Franca do Campo, começo agora a perceber a razão deste meu prémio unindo as duas localidades. Obrigados a explorar todos os recursos locais, num tempo em que a cerâmica e a porcelana era para gente com recurso, esta gente modesta incluía obrigatoriamente no seu quotidiano bilhas, tigelas, salgadeiras, talhas, candeias, o barro vinha de Sta. Maria, as olarias daqui faziam o acerto final, seguia-se a venda ambulante, em tendas, em feiras, foi assim durante séculos. O município de Vila Franca do Campo preservou esta memória, foi um gosto conhecer esta rota das olarias, a louça da vila, amesendei, atirei-me depois a conhecer o património edificado e ao fim da tarde de um dia luminoso tive um merecido descanso trincando uma queijada da vila, o doce da terra. Amanhã também é dia.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (176):
Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental – 5


Mário Beja Santos

O anfitrião deste lugar que foi fundado em meados do século XV, Gonçalo Vaz Botelho, o lugar mais importante de S. Miguel até ao sismo de outubro de 1522, sugeriu que ao começo da manhã se fizesse a rota das olarias da vila. Saio do hotel, resisto à tentação de comer uma queijada da vila, ponho-me ao caminho, começo pelo deslumbramento dessa árvore que parece ter florescido para me receber, o seu nome é Calistemo, os anglófilos chamam-lhe Brush Bottle Tree, ela vem da Austrália, dá-se muito bem neste clima, fiquei aqui em adoração a esta maravilha da natureza.

Calistemo
Noutro ponto do itinerário dou com os vestígios do Forte do Tagarete, era também conhecido como Forte do Baixio, a sua missão era a de afugentar a pirataria, agora parece um ponto de vigilância das embarcações que estão ao largo, há barcos de pesca e barcos de recreio e uma intensa maresia. Com efeito, em 1849 foi aqui construído um porto de abrigo com cais de desembarque. Aqui fico uns momentos a contemplar num belo ângulo o ilhéu de Vila Franca do Campo.
Vou procurar entender a importância desta rota das olarias. Recolhi um desdobrável que se revelou altamente informativo. No passado, em Santa Maria, o barro era extraído do barreiro por barreireiros, que cavavam o barro à talhada. Depois, tendiam-no com as mãos, fazendo bolas. As bolas eram posteriormente batidas numa pedra, de forma repetida, para compactar e arredondar. Quando prontas, eram carregadas num barco que as levava de Vila do Porto para a ilha de S. Miguel. O barro de Santa Maria, que chegava a Vila Franca do Campo, tinha de ser limpo e amassado. Depois de distribuir pelos oleiros, era estendido para que se lhe tirassem as raízes e pedras para o depurar de forma a poder ser trabalhado. As olarias da vila tinham um pequeno barreiro no seu interior, onde era armazenado o barro que seria utilizado ao longo de meses para a produção de louça.
Ao mudar de roupa, esqueci-me do meu caderninho de viajante, sigo os ditames da memória, creio que estou na olaria do mestre João da Rita, recebido com muita afabilidade. E começo a bisbilhotar a variedade de peças que saem das mãos destes artesãos, que vão desde presépios a talhas.
Uma estante onde há de tudo de que se usava no passado e deixou marcas para o presente, desde fogareiros a frigideiras até mealheiros.
Puxo pelos escaninhos da memória, creio que estou na olaria do mestre José Batata, artesão possuidor de muita originalidade, alguém explica o que era o enfornamento, três homens a empilhar metodicamente as peças no seu interior. Retenho de uma placa informativa:
“O enfornamento, normalmente, era feito por três oleiros. Um colocava-se dentro da boca do forno, e começava a encher a ‘borralheira’, orientando os outros oleiros, sobre a quantidade e a tipologia de peças que necessitava para o enfornamento. Destaca-se a curiosidade de no forno grande caberem 44 alguidares grandes, 4 ‘alguidares de mão’ e 330 alguidares pequenos. Depois dos alguidares eram enfornadas as assadeiras e as balsas.”
Pus-me a bisbilhotar o interior do forno, lá no alto há uma saída dos fumos e da caloraça, e pus-me a imaginar como seria aquela viagem a partir de Sta. Maria, a chegada das bolas de barro até aqui, e depois este milagre de saírem bilhas, tijelas, salgadeiras de peixe, talhas e talhões, candeias e muito mais. A dita brochura que consultei adianta informação que me parece útil, destaca a ilha de Sta. Maria e os recursos minerais, nomeadamente a argila, Vila do Porto foi o principal centro de exportação do barro para as outras ilhas; a atividade oleira tradicional encontra-se extinta em Sta. Maria, e a industrial, de produção de telha, terminou nos anos 1960 do século XX. Esta rota das olarias em Vila Franca do Campo é um processo de recuperação dos últimos espaços existentes, funciona como Núcleo Museológico do Museu Municipal. Sem caderninho de notas, sei que andei pela olaria do mestre João da Rita e do mestre José Batata, terei ido a um forno de louça e acho que o passeio acabou numa outra olaria, talvez do mestre António Batata ou talvez mesmo um outro forno de louça, peço desculpa, mas não me recordo.
Não resisti a captar esta imagem, lembro-me de em miúdo ter visto esta armação que não se limitava a uma mola de tesouras e que também fazia arranjos em chapéu de chuva, este artesão punha “gatos” em louça estalada ou partida, eram objetos suficientemente caros e por vezes muito estimados que justificavam a reparação.
Foi na visita à última olaria que apareceu esta menina que se voluntariou a fazer uma peça pelos meios tradicionais, fiquei encantado com aquela habilidade de mãos.
Começa agora o passeio pelo património edificado, esta é a matriz dedicada a S. Miguel Arcanjo, tem pórtico tardo-gótico e o seu altar-mor tem uma bela talha.
Fachada da igreja do Senhor Bom Jesus da Pedra, também conhecida como Igreja da Misericórdia
Edifício da Câmara, caí aqui no auge dos festejos de S. João, tudo engalanado, para evidenciar a alegria de receber os festejos populares de junho
Estátua do Infante D. Henrique, escultura de Simões de Almeida
Convento de St. André, foi Mosteiro das Clarissas, século XVI

Esta primeira capital de S. Miguel, terra de um ilustríssimo missionário da China, Bento de Góis possui um belo património, tivesse eu mobilidade garantida e metia-me ao caminho da Lagoa do Fogo, ou iria à Ribeira das Tainhas ou a Ponta Garça. Pois bem, vou mobilizar todas as minhas energias para visitar o ilhéu e a Lagoa do Congro.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 19 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26058: Os nossos seres, saberes e lazeres (650): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (175): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (4) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26078: Consultório Militar do José Martins (84): Protocolo de Cooperação entre o Hospital das Forças Armadas e a Liga dos Combatentes para assistência médica e internamento dos seus sócios


Em mensagem de 22 de Outubro de 2024, o nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), fez chegar até nós uma cópia do Protocolo de Cooperação entre o Hospital das Forças Armadas e a Liga dos Combatentes para assistência médica e internamento aos membros da Liga dos Combatentes.
Reproduzimos com a devida vénia.



PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE O HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS E
A LIGA DOS COMBATENTES PARA ASSISTÊNCIA MÉDICA E INTERNAMENTO

Considerando que o Hospital das Forças Armadas (HFAR) é um estabelecimento hospitalar militar, que se constitui como elemento de retaguarda do sistema de saúde militar, criado pelo Decreto-Lei n.° 84/2014, de 27 de maio, encontrando-se na direta dependência do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas;

Considerando que o Decreto-Lei n.° 19/2022, de 24 de janeiro, que estabelece a Lei Orgânica do Estado-Maior-General das Forças Armadas e altera as Leis Orgânicas dos três ramos das Forças Armadas, prevê, no seu artigo 51.°, que o Hospital das Forças Armadas pode prestar cuidados de saúde a outros utentes, para além dos que presta a beneficiários militares das Forças Armadas, militarizados, família militar ou deficientes das Forças Armadas, na sua capacidade sobrante, mediante celebração de acordos com outras entidades ou, quando tal não for possível, por despacho do CEMGFA;

Atendendo a que o legislador, com esta disposição, pretendeu conferir margem ao HFAR para alargamento do seu universo de utentes, na medida da sua capacidade sobrante;

Considerando, ainda, que é interesse do HFAR colaborar com a Liga dos Combatentes na medida das suas possibilidades e que existe disponibilidade para assistência médica e internamento;

Considerando que a Liga dos Combatentes tem como um dos seus principais objetivos estatutários promover a proteção, auxílio mútuo e solidariedade social em benefícios geral do país e direto dos seus associados;

Considerando que a Liga dos Combatentes pretende ter no HFAR o seu hospital de retaguarda para onde poderá referenciar os seus associados que necessitem de cuidados diferenciados;

Considerando que a Liga dos Combatentes, num estudo preliminar, estima que o número de utentes, seus associados, a referenciar anualmente, se situará entre os 1500 a 2000, entre os polos do Porto e de Lisboa do HFAR;

Considerando, por fim, que ambas as entidades estão altamente empenhadas em promover o bem-estar social e a qualidade de vida das pessoas mais vulneráveis, nomeadamente dos antigos combatentes;

É celebrado o presente Protocolo de Cooperação, doravante designado por Protocolo,

Entre:

O HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS, adiante designado HFAR, com o número de identificação de pessoa coletiva 600010180, sito na Azinhaga dos Ulmeiros — Paço do Lumiar, 1649-020 Lisboa, aqui representado pelo aqui representado pelo Diretor do Hospital das Forças Armadas, Comodoro Francisco Gamito Ferreira Quaresma Guerreiro, por designação para assinatura pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, General José Nunes da Fonseca,
e
A LIGA DOS COMBATENTES, adiante designada de LC, com sede na Rua João Pereira da Rosa, 18, 1239-042 Lisboa, pessoa coletiva 500816905, de utilidade pública administrativa, sem fins lucrativos, equiparada a IPSS, aqui representada pelo Tenente- General Joaquim Chito Rodrigues, na qualidade de Presidente da Direção Central.

O qual se rege pelas cláusulas seguintes:

Cláusula 1.a
Objeto e âmbito

O presente Protocolo tem por objeto o estabelecimento das condições de cooperação entre as Partes para assistência médica e internamento dos membros da LC, no HFAR.

Cláusula 2.a
Atribuições do HFAR

No âmbito do presente Protocolo, o HFAR compromete-se a:

1. Assistir e internar, os membros da LC, providenciando o seu acompanhamento médico, incluindo a realização de todos os exames complementares de diagnóstico e terapêutica julgados necessários pelos respetivos médicos, atento os recursos de assistência hospitalar disponíveis nas suas instalações, mediante a sua capacidade sobrante, nas mesmas condições de prestação aos demais beneficiários do sistema de saúde militar;

2. Providenciar, segundo critérios clínicos dos seus profissionais, o seu acompanhamento cirúrgico, caso necessário.

Cláusula 3.a
Beneficiários

Encontram-se abrangidos pelo presente protocolo todos os membros da LC.

Cláusula 4.a
Local de execução

Os serviços de saúde objeto do presente Protocolo serão prestados nas instalações do HFAR, em Lisboa e no Porto.

Cláusula 5.a
Condições de acesso

Os membros da LC devem identificar-se, nas instalações previstas na Cláusula 4.a mediante apresentação do documento de identificação e documento comprovativo da condição de sócios da LC, sendo também portadores da “Declaração de acesso ao Hospital das Forças Armadas”, emitida pelos Núcleos ou Centros de Apoio Médico, Psicológico e Social (CAMPS) da LC, documentos imprescindíveis para a aceitação dos utentes ao abrigo deste protocolo.

Cláusula 6.a
Marcações

O agendamento de consultas e meios complementares de diagnóstico e terapêutica é da responsabilidade das Secções de Gestão de Utentes dos Polos do HFAR.

Cláusula 7.a
Preçário

As tabelas de preços a aplicar aos beneficiários do presente protocolo são as que se encontram em vigor na produção da atividade clínica e consequente faturação do HFAR, sem prejuízo da faculdade de definição de outro regime de faturação a estabelecer nos termos da lei.

Cláusula 8.a
Proteção de dados

Cada uma das Partes é responsável pelos dados recolhidos e compromete-se a cumprir escrupulosamente a legislação aplicável à proteção de dados pessoais, nomeadamente o Regulamento (UE) n.° 679/2016, de 27 de abril, e a Lei n.° 58/2019, de 08 de agosto, que transpõe e executa a matéria de proteção de dados no ordenamento jurídico nacional.

Cláusula 9.a
Alterações, dúvidas e omissões

1. Quaisquer alterações ao presente Protocolo serão acordadas por ambas as Partes, através de adenda.

2. As Partes comprometem-se a resolver entre si, em comum acordo, quaisquer dúvidas, omissões ou dificuldades de interpretação que possam advir da execução do presente Protocolo.

Cláusula 10.a
Resolução de conflitos, lei e foro competente

1. O presente Protocolo rege-se, em todos os seus aspetos, pela lei portuguesa.

2. As Partes comprometem-se a solucionar, de comum acordo, por meio extrajudicìal, quaisquer conflitos decorrentes da execução do presente Protocolo.

3. Caso não seja possível alcançar solução por comum acordo, é competente o foro das Comarcas de Lisboa ou Porto, com expressa renúncia a qualquer outro.

Cláusula 11.a
Resolução

Qualquer das Partes pode resolver o presente protocolo, a todo o tempo, mediante comunicação escrita fundamentada à contraparte, em caso de incumprimento culposo do presente Protocolo, desde que tal incumprimento torne inviável a manutenção da sua vigência.

Cláusula 12.a
Vigência

O presente Protocolo entra em vigor na data da sua assinatura pelos representantes das Partes, e vigora pelo prazo de 02 (dois) anos, renovável por iguais e sucessivos períodos, salvo se for denunciado por qualquer das Partes, mediante comunicação escrita à contraparte com uma antecedência mínima de 60 (sessenta) dias.

O presente protocolo é assinado em duplicado, ficando um exemplar para cada uma das Partes.

Lisboa, 16 de outubro de 2024

PELO HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS,
Francisco Gamito Guerreiro
Comodoro

PELA LIGA DOS COMBATENTES,
Joaquim Chito Rodrigues
Tenente-General


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Em tempo:

Esclarecimento do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes:

1 - Relativamente à declaração de acesso ao Hospital das Forças Armadas (que consta no Protocolo), esclarece-se o seguinte:
- A declaração é emitida pelo Núcleo ao sócio da LC com as quotas pagas (do ano em curso) e comprovadas no seu cartão de sócio (a apresentar no HFAR com o documento de identificação).
- Esta declaração é passada pelo Núcleo apenas na primeira vez que o sócio pretende ser encaminhado para o HFAR. Passando a ser utente do HFAR, será o médico de referência do HFAR, a encaminhar, se for necessário, para outros cuidados de saúde.

2 - Relativamente ao preçário (cláusula 7ª): os preços a aplicar aos sócios da LC, que passam a ser utentes do HFAR, têm como referência a Tabela da ADSE.

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Nota do editor

Último post da série de 10 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25505: Consultório Militar do José Martins (83): Revolta de 16 de Março de 1974 passou pelo Concelho de Loures

Guiné 61/74 - P26077: Notas de leitura (1737): Notícia de um conflito interétnico sangrento na ilha de Bissau, em 1931 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Outubro de 2024:

Queridos amigos,
Feitas as contas ao quadro de hostilidades que o Governador Soares Zilhão vai punir, temos uma guerra sangrenta na Península de Bissau que vitimou sobretudo Mancanhas, e das averiguações feitas apurara-se que os Grumetes tinham extravasado competências, procedimento inaceitável para a potência colonial soberana, e daí a dureza dos castigos, para serem exemplares. Estávamos em 1931, a pacificação de Canhabaque chegará em 1936, tudo leva a crer que há uma mudança radical de atitudes e já com a governação de Ricardo Vaz Monteiro e fundamentalmente com a política do desenvolvimento aplicada pelo comandante Sarmento Rodrigues, tirando a ilha de Bissau do seu isolamento.

Um abraço do
Mário



Notícia de um conflito interétnico sangrento na ilha de Bissau, em 1931

Mário Beja Santos


Continua ativa uma certa historiografia que responsabiliza integralmente a potência colonial pelo acirramento dos conflitos interétnicos, fazendo tábua rasa de que antes da chegada dos portugueses toda a região tinha os seus reinos com as suas permanentes hostilidades, agressões, rapinas e arrebanhamento de escravos; simultâneo à chegada da presença portuguesa nessa difusa região a que se chamou Senegâmbia, assistia-se à desagregação do Império do Cabo, que foi acelerada por esses mercadores portugueses (mais tarde vieram concorrentes espanhóis, holandeses, franceses e britânicos); as regras do mercado foram completamente alteradas, os mercadores evitavam envolver-se em conflitos interétnicos. Há também outra acusação de que, com a consolidação da ocupação e pacificação, os portugueses dividiam para reinar, estavam do lado dos Fulas e antagonizavam os Balantas, por exemplo.

Nada disto em termos históricos pode ser visto a preto ou branco. E nada como pegar num acontecimento, tirar a prova dos nove de que os conflitos interétnicos existiram ao arrepio da estratégia colonial.

No suplemento ao Boletim Oficial n.º 39, de 1931, o Governador João José Soares Zilhão, com a data de 20 de outubro faz publicar a seguinte portaria:

“É do conhecimento público que esta colónia foi sobressaltada pelo desencadear em Bissau de uma desordem gravíssima entre as tribos Papel e Mancanha, cujas povoações se aglomeram nos subúrbios da cidade de Bissau e seus arredores até ao sítio de Bissauzinho, cobrindo assim aproximadamente a metade Este da ilha de Bissau, que agricultam em conjuntos com algumas povoações Balantas, que não intervieram diretamente nos acontecimentos.

É igualmente sabido que parte da ilha de Bissau a Oeste do Bissauzinho, incluindo esta povoação, se conservou perfeitamente submissa e ordeira, respeitando deste modo, como devia, as autoridades. Do domínio público é também que, a seguir às desordens sangrentas de 27, 28 e 29 de setembro, os estado de sítio da ilha de Bissau organizou no mesmo dia uma repressão sistemática da grave perturbação da desordem que rebentou em 27, atingiu o ponto agudo em 29 que, apesar das medidas de coação tomadas pelo corpo de Polícia de Bissau, causou a morte a numerosos indígenas, sobretudo da tribo Mancanha, entre os quais inocentes mulheres e inocentíssimas crianças, que foram vítimas de única circunstância de pertencerem a uma tribo, com a qual andava, havia muito tempo, de rixa a tribo dos Papéis.

Não pode ignorar-se nem desconhecer-se a perturbação política e económica, que tal alteração de ordem veio causar, fazendo gastar os serviços das colunas de polícias e auxiliares Fulas, dinheiros deveriam ser aplicados a fins úteis do fomento da colónia e à assistência do indigenato, assistência que este Governo sempre manteve cuidadosamente, pelo organismo de curadoria, que é chefiado pelo Diretor dos Serviços e Negócios Indígenas.

Do conhecimento público é ainda que nos motins e assassínios de setembro intervieram vários indígenas assimilados, conhecidos pela designação de Grumetes, já instigando direta ou indiretamente os Papéis já agindo pessoalmente nos ataques à arma branca contra os Mancanhas.

Ora, o facto de indígenas há muito sujeitos ao domínio português resolverem dirimir entre eles estas questões para cuja resolução existem os Tribunais Indígenas de 1.ª Instância, presididos pelos administradores e o Tribunal Superior funciona na direção dos Serviços e Negócios Indígenas, representa um desrespeito gravíssimo das leis nacionais e um atentado contra a ordem interna da colónia. E os indígenas sabem-nos muito bem porque à administração soberana recorrem – e têm recorrido sempre, para a resolução de casos graves e até de outros fúteis.

Mas, se a ignorância de indígenas num estado ainda bárbaro pode perceber-se, a intromissão numa rixa gravíssima (como foi a que se produziu em setembro) de elementos assimilados, os Grumetes, que tudo devem à nação dominadora, desde o vestuário europeu que aprenderam a usar, até à instrução que recebem das várias escolas desta colónia, representa a mais formidável deslealdade e a mais descaroável ingratidão possíveis para com a Mãe Pátria.

E tais Grumetes administravam justiças em indígenas em suas propriedades ou concessões, intrometiam-se em questões indígenas, exercitando atos de procuradoria e advocacia, que só competem naturalmente, ao diretor dos Serviços e Negócios Indígenas e respetivos agentes. Assim, pois, cometiam atos de clara indisciplina contra a leis e regulamentos nacionais, como se prova das averiguações agora levadas a efeito.”

E postos um conjunto de considerandos o Governador expulsa da Guiné e deporta para a colónia de S. Tomé e Príncipe por uma certa quantidade de anos régulos e chefes de povoação e assimilados, de acordo com a listagem que aqui se publica.

Escusam de me perguntar se tão dura sentença foi por diante, ou até se houve comutação das penas; o que prova esta decisão do Governador Zilhão é que diferentes tribos na ilha de Bissau pretendiam um claro espaço de autodeterminação que a potência colonial jamais podia tolerar E escusado é lembrar que a Península de Bissau tem um longo histórico de hostilidades a quem vivia dentro da fortaleza e das muralhas da vila. O que nos leva a perguntar o que foi efetivamente a pacificação da Península de Bissau feita pelo capitão João Teixeira Pinto, em 1915.


Uma imagem muito antiga
Outra imagem muito antiga de Bissau
Aviação do antigamente na Guiné, imagem restaurada, Casa Comum/Fundação Mário Soares
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Nota do editor

Último post da série de 21 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26065: Notas de leitura (1736): Regresso a um clássico da historiografia guineense: A questão do Casamansa e a delimitação das fronteiras da Guiné (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26076: S(C)Comentários (49): "Quem não tem padrinhos, morre Mouro" (José Colaço)... "E quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão" (Luís Graça)



Fotograma de vídeo da RTP, 1968, "Marco Paulo Anima Tropas na Guiné" (1' 23'') (com  devida vénia...) (No vídeo, outro dos artistas que atua neste espetáculo é o cabo-verdiano Bana, então em início de carreira; e na assistência parece-nos também reconhecer o gen Arnaldo Schulz, a bater palmas...) 


1. A propósito do popularíssimo Marco Paulo (Mourão, 1945 - Sintra, 2024) que acaba de deixar da Terra da Alegria, depois de uma prolongada, digna e corajosa luta contra o cancro, e que nos seus verdes anos foi nosso camarada na Guiné (*)...

(i) Luís Graça:

 A história do Hugo Guerra (*), hoje cor inf DFA reformado, ... é uma delícia!... 

Vem um gajo do "inferno de Gandembel" para desopilar em Bissau, e é apanhado "em contramão" pelos sacanas da PM... Quem apanha a seguir com a fúria toda acumulada, é um pobre de um cabo, nos Correios, o peito ao léu, desabotoado, afogueado pelo calor...Mas não é um cabo qualquer, ponto e vírgula, é o Marco Paulo, é já o futuro grande artista Marco Paulo!...

Salvaguardas as devidas proporções (e sem qualquer crítica para ninguém), faz-me lembrar a história dos cães famélicos e vadios da "Cova do Lagarto", vítimas da Op Noite das Facas Longas:

  • o tenente coronel andava com os cabelos em pé com medo de levar um "par de patins" do Spínola; 
  • pressionava o segundo comandante (um militarista, que nunca se vestia à civil!) e o major de operações a mostrarem serviço; 
  • estes, por sua vez, obrigavam os desgraçados dos "pretos de 1ª e 2ª classe" a andar no mato a toda a hora do dia e noite; 
  • o capitão não chiava porque, á beira  dos 40 anos, estava na calha para ser promovido a major; 
  • o "chico" do alferes "ranger", garboso 2º comandante da companhia, com um ego de todo o tamanho, batia-se à cruz de guerra, e estava sempre danado para sair com os seus "rapazes"; 
  • os furriéis, os cabos e o resto da "tropa-macaca" andavam à beira de um ataque de nervos...

Um bela noite de verão tropical, com milhões de insetos atacar em voo picado os ouvidos dos pobres "tugas", mais a sinfonia lancinante dos vira-latas, que tomavam conta da parada à noite, uivando como verdadeiras alcateias de lobos..., tudo somado fez encher o copo...

Às 3 da manhã, um piquete exterminador, armado de Walthers P38, com balázios de 9 mm, em loucas correrias de jipe, deu cabo de todo o canil da  "Cova do Lagarto"... (Este massacre ficou, obviamente omisso, na história do batalhão...).

Toda a gente, a começar pelo comandante, teve um resto de noite descansada, e até com direito a sonhos cor de rosa... Nessa altura, ainda não havia o partido dos animais e da natureza... Nem cão era gente, e muito menos "turra". Mas pior que "turra".

Este é mais "um conto com mural ao fundo"... A verdade é que quando o mar bate na rocha quem se f*de é sempre o mexilhão...



(ii) A a propósito de um militar ficar ou não em Bissau (como acontecia com os artistas, os futebolistas, e outras figuras públicas, mais os "meninos" que tinham cunhas...), bem pergunta o alentejano José Colaço (ex-sold trms, CCAÇ 557, 1963/65),  que foi parar com os costados ao inferno do Cachil, no Como:

(...)  "Sorte ficar em Bissau?!... O Zé Manuel Concha do Duo Concha também teve essa sorte... que se chama "Cunha"... E aí formou um conjunto e animava as noites de Bissau. Como diz o provérbio popular, "Quem não tem padrinhos, morre Mouro"....

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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 9 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26025: S(C)em Comentários (48): O quarto dos horrores... no "Anexo de Campolide" do HMP (Excerto do livro "Cabra Cega", 2015, de A. Marques Lopes, 1944-2024)