Alemanha > Costa báltica >Agosto de 2023
Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2023). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), ainda no rescaldo de mais um cruzeiro que efetuou, com a esposa, em agosto de 2023, desta vez à Gronelândia e à Islândia (*):
Data - segunda, 21/10/2024, 22:34
Assunto - Viagens... Dá para publicar ?
Lübeck, Travemünde, Rostock, Warnemünde, Alemanha
As minhas aventuras por esta Alemanha debruçada sobre o Báltico começaram no Verão de 1967 (**).
Eu era um rapazinho de vinte anos, encalhado em Hamburgo, na margem do rio Elba, estudando, trabalhando, meio falho de ternura, entregue aos cuidados da minha menina alemã, companheira e amiga, a Inge Balk, dezanove anos, loiros e doces.
No abrir do Verão, aí viemos ambos de comboio desde Hamburgo até Lübeck, a cidade de Thomas Mann (1875-1955), prémio Nobel da Literatura em 1929, espairecendo pelo burgo hanseático, a liga antiga que unia uns tantos portos de mar do Báltico e do Atlântico Norte. Lübeck, cheia de igrejas, de ruas com casinhas do século XVI, a Holsten Tor, uma das quatro portas da cidade datada de 1464, tudo hoje Património Mundial pela Unesco.
Em Travemünde se apanhavam os navios que faziam a ligação com a Suécia e a Finlândia. Em meia dúzia de horas de navegação chegava-se, e chega-se, às capitais do Báltico.
Avançando para o mar, tínhamos também praia em Travemünde. Foi tempo de estender o corpo na areia tépida e de ir molhar os pés nas águas ainda frias no mês de Junho. A praia cheia de barracas de verga, com a abertura orientada a sul, para se protegerem do vento.
Logo ali, do outro lado da foz do rio Trave, começava o arame farpado, com uma alta torre de madeira de vigilância da DDR, a Alemanha Oriental. Os camaradas comunistas tomavam conta da fronteira. Pela primeira vez, eu via a Alemanha dividida, o outro lado aparentemente inacessível.
Ano de 2023, viagem pelas quase mesmas paragens, agora, desde Berlin, 250 quilómetros de comboio, com passagem por Rostock até chegar a Warnemünde, velho porto germânico fundado em 1195. Há cinquenta anos atrás tudo isto era território da DDR, a Alemanha Comunista mas desse lado o sistema político não trouxe liberdade, nem democracia, raramente chegou um pouco mais de felicidade às pessoas.
Hoje é tudo Alemanha, respira-se um ar mais puro, desinfestado de pestilências políticas do passado. Venho para continuar viagem num navio rumo à Gronelândia e aproveito um dia inteiro para testemunhar as semelhanças entre Travemünde e Warnemünde, ambas portos de mar na margem esquerda da foz de um rio, o Trave e o Warnow, as duas debruçadas sobre o mar Báltico, a 150 quilómetros uma da outra, com praias famosas para alemão fruir.
Outra vez em Junho, e o tempo ainda frio, 17 graus, mas a cidadezinha já cheia de veraneantes e turistas, alguns de passagem, como eu, em navios de cruzeiro. Desta vez não fui molhar os pés no Báltico, apenas o largo passear pela cidade e, para matar saudades de um glorioso tempo do passado, num imbiss, um tasquinho germânico, comer duas salsichas e beber uma cerveja alemã. (***)
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Notas do editor:
(***) Último poste da série > 24 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25679: As nossas geografias emocionais (25): Quase todos partimos, até 1972, num navio de transporte de tropas, a partir do Gare Marítima da Rocha Conde Óbidos, e não da Gare Marítma de Alcantara...
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