terça-feira, 12 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26143: Humor de caserna (81): "Há ouro em Bafatá ?!"... A imaginação febril dos serôdios "garimpeiros" coloniais... (Excerto do "Diário Popular", de 20 de outubro de 1951, suplemento especial dedicado às províncias ultramarinas que, em revisão constitucional, tinham acabado de deixar de ser colónias)

 


Excerto do Suplemento do "Diário Popular", edição de 20 de outubro de 1951, pág. 9



Capa do Suplemento do "Diário Popular", edição de 20 de outubro de 1951,



Capa da edição do "Diário Populae", de 20 de outubro de 1951. Era diretor o Luis Forjaz Trigueiros (1915-2000)


1. Na euforia do  fim do "Pacto Colonial", e da revisão constitucional (Lei nº 2048, de 11 de junho de 1951),  a imprensa lisboeta começa a olhar para o "ultramar português"  como um mercado cheio de potencialidades... 

É um número de "informação e propaganda", em que figuras-chave do Governo de Salazar (Sarmento Rodrigues, Ulisses Cortês, etc.) mas também historiadores alinhados política e ideologicmemte com o Estado Novo (Damião Peres, por exemplo, que a dirigiu a monumental História de Portugal, publicada entre 1928 e 1954) assinam artigos de opinião ou dão entrevistas...

 O "Diário Popular", na sua edição de 20 de outubro de 1951 ( e não de 20 de outubro de 1961, como vem escrito por lapso, na ficha da Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa), distribuiu um suplemento, dedicado ao Ultramar, desde Cabo Verde a Timor,  com 218 páginas (22 das quais são dedicadas à Guiné).  

É uma raridade bibliográfica, está disponível  aqui em formato digital. Merece uma leitura atenta.  E tem apontamentos deliciososos, como este que publicamos acima, na série... "Humor de caserna" (*).  (O "há ouro em Bafatá" faz-nos lembrar a rábula do saudoso e genial Solnado, na divertida comédia televisiva , de 1986,  "Há petróleo no Beato"...)

Um pensamento "seráfico" de Salazar dá o tom para esta edição "eufórica" sobre o ultramar português e a "nossa ancestral vocação civilizadora":

"Nós somos filhos e agentes de uma civilização milenária que tem vindo a elevar e converter os povos à conceçãoo superior da própria vida, a fazer homens pelo domínio do espírito sobre a matéria, do domínio da razão sobre os instintos"...

Dentro dos condicionalismos da época (a começar pela censura), temos de reconhecer, no entanto,  que o "Diário Popular" foi também um viveiro de grandes cronistas,  repórteres e jornalistas.

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Guiné 61/74 - P26142: Convívios (1010): 58º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, quinta, 21 de novembro de 2024... Almoço de Natal: "Bacalhau à Caravela d'Ouro"

Lista (provisória) com os primeiros 28 inscritos (até  há uns 6 dias)


58º CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA
 DA LINHA


Data - Quinta, 21 de novembro de 2024


Local - RESTAURANTE: CARAVELA DE OURO (Algés)

Morada: Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés |

Telefone: 214 118 350

Estacionamento em frente tem sistema de "Via Verde Estacionar"


I N S C R I Ç õ E S

Inscrições até ao terça, 19 de novembro de 2024
  • Manuel Resende: Tel - 919 458 210
  • manuel.resende8@gmail.com
  • magnificatabancadalinha2@gmail.com
  • dizendo "vou" ao convite no nosso grupo no Facebook

Estarei atento ao grupo do Whatsapp para quem se inscrever aqui.
Respondam apenas "SIM" ou não digam nada.

PREÇO POR PESSOA ... 25.00€
(Crianças dos 5 aos 10 anos se aparecerem, pagam metade)

PAGAMENTO
Peço que tragam a quantia certa para evitar trocos:  25 Euros.
Quem quiser pagar por Multibanco, vá ao Rés-do-Chão e, ao entrar para a sala, apresente o duplicado.
+ + + E M E N T A + + +

Começamos com aperitivos e entradas às 12,30 horas | O almoço será servido às 13 horas.

APERITIVOS DIVERSOS
Bolinhos de bacalhau - Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e presunto
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel.


SOPAS
Canja de galinha ou Creme de Marisco


PRATO PRINCIPAL

Bacalhau à Caravela de Ouro (parecido com bacalhau à minhota)


SOBREMESA
Salada de fruta ou Pudim | Café


BEBIDAS INCLUIDAS
Vinho branco e tinto “Ladeiras de Santa Comba" ou outro
Águas - Sumos - Cerveja

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26132: Convívios (1009): Centésimo Encontro da tertúlia da Tabanca do Centro, a levar a efeito no próximo dia 29 de Novembro de 2024, em Ortigosa

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26141: Notas de leitura (1743): À descoberta do passado de África, por Basil Davidson (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Julho de 2023:

Queridos amigos,
Desta edição em português se fez outra destinada ao Ministério da Educação da República Popular de Angola, em 1981. A este país recentemente independente interessava um relato que não se cingisse à visão colonial ou mesmo à história monumental da UNESCO. Confiou-se no poder divulgador de Davidson que pesquisou em diferentes livros o passado africano, e há que reconhecer que fez um levantamento corretamente cingido a investigações de referência. Mas ao abordar a questão ainda hoje muito tensa do comércio de escravos tudo se irá polarizar no negócio europeu, passa-se uma esponja sobre o tráfego praticado entre a Arábia e o Norte de África, a vida destes impérios do norte, centro e sul do continente onde se praticava o comércio negreiro e onde ninguém possuía direitos. Ora o que ele vai enfatizar é o comércio negreiro praticado pelos europeus, o outro, praticado durante séculos entre gente da mesma cor, não conta. Assim se pretendia fazer lavrar o mito de que tinham sido os colonialistas europeus a definhar África através do comércio mais ignóbil do mundo. Mas Davidson era um homem comprometido com estes movimentos de libertação e fez parte fraca. O passado de África teve os seus momentos de glória e as múltiplas fraquezas e ações ignóbeis que encontramos nos outros impérios.

Um abraço do
Mário


À descoberta do passado de África, por Basil Davidson (2)

Mário Beja Santos

A edição original é de 1978 e a tradução portuguesa de 1981, Sá da Costa Editora, que também produziu uma edição para o Ministério da Educação da República Popular da Angola. Basil Davidson, jornalista e escritor, tem vasto currículo ligado aos movimentos independentistas de língua portuguesa, recordo que foi ele que propiciou a ida de Amílcar Cabral a Londres em 1960, o líder do PAIGC (então PAI) apresentou um significativo documento sobre as colónias portuguesas, deu conferências e conversou com parlamentares, estabeleceu apoios. Este livro é uma introdução à história dos africanos, decorre às vezes numa atmosfera de intenso elogio ao contributo dos africanos para o progresso do Mundo Antigo, enfatizará a ascensão e esplendor de civilizações famosas do vale do Nilo, e iremos ver referências a mercadores e impérios, o Gana, o Mali e o Songai; haverá uma exposição quanto à importância da África Oriental e Central, como é óbvio procuraremos relevar o que ele escreve sobre a África Ocidental. Em tom francamente divulgativo, seguem-se exposições quanto ao modo de vida dos africanos, uma exposição sobre o comércio de escravos e, por fim, um capítulo dedicado ao colonialismo e independência.

Já viajámos por impérios do passado, Gana, Mali e Songai, seguidamente o autor transporta-nos para a África Oriental e Central, dá-nos uma descrição da cultura Suaíli, o viajante árabe Ibn Battuta, que referenciou Tombuctu e as cidades do Mali e Songai, rumou para o sul, esteve onde é hoje a capital a Somália, Mogadíscio, e depois Quíloa, o principal centro do comércio do ouro e do marfim da África Oriental, situada numa pequena ilha junto da costa da parte sul da Tanzânia. Tudo vai mudar em 1498, com a viagem de Vasco da Gama, ele não encontrou Quíloa na sua primeira viagem, esteve em Mombaça e depois Melinde. Davidson refere os reinos Xonas, foram visitados por portugueses que partiam de Sofala e que avançaram para esta região entre os rios Zambeze e Limpopo. No século XV, quando os Xonas se lançaram num importante período de expansão política, eles já tinham criado importantes Estados e haviam completado as altas muralhas do Grande Zimbabué, residência dos seus governantes mais poderosos, cerca de 1400.

Impõe-se uma referência ao reino de Angola, há a considerar o reino do Congo e o dos Quimbundos, a sul, na atual parte ocidental e central de Angola, chamava-se Ndongo e o rei tinha o título de Ngola. Em 1500, os portugueses do Congo confundiram o título do rei com o nome do país, entrou em uso o nome de Angola. O autor recorda a correspondência entre os reis de Portugal e os do Congo. E voltamos à África Ocidental, fora a região mais densamente povoada do continente, sabe-se que tudo mudara com a avassaladora extensão do deserto, foi aqui que se deu o impacto do comércio de escravos do Atlântico, levaram para a América as artes, as técnicas e o trabalho da gente negra. O autor dá-nos o quadro do passado recente antes da vinda dos europeus:
“Os africanos ocidentais comerciavam com o Norte e o Leste. Vendiam os produtos das suas florestas, o ouro e a noz de mascar aos mercadores viajantes do Sudão, do Mali e a gente do território dos Haússas. Toda a África Ocidental era atravessada por uma rede de rotas comerciais ligadas às cidades mercantis, tais como Djenne, Tombuctu e Kano. Os africanos ocidentais ao sul do Sudão também comerciavam muito entre eles próprios.” O autor fará referência aos reinos Iorubas, ao império do Oyo, ao império do Benim, que manteve boas relações com os portugueses. “O povo de Benim viu que os europeus estavam desejosos de comprar a pimenta que eles cultivavam em quantidade, pois a pimenta era então um produto valioso na Europa. Descobriram também que os europeus tinham grande admiração pelos excelentes algodões tingidos e queriam comprá-los. Em contrapartida, o povo do Benim achou que os europeus possuíam coisas úteis para lhes vender, nomeadamente artigos de linho e de metal.” As obras de arte produzidas deste intercâmbio são hoje altamente disputadas pelos museus e grandes colecionadores.

Uma palavra agora para o reino do Achanti, que englobava a maior parte do que é agora a República do Gana. Depois de 1700, os Achantis dominaram um vasto território durante quase 200 anos. E depois de uma descrição feita deste reino de Achanti, Davidson descreve o sistema político africano, a governação, as linhagens, as sociedades secretas, mas também a religião, o encontro entre o cristianismo e o Islão, a feitiçaria, a tecnologia prática, o tratamento dos metais, a fiação, tintura e tecelagem; e igualmente pormenoriza a arte de viver, a literatura, a música, o teatro. E assim chegamos à história do comércio de escravos entre África e o Mundo Ocidental.

Chama-se a atenção do leitor que Davidson, não se sabe bem porquê, não tem uma palavra sobre o comércio de escravos antes da chegada dos portugueses e outros, ora a escravatura vem desde os tempos antigos, em qualquer conquista entre povos africanos se escravizava população e esta era comerciada pelo continente. A sua narrativa começa exclusivamente com a chegada dos portugueses, mas antes, porém, socorre-se de uma descrição mirabolante, truncada do que fora a escravatura no passado. Vale a pena reproduzi-la para se ver a onde nos leva a manipulação e a ignorância:
“As primeiras incursões em busca de cativos negros que pudessem ser vendidos na Europa têm de ser encaradas no contexto da época. Em 1441, quando Antão Gonçalves zarpou da costa portuguesa, o comércio de escravos já era muito antigo na Europa. Remontava à época romana e, mais atrás ainda, à Grécia antiga. Continuou parte importante da vida quotidiana na Europa até ao fim da Idade Média e mesmo posteriormente. Tratava-se sobretudo de comércio de escravos europeus. Estes vinham, normalmente, dos países eslavos da Europa Oriental, porque os povos eslavos converteram-se ao cristianismo mais tarde que os outros europeus; e os cristãos, como os muçulmanos, não viam nada de errado em escravizar os não-crentes. Este comércio não se confinava à Europa. Estados cristãos, especialmente as cidades-estados da Itália, tais como Génova e Veneza, vendiam muitos escravos europeus para os reis do Egito e da Ásia Ocidental e quando o fornecimento de não-cristãos baixava, eles compravam cristãos e vendiam-nos também. Os genoveses eram tão ativos na venda de cristãos que o Papa Martinho V, em 1425, emitiu uma ordem de excomunhão contra eles. Mas o destino destes cativos era muito diferente do dos escravos transatlânticos de épocas posteriores. Tal como em África, eles tornavam-se pessoas sem direitos que podiam ser compradas e vendidas, ou oferecidas de presente, para servirem como pessoal doméstico ou artífices especializados. Podiam ascender a postos de autoridade, casar no seio das famílias dos amos, trabalhar para reaverem a liberdade. Eram muito bem tratados, porque eram caros. Apenas os ricos podiam tê-los. Por conseguinte, Gonçalves e os seus colegas capitães, trazendo prisioneiros africanos para Lisboa, não viam crime no que faziam e sabiam que a carga era valiosa.”

Assim se passa uma esponja sobre a história do comércio negreiro africano que antecede o comércio negreiro europeu em África…

(continua)

Basil Davidson (1914-2010)
Bronzes do Benim, coleção do Museu das Belas Artes de Boston
A Grande Mesquita, Djenne, Mali
Gao e o rio Niger
Mapa do império Mali, cerca de 1337
Saleiro de Marfim, arte cingalo-português, séc. XVI, império do Benim, peça do Museu Britânico
Saleiro, séc. XVI, arte cingalo-portuguesa, peça do Museu Nacional de Arte Antiga
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Notas do editor

Vd. post de 4 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26114: Notas de leitura (1741): À descoberta do passado de África, por Basil Davidson (1) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 8 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26128: Notas de leitura (1742): "A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar 1878-1926", por Armando Tavares da Silva; Caminhos Romanos, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26140: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (40): No porto-cais de Quinhamel, comendo umas ostras de tarrafe (entrada) e uma bentana grelhada (prato de peixe) no restaurante do Ti Aníbal, ao som da música dos "catchus" e na companhia de um camarada "jadudi"...


Foto n º 1 > Guiné-Bissau  > Região de Biombo > Quinhamel > Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal >    O meu almoço: entrada,  uma travessa de ostras de tarrafe




Fotos nº 1A  e 1B> Guiné-Bissau  > Região de Biombo > Quinhamel >  Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal >  As belas ostras de tarrafe.. Grelhadas.



Fotos nº 2 e 2A> Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel >Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > Prato principal: "Bentana" grelhada


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel > Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > Camarada convidado, um jagudi


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel > Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal >





Foto nº 5 e 5A> Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel >Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > Música, e cantares dos donos do lugar, os "catchus". Que também já foram em outro tempos servidos à mesa.


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel > 10 de novembro de 2024 > Estrada, para o restaurante e porto cais. Talvez não a encontrem no GPS




Fotos n º 7 e 7A> Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel >Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > A água e lama que se vê na foto é doce...por este motivo é que alguém ...mandou construir o porto cais neste local...não é facil encontar água doce a correr para o mar todo o ano como aqui.


Foto n º 8 > Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel > Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > Os mangueiros, muitos dos antigos combatentes já os conheceram são os mesmos. O tarrafe e o protector de toda a fauna maritima, esta região do Biombo, tem muita área de tarrafe, nas tabancas as mulheres com as suas redes apanham os camarões que vão vender...


Foto n º 9 > Guiné-Bissau > Região de Biombo > Quinhamel > Porto-cais > 10 de novembro de 2024 > Restaurante do ti Aníbal > A piscina privada, que a meio da tarde mandei encher, estavam 36 graus ...A água e a lama fazem bem à pele, depois das chuvas que terminaram há 2 semanas.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. São fotos devidamente legendadas, acabadas de chegar hoje entre a meia noite e meia e as duas,,, Como a Net é mais lenta na Guiné-Bissau, são mandadas por e-mail, uma a uma... É preciso paciência de santo. Uma operação, como esta, pode levar meia-hora a uma hora...(O Patrício deitou-se às duas da matina.)

Este fim de semana o "nosso embaixador em Bissau" foi almoçar a Quinhamel, a um sítio secreto (de que ele não quis divulgar as coordenadas)... 

O resturante do Ti Aníbal não vem no GSP nem no Google Earth...nem muito menos no TripAdvisor...Quando lá voltarmos, tem que ser à boleia, no jipe do Patrício...  Ele é o melhor guia da Guiné-Bissau...

Quinhamel, a capital da região do Biombo (a nmenos de 30 km de Bissau), tem meia-centena de referências no blogue. 

O Patrício tem já vai perto de 170 referências. É autor da série "Bom dia desde Bissau" (iniciada em 3 de abril de 2017).  Mas ele já está atabancado, aqui connosco,  desde 1 de junho de 2006 (!)...É um dos "dinossauros" da Tabanca Grande.

Obrigado, Patrício. Não acredito que tenhas comido esses "calhaus" todos... Vais pôr a malta toda a salivar...No meu tempo comiam-se as ostras (cruas) à fartazana em Bissau, a 20 paus uma travessa... Com muita "lima" e cerveja... Comecei a adorar ostras em Bissau... Agora parece que temos de as ir comer a Quinhamel. Por causa da poluição do Rio Geba... E não há depuradoras para os bivalves na Guiné-Bissau... (Fazem muito bem à saúde... mas cuidado com as ostras cruas, para mais em ambiente tropical, há sempre o risco de complicações relacionadas com gastroenteristes e ingestão de metais pesados.)

Guiné 61/74 - P26139: Roteiro dos museus e outros lugares de memória e cultura, abertos (ou a abrir) ao "antigo combatente" (3): Com a medida "Acesso 52", já podemos levar a família, incluindo filhos e netos, a visitar gratuitamente os museus, monumentos e palácios nacionais, pelo menos uma vez por semana ao longo de todo o ano








Peniche > 15 de agosto de 2024 > Fortaleza de Peniche, hoje Museu Nacional da Resistêrncia e Liberdade... Um dos museus, monumentos e palácios tutelados pelo Ministério da Cultura,  abrangido pela medida "Acesso 52", e a  cuja entrada gratuito passou a beneficiar o antigo combatente e a sua família.


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados [Edição : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. A partir do passado dia 1 de agosto, os antigos combatentes jã podem levar a família, incluindo filhos e netos, a visitar gratuitamente os museus, monumentos e palácios nacionais, pelo menos uma vez por semana ao longo de todo o ano... 

Infelizmente há mais semanas por ano (=52) do que museus e monumentos nacionais (sob tutela do Ministério da Cultura)  a visitar "à borla" (=37). Mas aproveitemos, até para melhorar as nossas estatísticas de consumos culturais que, no conjunto da União Europeia, não são famosas...

Com a devida vénia, do Portal República Portuguesa > XXIV Governo, destacamos:

Notícias > 2024-08-01 às 11h13 > Novo regime de gratuitidade em museus e monumentos

Os portugueses e residentes em Portugal passam a poder visitar;

(i) 37 museus, monumentos e palácios do Ministério da Cultura no Continente, 

(ii) gratuitamente;

(iii) 52 dias por ano;

(iv) a qualquer dia da semana. 

Até agora a gratuitidade estava limitada aos domingos e feriados.

A decisão da Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que entrou em vigor a 1 de agosto de 2024, permite também que cada pessoa visite mais de um museu ou monumento num dos 52 dias de gratuitidade.

O processo é simples: 

(v) à entrada em cada museu ou monumento, cada visitante deve apresentar numa das bilheteiras – uma primeira vez para registo – o seu Cartão de Cidadão e indicar o seu número de contribuinte;

(vi) quando entrar novamente num museu ou monumento, deverá dirigir-se à bilheteira e voltar a apresentar o seu Cartão de Cidadão para lhe ser descontado o dia no cômputo dos 52 dias de acesso gratuito.

Garantir o acesso à cultura é uma medida estruturante do Programa da Cultura do Governo.

II. Ainda segundo a mesma fonte (o portal do Governo), os portugueses e residentes em território nacional podem visitar em qualquer dia da semana, gratuitamente, os museus, monumentos e palácios que se seguem:

  • Convento de Cristo, em Tomar.
  • Fortaleza de Sagres, em Vila do Bispo.
  • Mosteiro de Alcobaça, em Alcobaça.
  • Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
  • Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
  • Museu de Alberto Sampaio e extensão no Palacete de Santiago, em Guimarães.
  • Museu de Arte Popular, em Lisboa.
  • Museu de Lamego, em Lamego.
  • Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha.
  • Museu Nacional da Música, em Mafra.
  • Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche.
  • Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Conímbriga, em Condeixa -a -Nova.
  • Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra.
  • Museu Nacional de Soares dos Reis e Casa-Museu Fernando de Castro, no Porto.
  • Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.
  • Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa.
  • Museu Nacional do Traje, em Lisboa.
  • Museu Nacional dos Coches e Picadeiro Real, em Lisboa.
  • Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo e Igreja das Mercês, em Évora.
  • Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu.
  • Museu Rainha D. Leonor e extensão na Igreja de Santo Amaro, em Beja.
  • Paço dos Duques, Castelo de Guimarães e Igreja de São Miguel do Castelo, em Guimarães.
  • Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
  • Palácio Nacional de Mafra, em Mafra.
  • Panteão Nacional, em Lisboa.
  • Torre de Belém, em Lisboa.
  • Museu D. Diogo de Sousa, em Braga.
  • Museu dos Biscainhos, em Braga.
  • Museu da Terra de Miranda, em Miranda do Douro.
  • Museu do Abade de Baçal, em Bragança.
  • Museu Dr. Joaquim Manso, na Nazaré.
  • Museu da Cerâmica, em Caldas da Rainha.
  • Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa.

III. Quais destes museus e monumentos nacionais são mais visitados ?

Com a pandemia, perdemos naturalmente visitantes:

De cerca de 5,1 milhões  de visitantes (em 2017) passámos para de 1,3 milhões (em 2020 2 2021), uma quebra brutal de  mais de 70%.

Em 2023, já se atingiu quase os 3,7 milhões. Os cinco equipamentos culturais mais visitados (nenhum deles museu) foram (em números redondos, em milhares; entreparêntesis, a localização):

1º Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa) > 965,5
2º Fortaleza de Sagres (Sagres, Vila do Bispo)> 427,8
3º Castelo de Guimarães (Guimarães)> 387,6 
4º Paço dos Duques de Bragança (Guimarães) > 387,2
5º Mosteiro da Batalha (Batalha) > 366,8


Dos museus nacionais (MN) e outros museus (M), os mais cinco mais visitados foram (em números redondos, em milhares):

1º MN Azulejo (Lisboa) > 276,2
2º MN Coches  (Lisboa )> 226,2
3º MN Arte Antiga  (Lisboa) > 107,2
4º MN Conímbriga (Condeixa-A-Velha) > 97,1
5º M Alberto Sampaio (Guimarães) > 85,5


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Nota do editor:


Vd. também postes de:


domingo, 10 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26138: As nossas geografias emocionais (33): Oslo, Noruega (António Graça de Abreu)





Noruega > Oslo > 2023

Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2023). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




O escritor, sinólogo, 
tradutor e "globe-trotter"  
António Graça de Abreu
com a esposa, médica,
Hai Yuan
1. Mensagem do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), ainda no rescaldo de mais um cruzeiro que efetuou, com a esposa, em agosto de 2023, desta vez à Gronelândia e à Islândia (*):

Data - terça, 29/10/2024, 16:00
Assunto - Oslo


Oslo, Noruega

Na essência de nós, questionar o que pretendemos ser, dar as mãos abertas, não fechar o punho, abrir o entendimento e a alegria, esconder as lágrimas, 
segurar o cajado e o vento. No caminho por 
múltiplas paisagens, deslumbramentos 
breves, os desvairos, a sacanagem das 
gentes, buscar a harmonia do mundo

Nostálgico, meio triste, chego a Oslo, por mar, pelo fiorde que conduz à cidade. Nas encostas, casinhas 
de campo e outras, subindo, descendo por reentrâncias do mar, enseadas, marinas, abraçando a terra. No silêncio das águas, uns tantos barcos à vela e lanchas a motor, reentrâncias pelas terras nórdicas, tudo organizado, disciplinado, sob um sol de Verão claro e limpo. Estou numa terra de excelência e paz, mas não alheia à loucura e à insensatez dos homens.

Aqui, ao lado de Oslo, fica a ilha Utoya onde algumas centenas de jovens, gozando férias no Verão de 2011, foram brutalmente atacadas, em ritual de morte, por um celerado norueguês chamado Anders Breivik, e setenta e sete deles mortos a tiro e á bomba. Aconteceu nesta pacata Noruega, um dos países mais ricos e civilizados do mundo.

Oslo é uma cidade onde impera a liberdade, o objectivo dos políticos desta terra será organizar, disciplinar, pôr ainda mais ordem numa sociedade já de si tão pacífica e próspera.

Passeio-me nos jardins com centenas de pessoas deitadas na relva, descansando ao sol estival, os parques polvilhados de flores e originais esculturas, os imponentes edifícios do governo, entro no palácio onde todos os anos é entregue o Prémio Nobel da Paz. O porto de mar, o centro do burgo, os lagos, as pontes, a cidade estendendo-se, para norte, crescendo. Serenidade e paz.

© António Graça de Abreu (2023)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P26137: O nosso livro de visitas (225): Jaime Portugal, ex-alf mil, CART 6251/72 (Catió e Cabedu, 1972/74)




Guião da CART 6251/72, Os Galos (Catió e Cabedú), 1972/74) 

(Cortesia de Jaime Alberto Portugal Peixoto Lopes, mais conhecido no CTIG como alf mil Peixoto




1. Através do Formulário de Contacto do Blogger, recebemos a seguinte mensagem do nosso camarada Jaime Portugal (ou Peixoto), que quer integrar a Tabanca Grande:

Data - sábado, 9/11/2024, 18:37

Caros camaradas:

É com grande prazer que vos descobri há minutos, quando pesquisava sobre a Guiné. Isto porque estive lá como alferes miliciano de 72 a 74. 

A partir das memórias que tenho, estou a escrever um livro sobre a minha experiência, como comandante do destacamento de Cabedú, no sul da Guiné, entre o rio Cumbidjã e o rio Cacine. 

Terei todo o prazer em participar no vosso blogue, bem como apresentá-lo a outros camaradas da nossa companhia, a CART 6251, de 1971. 

Já vi que têm um trabalho extraordinário. Tenho algumas fotos que poderei partilhar,mas tenho que digitalizar, primeiro.

Abraço. Jaime Portugal

Cumprimentos,
Jaime Alberto Portugal Peixoto Lopes  |  (segue endereço de email...)

2. Resposta do nosso editor LG:

Jaime: és recebido de braços abertos, como antigo camarada de armas no CTIG. Acontece que não temos nenhum representante da tua CART 6251/72, os "Gaios". 

Existimos há 20 anos na Net, enquantio blogue (Luís Graça & Canaradas da Guiné) e o nosso propósito é o de juntar "amigos e camaradas da Guiné", com destaque, naturalmente, para os antigos combatentes, que têm histórias,fotos e outras memórias para partilhar.

Somos já 894,  entre vivos (=745) e falecidos (=149). Tu, Jaime, poderás ser o nº 895. Usamos, simbolicamente, a imagem do poilão para representar a nossa tertúlia.

Traz mais um ou mais camaradas da tua companhia para se sentar ao teu lado, à sombra do nosso poilão. Há uns anos atrás encontrámos  uma foto e uma mensagem do Fernando Gomes,  ex. 1º cabo cripto da tua CART 6251/72,   em nensagem, com data de em   21 de junho de 2017, no blogue do nosso histórico tabanqueiro, Sousa de Castro, CART 3494 e Camaradas da Guiné.

Manda-nos, pelo menos, 2 duas fotos tuas, tipo passe, uma mais ou menos atual e outra do teu tempo da Guiné, oara a gente te poder apresentar ao resto do pessoal da Tabanca Grande.



Guiné > Região de Tombali > s/l > s/d > CART 6251/72 (Catió e Cabedu, 1 > O 1º cabo cripto Fernando Gomes, ao centro; à esquerda, o J. Romão (?); e à direita, o alf mil Meles.

Foto: cortesia da página do Facebook do Fernando Gomes (natural de Leça do Balio, Matosinhos; a residir na Maia).


3. Ficha de unidade > CART 6251/72:

Companhia de Artilharia nº 6251/72
Identificação CArt 6251/72
Unidade Mob: RAP 2 - Vila Nova de Gaia
Cmdt: Cap Mil Art Virgílio Augusto da Silva Ferreira Martins
Divisa: -
Partida: Embarque em 22jun72; desembarque em 22jun72 | Regresso: Embarque em 9ago74


Síntese da Actividade Operacional

(i) efectuou a IAO, no Cumeré, de 23jun72 a 22jul72, no CMI;

(ii) seguiu para o subsector de Catió, em 23jul72,  a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2792;

(iii) em 21ago72, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4510/72.

(iv) em 12dez72, a zona de acção do destacamento de Cabedú passou a constituir um novo subsector, ficando então na dependência do COP 4, criado na referida data, e depois do BCaç 4514/72;

(v) em 1mar74, foi substituída no subector de Catió pela 3ª Comp / BCav 8320/72, ali colocada do antecedente em reforço, tendo então assumido a responsabilidade do subsector de Cabedú em 3mar74 e ficando na dependência do BCaç 4514/72 e depois do BArt 6520/72.

(vi) entretanto, passou a ter dois pelotões destacados em Catió, em reforço da guarnição local e dar colaboração na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Catió-Cufar, na dependência do BCaç 4510/72 e depois do BCaç 4510/73.

(vi) em finais de jul74, foi substituída no subsector de Cabedú pela CArt 6552/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

(vii) tem História da Unidade (Caixa nº 105 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM - Arquivo Histórico-Militar.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 484.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26087: O nosso livro de visitas (224): Gonçalo Silva, bisneto do Comandante Jerónimo, que comandou a Canhoeira Salvador, gostaria de obter ainda mais informações acerca do seu bisavô, que combateu na batalha de Negomano onde Teixeira Pinto perdeu a vida

Guiné 61/74 - P26136: Agenda cultural (866): Convite para o lançamento do livro "Viagem de um Capitão de Abril", da autoria de Aniceto Afonso, a levar a efeito no próximo dia 12 de Novembro de 2024, pelas 18h00, na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95 - Lisboa. Apresentação a cargo de Lídia Jorge


Caros amigos (as),
Só para tomarem nota na vossa agenda. Quero dar-vos um abraço de muita amizade no dia 12 de novembro pelas 18h00 na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95, Lisboa, quando fizermos o lançamento do meu livro “Viagem de um Capitão de Abril”, da Colibri. O Prefácio é do meu amigo e camarada Carlos de Matos Gomes e a apresentação será feita pela amiga Lídia Jorge. O convite será enviado a seu tempo, mas não é necessário, a entrada é livre.
Aproveitarei também para apresentar um outro livro de poemas e desenhos “Este Eu que Eu Sou, Não Sou Eu”, com prólogo da Dulce Afonso.
Espero muito que possam estar presentes, pois será um dia muito especial para mim.
Ainda não há capas para vos mostrar.

Abraço amigo,
Aniceto Afonso

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Nota do editor

Último post da série de 8 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26125: Agenda cultural (865): Convite para o lançamento do livro "Lavar dos Cestos - Liturgia de Vinhas e de Guerra", da autoria de José Brás, a levar a efeito no próximo dia 1 de Dezembro, pelas 15h00, na Casa do Alentejo, Rua das Portas de S. Antão, 58 - Lisboa. Com a participação do Coronel Carlos Matos Gomes, representante da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e do Grupo Coral Fora D'Oras (Cante)

Guiné 61/74 - P26135: As nossas geografias emocionais (32): Bafatá, 1959, ano de cheias, fazendo jus ao nome da vila ("o rio vai cheio") (Leopoldo Correia, ex-fur mil, CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65)

 

Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > O jardim local, na margem direita do rio Geba Estreito. Ao centro, a estátua de Oliveira Muzanty.


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (1): Uma das ruas da zona ribeirinha inundadas; à esquerda, o comerciante Carlos Marques da Silva


Foto nº 3 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (2):  uma loja com um passadiço improvisado


Foto nº 4 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (3):  o mercado que já existia nos 30, de arquitetura revivalista



1. Ainda não se falava de "alterações climáticas", mas já o rio Geba Estreito (ou Xaianga) transbordava, periodicamente, as suas margens, inundando a baixa da vila de Bafatá (próspera, a partir dos anos 30/40, graças ao "ciclo da mancarra")...


As fotos chegaram, há uns largos anos atrás, ao nosso blogue, pela mão do nosso tabanqueiro Leopoldo Correia (ex-fur mil, CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65) (foto à esquerda).

Estas e outras fotos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar seu, ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Henen.

Mais tarde, falando com o Leopoldo Correia, ao telefone, vim a descobrir que afinal o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande!...

De facto:

(i) era um homem das sete partidas: depois da "peluda", viveu em Angola, trabalhou na Diamang;

(ii) voltou para o "Puto', trabalhou na EDP, por exemplo na Central Termoelétrica do Barreiro onde fez amizade com amigos e conterrâneos meus, o Carlos e o Hugo Furtado (que andou comigo na escola primária);

(iii) na Guiné, também conheceu, entre outros, o Fernando Rendeiro, comerciante de Bambadinca a cuja casa fui algumas vezes almoçar, no tempo em que lá estive (julho de 69/março de 71)...

(iv) falou-me da viúva do Rendeiro, mandinga, Auá Seid (entretanto já falecida) e dos filhos (que  o comerciante de Bambadinca, natural da Murtosa,  nunca nos mostrava mas de quem falava com tanto carinho e orgulho: tinha uma filha a tirar direito, em Coimbra)...

(v) vivia em Águas Santas, Maia;

(vi) não tenho, há muito, notícias dele.

As fotos revelam um drama que se tem agravado com o tempo: as cheias do rio Geba (ou Xaianga).

A antiga cidade colonial de Bafatá (topónimo que vem do mandinga, "baa faata", "o rio vai cheio), infelizmente ainda não conseguiu ultrapassar a decadência urbana,demográfica e económica, que tem a idade da independència do país. (**)

O fim do "ciclo da mancarra", " a semente do diabo" (imposta pelos "colonialistas", e de queo grupo CUF, através da Casa Gouveia, foi o grande beneficiário)  foi também, material e  simbolicamente, o fim da "princesa do Geba". Em contrapartida, o "ciclo do caju", imposto pela nova economia planificada de Luís Cabral, não produziu a riqueza que se esperava, para a grande maioria dos guineenses, em geral, e os bafatenses, em particular, que criaram novas tabancas  ao longo do eixo rodoviário do leste, que liga Bambadinca a Nova Lamego. 

No nosso tempo havia as tabancas da Rocha,da Ponte Nova, da Nema... Há muitas mais... Mas continua a haver inundações no Vale de Bafatá, como este ano, provocando grandes estragos, em culturas (arroz de bolanhas de água doce) e em habitações, ao longo do curso do rio até Bambadinca,
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P26134: Parabéns a você (2326): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Operações Especiais da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74)

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Nota do editor

Último post da série de 9 de Novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26130: Parabéns a você (2325): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do ERec 2640 (Bafatá, 1969/71); António João Sampaio, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 15 e ex-Cap Mil Inf, CMDT da CCAÇ 4942/72 (Mansoa, Barro e Bigene, 1973/74) e João Alves Martins do BAC-1 (Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)