quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5178: Humor de caserna (16): Ui!Ui!... A minha despedida da Tabanca Grande... com saída pela porta do cavalo! (José Belo, Suécia)

1. Mensagem, com data de 22 do corrente, enviada pelo nosso camarada José Belo, ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia há mais de três dezenas de anos... 

  Assunto - A minha despedida da Tabanca Grande... com saída pela porta do cavalo! 

 É com profundo desgosto, e saudade antecipada, que termino a minha humilde participação no nosso querido blogue. "A sós comigo, sem me ter por amigo!", como tão genialmente escreveu Fernando Pessoa. Depois de curtas (?) linhas pseudo-humorísticas sobre os saudosos Ui!Ui! das margens do Rio Grande de Buba, que sempre julguei...ficarem entre Amigos, fui inesperadamente contactado, alta madrugada, pelos Serviços Secretos Finlandeses,com perguntas incessantes relacionadas com os meus escritos inocentes sobre os Ui!Ui! da Guiné (*). 

 Perante a minha perplexidade, esclareceram ser atentos leitores do blogue, e estarem principalmente interessados nas notícias relacionadas com as peles de Ui!U! desde os tempos em que as importavam, em grandes quantidades, através da Casa Gouveia de Bissau. Segundo eles, estas peles, pelas suas qualidades isoladoras, são ainda hoje o elemento fundamental dos capotes de Inverno das tropas Finlandesas (perante a inveja dos militares suecos e noruegueses que se lá vão contentando com as miseráveis peles de rena).

 Sabendo-me especialista em Ui!Ui! e conhecedor operacional do estratégico triângulo Buba/Mampatá/Empada, habitat preferido destes animais, queriam saber a data exacta do regresso dos bandos armados (agora sob o comando de um tal General Bruno) à zona referenciada (?!). Perante mais uma das minhas ingénuas perguntas sobre as razões que os levavam a assumir tal regresso, responderam enfadados, se eu julgava que eles não tinham lido cuidadosamente na Tabanca Grande algumas sólidas afirmações de que a guerra colonial não estava militarmente perdida (sic). Mais uma vez, tive que, respeitosamente, concordar com eles. (Para mais, os gajos eram uns matulões!). 

 Em troca desta minha possível informação de insider (como sói dizer-se!) entregaram-me videos, bandas sonoras e disquetes de computador com todas as conversas telefónicas e e-mails da Presidência da República em Belem, obtidas, segundo eles, através de um renegado. Como os camaradas devem começar a compreender... a coisaé séria. 

 Mas a maior surpresa ainda me estava reservada! Ao chegar a casa, e frente ao computador, não é que a primeira imagem do vídeo mostrava o Dr. Durão Barroso, aquando estudante universitário, num plenário comunista chino, com algo na cabeça, que, segundo as legendas finlandesas, era um gorro maoísta feite de pele de Ui!Ui! (tenho que confessar, num áparte patriótico, que não gostei do termo gorro usado pelos finlandeses, quando existe o termo genuíno português... barrete!). 

Eu só conseguia repetir a histórica frase do Sr. Almirante Pinheiro de Azevedo: -O Povo é sereno! O Povo é sereno! Mas o mais extraordinário ainda estava para vir. Os vídeos e escutas ilegais á Presidência da República mostravam, sem sombra de dúvida, a secreta utilização dos comprimidos LM-Laboratório Militar! As milhares de toneladas que sobraram quando em Abril de 74 se estabeleceu um INTERVALO (que espero curto!) no ciclo do Império colonial, estão actualmente armazenadas em grutas profundas nas ilhas Berlengas. (Devidamente documentado por fotografias de satélite espião russo, e por estes gentilmente cedidas aos finlandeses). Estes comprimidos LM, depois de convenientemente pintados a azul, são enviados para o mercado mundial sob o nome comercial de... VIAGRA! 

 Depois de tantas, e tão perigosas revelações, e na solitude da minha casa no extremo norte de Suécia, já bem dentro do círculo polar ártico, gostaria de poder utilizar o método dos guerrilheiros do PAIGC e pendurar-me numa árvore a meditar. Só que os 25 graus negativos lá fora, tornam a coisa inconfortável. Até lá, e enquanto procuro encontrar saída para a perigosa situação em que me encontro, estarei afastado de Vós! 

 Adeus até ao meu regresso! José Belo,  Estocolmo, 22/10/09

 PS 1 -A bem da verdade... Não só eu, mas todos os Camaradas, que, dentro do seu pequenino bando armado tiraram férias na Guiné, têm como obrigação patriótica de corrigir um erro histórico gravíssimo, cometido por um de entre nós, ao assumir a autoria quanto à técnica de respirar por palhinha na bolhanha. A citada técnica, e para tal tenho em meu poder a PALHINHA ORIGINAL, gentilmente oferecida por um dos Srs. Coronéis dos Serviços Secretos Finlandeses (que me está a servir para beber vodka directamente da garrafa enquanto Vos escrevo!) foi ensinada pelo paizinho do Sr. Presidente Barak Obama, aquando uma das viagens por este feita á costa ocidental africana, quando por mero acaso encontrou o então Capitão Bruno na mata do... Pilão! A primeira experiência com resultados documentados foi efectuada por este distinto camarada na piscina do clube de oficiais em Bissau.

 PS 2 - Um abraço do tamanho da distância da Suécia a Portugal! http://www.youtube.com/watch?v=wzmaG7yE2yY 

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 Nota de L.G.:

 (*) Vd. postes de: 


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5177: Em busca de... (101): Procuro qualquer informação sobre o pessoal da CART 3567 (Marcelino – Pira de Moscavide)

1. Mensagem do ex-Fur Mil At Inf Jorge Canhão, da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa 1972/74, datada de 21de Julho de 2009:

Camaradas,

Recebi um telefonema de um Camarada da CART 3567 - o Marcelino -, que esteve em Mansabá entre 1972 e 1974, dizendo-me que deseja contactar os seus Camaradas desta sua companhia.

Estive a consultar o blogue, e verifiquei que anda mais um Camarada a tentar, também ele, entrar em contacto com os restantes - o Manuel Henrique Faria (através da filha Paula Sofia, no poste P5018) -, mas não deixaram qualquer indicação para se entrar em contacto com eles!

No mesmo poste P5018, em comentários, o Xico Allen deixou em 27 de Setembro de 2009, a seguinte mensagem:

Olá boa noite gente boa.
É verdade q pouco ou quase nada transmito para a nossa Tabanca, mas quando precisa de apoio e eu estou informado, logo levanto o braço. Bom, sabemos q o Zé Martins está bem documentado, para a ajudar a localizar o pessoal da 3567 (a minha era a 3566), que saiu de Penafiel e chegou ao Cumeré em 27 de Março de 72. Tenho alguns contactos, o Bateira, penso q era o furriel mec. e o Véras q era delegado da Comp. em Bissau. Vive em Valpaços mas é de Chaves.
Abraços.
Xico Allen

Além desta informação, gostava de deixar aqui no blogue o seguinte:

APELO
Ao pessoal da CART 3567
"Os Insaciáveis"
1972/74

O vosso Camarada Marcelino (o pira Moscavide), pretende encontrar os seus camaradas da CART 3567. Neste momento está a viver em Gouveia. O nº do seu telemóvel é: 966 446 678.

Também podem enviar-me um e-mail, para o meu endereço pessoal, que eu transmito-lhe a mensagem: jorge_canhao@netcabo.pt

Abraços,
Jorge Canhão

Emblemas de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

(*) Vd. poste “Em busca de…” referente à mesma companhia em:

(**) Vd. último poste da série em:

24 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5152: Em busca de... (100): Informações sobre António Vieira, 1º Cabo RT COMANDO - 15ª Companhia de Comandos (Valdemar Pinto)

Guiné 63/74 - P5176: FAP (35): O trágico acidente aéreo de 25 de Julho de 1970, no Rio Mansoa (Carlos Coelho / Jorge Félix / Jorge Narciso)




Fotos do Jorge Coelho (ex-Alf Mil Pil) e do Carlos Coelho, Fritz (Fur Mil Pil), de 2008 (a primeira,de cima para baixo) e de 1969 (a segunda).

Fotos: © Jorge Félix (2009). Direitos reservados


1. Comentário do Carlos Coelho, com data de 26 do corrente (*)

Por hoje só quero esclarecer um pequeno detalhe, o terceiro helicóptero era pilotado pelo Furriel Mil Pil Av Coelho - Carlos Coelho - mais conhecido por Fritz. Dentro em breve voltarei à vossa presença para tentar dar algumas respostas às perguntas que pairam sobre o que se passou naquela tarde. Carlos Coelho - Fritz.

2. Mensagem de L.G. enviada ao Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil Av Heli Al III:

Jorge: Como vai essa bizarria ? Essa saúde ? Este estado de alma ? O Fritz é do teu tempo... Infelizmente náo mandou o endereço de e-mail...Dou conhecimento também ao Jorge Caiano, que está no Canadá, e que também foi protagonista dos acontecimentos [ o acidente de heli, no Rio Mansoa, de 25/10/70]... Abraço. Luís


3. Mensagens do Jorge Félix:

(i) Caro Luís: Junto um email que contem as fotos do encontro, o último, e de uma vivência que tive com o Coelho. Segue também o endereço do Fritz. Jorge Félix.


(ii) Caríssimo: Não vale a pena chorar sobre a minha saúde.... é o que se pode arrumar.

O Fritz , grande amigo, foi largado por mim na Guiné. Muita água da Bolanha, congelada, foi bebida a empurrar o whisky, aturando cada qual, a lenga lenga do outro. Ele, Furriel Coelho, Comandante da TAP, era, naquele acidente, que é o que neste momento interressa, o terceiro daquela formação. Terceiro mas talvez o mais avisado daqueles aviadores. Sei o que aconteceu, contado pela pessoa do Coelho, mas, visto que ele prometeu voltar, esperemos pela sua narrativa.

O Manso, foi o Camarada que me rendeu. O Jorge Caiano julgo ser o que foi substituir o Pinto. Não convivi com eles tempo que me dê qualquer lembrança.

Tenho fotos do Coelho e do Cubas... Depois das notas do Coelho, se for caso que valha a pena, junto as fotos.

Desculpa a trapalhada das palavras, a química cerebral tem destas coisas. Um abraço para toda a família guineense.

Jorge Félix

4. Mensagem do Jorge Narciso, enviada ao Carlos Coelho, através de comentário ao Poste P3292 (*):

Olá, Coelho (Fritz)

Eu sou o Jorge Narciso, era mecânico nos helis e coabitámos neles na Guiné. Não sei se te lembras de mim, mas folgo reencontrar-te.Também eu emiti um comentário (ao poste da Sofia Bull) acerca do acidente que ficará a léguas do que poderás dizer enquanto interveniente directo no que aconteceu. Fico à espera. Recebe um abraço. Jorge Narciso.

5. Comentário do Jorge Narciso ao
Poste P5162 :

Olá, Luís e Sofia:

Apresentando-me: Jorge Narciso, ex-Cabo Especialista MMA (Mecânico de Avião), colocado na linha da frente dos helis (Alouette III), na BA12 - Guiné, entre Abr 69 e Dez 70.

Tinha um comentário sobre este assunto completamente pronto para editar, quando a linha caiu e com ela o alinhamento de ideias que acabava de digitar.

Fiquei desapontado quando tentava ajudar a perceber à Sofia (filha do meu companheiro Bull, que há uns anos não vejo e muito gostaria reencontrar) as causas que impediram que viesse a conhecer o seu avô paterno [ James Pinto Bull].

Assim e para obviar uma nova e eventual quebra, vou tentar sintetizar as ideias com o risco naturalmente de passar por cima de alguns pormenores.

Assim:

(i) Confirmo que o acidente se registou num domingo, dia em que o movimento de voos era muito reduzido e no caso se resumiu a esta missão. E confirmo-o por 2 factos,

a) Porque estava escalado para esse voo, tendo inclusive estado e pronto a partir, no helicóptero acidentado (já com os rotores a funcionar e portas fechadas) só não seguindo porque chegou entretanto à placa o malogrado Capitão do Exército para integrar a visita e que face à lotação completa que se registava nos helis, tomou o meu lugar por determinação do comandante de Esquadra, seguindo a missão com o suporte técnico do Mecânico Electricista (Caiano) (**) já antes sediado no Heli 1.

b) Tendo ficado de alerta à linha, coube-me aguardar o resto do dia pelo regresso dos helis para os receber e arrumar.

(ii) Confirmo também que os helis eram pilotados por:

- Heli 1 (Comandante) Cap Cubas
- Heli 2 (acidentado) Alf Manso
- Heli 3 - Fur Coelho

(iii) Para mais de meia tarde e quando já estranhava o atraso no retorno da missão, foi-me solicitado o aprontamento de um hali, no qual, pilotado pelo Ten Pereira (penso que já falecido) e pelo Fur Galinho (que no caminho me informou sucintamente do que se passava), participei na 1ª ida ao local do acidente.

(iv) As condições atmosféricas que atravessamos eram, apesar de normais nessa época do ano, particularmente más (das piores que registei no mais de ano e meio de voos sobre toda a Guiné), com vento e chuva muito fortes e tendo que no caminho ir fazendo desvios para contornar aglomerados de nuvens de forte borrasca.

(v) Na, apesar de tudo, rápida chegada ao local e apesar da fraca visibilidade distinguiram-se apenas dois (dos três) helis aterrados (julgo que um em cada margem do rio) junto aos quais aterrámos sucessivamente procurando perceber a ajuda necessária , sendo evidente nos dois casos a estupefacção e o choque de todos os ocupantes.

Referiram os pilotos que foram envolvidos por uma súbita borrasca (tornado?) com drástica perda de visibilidade e obrigando a aterragens mais que forçadas e, penso que no 3º heli, referida a visão dum clarão (embate do outro aparelho na água ?)

(vi) Face à manutenção das condições climatéricas e aproximação da noite, e feitas ainda algumas passagens sobre o a área envolvente, na busca de algum sinal do 3º heli, o que se mostrou infrutífero.

Finalmente encetou-se o regresso à base, acompanhando e guiando os 2 helis sobreviventes.

(vii) No dia seguinte e logo que a luz o permitiu iniciaram-se as buscas, com os mais diversos meios envolvidos, no meu caso integrando a equipa de um heli com guincho, pilotado inicialmente pelo Cap Cubas, com outro mecânico (Caroto) e acompanhados pelo Bull, que assim também participou nessas buscas , para ele em condições particularmente difíceis pelos motivos óbvios.

Tais buscas mantiveram-se até que a Marinha conseguiu localizar o que restava do aparelho no fundo do rio.

Sendo eventualmente redundante em relação a outros relatos (apesar da efectiva factualidade deste), espero desta forma contribuir para que de vez cessem especulações e outras teorias quanto às causas do acidente.

Apresento saudações ao blogue na pessoa do Luís e à Sofia (que vou tentar contactar através do possível do endereço de Face book sugerido, até como forma de eventualmente chegar ao Bull) (***).

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

(**) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(***) Último poste da série FAP > 22 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4991: FAP (34): A heli-evacuação do malogrado Cap Cav Luís Rei Vilar em 18/2/1970 (Jorge Félix)

Guiné 63/74 - P5175: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (12): Feira de São Simão (José Eduardo Reis de Oliveira)



1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/65), enviou-nos o seguinte convite, com data de 26 de Outubro de 2009:


Camaradas e Amigos,

Alcobaça é pela A-8 um tiro (salvo seja...). Estão convidados. Acabei de receber os 150 aéreos do SEP e vão ser gastos com os camaradas da Guiné. Portanto é aproveitar que para o mês que vem já não há. Este convite não invalida a obrigatoriedade de virem aos "DOCES CONVENTUAIS", que se realiza de 12 a 16 de Novembro. Imperdível. Aguardo notícias.

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675

CONVITE

Feira de São Simão (Alcobaça)

"Gab. Comunicação Rel. Públicas [Alcobaça]"

Assunto: Feira de São Simão de 28 de Outubro a 1 de Novembro Alcobaça Entrada Livre Inaugura esta 4.ª Feira 15h00.

Como manda a tradição prepare a cesta e o espírito para o regresso do são convívio em volta dos manjares e frutos secos da época. Gastronomia, produtos regionais, artesanato e muita animação são as propostas do Município de Alcobaça para os dias 28 de Outubro a 1 de Novembro.

A inauguração está marcada para as 15h00do dia 28 de Outubro.

Cinco dias onde pode encontrar, na Feira de São Simão, as melhores passas, castanhas, pinhões e nozes, para além dos queijos, dos enchidos, das compotas, dos vinhos regionais, e muito mais.

As tasquinhas, a animação musical e outras actividades marcam também estes dias de festa, contando a organização com a presença da "Bandinha D?Alegria", do grupo"Isaac Sound", do "Grupo Soão", da "Orquestra Juvenil da Cela", do "Leiricanta - Grupo de Música Tradicional Portuguesa do Ateneu Desportivo de Leiria", de um espectáculo de Folclore e para finalizar, no dia 1 de Novembro, com a actuação do grupo "Os Alentejanos".

Para animar a Feira, este ano a organização conta ainda com uma demonstração de "Krav Maga" - uma arte marcial de defesa pessoal.






















Local: MercoAlcobaça
Horário:
4.ª, 5.ª e 6.ª feira: 15h00 às 23h00
Sábado e Domingo: 12h00 às 23h00
Entrada livre

Os melhores cumprimentos
Gabinete de Comunicação e Relações Públicas
Ana Mafalda Cândido
mafalda.candido@cm-alcobaca.pt gcrp@cm-alcobaca.pt
+351 262 580 843/61
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P5174: Os nossos médicos (11): O malogrado Cap José Joaquim Marques de Oliveira (Francisco Feio, CCAV 2484, Jabadá, 1969/70)

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > O nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, Cor Ref, também passou por aqui, na sua primeira comissão, como Alf Mil, CCAÇ 1420, 1965/67 (ei-lo aqui na foto, com a mascote da companhia, a Eusébia). Voltaria mais tarde, como Capitão Miliciano, para comandar a CCAÇ 18, mais a sul, na Aldeia Formosa (1970/72). Para outros camaradas, Fulacunda foi um local de tristes memórias...


Foto: © Rui Ferreira (2009). Direitos reservados.


1. Em complemento da informaçã prestada no poste 21 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5138: O segredo de... (9): Fur Mil J. S. Moreira, da CCAV 2483, que feriu com uma rajada de G3 o médico do BCAV 2867 (Ovídio Moreira):

Ontem à noite, o Francisco Feio telefonou-me, para clarificar alguns pontos, que ficaram obscuros, desta história. Ele tinha-me prometido falar com alguns camaradas do batalhão que estavam mais por dentro dos acontecimentos. Eis, no essencial, o que ele me transmitiu:

(i) O médico, com o posto de capitão, chamava-se José Joaquim Marques de Oliveira; foi atingido, no baixo ventre, com uma rajada de G3, disparada pelo Moreia; sobreviveu aos ferimentos, mas com sequelas graves... Ao que parece, já não é hoje vivo... (Não se sabe nada sobre a sua carreira médica, depois do regresso da Guiné) (*).

(ii) O Fur Mil Moreira também era conhecido como Guimarães, cidade de onde era natural; a PM veio de propósito, a Fulacunda (onde aconteceu a tragédia), prendê-lo e levá-lo para Bissau; também já não pertence ao número dos vivos; ainda foi uma vez ao convívio da sua companhia, mas teve dificuldade em encarar os seus camaradas; acabrunhado, nunca mais voltou a estes convívios anuais. Tudo indica que o Moreira não chegou a cumnprir a pena de prisão maior (?) a que foi condenado; terá sido amnistiado com o 25 de Abril.

(iii) Estes trágicos acontecimentos ter-seão passado em Fulacunda e não em Nova Sintra: O Moreira pertencia à CCAV 2483, Cavaleiros de Nova Sintra, do BCAV 2867, sediado em Tite (onde estava habitualmente o Cap Médico); em Fulacunda decorria então uma operação a nível de batalhão.

(iv) Voltei a confirmar que o mundo é pequeno e o nosso blogue...é grande! Imaginem que o Francisco Feio é vizinho e amigo do nosso camarada Mário Dias, Mário Roseira Dias, sargento comando reformado... Ambos têm em comum, para além da Guiné, a paixão pela música coral.


O Francisco é dos quatro ou cinco sobreviventes do grupo de fundadores do Grupo Coral Alius Vetus (nome latino do topónimo Alhos Vedros). Daqui a dois anos o grupo celebra os seus 25 anos... O Sr. Mário (como é respeitosamente tratado pelo Feio) esteve mais de dez anos no Grupo Coral. Depois afastou-se e dedica-se à composição musical (Há tempos confidenciou-me que está a acabar uma cantatata). Há várias peças dele no reportório actual do grupo.

O Francisco Feio é um cidadão empenhado, activo, entusiasta, positivo, que em breve irá integrar a nossa Tabanca Grande. Além de baixo no coro, é director de uma colectividade local e presidente da mesa da assembleia geral da Junta de Freguesia de Alhos Vedros, uma orgulhosa vila, histórica, que foi sede de concelho até à reforma administrativa de 1855... Hoje está integrada no concelho da Moita, mas há (ou chegou a haver, em tempos) um movimento local a favor da restauração do concelho. (Fonte: Wikipédia > Alhos Vedros
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Notas de L.G.:

(*) Postes da série Os Nossos Médicos:

15 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3899: Os nossos médicos (1): Alf Mil Médico José Alberto Machado (Nova Lamego)

2 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4891: Os nossos médicos (2): Tierno Bagulho e Pio de Abreu (Canchungo, 1971/73) (Luís Graça / António Graça de Abreu)

6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4910: Os Nossos Médicos (3): Os especialistas eram poucos, e não gostavam de ir para... o mato (Armandino Alves, CCAÇ 1589, 1966/68)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4918: Os nossos médicos (4): Um grande amigo, o Dr. Fernando Enriques de Lemos (Mário Fitas, ex-Fur Mil, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4920: Os nossos médicos (5): Um grande homem, militar, clínico e matosinhense que me marcou, o Dr. Azevedo Franco (José Teixeira)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4923: Os nossos médicos (6): Homenagem ao Alf Mil Med Barata (Binta) e ao HM 241 (Bissau) (JERO, ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 675, 1964/66)

23 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5143: Os nossos médicos (7): Prof Doutor José Madeira da Silva, otorrino, em busca dos ex-camaradas de Bula e Pelundo, 1973/74

Guiné 63/74 - P5173: Agenda Cultural (38): Em Nome da Pátria, de Brandão Ferreira: Hoje, às 18h00, na Academia Militar, em Lisboa




1. Mensagem que nos acaba de ser enviada, com pedido de divulgação, pelo nosso camarada Beja Santos:


Assunto - Chefe-Maior do Exército na apresentação de livro polémico sobre guerra colonial


Promoçáo editorial:

O chefe do Estado-Maior do Exército, General JOSÉ LUÍS PINTO RAMALHO, preside HOJE, às 18h00, na Academia Militar, ao lançamento do livro Em Nome da Pátria, do tenente-coronel [Pilav Ref João José ] Brandão Ferreira.

Na obra, o autor considera vergonhoso que Portugal tenha desistido da Guerra do Ultramar (o autor recusa a expressão guerra colonial) e abandonado África. Conclui que a descolonização «enfraqueceu» o país.

O livro será apresentado pelo professor Adriano Moreira.

Para mais informações contactar:

Marina Ramos

Telf.: 21 0417380
Telemóvel: 935745556

PS - O li vro é editado pela Leya.

A Leya é a empresa holding que integra as editoras Asa, Caderno, Caminho, Casa das Letras, Dom Quixote, Estrela Polar, Gailivro, Livros d'Hoje, Lua de Papel, Ndjira (Moçambique), Nova Gaia, Nzila (Angola), Oceanos, Oficina do Livro, Sebenta, Teorema e Texto.

Guiné 53/74 - P5172: Estórias cabralianas (56): Cum caneco, alfero apanhado à unha! (Jorge Cabral)

Um caneco que ainda vai fazer furor entre as bajudas da Guiné-Bissau, na próxima incarnação dos guerreiros do Império: "Kiss me, I'm an Alfero" [Beija-me, sou um Alfero]...

Foto: © Jorge Cabral (2009). Direitos reservados.


1. Mensagem de Jorge Cabral (que já não precisa de apresentações ao fim destes anos todos, é como o meu velhote, que é o sócio nº 1 do Sporting Clube Lourinhanense, por morte de todos os outros gajos que eram mais importantes do que ele):

Amigos!

Uma 'estória' que fala em apanhados à mão, mas que nada tem a ver com o Anónimo de Pirada! Talvez tenha sim, com os Pirados de Missirá...

Abraços Grandes

Jorge Cabral


PS - Quando voltar à Guiné, em vez dos 'corpinhos' (*), vou oferecer às Bajudas, estas belas canecas


2. Estórias cabralianas (**) > Alfero apanhado à mão
por Jorge Cabral


Alferes apanhado à mão? Helicópteros e Cavalaria Turra?

Há uns dias telefonou-me o nosso Amigo Durães [, da CCS/do BART 2917, Bambadinca, 1970/72]. Estava em Setúbal, com um ex-cabo do Pelotão de Intendência de Bambadinca, o qual lhe jurava que o Alferes Cabral de Missirá havia sido, em 1971, apanhado à mão, quando regressava ao seu Destacamento.

Desaparecido durante dias, fora muito bem tratado pelo pessoal de Madina, passando a não ser incomodado pelos Turras. Garantia o homem da Intendência, a absoluta veracidade do evento, conhecido por todos os seus Camaradas. Queria o Durães saber se eu confirmava o facto.

Aqui, muito entre nós, confesso que hesitei na resposta. Que bela 'estória'! Podia aproveitar e descrever umas bem regadas churrascadas com o Comandante Corca Só (***) e talvez mesmo uns serões de striptease balanta…

Mitos, lendas, ficções. Por mim, tudo bem. Também fazem parte da História…

Não observaram os meus soldados, aviões e até helicópteros turras? Contra os quais aliás, descarregavam as G-3, num esforço tão absurdo quanto inglório.

E como em Missirá se exagerava sempre, chegaram a ouvir durante a noite ruídos próprios de Tanques, para os lados de Salá. A Cavalaria Blindada Turra em manobras, garanti eu, tendo no entanto recusado ensaiar umas morteiradas como me pediram insistentemente.

Quase no fim da Comissão, cheguei a ir a Madina com os Páras, e entrei mesmo na Base, pois os Guerrilheiros retiraram, indo montar uma emboscada, que me apanhou no meio da CCaç 12, a caminho do Enxalé.

Tendo ido sem o Pelotão, quando voltei a Missirá fui objecto da curiosidade de todo o Pessoal.
- Como era? E os Tanques?
- Claro que os vi - assegurei - Dois soviéticos, um chinês e quatro cubanos…

Veículos na Base? Encontrei pois, duas bicicletas…

Jorge Cabral

2. Comentário de L.G.:

A cabraliana, a estória cabraliana, é já um género literário, reconhecido e estudado na Universidade. Daqui uns anos alguém fará douramentos sobre este material altamente revelador da dissonância cognitiva e falta de alinhamento dos bandos que, na Guiné, por detrás do arame farpado, defendiam a honra da Pátria (Bruno dixit)...

Como se pode deduzir da leitura de mais esta cabraliana, o boato (desmoralizante) tinha um efeito dissolvente no moral das nossos tropas, como um dia opinou um PIDE/DGS à minha frente, no Café do Teófilo, em Bafatá. Como é possível imaginar o nosso Cabral, o único, o verdadeiro (porque o outro era um renegado...) (***), apanhado à unha e depois em altos conciliábulos e quiçá orgias com o Corca Só e a sua corja de Madina/Belel ?!...

Ainda bem que o Cabral tem, por fim, a oportunidade histórica e soberana de , aqui, no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, de lavar a sua honra e reafirmar o seu impoluto patriotismo. A guerra da Guiné foi demasiado real para a gente sequer poder ficcioná-la ou fazer humor negro, com ela, com os seus heróis e com as suas vítimas.
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Notas de L.G.:

(*) Sutiãs: vd. 16 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2354: Estórias cabralianas (29): A Festa do Corpinho ou... feliz o tuga entre as bajudas, mandingas e balantas (Jorge Cabral)

(**) Vd. último poste desta série > 17 de Outubro de 2009 >Guiné 63/74 - P5117: Estórias cabralianas (55): Marqueses e murquesas ou... Peludas e Peluda... (Jorge Cabral)

4 de Julho de 2006 >Guiné 63/74 - P935: Porque não me mataram ou apanharam à mão em Missirá ? (Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63)

(***) Corca Só: Comandante das forças do PAIGC, na 'base' de Madina / Belel, a noroeste de Missirá, a norte do Rio Geba, já no limite do Sector 1, nos finais de 1960 e princípios de 1971...

Vd. poste de 22 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2294: De Madina para Missirá... com amor: a mina da despedida (Luís Graça / Humberto Reis / Beja Santos)

(...) Na véspera de sair do destacamento de Missirá, com os seus homens do Pel Caç Nat 52 - para ser colocado em Bambadinca, sede do BCAÇ 2852 (1968/70) - o Alf Mil Mário Beja Santos é vítima de uma mina anticarro, no percurso de regresso a casa, na estrada Finete-Missirá, perto de Canturé... Ele e mais duas secções (...)

Diz a lenda que a mina era para o Beja Santos e trazia um bilhete do Corca Só, o comandante da base do PAIGC em Madina/Belel... Nunca ninguém leu o alegado bilhete, pregado numa árvore e que se terá volatizado... Mas se o Corca Só fosse um verdadeiro cavalheiro e conhecesse os romances e/ou os filmes da série James Bond - o que era de todo improvável - teria escrito, ao melhor estilo da luta de libertação, o seguinte bilhete: 'De Madina para Missirá... com amor' . (...)


Vd. também:

16 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2270: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (9): E de súbito uma explosão, uma emboscada, um caos...

24 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P905: A morte na estrada Finete-Missirá ou um homem com a cabeça a prémio (Luís Graça)

26 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P911: Uma mina para o 'tigre de Missirá' (Luís Graça)(...)

(...) Era voz corrente que o Beja Santos, conhecido entre os seus camaradas milicianos como o Tigre de Missirá, tinha a cabeça a prémio no regulado do Cuor... Exagero ou não, o próprio Beja Santos reconhece publicamente este facto (...) (Vd. post de 24 de Junho de 2006): A 15 de Outubro devíamos ter regressado mais cedo. O Comandante local do PAIGC, Corca Só, já me tinha ameaçado de morte, tendo mesmo deixado um bilhete na estrada. Saímos tardíssimo de Finete, o sol a cair a pique, como acontece nos trópicos (...).


(***) Vd. postes de:

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4403 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Unho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)

4 de Julho de 2006 >Guiné 63/74 - P935: Porque não me mataram ou apanharam à mão em Missirá ? (Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63)

Guiné 63/74 – P5171: Histórias de José Marques Ferreira (7): Jornal da Caserna (1)



1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, que foi Sold. Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré 1963/65, enviou-nos com data de 26 de Outubro de 2009, o primeiro de alguns extractos, que nos irá enviar futuramente, do "Jornal da Caserna" da sua Companhia:


Camaradas,

Há já algum tempo que ando ausente da tertúlia da Guiné e Camaradas. Pensei (e quando isto acontece, é sinal de que, às vezes, penso mal) que se haviam esgotado as “estórias” da minha estadia na Guiné, ou melhor, do meu turismo naquelas terras de vermelho.

Se alguns acontecimentos neste interregno aconteceram, até falhei um encontro com um dos nossos editores – Magalhães Ribeiro –, porque no dia em que tive uma oportunidade para ir ao Porto, e depois aí realizarmos o nosso contacto e encontro, esqueci-me do telemóvel em casa. Desculpa, mais uma vez, MR.

Não sei se já dei conhecimento à tertúlia, que fundei, em Ingoré, um pequeno «Órgão de Comunicação Social», com a designação já pouco usada actualmente, de: "JORNAL DA CASERNA".

Então lembrei-me que nos diversos exemplares de «Jornal da Caserna», que guardo e preservo desde então, há artigos quer da minha autoria, quer de outros camaradas, que, merecem ser publicados e, certamente, que eles vão gostar de os tornar a ler, aqui no blogue.

Conheço-os a todos, mas desde a desmobilização que nunca mais nos voltamos a cruzar. A identificação de cada um dos autores vai surgir no desenrolar da postagem de vários artigos que vos vou enviar, sendo esta, também, uma boa forma de os darmos a conhecer ao restantes Camaradas e Amigos, e, ao mesmo tempo, nós os recordarmos.

Creio bem que os autores quando descobrirem aqui, os seus textos ficarão agradavelmente surpreendidos.

Para nós da CCAÇ 462… poderá até ser o início do reencontro pessoal!

Hoje, transcrevo uma história cujo autor assinava com o pseudónimo “Flash” (o Alf Mil Geraldes), que era o ilustrador do «Jornal da Caserna» e possuía jeito e vocação para o desenho, e caricatura, fora do comum. O título da sua história, baseada em factos reais, como todas as que relato da Guiné, era a seguinte:

Duas horas de espera em S. Vicente

Estava eu aborrecido na margem do Cacheu esperando cambança. A jangada com um desarranjo aborrecido, continuava parada e as horas passavam… algumas moscas aborrecidas passeavam nas nossas mãos e na cara, provocando uma revolta que se traduzia em palmadas desesperadas nos locais em que elas pousavam.

Alguns patos bravos, pegas e outras aves cruzavam o ar sobre as nossas cabeças com toda a sorte de pios extravagantes.A meu lado, sentados, silenciosos e imóveis, alguns nativos esperavam também que a jangada se resolvesse a passar-nos. Com resignação comecei a olhá-los, aos seus enfeites de argolas, latas, o corpo suado devido ao sol que nos martelava lá do alto e os seus movimentos cadenciados para afastar os insectos… foi então que reparei mais em pormenor num deles.

Era um moço forte, alto e desenvolvido, rosto impassível igual a tantos outros, o seu braço direito estava cortado pela articulação do cotovelo… depois de alguns segundos de exame distraído à sua mutilação, ia a desviar o olhar quando ele voltando os olhos para mim por curto espaço de tempo, fitou o toco mutilado do seu braço.

Pressenti que ele ia dizer alguma coisa e olhei-o mais atentamente, ele bateu com o braço esquerdo no que restava do braço amputado, e, com um sorriso em que deixou entrever uns dentes grandes e separados e num tom de voz forte, quase divertido, afirmou: “Lagarto”. Compreendi que ele me explicava aquela mutilação e abanei a cabeça, mostrando atenção ao que ele me disse e encorajando-o a continuar.

Tinha sido duas chuvas atrás, de manhã muito cedo quando ele, Samba, acompanhado do seu filho, um macho ainda novo, de poucas chuvas, se meteram na canoa para atravessar o Cacheu e chegar à outra margem onde o arroz semeado esperava os seus braços para produzir o suficiente para aguentar no tempo seco.

Samba, deitado na parte traseira da canoa, preguiçosamente auxiliava as remadas do filho, com o braço metido na água, movimentando-o qual o remo tosco que o filho utilizava. Subitamente um vulto esverdeado sulcou a água, e, Samba sentiu a dor aguda de muitos dentes fortíssimos dum lagarto.

Devia ter-se sentido muito aflito, pois nos seus olhos prespassou uma sombra quando contou esta passagem, depois a canoa começou a balançar perigosamente ameaçando voltar-se pelos puxões violentos do crocodilo. Samba olhou o filho ainda novo e sentiu um medo que o pelou, mas um pensamento súbito iluminou-o e, com um repelão a sua mão esquerda segurou o cabo da faca afiada que trazia à cintura… depois com golpes rápidos, os dentes e lábios apertados cortou com a faca os ligamentos do braço no cotovelo, e, foi o bastante para que com um estalido seco o crocodilo mergulhasse nas águas amareladas do Cacheu levando na boca, bem preso nos seus afiados dentes o braço valente daquele homem, que, após o seu acto de heróico desespero ficaria caído sem sentidos no fundo da canoa com um coto sangrento e uma faca na mão esquerda.

Quando a sua narrativa terminou, fiquei a olhá-lo, em olhar mudo de admiração e não tive palavras para perguntar nem dizer mais nada… e ele sorria.A jangada começou a funcionar com um lento ranger de ferros desconjuntados, as aves com os seus pios estranhos e as moscas continuavam a sobrevoar-nos.

Fiz um aceno ao homem e dirigi-me ao sítio de atraque.

Finalmente íamos passar!!!”



Nota: A ilustração é exactamente um possível retrato da frente do aquartelamento em Ingoré, impresso no cabeçalho do «Jornal da Caserna» na sua segunda edição. A primeira era dactilografada, e só o original é que era ilustrado pelo camarada Geraldes.

Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes


Gravura: José M. Ferreira (2009). Direitos reservados.

Guiné 63/74 - P5170: Historiografia da presença portuguesa em África (27): Lembram-se do Notícias da Guiné? (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos, (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Outubro de 2009:

Malta,
Já estou a ler “A Marinha em África” do Comandante John P. Cann, é bastante interessante, não fossem os erros ortográficos e péssima revisão.

Anunciando que não vou entrar em polémica com ninguém, temos a seguir “Em nome da Pátria – Portugal, Ultramar e a Guerra Justa”, que acaba de sair e que vai dar muito que falar (ou provavelmente vai ser ignorado).

Um abraço do
Mário


Lembram-se do “Notícias da Guiné”?Beja Santos

O número 1 do Notícias da Guiné surgiu em 21 de Abril de 1968, exactamente na altura em que o general Arnaldo Schulz concluía a sua comissão de serviço como Governador Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné. Foi ao Bairro da Ajuda e descerrou as placas toponímicas das Avenidas General Arnaldo Schulz e Dr. Azeredo Perdigão, e das ruas Tenente-Coronel Fernando Branquinho, Regedor Capitão de 2.ª linha Abna Onça e Alferes Jorge Goli Seidi. Apresentava-se como boletim do Centro de Informação e Turismo da Guiné, na sua primeira fase (de Abril a Novembro, 39 números) tinha um formato A4, com 10, 12, 16 ou mesmo 20 páginas. A partir de Novembro (número 40) a publicação mudou de formato e, pelo menos, irá publicar-se até Março de 1970. Falaremos mais tarde da segunda fase.

Como é evidente, era uma publicação propagandística, prometia fazer o registo do dia-a-dia da vida da portuguesa província da Guiné. Encontramos de tudo, para além do elogio da governação local: necrologia, filmes da UDIB, captura de cadastrados, publicidade ao Feno de Portugal e à Casa Mussá onde se vendiam os prestigiados gira-discos Garrard. Havia desfiles dos meninos da Mocidade Portuguesa, prémios Governador da Guiné (aparece a fotografia do meu querido Quebá Soncó, o destino, sempre sorrateiro, pregou-lhe uma partida, regressou de férias e foi atingido numa rótula, viria a ser transferido para Hospital Militar Principal, em Lisboa), acontecimentos sociais da mais variada índole, muito desporto, inaugurações e um espantoso noticiário internacional onde, na época, mereceu destaque a invasão da Checoslováquia perpetrada pela União Soviética, há noticiário de gargalhada, desajustado às realidades locais, alguém escolhia ao acaso o que a ANI mandava para Bissau. Temos tropas a chegar e tropas a partir e os comunicados com operações e mortes em combate de ambos os lados. Seria interessante perceber a quem se destinava esta publicação, mas é óbvio que havia leitores africanos das classes que apoiavam o regime. Para que conste.


(Clicar na imagem para ampliar)
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Notas de CV:

Guiné 63/74 - P5167: Agenda Cultural (37): Lançamento do livro de Mário Beja Santos, Quem Mexeu no Meu Comprimido?, dia 3 de Novembro

Guiné 63/74 - P5147: Historiografia da presença portuguesa (26): A Literatura Colonial Guineense (Leopoldo Amado) (III): Até ao Portugal democrático

Guiné 63/74 - P5169: Parabéns a você (37): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil da CCAÇ 2791 (Editores)

Sempre que o calendário marca o dia 28 de Outubro, Jorge Fontinha(*), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, comemora o seu aniversário.

Neste ano de 2009, Fontinha tem mais trezentos e setenta e muitos camaradas e amigos que se associam à sua alegria, por somar mais um ano de muitos que a sua vida terrena há-de comportar.

A Tertúlia envia os parabéns ao Jorge Fontinha e felicita a sua família, desejando saúde e alegria para todos.


Jorge Fontinha está connosco desde o dia 8 de Agosto do ano passado, quando se dirigiu a Luís Graça deste modo:

Por mero acaso, dei de caras com o teu Blog.
Trato-te por tu, por tua sugestão como camarada de guerra, embora te não conheça pessoalmente.
Todavia, somos mais ou menos do mesmo tempo e pelo que me parece partilhamos dos mesmos princípios e opiniões sobre a nossa e não só... Guerra do Ultramar.

Estive na Guiné, de finais de Setembro de 1970 a finais do mesmo mês, de 1972, como Furriel Miliciano de Infantaria.
Bula e Teixeira Pinto, foram base de apoio da minha Companhia, a CCAÇ 2791.

Tenho muitas histórias e relatos, mas abstenho-me agora de contar seja o que for, até porque a minha guerra começa em Angola, no dia 15 de Março de 1961, então com 12 anos de idade, numa fazenda no interior de Nambuangongo.

A minha intenção ao enviar este mail é tão só, pretender poder contribuir com alguma das memórias nunca esquecidas, das vivências dessas duas etapas da minha vida.

Moro em Peso da Régua e nasci em 28 de Outubro de 1948.
Reformado do BPSM/MILLENNIUMbcp, dedico-me a navegar na Internet e a fazer uns pequenos trabalhos para uma empresa de rotulagens.

Agradecia que me contactasses no sentido de me poder tornar em mais um colaborador do Blog e me poder tornar num dos Amigos dos Camaradas da Guiné.

Um grande abraço,
Jorge Fontinha



Jorge Fontinha tem uma série própria dedicada às sua estórias (***).

Deixo-vos algumas fotos por ele enviadas, que documentam instantâneos da sua passagem por terras de Teixeira Pinto.

Família de Jorge Fontinha, que está sentado no capô da viatura, em Nambuangongo por volta de 1952. Os seus pais nos extremos e o seu irmão(**) de pé vestido de branco.

Jorge Fontinha em Teixeira Pinto, numa das suas folgas

Jorge Fontinha no decurso da Operação

Jorge Fontinha comemorando os seus 23 anos

Alferes Gaspar e Jorge Fontinha

Furriéis Jorge Fontinha e Antonino Chaves

Com o Enf. Silva, no Balanguerez

Ensinando as crianças a fazer uma horta, nas traseiras da escola

Dando aulas em Mato Dingal na escola local, por nós improvisada

Fur Mil Jorge Fontinha e o Soldado Álvaro Lobo

Fotos e legendas: © Jorge Fontinha (2008). Direitos reservados.

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3129: Tabanca Grande (82): Jorge Fontinha, Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Bula e Teixeira Pinto, 1970/72)

(**) Vd. poste 20 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3142: História de Vida (15): Para que se faça história (Jorge Fontinha)

(***) Vd. postes de:

18 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3139: Estórias do Jorge Fontinha (1): O meu batismo de fogo e da CCAÇ 2791 (Jorge Fontinha)

8 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3186: Estórias do Jorge Fontinha (2): Estrada de Teixeira Pinto-Cacheu (Jorge Fontinha)

15 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3743: Estórias do Jorge Fontinha (3): O meu Grupo de Combate (Jorge Fontinha)

13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3888: Estórias do Jorge Fontinha (4): O primeiro morto do 4.º GCOMB/CCAÇ 2791

18 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4048: Estórias do Jorge Fontinha (5): Lavadeiras de Bula

23 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4237: Estórias do Jorge Fontinha (6): O 4.º GCOMB / CCAÇ 2791, destacado no CAOP 1 - Teixeira Pinto

31 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4888: Estórias do Jorge Fontinha (7): A nossa Casinha

Vd. último poste da série de 19 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5130: Parabéns a você (36): Carlos Filipe Coelho da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74 (Editores)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5168: Convívios (172): Atenção pessoal & Familiares da CCaç 2790 (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 27 de Outubro de 2009 a seguinte mensagem:



Não é sem mágoa que constato, ano após ano, que as hipóteses de juntar à volta de uma mesa os antigos e ainda vivos combatentes da C. Caç 2790, são por demais escassas, fruto do desconhecimento do paradeiro da imensa maioria dos nossos soldados que, por açorianos, aumentaram a diáspora por terras, essencialmente, do tio Sam.


Nunca vamos além da dúzia e recorremos ao alto patrocínio dos cônjuges para "compor" a sala, ou melhor, a mesa.

Desta vez estamos a tentar aliciar filhos com o intuito de se aperceberem destas "banalidades" conhecidas por solidariedade, camaradagem e verdadeira amizade entre pessoas de diferentes origens, estudos e condições financeiras, mas imbuídos do mesmo espírito de corpo tendo como lema o já velhinho "Um por todos, todos por um !"

Vamos reunir-nos no próximo 21 de Novembro e o cenário será um dos salões da Associação Nacional de Farmácias no restaurante "A Ver Navios".

Caso algum camarada daquela C. Caç. ainda não contactado esteja interessado em participar, deverá tão somente, deixar um comentário a este poste manifestando a vontade.

Abraços,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790

Emblema e guião de colecção: Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: