quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5170: Historiografia da presença portuguesa em África (27): Lembram-se do Notícias da Guiné? (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos, (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Outubro de 2009:

Malta,
Já estou a ler “A Marinha em África” do Comandante John P. Cann, é bastante interessante, não fossem os erros ortográficos e péssima revisão.

Anunciando que não vou entrar em polémica com ninguém, temos a seguir “Em nome da Pátria – Portugal, Ultramar e a Guerra Justa”, que acaba de sair e que vai dar muito que falar (ou provavelmente vai ser ignorado).

Um abraço do
Mário


Lembram-se do “Notícias da Guiné”?Beja Santos

O número 1 do Notícias da Guiné surgiu em 21 de Abril de 1968, exactamente na altura em que o general Arnaldo Schulz concluía a sua comissão de serviço como Governador Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné. Foi ao Bairro da Ajuda e descerrou as placas toponímicas das Avenidas General Arnaldo Schulz e Dr. Azeredo Perdigão, e das ruas Tenente-Coronel Fernando Branquinho, Regedor Capitão de 2.ª linha Abna Onça e Alferes Jorge Goli Seidi. Apresentava-se como boletim do Centro de Informação e Turismo da Guiné, na sua primeira fase (de Abril a Novembro, 39 números) tinha um formato A4, com 10, 12, 16 ou mesmo 20 páginas. A partir de Novembro (número 40) a publicação mudou de formato e, pelo menos, irá publicar-se até Março de 1970. Falaremos mais tarde da segunda fase.

Como é evidente, era uma publicação propagandística, prometia fazer o registo do dia-a-dia da vida da portuguesa província da Guiné. Encontramos de tudo, para além do elogio da governação local: necrologia, filmes da UDIB, captura de cadastrados, publicidade ao Feno de Portugal e à Casa Mussá onde se vendiam os prestigiados gira-discos Garrard. Havia desfiles dos meninos da Mocidade Portuguesa, prémios Governador da Guiné (aparece a fotografia do meu querido Quebá Soncó, o destino, sempre sorrateiro, pregou-lhe uma partida, regressou de férias e foi atingido numa rótula, viria a ser transferido para Hospital Militar Principal, em Lisboa), acontecimentos sociais da mais variada índole, muito desporto, inaugurações e um espantoso noticiário internacional onde, na época, mereceu destaque a invasão da Checoslováquia perpetrada pela União Soviética, há noticiário de gargalhada, desajustado às realidades locais, alguém escolhia ao acaso o que a ANI mandava para Bissau. Temos tropas a chegar e tropas a partir e os comunicados com operações e mortes em combate de ambos os lados. Seria interessante perceber a quem se destinava esta publicação, mas é óbvio que havia leitores africanos das classes que apoiavam o regime. Para que conste.


(Clicar na imagem para ampliar)
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Notas de CV:

Guiné 63/74 - P5167: Agenda Cultural (37): Lançamento do livro de Mário Beja Santos, Quem Mexeu no Meu Comprimido?, dia 3 de Novembro

Guiné 63/74 - P5147: Historiografia da presença portuguesa (26): A Literatura Colonial Guineense (Leopoldo Amado) (III): Até ao Portugal democrático

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