domingo, 25 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5160: Tabanca Grande (182): Fernando Silva da Costa, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, 1973/74)

1. Mensagem de Fernando Silva da Costa, ex-Fur Mil TRMS da CCS/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, 1973/74, com data de 22 de Outubro de 2009:

Caro companheiro,

Na expectativa de engrossar o leque de informações que estão espelhadas no site da Tertúlia dos Antigos Combatentes, venho fornecer os meus dados:

Fernando Silva da Costa
Furriel Miliciano – Transmissões
CCS – BCAÇ 4513
Aldeia Formosa – Guiné
De : Março 73 a Setembro 74
Moro em Lisboa
E-mail: fscosta2001@gmail.com

Um forte abraço, e parabéns pelo trabalho desenvolvido.

NOTA: Se achar necessário estou à disposição para facultar contactos de outros militares que estavam também em Aldeia Formosa.


2. Nova mensagem de Fernando Costa, com data de 24 de Outubro de 2009:

Exmos. Senhores,
Por lapso tinha enviado este mail para outro endereço. Peço desculpa pelo erro.
Gostaria de saber se vão incluir a informação anexa ao site supra mencionado.

Realço que tenho em meu poder algumas fotos do dia em que as nossas tropas entregaram Aldeia Formosa ao PAIGC onde se procedeu ao arrear da bandeira portuguesa e se hasteou a bandeira deles.


3. No mesmo dia foi enviada esta mensagem ao nosso novo camarada:

Caro camarada Fernando Costa:

Muito obrigado pelo seu contacto.

Presumo pelas suas palavras que quer fazer parte da nossa tertúlia, até porque enviou as fotos da praxe.

Quanto às fotos de que fala, concerteza que estamos interessados em publicá-las, até porque esses acontecimentos pós 25 de Abril interessa-nos particularmente e ainda não estão devidamente documentados no Blgue.

Só peço que cada foto traga a respectiva legenda. Basta que as numere, e que à parte faça referência ao que cada uma documenta.

Aguardo notícias suas para o apresentar formalmente à tertúlia.

Receba um abraço do camarada

Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


4. Ainda no mesmo dia Fernando Costa dava resposta à nossa mensagem:

Camarada Carlos Vinhal,

Agradeço a sua rápida resposta à qual passo a dar seguimento.

Os dados que enviei relativamente à minha estada na Guiné são, para se assim o entenderem, os espelharem na Tertúlia. Para isso enviei duas fotos e os dados necessários.

Relativamente às fotos da passagem das nossas tropas para o PAIGC no dia em que o quartel de Aldeia Formosa foi entregue, seguem anexas com a seguinte legendagem:
[...]
Esperando que este material tenha o interesse necessário para o publicarem, sou com elevada consideração,

Fernando Costa


Foto 1 > Preparação das bandeiras para a cerimónia

Foto 2 > As duas bandeiras já estão preparadas para se arrear a Portuguess e hastear a do PAIGC

Foto 3 > Os dois Comandos em continência no acto de troca de bandeiras. Estão na foto o Comandante do BCAÇ 4513, Ten Cor César Emílio Braga de Andrade e Sousa, e o 2.º Comandante Major Duarte Dias Marques

Foto 4 > Tropas do PAIGC

Foto 5 > Fur Mil Fernando Costa com a bandeira do PAIGC

Foto 6 > Fur Mil Fernando Costa com dois militares do PAIGC

Foto 7 > Transporte de homens e material em LDG de Buba para Bissau

Fotos e legendas: © Fernando Costa (2009). Direitos reservados.



5. Comentário de CV:

Caro Fernando Costa

Bem-vindo ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, Caserna Virtual de ex-combatentes da Guiné, também conhecida por Tabanca Grande. Obrigado pelo teu contacto e apresentação à tertúlia.

És um dos companheiros que tiveram a sorte de fechar a guerra. As fotos que enviaste e que neste poste da tua apresentação formal ficam publicadas, são o registo de mais um momento histórico, tanto para Portugal como para a jovem Guiné-Bissau, que estava a nascer como país independente.

Esperamos que este seja o ínício de uma longa colaboração da tua parte nesta página dedicada aos ex-combatentes da Guiné.

Como já deves ter reparado, pus de lado qualquer tratamento formal da minha parte para contigo, porque sendo a tertúlia composta por camaradas que calcorreram os mesmos trilhos, picadas e bolanhas, que atravessaram os mesmos rios e foram ferrados pelos mesmos mosquitos, tratamo-nos todos por tu. Nesta caserna virtual estão todos em igualdade de circunstância, não interessando o antigo posto militar, a formação escolar ou a profissão.

Apesar do tratamento informal, é ponto de honra o respeito pela diferença de opinião e pelas opções religiosas e políticas.

Poderás inteirar-te das nossas "normas de conduta" e "daquilo que (não) somos", inscrito no lado esquerdo da nossa página.

Deixo-te, em nome da tertúlia, o habitual e indispensável abraço de boas-vindas.

O teu novo amigo e camarada
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5142: Tabanca Grande (181): António Amaral Brum, ex-Soldado da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel (1971/73)

11 comentários:

MANUEL MAIA disse...

CARO FERNANDO COSTA,



SEI QUE TE LIMITASTE A FECHAR A GUERRA,MAS TERIA SERIA NECESSÁRIO PEGARES NA BANDEIRA DO INIMIGO?

UM ABRAÇO DE BOAS VINDAS.

Anónimo disse...

Fernando Costa

Benvindo à esta comunidade tertuliana.

Em linha com o Manuel Maia,esclarece-me :ao que vejo nas fotos,quer me parecer que o pessoal do PAIGC não tinha a sua bandeira (daí tu a transportares)e não estava habilitado(ou habituado) a hastea-la,tendo sido precisa uma ajudinha da nossa Tropa,ou isso fazia parte do protocolo??!!

Luis Faria

José Marcelino Martins disse...

Bom dia, camaradas

Parece que nos esquecemos dos cuidados que tínhamos, há já muito tempo, quando saíamos em operação.

Parece que os olhos e os ouvidos se multiplicavam, para um alerta total, não fosse cairmos em alguma emboscada, e, quando nos distraíamos, já estávamos com "ELES À PERNA".

Ainda continua a ser assim: a nossa generosidade e espontaneidade, pregam-nos partidas, temos que dobrar a vigilância.

Reparem no comentário do Manuel da Maia e do Luis Faria. São comentários espontâneos, merecedores de todo o respeito, quer do visado quer de todos os camaradas. Cada um encara os factos como entende e acha que deve.

Não sou, nem quero ser advogado do diabo.

Os factos passados à volta do 25A, passaram-se há quase o dobro do tempo da idade que na altura tínhamos. Para os que estavam em Teatro de Operações era o libertar da pressão e a expectativa de "voltar a casa" e rapidamente. Até os políticos colaboraram neste facto, mediando entre a Acordo de Argel (26 de Agosto) e a independência (10 de Setembro), uns escassos 15 dias, resultando daí tudo aquilo que sabemos.

Mas voltemos ao inicio, das emboscadas.

Alguém, ainda não se tinha desfeito o abraço de boas vindas do Maia ao Fernando Costa, e já estava, qual IN, pendurado nas arvores, a fazer fogo cerrado, escondido, mais uma vez, no anonimato.

Que diabo! O gajo perdeu o BI e não sabe quem são os pais para tirar outro?

Se isto continua assim, não ganho para COMISERAÇÃO!

José Martins

Anónimo disse...

Djarama

A minha geracao decerto agradece este seu nobre gesto de partilhar fotografias e momentos historicos do genero. Acredita que de momentos desses e obviamente de tantos outros do genero, se foi construindo a cumplicidade afectiva que hoje une os nossos dois povos, com respeito pelas nossas duas bandeira e respectivas identidades.

Bem haja mais historia neste blogue !

Nelson Herbert
USA

Joaquim Mexia Alves disse...

Ora vêem vocemecês o que é a arte da dissimulação em guerra!!!

Refiro-me à fotografia 6.

O Fernando Costa, convenceu o IN que a guerra tinha acabado e quando os apanhou distraidos com a coisa sacou-lhes a arma e prendeu-os!

Ora reparem bem no sorriso vitorioso do Costa e no semblante carregado dos "prisioneiros"!!!

Um pouco de humor não faz mal nenhum!!!

Sê bem vindo e recebe para já um forte abraço camarigo

Anónimo disse...

... e capturou a bandeira do inimigo. Só que, por respeito, não a arrastou pelo chão, como o fez, por exemplo, Ciprião de Figueiredo no rescaldo da famosa Batalha da Salga!
Bem-vindo, caro Fernando Costa.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Carvalho disse...

Como te percebo amigo Costa!...Estávamos tão loucos com o fim da guerra, que nehuma análise puramente racional era admitida. Parece que,de um momento para o outro, passámos a ver os inimigos como amigos. Eu estive lá bem perto, em Mampatá- Cart 6250 e tenho na memória a recepção calorosa que fizemos ao Paigc.Já agora vale a pena perguntar porque foi diferente, no fim da 2ªGuerra Mundial, o encontro entre os soldados dos exércitos antagonistas, na Alemanha e na Indochina, por exemplo?
Em qualquer caso, percebo e respeito a opinião dos amigos Manuel Maia e Luís Faria bem como a dos outros comentadores.

Luís Graça disse...

Fernando:

Sê bem vindo...É importante que te sintas confortável, nesta Tabanca Grande que não é tão grande como a Torre de Babel, mas para lá caminha...

Uma das nossas regras de ouro é que, entre os camaradas da Guiné, ninguém é juiz de ninguém, não se fazem juízos de valor nem de intenção. O receio de ser criticado ou mal avaliado pelos pares é, em todos os grupos, um freio à espontaneidade, à liberdade, à inovação, à criatividade... O blogue é e quer continuar a ser plural, recusando portanto o pensamento único. Reconheço que não é fácil numa "comunidade de antigos combatentes" (não gosto do termo, mas à falta de melhor...).

Parafraseando o Salvador Nogueira, nosso leitor (e camarada dos pára-quedistas, que teve a gentileza de me mandar um dos seus livros), é inevitáel lembrar a propósito da guerra o aforismo: "Há os que a fazem, os que a fizeram e os outros"...

Gostaria de sublinhar o grande valor documental das tuas fotos.

Luís Graça

Luís Graça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando Costa disse...

Caros amigos,
Quero agradecer pelo facto de me terem aceite nesta tertúlia e de me darem o privilégio de responder aos comentários já feitos.
Tenho orgulho em pertencer ao grupo de combatentes que pelo facto de lutarem por Portugal sempre souberam respeitar o ser humano, ou seja o "in". Nunca me pasarria pela cabeça arrastar uma bandeira pelo chão, aliás estou com a do PAIGC para mostrar de uma forma simbólica a passagem do tetemunho.
Um forte abraço de agradecimento pela recepção que me foi feita.

Anónimo disse...

Ainda que tardio e, portanto, possa não ser lido, gostaria de dizer que o meu comentário vinha na sequência de um anterior e pretendia ser somente uma brincadeira. Aliás, o ar sério e digno com que transporta a bandeira - e bem - não podia ser interpretado doutra maneira que não a de mostrar de uma forma simbólica a passagem de testemunho.
Foi uma brincadeira - talvez de mau gosto.
Cumprimentos,
Carlos Cordeiro