segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)

Cabo Verde > S. Vicente > Parte setentrional da ilha > Excerto de mapa de 2007, da autoria de Francisco Santos. Imagem copyleft (Fonte: Wikipédia).

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Matiota e a sua baía que é a melhor de S. Vicente, aonde se passa um bocado divertido. Maio de 1943. L. Henriques". (*)

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "A cidade do Mindelo e ao fundo o enorme Monte Verde [, 750 m]. Vê-se parte da baía da Galé. S. Vicente. Maio de 1943. Luís Henriques"

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Aspecto da cidade do Mindelo, tirado do Oeste [, ou seja, do lado do Lazareto]. Vê-se os importantes depósitos dos óleos (?) da Shell. Outubro de 1941".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo (ou Tibeira de Julião ?) > "Jantar em San Vicente. Nos tera. Nativos em festa. Recordação da minha estada em C. Verde (Expedição). 1941-1943. Luís Henriques".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Dias depois da nossa chegada. O regresso do banho da linda Praia da Matiota em Agosto de 1941. S. Vicente, C. Verde. Luís Henriques".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Em 18/5/43, junto às flores pois o mês indica ser primavera. Os 3 sinceros amigos são fotografados como recordando a sua expedição em C. Verde: António, José e Luís. Lazareto, S. Vicente".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Os amigos juntos de umas tantas trincheiras perto do mar. Maio de 1942. Luís Henriques, em Vicente, Cabo Verde". [ Luís Henriques é o terceiro a contar da esquerda]

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "No dia 1 de Julho de 1942, depois de alguns quilómetros em marcha feita pelo Batalhão até à Ribeira de S. Julião [no interior da ilha, a sul do Mindelo]. Alguns cabos da 3ª Companhia, reunidos junto à quinta. Entre eles, Luís Henriques. S. Vicente" [O me pai era um militar nuito activo: fazia natação, jogava futebol e voleibol, lia, escrevia todas as semanas dezenas de cartas para os seus camaradas analfabetos; para ocuopar o tempo e manter em alta o moral das tropas, as chefias militares organizavam torneios de futebol e voleibol - muito popular na época - entre militares de diferentes ramos e unidades; parte do batalhão do meu pai estava em S. Vicente, outra parte estava na ilha vizinha, Santo Antão].

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Junho de 1943. Alguns internados do depósito dos convalescentes. Entre eles, estou também eu, sentado, lendo [o livro ] Os Bastidores da Grande Guerra. Luís Henriques , 1º Cabo nº 188/41, 1º Batalhão Expedicionário, R.I. nº 5. S. Vicente. C. Verde" [ O meu pai é o primeiro da 1ª primeira fila, do lado direito; se não me engano, ele esteve internado cerca de 4 meses, já no final da comissão, por doença de pulmões; a morbimortalidade entre os expedicionárias era elevada].


Fotos (e legendas) © Luís Graça (2009). Direitos reservadas

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior da série: 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)

5 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro Luís Graça
De facto, o espólio fotográfico deixado pelos nossos familiares que estiveram em Cabo Verde é muito interessante.
Dá para entender alguns paralelismos com o que se passou com a nossa geração: a deslocação para fora do território continental, o afastamento da família, a permanência em ambiente de guerra, o relacionamento com as populações, as dificuldades e privações, os tempos e modos de lazer (a praia, sempre a praia e também as festas dos habitantes autóctones).
Um abraço
Hélder S.

José Marcelino Martins disse...

Caro Luis e Helder

Continuo fascinado por estes post's.
É algo que nos liga, a todos, com um passado próximo.
Então Portugal não tomou parte na II Guerra Mundial?
Os "livros" dizem que não, mas a realidade é outra.
Portugal sempre esteve pronta para a batalha, ainda que sem meios para tal.

Um abraço e continuem

José Martins

Luís Graça disse...

Sempre que encontro algum familiar de um camarada do meu pai, do tempo de Cabo Verde (e no meu concelho houve bastantes, mobilizados pelo RI 5, das Caldas da Rainha) procuro saber se eles tem albuns fotoráficos... Há já dois que me prometeram facultar as fotos para eu as digitalizar... E a única de salvarmos este material, que tem interesse documental para todos nós,portugueses e caboverdianos...

Luís Graça disse...

Hélder Valério e Zé Martins:

Vocês são pessoas que valorizam esse legado, essa memória que nos deixaram os nossos pais e os pais dos nossos pais e por aí fora... Bem vistas as coisas, muitos dos nossos antepassados foram "soldados do império" e, sobretudo, andarilhos do mundo... (Outros, em menor número, foram negociantes, missionários, administradores)... Temos de reconhecer e assumir isto, sem complexos... Arrebanhados à força ou simples aventureiros, apanhámos todos o jeito dos marinheiros e dos soldados... Acontece que é que lhes perdemos o rasto...

A nossa memória é curta e não somos bons a transmitir, por escrito, o conhecimento empírico que acumulamos, de geração em geração... É por isso que temos a obrigação de preservar e divulgar os testemunhos iconográficos que nos chegam às mãos: às veses, uma imagem vale mais do que mil palavras...

Um Alfa Bravo. Luís

Anónimo disse...

Um espólio formidável que o blogue tem aqui arquivado. É de destacar este trabalho exigente de pesquisa e divulgação. Veja-se que, no caso concreto, Luís Graça procurou responder a uma solicitação de uma professora caboverdiana para apoiar uma acção pedagógica. É de louvar vivamente.
Quanto à participação de Portugal na Guerra, os historiadores falam em "neutralidade colaborante". E sobre o caso específico de Cabo Verde, António José Telo ("Os Açores e o Controlo do Atlântico", p. 280)diz o seguinte: "Ao longo de 1941, foram enviados cerca de 5000 soldados para o arquipélago [de Cabo Verde], mas que só têm praticamente armamento ligeiro. A defesa do vital porto de S. Vicente continua a basear-se quase só em três peças de 150 mm, reforçadas em 1941 com quatro peças antiaéreas, 12 metralhadoras e uma secção de morteiros de 81 mm. O cônsul americano em Cabo Verde garante que, caso se dê um desembarque no arquipélago, a resistência será meramente simbólica".
Saudações,
Carlos Cordeiro