Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Natal de 1969 > Sargentos e furriéis da CCAÇ 12 e da CCS do BCAÇ 2852:
(i) da esquerda para a direita, na 1ª fila: o Jaime Soares Santos (Fur Mil SAM, vulgo vagomestre); António Eugéndio da Silva Lezinho, Fur Mil At Inf; António M. M. Branquinho, Fur Mil At Inf; Humbero Simões dos Reis, Fur Mil Op Esp; Joaquim A. M. Fernandes, Fur Mil At Inf):
(ii) da esquerda para a direita, 2ª fila, de pé: 2º sargento Inf José Martins Rosado Piça; Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques; um 2º sargento, de cujo nome não me lembro; 1º Sargento Cav Fernando Aires Fragata; Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins; e um outro 1º sargento de cujo nome também já não me lembro mas que julgo ser da CCS do BCAÇ 2852... (LG)
Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
© Humberto Reis (2006)
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Eu estou em falta com os meus camaradas da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e da CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): encontraram-se anteontem, sábado, 27, na Trofa, na casa do Fernando Andrade de Sousa, ex-1º cabo auxiliar enfermeiro da CCAÇ 12, um dos nossos maqueiros (era o termo, injusto, depreciativo, usado no nosso tempo, para estes nossos anjos da guarda, os homens do soro que salvaram algumas vidas nas matas do Xime) ...
Telefonei-lhe, depois do almoço: era um homem feliz, um camarada sortudo entre 65 camaradas sortudos (por ainda estarem vivos!...), 65 convivas lá em casa, todos cheios de sede e de fome. É obra... É preciso espaço, tempo, paciência, competência, logística, meios... Mas ele, o Fernando, é - imagino e tanto quanto me lembro! - um minhoto dos quatro costados e, como tal, tem a cultura da hospitalidade...
Com muita pena minha, à última hora, não me foi possível dar lá um salto, já que tinha previsto com antecedência ir até à casa que tenho na região, não muito longe, no Douro Litoral (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canavezes)...
Sei que esteve lá o Humberto, o último dos moicanos, que, diga-se de passagem, nunca faltou a nenhum convívio anual da malta de Bambadinca: ele, o Marques, o Fernandes, todos eles ex-furriéis milicianos (1); mais o Sousa da Trofa, o nosso valente cabo enfermeiro... São os quatro magníficos da CCAÇ 12, a quem eu presto a minha homenagem, e a quem atribuiria a Ordem da Torre e Espada, do Valor, da Amizade e da Camaradagem, se fosse eu o presidente honorífico das ordens honoríficas portuguesas...
Pela minha parte, devo desde já declarar que sou um péssimo exemplo: fui a um único convívio, anual, nestes anos todos...
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Algures com o Soldado Condutor Auto Alcino Carvalho Braga num burrinho...Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
© Humberto Reis (2006)
Hoje, soube através do Humberto (a quem tinha garantido que ia e até ofereci alojamento na nossa casa de Candoz, e que naturalmente ficou chateado comigo...) que o convívio, o catering, o dia foram do melhor que podia haver: cinco estrelas!...
Eu fico feliz (e infeliz, ao mesmo tempo) sempre que sei que há uma festa de amigos, para qual estão a contar comigo e à qual, à ultima hora, não posso ir por motivos de força maior... Vem-me sempre à memória a nostálgica e fabulosa letra da canção do Xico Buarque que ele escreveu para os seus amigos portugueses, em festa, ainda em 1975:
Tanto mar (1975, primeira versão) (2)
Sei que estás em festa, pá,
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim.
Eu queria estar na festa, pá,
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar.
Lá faz primavera, pá,
Cá estou doente,
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim.
Fonte: UOL > Chico Buarque
Fico à espera, tal como prometido, que venham chegando mais detalhes (incluindo as provas do crime, que são as fotos) sobre a festa da Trofa... Do Marques e do Fernandes, bem como de outros camaradas da Bambadinca do nosso tempo, não temos tido notícia... Também gostaria de rever outros camaradas que compunham a CCAÇ 12, de origem metropolitana, e que eram, para além dos oficiais e sargentos já aqui listados neste blogue (1), mais os seguintes graduados:
1º Sargento Cavalaria Fernando Aires Fragata;
2º Sarg Infantaria José Martins Rosado Piça;
2º Sarg Inf Alberto Martins Vieira;
Furriel Miliciano MAR Joaquim Moreira Gomes;
Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins;
Fur Mil Trams José Fernando Gonçalves;
Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques;
1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro;
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa;
1º Cabo Aux Enf Carlos A. R. dos Santos;
1º Cabo Trams Inf António Domingos Rodrigues;
1º Cabo Cripto José António Damas Murta;
1º Cabo Cripto Gabriel da Silva Gonçalves;
1º Cabo Manut Material João Rito Marques;
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos;
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia;
1º Cabo Escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares;
1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro;
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias;
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira;
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues;
1º Cabo Apont de Armas Pesadas José Manuel P. Quadrado;
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada de Bambadinca-Mansambo. Eu e o Dalot, o Diniz G. Dalot, talvez o melhor condutor de GMC do mundo ou pelo menos o melhor que eu alguma vez conheci... Berliet e GMC nas mãos dele, carregadas de sacos de arroz, não ficavam atoladas na famosa estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole, a menos que rebentassem debaixo de uma mina. Eu dizia que era preciso ser maluco para conduzir uma GMC. Ele ofendia-se: era o mais profissional dos nossos condutores auto... Reguila, setubalense (se não me engano), apanhou logo no princípio da comissão, em Julho de 1969, cinco dias de detenção.
Foto: © Luís Graça (2005)
Refira-se os nossos soldados de origem metropolitana (para além dos operacionais já eventualmente citados, neste caso apenas o Sold At Inf Arménio Monteiro da Fonseca):
Sold Básico João Fernando R. Silva;
Sold Básico Salvador J. P. Santos;
Sold Mec Auto Gaudêncio Machado Pinto;
Sold Trams Inf José Garcia Pereira;
Sold TICA António Fernando Cruz Marchão;
Sold TICA José Leite Pereira;
Sold TICA António Diuas dos Santos
Sold Cozinheiro Henrique Manuel;
Sold Corneteiro Orlando da Cruz Vaz;
Sold Corneteiro José de Sousa Pereira;
Sold Radioteleg João Gonçalves Ramos;
Sold Radiot Manuel Maria Catita André;
Sold Cond Auto António S. Fernandes;
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos;
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares;
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga;
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro;
Sold Cond Auto João Dias Vieira;
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha;
Sold Cond Auto António S. Fernandes;
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho;
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida;
Sold Cond Auto António C. Gomes;
Sold Cond Auto Fernando S. Curto;
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva;
Sold Cond Auto Diniz G. Dalot;
Sold Cond Auto Manuel G. Reis.
Seria injusto ainda não referir dois soldados africanos que não eram operacionais ou que, pelo menos, não constavam da lista dos grupos de combate (1):
Sold Cozinheiro 82116869 Gale Camará
Sold Cozinheiro 81117669 Amadú Camará
Pergunto-me: o que será feito destes homens ? Lembro-me, com um sentimento de gratidão e de admiração, sobretudo dos soldados condutores auto que tantas vezes fintaram a morte nas picadas do leste da Guiné, na estrada do Xime-Bambadinca ou na estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole... O Bastos, o Braga, o Monteiro, o Vieira, o Rocha, o Fernandes, o Patronilho, o Almeida, o Gomes, o Curto, o Silva, o Dalot, o Reis... Por onde andam vocês, velhos malucos das GMC, Berliet, Unimog ? Houve, pelo menos, um que não sobreviveu, que pagou com a vida a lotaria russa que era andar pelas picadas da Guiné: chamava-se Manuel da Costa Soares, morreu no dia 13 de Janeiro de 1970, na estrada Nhabijões-Bambadinca (1)...
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Notas de L.G.
(1) O Humberto era do 2º Grupo de Combate; O Marques e o Fernandes eram do 4º Grupo de Combate: ambos foram gravemente feridos no mesmo sítio, no mesmo dia, a horas diferentes, por minas anti-carro, diferentes, mas que levavam destinatário: os tugas e os nharros da CCAÇ 12 e da CCS do BART 2817, destacados em Nhabijões, no dia 13 de Janeiro de 1971... A mina do Marques também sobrou para mim, felizmente sem outros danos, irreversíveis, que não os psicológicos...
Vd. posts de
21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)
2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão
23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971)
(2) Letra original, vetada pela censura da Ditadura Militar Brasileira; gravação editada apenas em Portugal (1975).
(3) Vd. posts de:
11 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CLXX: As heróicas GMC e os malucos dos seus condutores (CCAÇ 12, Septembro de 1969)
20 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXII: O inferno das colunas logísticas na estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho).
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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