Caro amigo Luís
Eu não sei se a cruz de guerra tinha palma... mas eu não tenho dúvidas que mereces uma cruz de guerra de primeira classe com (muitas) palma(s). Porque fizeste um trabalho de sencional militância na procura das referências àquelas lápides que eu fotografei no cemitério de Bissau (1). E a tua militância merece condecoração, se calhar uma torre e uma espada pela luta que vens a travar pela recolha da nossa memória, que é mesmo bom que não seja esquecida.
O teu contributo e o incentivo ao contributo dos outros têm sido um elemento fundamental para que esta história, e a estória de cada um, não caia no esquecimento. É uma luta contra uma tendência que se pretende imprimir na nossa sociedade, e tu és um vulto de topo nesa luta. Parabéns!
Sempre me interroguei como seria possível encontrar os dados completos daquelas campas. Tive dúvidas, até porque, embora conhecesse a página do Jorge Santos, nunca me deu para ver o Memorial. Mas tu, um homem prático da ciência, estás atento. Ainda bem!
Aproveito para fazer uma crítica àquele memorial que está em Belém:
(i) não estão lá os que morreram no cativeiro em Conacri (por causa da guerra...);
(ii) não estão lá os desaparecidos em campanha (também na guerra..., os três da CART 1690 sei que morreram mesmo);
(iii) e não estão lá todos os mortos por doença (porque lá estiveram, na guerra...). Critério que não me parece justo.
Um grande abraço
A. Marques Lopes
Comentário de L.G.:
Querido amigo e camarada António: A condecorarem-me (de que Deus me livre!, como se dizia até finais do Séc. XVII, quando se pronunciava a terrível palavra Peste), a condecorarem-me, algum dia, que seja ao menos com a Cruz da Paz (sim, pode ser com palma...)!...
O teu elogio é generoso mas excessivo. Todos, na tertúlia, procuramos fazer o nosso melhor, utilizando diferentes talentos, habilidades, competências, saberes, experiências. Pegando, enfim, no instrumento que sabe, melhor ou pior, tocar. A grande verdade é que nenhum de nós é perfeito, mas juntos... podemos sê-lo. Espírito de corpo: não era assim que nos ensinaram em Mafra, nas Caldas, em Tavira, em Lamego, em Santa Margarida ? E que depois pusemos (ou tentámos pôr) em prática em Sinchã Jobel, na Ponta do Inglês, no Choquemone ou em Guileje ? Pelo menos, para saírmos da Guiné com a cabeça levantada, sem a morte na alma, com a cabeça entre as orelhas, com a dignidade de homens e de portugueses...
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Nota de L.G.
(1) Vd. post de 30 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes)
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