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Foto: © Joaquim Mexia Alves (2006)
Caro Luis Graça
Realmente, como vi numa das histórias, o termo apanhado do clima tem mais a ver com a Guiné e o cacimbado com a Angola, o que não quer dizer que também não se usasse.
Até porque o nosso clima era bem pior que o de Angola.
Acho graça, (não me estou a meter contigo...), alguns dos que me conheceram dizerem que eu estava muito apanhado.
É lógico que estava alguma coisa - quem é que não estava ? - mas é certo também que o estar apanhado fazia parte dum modo de levar as coisas e dava muito jeito às vezes.
Um tipo fazia umas coisas menos de acordo com o regulamento e "deixa passar, que ele está apanhado".
Podíamos dizer de vez em quando umas verdades a alguns incompetentes (que nem todos eram incompetentes), que nos comandavam, e a coisa ficava por ali, porque "o tipo estava apanhado" e também porque estando apanhado não se sabia bem qual seria a reação do rapaz, até porq que "quem tem cu tem medo".
Safou-me de muitas porradas e também me deu muito gozo nalgumas ocasiões o que levava a suportar tudo aquilo dum modo mais descontraído.
Mesmo as loucuras que às vezes fazia, de andar à frente do pelotão ou da CCAÇ 15 durante o tempo em que a comandei, com galões e diversos apetrechos, eram coisas pensadas e que tinham o seu resultado, não só ao nivel da camaradagem com todos, oficiais, furriéis e soldados, mas também pelo respeito que essas coisas imprimiam naqueles que eu comandava e às vezes até naqueles que se nos opunham no teatro de operações.
Hoje envio-te uma fotografia actual minha, porque estou à espera da entrega das outras já prometidas, sobre as quais contarei umas histórias.
Abraço
Joaquim Mexia Alves
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Termas de Monte Real
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