Texto do Joaquim Mexia Alves:
Li atentamente os vossos mails e quero fazer alguns comentários (1).
1 - Rangerices
Quero entender o uso do termo, mas lembremo-nos sempre que uma andorinha não faz a Primavera, ou seja, há muitos Oficiais e Furriéis das Operações Especiais, Rangers -nos quais me incluo-, a maioria, aliás, que deram o seu melhor na Guiné e em todas as frentes de combate, e que por isso merecem o respeito devido a todos que assim procederam.
Aliás, ao que sei, os Ranger's portugueses são uma tropa prestigiada e que tem dado boas provas disso em vários locais do mundo onde têm sido enviados pelo Estado Português.
Sei também, que em vários meetings militares na Europa têm sido elogiados e até recebido prémios pela sua actuação.
Repito, todos fazemos parte da mesma história, e por isso nos devemos considerar uns aos outros, o que não significa forçosamente estarmos todos de acordo.
2 - O Eusébio
Deve, pela cronologia apresentada, fazer parte do meu curso em Lamego, mas não consigo lembrar-me dele.
Pela sua estória confirma aquilo que eu já tinha pedido para ser confirmado, ou seja, que o Batalhão do Galomaro embarcou com o Batalhão de Bambadinca (ao qual pertenci) (2), no Niassa em Dezembro de 71.
Nunca ouvi falar no Xitole do tal grupo especial o que acho estranho, visto que, como sabem a ligação entre o Saltinho e o Xitole era muito estreita e constante.
Aliás, no meu tempo, se não me falha a memória o Saltinho era abastecido via Xitole.
Tanto que assim é, que uma vez fui incumbido de fazer uma coluna do Xitole ao Galomaro, via Saltinho e lembro-me que mais uma vez o Jamil Nasser me tentou dissaduir de tal, mas como isso não era possivel, à última hora apareceu com um camião, salvo o erro, de mancarra e a coluna decorreu sem incidentes.
Ora este episódio leva-me a crer que essa estrada já não seria, naquela altura tão utilizada, pois os cuidados eram muitos. Mas posso estar enganado!!!
3 - Operações de apoio a Bambadinca
Não me lembro de haver ou ter existido qualquer grupo especial vindo seja de onde for dar apoio a operações do meu Batalhão.
4 - FIATs e T6
Nunca ouvi, nunca vi, pelo menos no meu tempo, tal tipo de protecção a colunas na nossa zona.
5 - Rangers
Os Rangers tem uma associação que se chama Associação de Operações Esapeciais, sediada em Lamego e que tem um site na Net.
Só esse site responde pelos Rangers na Associação inscritos e, se por acaso essa estória foi descrita nesse site, e a mesma não corresponde à verdade - como parece não corresponder -, foi-o também na boa fé de camaradas de armas que não inventam, nem mentem sobre assuntos que custaram a vida a uns e muitos cabelos brancos, para não dizer mais, a outros.
Quando me perguntam porque fui de Operações Especiais costumo responder que fui voluntário à força, pois não foi em total liberdade que fiz tal opção o que não significa que não me orgulhe de ter pertencido a essas Forças Militares, como me orgulharia certamente de ter pertencido a quaisquer outras.
Tudo me parece muito estranho, porque às vezes a imaginação e vontade de sermos mais do que somos, prega partidas e leva a contar estórias romanceadas de algo que afinal não aconteceu.
Se for verdadeira, com certeza que o Eusébio apresentará as provas do que afirma, e penso já tarda um pouco!!!
"Todos não somos demais".
Abraço do
Joaquim Mexia Alves
__________
Nota de L.G.:
(2) Vd. os três posts anteriores, com data de hoje (P1119, P1120, P1121)
(2) BART 3873 (Bambadinca, 1972/1974)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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