Amílcar Cabral mostrou um empeho muito pessoal e especial na organização de um exército popular que irá iniciar a luta em 1963, não contra os portugueses, mas sim contra o sistema colonialista português, como ele sempre frisou.
Amílcar Cabral conseguiu obter um vasto apoio internacional, político, militar e financeiro, à causa do PAIGC, tanto por parte dos países do bloco soviético e do Terceiro Mundo como de outros países, incluindo ocidentais e europeus (como a Suécia)...
Fotos do Arquivo Amílcar Cabral > Em 1999, a Fundação Mário Soares, com a colaboração da Dra. Iva Cabral, viúva do fundador e dirigente do PAIGC, procedeu à recolha de centenas de fotografias respeitantes a Amílcar Cabral e ao processo de luta de libertação nacional da Guiné-Bissau e Cabo-Verde que se encontravam em iminente perigo de destruição.
Tratava-se de um importante espólio fotográfico que teve de ser objecto de tratamento e reprodução fotográfica e digital, sendo, a partir de 20 de Janeiro de 2003, no 30º aniversário da morte de Amílcar Cabarl (1924-1973), gradualmente disponibilizado na Internet.
Fotos: © Fundação Mário Soares (2007) (com a devida vénia...)
Continuação da publicação de um conjunto de textos que o nosso amigo e camarada, o Coronel DFA, na reforma, A. Marques Lopes, nos começou a enviar, em 13 de Setembro de 2007.
Fonte: SUPINTREP nº 32, um documento distribuído em Junho de 1971 aos Comandos das Unidades do CTIG.
PAIGC > Instrução, táctica e logística > II parte
[Fixação do texto: A.M.L. e editor L.G]
INSTRUÇÃO NO ÂMBITO MILITAR
(1) Recrutamento com vista à frequência dos Campos de Instrução
A fim de suprir às necessidades de recompletamento e aumento das FARP impostas pelo avanço da luta, o PAIGC leva a efeito [ operações de recrutamentono] seio das populações que vivem nas zonas sob o seu controle, nomeadamente: (i) nas áreas de Biambe/Queré, Tiligi e Sara Enxalé Inter-Região Norte; (ii) nos sectores de Gã Formoso, Injassane, Como, Tombali, Cubucaré, Quitafine: (iii) a W da estrada Bambadinca / Xitole na Inter-Região Sul.
INSTRUÇÃO NO ÂMBITO MILITAR
(1) Recrutamento com vista à frequência dos Campos de Instrução
A fim de suprir às necessidades de recompletamento e aumento das FARP impostas pelo avanço da luta, o PAIGC leva a efeito [ operações de recrutamentono] seio das populações que vivem nas zonas sob o seu controle, nomeadamente: (i) nas áreas de Biambe/Queré, Tiligi e Sara Enxalé Inter-Região Norte; (ii) nos sectores de Gã Formoso, Injassane, Como, Tombali, Cubucaré, Quitafine: (iii) a W da estrada Bambadinca / Xitole na Inter-Região Sul.
Esse recrutamento é extensivo também às populações refugiadas na República do Senegal e na República da Guiné, e incide, principalmente, sobre os elementos com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos.
Os recrutamentos são sempre feitos de modo a aproveitar as características de cada grupo étnico. Assim, verifica-se que os combatentes são na maioria balantas por ser esta etnia a mais destemida e aguerrida de quantas existem na Província, seguindo-se-lhe as etnias mandinga e beafada, também destemidas e resistentes. Os nalús, embora em número mais reduzido, pelo ódio que guardam ao fula, apoiam também o PAIGC.
É pois, e principalmente sobre estas etnias que o PAIGC faz incidir os seus recrutamentos com vista à obtenção de elementos combatentes.
(2) Instrução Militar Geral; Selecção de Quadros
Aos elementos recrutados é-lhes ministrada instrução político-militar e cultural intensiva durante trinta dias, com um total de 180 horas de preparação militar e 60 de preparação cultural.
A preparação militar inclui:
- Preparação táctica;
- Preparação política, ministrada pelo Comissário Político do Campo de Instrução, o qual tem também a seu cargo a administração, os serviços e a disciplina;
- Preparação de tiro;
- Ordem unida;
- Preparação engenheira, que abrange breves noções de organização de terreno e minas;
- Topografia militar, com rudimentos de orientação e levantamentos expeditos.
Além destes conhecimentos ministrados à generalidade dos combatentes, é dada ainda instrução de especialidades aos que a elas se destinam mercê de determinadas aptidões, como por exemplo acontece com os professores, muitos dos quais são escolhidos para ocupar lugares de chefia nas unidades de “artilharia”.
Os elementos que neste campos de instrução melhores provas prestarem, são enviados para campos de instrução no estrangeiro, dos quais estão detectados os seguintes:
- Na Argélia: Campo de Instrução de Colbert (a 19 km da povoação do mesmo nome).
- Na China: Campos de Instrução adstritos às Academias de Ciência Militares de Nanquim e Wuhan e o Campo de Instrução de Pequim.
- Em Cuba: Campo de Instrução de Sierra Maestra, em Mina del Rio.
- Na URSS: Campo de Instrução de Simperopol e Centro de Instrução de Marinha de Guerra em Herson.
A especialização e aperfeiçoamento dos elementos do Exército Popular é de um modo geral, realizada no Campo de Instrução e Preparação militar de Kambera (República da Guiné), sendo ministrada por elementos especializados, nomeadamente cubanos, caboverdeanos e ainda por elementos de comprovada competência e experiência.
Na generalidade, a instrução ministrada aos combatentes do PAIGC no estrangeiro inclui as seguintes matérias, em programas muito semelhantes, embora em países diferentes:
- Preparação física:
Marchas
Desportos
Ginástica de Aplicação Militar
Luta
- Armamento e Tiro
O estudo do armamento visa os seguintes aspectos:
- Modelo
- Características
- Manutenção e limpeza
- Armar e desarmar
- Funcionamento (sumário)
- Incidentes e tiro
De um modo geral é feito tiro de armamento ligeiro por todos os instruendos, e de armamento pesado apenas pelos especialistas destinados a essas armas.
- Granadas de mão
- Minas, explosivos e armadilhas
Estas matérias são ministradas em pormenor e profundidade, procurando dar-se aos instruendos conhecimentos de:
- Minas anticarro;
- Minas antipessoal;
- Armadilhas;
- Implantação e levantamento de engenhos explosivos;
- Dispositivo de lançamento de fogo;
- Tipos de explosivos;
- Destruições.
- Tática
- Instrução individual do combatente;
- Emboscadas
- Sabotagem (ataques a Povoações e Aquartelamentos)
- Defesa anti-aérea
- Organização do terreno
- Transmissões
- Reconhecimento e informação
- Doutrinação política
O que diz respeito à instrução ministrada nos campos de instrução referenciados no interior do TN [território nacional], há notícias de que a mesma apresenta um programa mais reduzido, destinado simplesmente a elementos da Milícia Popular, e que se resume praticamente:
- Preparação física
- Armamento e tiro
- Táctica
- Doutinação política
(3) Instrução táctica
(a) Generalidades
Os recrutamentos são sempre feitos de modo a aproveitar as características de cada grupo étnico. Assim, verifica-se que os combatentes são na maioria balantas por ser esta etnia a mais destemida e aguerrida de quantas existem na Província, seguindo-se-lhe as etnias mandinga e beafada, também destemidas e resistentes. Os nalús, embora em número mais reduzido, pelo ódio que guardam ao fula, apoiam também o PAIGC.
É pois, e principalmente sobre estas etnias que o PAIGC faz incidir os seus recrutamentos com vista à obtenção de elementos combatentes.
(2) Instrução Militar Geral; Selecção de Quadros
Aos elementos recrutados é-lhes ministrada instrução político-militar e cultural intensiva durante trinta dias, com um total de 180 horas de preparação militar e 60 de preparação cultural.
A preparação militar inclui:
- Preparação táctica;
- Preparação política, ministrada pelo Comissário Político do Campo de Instrução, o qual tem também a seu cargo a administração, os serviços e a disciplina;
- Preparação de tiro;
- Ordem unida;
- Preparação engenheira, que abrange breves noções de organização de terreno e minas;
- Topografia militar, com rudimentos de orientação e levantamentos expeditos.
Além destes conhecimentos ministrados à generalidade dos combatentes, é dada ainda instrução de especialidades aos que a elas se destinam mercê de determinadas aptidões, como por exemplo acontece com os professores, muitos dos quais são escolhidos para ocupar lugares de chefia nas unidades de “artilharia”.
Os elementos que neste campos de instrução melhores provas prestarem, são enviados para campos de instrução no estrangeiro, dos quais estão detectados os seguintes:
- Na Argélia: Campo de Instrução de Colbert (a 19 km da povoação do mesmo nome).
- Na China: Campos de Instrução adstritos às Academias de Ciência Militares de Nanquim e Wuhan e o Campo de Instrução de Pequim.
- Em Cuba: Campo de Instrução de Sierra Maestra, em Mina del Rio.
- Na URSS: Campo de Instrução de Simperopol e Centro de Instrução de Marinha de Guerra em Herson.
A especialização e aperfeiçoamento dos elementos do Exército Popular é de um modo geral, realizada no Campo de Instrução e Preparação militar de Kambera (República da Guiné), sendo ministrada por elementos especializados, nomeadamente cubanos, caboverdeanos e ainda por elementos de comprovada competência e experiência.
Na generalidade, a instrução ministrada aos combatentes do PAIGC no estrangeiro inclui as seguintes matérias, em programas muito semelhantes, embora em países diferentes:
- Preparação física:
Marchas
Desportos
Ginástica de Aplicação Militar
Luta
- Armamento e Tiro
O estudo do armamento visa os seguintes aspectos:
- Modelo
- Características
- Manutenção e limpeza
- Armar e desarmar
- Funcionamento (sumário)
- Incidentes e tiro
De um modo geral é feito tiro de armamento ligeiro por todos os instruendos, e de armamento pesado apenas pelos especialistas destinados a essas armas.
- Granadas de mão
- Minas, explosivos e armadilhas
Estas matérias são ministradas em pormenor e profundidade, procurando dar-se aos instruendos conhecimentos de:
- Minas anticarro;
- Minas antipessoal;
- Armadilhas;
- Implantação e levantamento de engenhos explosivos;
- Dispositivo de lançamento de fogo;
- Tipos de explosivos;
- Destruições.
- Tática
- Instrução individual do combatente;
- Emboscadas
- Sabotagem (ataques a Povoações e Aquartelamentos)
- Defesa anti-aérea
- Organização do terreno
- Transmissões
- Reconhecimento e informação
- Doutrinação política
O que diz respeito à instrução ministrada nos campos de instrução referenciados no interior do TN [território nacional], há notícias de que a mesma apresenta um programa mais reduzido, destinado simplesmente a elementos da Milícia Popular, e que se resume praticamente:
- Preparação física
- Armamento e tiro
- Táctica
- Doutinação política
(3) Instrução táctica
(a) Generalidades
Pretende esta alínea do Supintrep N.º 32 dar a conhecer a importância de que se reveste para o IN a instrução táctica dos seus guerrilheiros, para o que se lançou mão de diversos regulamentos e documentação doutrinária utilizada pelo PAIGC nomeadamente o Manual do Guerrilheiro do PAIGC..., o ABC da Táctica... e um documento intitulado Para o Desenvolvimento da Nossa Luta contra os Helicópteros... Poder-se-á dizer contudo, que a doutrina contida nem sempre corresponderá aos procedimentos a apresentar na parte dedicada à Táctica, o que significa uma evolução nítida nos processos de actuação do IN e uma capacidade de adaptação às diferentes situações que se lhe opõem.
Nas transcrições feitas e esquemas apresentados, é respeitada a forma dos documentos.
[...] (6) Transmissões
Esta especialidade inclui duas espécies de técnicos: os operadores e os rádio-montadores, os primeiros instruídos na Rússia e em Cuba e os segundos na Rússia. Admite-se no entanto que já possa ser ministrada instrução aos operadores na Base de Kambera, não havendo no entanto elementos que o confirmem.
Sempre que o PAIGC recebe novos aparelhos de rádio todos os operadores são sujeitos a estágios de preparação.
Os elementos que se possuem acerca da instrução de transmissões são muito escassos, transcrevendo-se apenas um Plano de Instrução de Transmissões, extraído de documentos capturados.
Programa de Instrução
Planos de Instrução de Transmissões
1.º Plano de Instrução
- Defeitos de alimentação
- Uso das antenas
- Escolha do local para instalação do rádio
- Sintonização
- Chamada dum correspondente
- Trabalho sem indicativos
- Transmissão em cifra e letras
2.º Plano de Instrução
- Aprovado pelo Comandante do Grupo de Comunicações para instruir os soldados da secção telefónica.
Tempo – 2 horas
Lugar – no campo
Abastecimento de material – comutador P293, fio telefónico P215, 10 telefones TAN-43 – colecção de ferramentads para cada aluno.
3.º Plano de Instrução
- Aprovado pelo Capitão Chefe das Comunicações
Tema – Estudo do telefone TAN-43
Finalidade – Estudar comunicações por fios com grupos de sapadores e artilharia.
Tempo – 3 horas
Lugar – Classe
Material – Telefone TAN-43
[...]
(8) Tiro
Por se achar de interesse, incluem-se neste Supintrep as Normas de Segurança a respeitar nas carreiras de tiro do PAIGC, e que constituem o teor dum documento capturado ao IN.
MEDIDAS DE SEGURANÇA QUE DEVEMOS RESPEITAR NO CAMPO DE TIRO
- Antes de disparar no campo de tiro, cada atirador deve estudar a teoria das armas, deve conhecer as regras como disparar e as regras principais como as armas trabalham.
- No campo de tiro devemos respeitar todas as medidas de segurança e trabalhar segundo ordens do Comandante do Grupo.
- Quando há avarias durante o tiro, o atirador logo deve anunciá-las, não mudando a sua posição e não desviando a sua arma. Logo chega o comandante do grupo para ajudar o atirador a reparar a varia da sua arma.
- No campo de tiro é proibido: (i) Utilizar as armas que não são bem preparadas para o tiro; (ii) Permitir o tiro aos atiradores que não conhecem o trabalho das armas e as medidas de segurança durante o tiro; (iii) Carregar a arma sem ordem do Comandante; (iv) Desviar a arma para os lados ou para trás ou para as demais pessoas; (iv) Abandonar ou emprestar a arma carregada; (v) Continuar no tiro depois da ordem Alto.
- Na linha de tiro pode achar-se somente: (i) O grupo dos atiradores; (ii) O comandante do grupo (que dirige o tiro); (iii) O órgão de controle (se necessário um intérprete).
- Na linha de preparação pode estar somente: (i) O grupo seguinte; (ii) O distribuidor das munições; (iii) Um funcionário para registar o resultado do tiro.
- Os atiradores podem abrir fogo somente sob a ordem do comandante: Fogo.
(9) Marinha e Aeronáutica
Relacionando as referências acerca da vinda de elementos especializados em aeronáutica com as existentes sobre a obtenção de meios aéreos e construção de pistas, admite-se que o PAIGC se prepare para a formação de quadros de aeronáutica para, no futuro, os empregar em missões de evacuação e transporte de pessoal e material e, eventualmente, em acções de guerra que não impliquem utilização de meios que o PAIGC logicamente não poderá obter a curto prazo.
Admite-se pois, a hipótese de o PAIGC vir a dispor de meios aéreos (talvez à base de helicópteros), que numa primeira fase poderão ser utilizados em transporte de pessoal e evacuação entre as bases mais importantes do exterior, e numa fase mais avançada que venha a obter e utilizar outros meios aéreos que visem outras actividades nomeadamente acções ofensivas em TN.
A especialização de elementos In em marinhagem serve ao PAIGC para obter os tripulantes e técnicos para equipar os meios fluviais e navais de que já dispõe e virá a obter.
Refere-se também a instrução de unidades de fuzileiros, tropa de assalto ligada à marinha do PAIGC, a qual será também especializada na colocação de engenhos aquáticos e transposição de cursos de água.
[...]
(8) Tiro
Por se achar de interesse, incluem-se neste Supintrep as Normas de Segurança a respeitar nas carreiras de tiro do PAIGC, e que constituem o teor dum documento capturado ao IN.
MEDIDAS DE SEGURANÇA QUE DEVEMOS RESPEITAR NO CAMPO DE TIRO
- Antes de disparar no campo de tiro, cada atirador deve estudar a teoria das armas, deve conhecer as regras como disparar e as regras principais como as armas trabalham.
- No campo de tiro devemos respeitar todas as medidas de segurança e trabalhar segundo ordens do Comandante do Grupo.
- Quando há avarias durante o tiro, o atirador logo deve anunciá-las, não mudando a sua posição e não desviando a sua arma. Logo chega o comandante do grupo para ajudar o atirador a reparar a varia da sua arma.
- No campo de tiro é proibido: (i) Utilizar as armas que não são bem preparadas para o tiro; (ii) Permitir o tiro aos atiradores que não conhecem o trabalho das armas e as medidas de segurança durante o tiro; (iii) Carregar a arma sem ordem do Comandante; (iv) Desviar a arma para os lados ou para trás ou para as demais pessoas; (iv) Abandonar ou emprestar a arma carregada; (v) Continuar no tiro depois da ordem Alto.
- Na linha de tiro pode achar-se somente: (i) O grupo dos atiradores; (ii) O comandante do grupo (que dirige o tiro); (iii) O órgão de controle (se necessário um intérprete).
- Na linha de preparação pode estar somente: (i) O grupo seguinte; (ii) O distribuidor das munições; (iii) Um funcionário para registar o resultado do tiro.
- Os atiradores podem abrir fogo somente sob a ordem do comandante: Fogo.
(9) Marinha e Aeronáutica
Relacionando as referências acerca da vinda de elementos especializados em aeronáutica com as existentes sobre a obtenção de meios aéreos e construção de pistas, admite-se que o PAIGC se prepare para a formação de quadros de aeronáutica para, no futuro, os empregar em missões de evacuação e transporte de pessoal e material e, eventualmente, em acções de guerra que não impliquem utilização de meios que o PAIGC logicamente não poderá obter a curto prazo.
Admite-se pois, a hipótese de o PAIGC vir a dispor de meios aéreos (talvez à base de helicópteros), que numa primeira fase poderão ser utilizados em transporte de pessoal e evacuação entre as bases mais importantes do exterior, e numa fase mais avançada que venha a obter e utilizar outros meios aéreos que visem outras actividades nomeadamente acções ofensivas em TN.
A especialização de elementos In em marinhagem serve ao PAIGC para obter os tripulantes e técnicos para equipar os meios fluviais e navais de que já dispõe e virá a obter.
Refere-se também a instrução de unidades de fuzileiros, tropa de assalto ligada à marinha do PAIGC, a qual será também especializada na colocação de engenhos aquáticos e transposição de cursos de água.
[...]
d. Ensino no estrangeiro
Como se referiu já [, anteriormente], a necessidade da obtenção de Quadros para a direcção dos vários sectores da vida do Partido, leva o PAIGC a aceitar as muitas bolsas de estudo oferecidas pelos países que o apoiam, para a frequência dos cursos a que no mesmo capítulo se fez referência.
A actividade da angariação e distribuição destas bolsas de estudo é feita pela Secção de Estudantes no Exterior, órgão que se supõe existir directamente dependente da Direcção dos Serviços de Cultura.
A este órgão compete ainda a ligação do Partido com os estudantes que frequentam os estabelecimentos de ensino no estrangeiro, distribuindo-lhe para o efeito, material informativo.
Os cursos supõe-se que funcionam em regime acelerado de que resulta os futuros técnicos e licenciados, a maior parte das vezes, não atingirem o nível desejado. A este assunto se referiu A. Cabral durante a realização do Seminário de Quadros em Novembro de 1969, estabelecendo um termo de comparação com os cursos tirados em Portugal, em relação aos quais aqueles estariam em nítida desvantagem.
Durante a realização do mesmo Seminário e uma intervenção do próprio Secretário Geral, intitulada “Elevar a consciência Política e a Militância dos Estudantes do Partido”..., Cabral refere-se aos estudantes que frequentam cursos no estrangeiro em termos de notória preocupação acerca das atitudes por eles tomadas no estrangeiro como sejam as ligações com estrangeiras e as fugas para “países aliados de Portugal” ou mesmo Portugal, empreendidas logo após a conclusão dos referidos cursos, fugindo assim às responsabilidades criadas perante o Partido.
Em função disto e diligenciando para que o Partido seja informado das verdadeiras intenções desses estudantes, são preconizadas medidas de controle dos estudantes pelos próprios estudantes, recorrendo à denúncia como meio de eliminar todos aqueles que não mereçam confiança.
(Continua)
__________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 22 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2124: PAIGC - Instrução, táctica e logística (1): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (I Parte) (A. Marques Lopes)
Como se referiu já [, anteriormente], a necessidade da obtenção de Quadros para a direcção dos vários sectores da vida do Partido, leva o PAIGC a aceitar as muitas bolsas de estudo oferecidas pelos países que o apoiam, para a frequência dos cursos a que no mesmo capítulo se fez referência.
A actividade da angariação e distribuição destas bolsas de estudo é feita pela Secção de Estudantes no Exterior, órgão que se supõe existir directamente dependente da Direcção dos Serviços de Cultura.
A este órgão compete ainda a ligação do Partido com os estudantes que frequentam os estabelecimentos de ensino no estrangeiro, distribuindo-lhe para o efeito, material informativo.
Os cursos supõe-se que funcionam em regime acelerado de que resulta os futuros técnicos e licenciados, a maior parte das vezes, não atingirem o nível desejado. A este assunto se referiu A. Cabral durante a realização do Seminário de Quadros em Novembro de 1969, estabelecendo um termo de comparação com os cursos tirados em Portugal, em relação aos quais aqueles estariam em nítida desvantagem.
Durante a realização do mesmo Seminário e uma intervenção do próprio Secretário Geral, intitulada “Elevar a consciência Política e a Militância dos Estudantes do Partido”..., Cabral refere-se aos estudantes que frequentam cursos no estrangeiro em termos de notória preocupação acerca das atitudes por eles tomadas no estrangeiro como sejam as ligações com estrangeiras e as fugas para “países aliados de Portugal” ou mesmo Portugal, empreendidas logo após a conclusão dos referidos cursos, fugindo assim às responsabilidades criadas perante o Partido.
Em função disto e diligenciando para que o Partido seja informado das verdadeiras intenções desses estudantes, são preconizadas medidas de controle dos estudantes pelos próprios estudantes, recorrendo à denúncia como meio de eliminar todos aqueles que não mereçam confiança.
(Continua)
__________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 22 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2124: PAIGC - Instrução, táctica e logística (1): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (I Parte) (A. Marques Lopes)
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