Um ano depois do início da luta armada travou-se a batalha do Como (ou Komo, como também aparece escrito). Foram cerca de 70 dias de luta, com uma e outra parte fortemente envolvidas. O PAIGC a defender o que chamava terra libertada e as forças do exército português empenhadas em desalojar os guerrilheiros dos seus santuários.
Enquanto a batalha prosseguia, realizou-se em Cassacá, de 13 a 17 de Fevereiro de 1964, o 1º Congresso do PAIGC.
Quacuta Mané, Aristides, Abdulay Barry, Manuel Saturnino, Armando Ramos, Amílcar, Rogério Oliveira e Osvaldo Vieira, a caminho do Congresso
Em Cassacá tomaram-se medidas que vieram a projectar-se até ao fim da luta. Foi decidido criar o Exército Regular, a Milícia Popular, escolas e hospitais e formar pessoal de enfermagem.
A direcção do PAIGC saída do Congresso de CassacáNino, Chico Mendes, Rui Djassi, Aristides, Constantino Teixeira, Amílcar, Domingos Ramos, Luís Cabral e Osvaldo Vieira
Ao Exército (FARP*) , a que podiam aceder os melhores guerrilheiros (passou a ser considerada uma promoção), foi cometida a missão de abrir novas frentes, em especial a Norte e a Leste do território.
À guerrilha competia fustigar as tropas portuguesas na retaguarda, tornando-lhes a vida cada vez mais mais difícil e a Milícia ficava responsável pela defesa e segurança das populações das áreas sob controlo do partido.
sessão de encerramento do Congresso
Em Cassacá, o partido deixou de ser apenas uma organização política e militar; assumiu a organização e administração da justiça, da educação, da assistência médica e do comércio.
Muita e muita coisa aconteceu depois de Cassacá. Mas até ao fim da luta, o Iº Congresso do PAIGC ficou como uma marca de viragem e correcção e os seus efeitos perduraram até à década de 70. As armas, o transporte das mesmas de Marrocos até ao interior da Guiné, o difícil trânsito do material através da Guiné-Conacri com as dificuladades que Sekou Touré levantou durante muito tempo, as movimentações internacionais do partido, os debates sem fim na Nações Unidas, a recepção que o então Papa Paulo VI concedeu aos chefes da luta armada contra o colonialismo português, já na década de 70.
Não há aqui espaço, nem provavelmente o leitor tem paciência, nem tão pouco nós temos artes de historiador suficientes para descrever todo o trajecto da luta do PAIGC.
Foi uma década decisiva para o alcance da independência da Guiné e de Cabo Verde. As flagelações a Bissau, as batalhas dos três Gs (Guidage, Guileje, Gadamael), a preparação das eleições para a Assembleia Nacional Popular, a decisão dos países nórdicos (Suécia, Finlândia e Dinamarca), alguns deles parceiros de Portugal na Aliança Atlântica, de conceder apoio humanitário ao PAIGC, estes e muitos outros factores concorreram para que o desenlace da luta se viesse a dar a muito curto prazo.
(*) Forças Armadas Revolucionárias do Povo
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Nota de vb:
Fontes e imagens do livro "Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países", de Aristides Pereira. Editorial Notícias.
(1) Vd. post de 18 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P2114: Bibliografia de uma guerra (17): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte I)
(2) vd. post de 24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2128: Bibliografia de uma guerra (18): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte II)
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