Vídeo (1' 38''): Início da comunicação do Cor Art Res Coutinho e LIma, antigo comandante do COP 5, que em 22 de Maio de 1973 tomou a decisão de retirar Guileje.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Antigo aquartelamento de Guileje > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > 3 de Março de 2008 > No regresso a Bissau, o jipe que me levava a mim e ao Cor Art Nuno Rubim, mais as respectivas esposas, parou aqui, em manhã de nevoeiro... Foi uma despedida nostálgica por parte de ambos, e em especial do Nuno, um homem profundamente ligado a Guileje, e além disso autor do famoso diorama de Guileje...
Vídeos, fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes
Em Setembro de 1972, iniciei a minha 3ª Comissão de serviço na GUINÉ.
A 1ª ocorrera no período de JUL 63 / JUL 65; como Capitão, comandei a Companhia de Artilharia nº 494 (CART 494) que inicialmente ocupou GANJOLA, pertencente ao Batalhão de CATIÓ, de 17 SET a 15 DEZ 63; em 17 Dez 63, a CART 494 ocupou GADAMAEL PORTO e em 21 FEV 64 colocou um destacamento em GANTURÉ.
Em 4 FEV 64 foi ocupado GUILEDJE, com um Pelotão da Companhia de ALDEIA FORMOSA; aberto o itinerário GUILEDJE – GADAMAEL, em 20 FEV 64, a guarnição de GUILEDJE passou a ser reabastecida via GADAMAEL; por esta razão, percorri diversas vezes aquele percurso GADAMAEL- GUILEDJE.
O Batalhão de Caçadores nº 513, com sede em BUBA, ao qual pertencia a CART 494, fez uma série de operações ao longo da estrada paralela à fronteira com a REPÚBLICA da GUINÉ CONACRI, procedendo à abertura do itinerário e instalando forças militares em SANGONHÁ, CACOCA e CAMECONDE; com a ocupação desta última localidade, ficou estabelecida a ligação, por terra, entre ALDEIA FORMOSA e CACINE.
A minha 2ª comissão ocorreu no período de JUL 68/JUL 70; com o posto de Capitão e o Curso de Observador Aéreo de Artilharia, fui colocado no Comando Chefe das Forças Armadas da GUINÉ, desempenhando as funções de Adjunto da Repartição de Operações; foi-me atribuído o Sector Sul, onde estava incluído o Batalhão de BUBA, ao qual pertenciam as guarnições de GUILEDJE, GADAMAEL e CACINE.
Nesta comissão tive oportunidade de trabalhar sob as ordens do Sr. General SPÍNOLA, já nessa altura Comandante-Chefe das Forças Armadas da GUINÉ.
2. Criação do COP 5: missão, zona de acção e meios
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1. Transcrição da comunicação do Cor Art, na situação de reserva, Coutinho e Lima, no âmbito do SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE GUILEDJE (BISSAU - 1 a 7 de MARÇO de 2008). Trata-se de uma gentileza do autor com quem tive a oportunidade de privar durante uma semana na Guiné-Bissau, de 29 de Fevereiro a 7 de Março de 2008 (1). Ele passa também a integrar a nossa Tabanca Grande, por convite meu, que aceitou.
Factores considerados para tomar a decisão da retirada das forças militares e da população, do aquartelamento de GUILEDJE . Relato histórico do Ex-Comandante do COP 5, Coronel COUTINHO E LIMA
Parte I > Comandante do COP 5, com 3 comissões no CTIG
Revisão e fixação do texto: LG
Factores considerados para tomar a decisão da retirada das forças militares e da população, do aquartelamento de GUILEDJE . Relato histórico do Ex-Comandante do COP 5, Coronel COUTINHO E LIMA
Parte I > Comandante do COP 5, com 3 comissões no CTIG
Revisão e fixação do texto: LG
Começo por felicitar a ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, pela feliz iniciativa de organizar este Simpósio Internacional sobre GUILEDJE. Quando recebi o convite do Sr. Engenheiro CARLOS SCHWARTZ para participar neste evento, imediatamente manifestei a minha disponibilidade. A minha presença vai-me permitir apresentar, com algum detalhe e com verdade, o que se passou em Maio de 1973 e com a autoridade de ser o Comandante das forças portuguesas presentes no terreno, único responsável do que foi decidido.
Antes de analisar os diversos factores que considerei, para tomar a decisão da retirada de GUILEDJE, achei por bem fazer uma breve exposição dos antecedentes, para melhor se perceber o que ocorreu, em Maio de 1973, naquela zona.
1. Experiência das duas comissões anteriores
Antes de analisar os diversos factores que considerei, para tomar a decisão da retirada de GUILEDJE, achei por bem fazer uma breve exposição dos antecedentes, para melhor se perceber o que ocorreu, em Maio de 1973, naquela zona.
1. Experiência das duas comissões anteriores
Em Setembro de 1972, iniciei a minha 3ª Comissão de serviço na GUINÉ.
A 1ª ocorrera no período de JUL 63 / JUL 65; como Capitão, comandei a Companhia de Artilharia nº 494 (CART 494) que inicialmente ocupou GANJOLA, pertencente ao Batalhão de CATIÓ, de 17 SET a 15 DEZ 63; em 17 Dez 63, a CART 494 ocupou GADAMAEL PORTO e em 21 FEV 64 colocou um destacamento em GANTURÉ.
Em 4 FEV 64 foi ocupado GUILEDJE, com um Pelotão da Companhia de ALDEIA FORMOSA; aberto o itinerário GUILEDJE – GADAMAEL, em 20 FEV 64, a guarnição de GUILEDJE passou a ser reabastecida via GADAMAEL; por esta razão, percorri diversas vezes aquele percurso GADAMAEL- GUILEDJE.
O Batalhão de Caçadores nº 513, com sede em BUBA, ao qual pertencia a CART 494, fez uma série de operações ao longo da estrada paralela à fronteira com a REPÚBLICA da GUINÉ CONACRI, procedendo à abertura do itinerário e instalando forças militares em SANGONHÁ, CACOCA e CAMECONDE; com a ocupação desta última localidade, ficou estabelecida a ligação, por terra, entre ALDEIA FORMOSA e CACINE.
A minha 2ª comissão ocorreu no período de JUL 68/JUL 70; com o posto de Capitão e o Curso de Observador Aéreo de Artilharia, fui colocado no Comando Chefe das Forças Armadas da GUINÉ, desempenhando as funções de Adjunto da Repartição de Operações; foi-me atribuído o Sector Sul, onde estava incluído o Batalhão de BUBA, ao qual pertenciam as guarnições de GUILEDJE, GADAMAEL e CACINE.
Nesta comissão tive oportunidade de trabalhar sob as ordens do Sr. General SPÍNOLA, já nessa altura Comandante-Chefe das Forças Armadas da GUINÉ.
2. Criação do COP 5: missão, zona de acção e meios
Iniciei a minha 3ª comissão, por imposição, na GUINÉ, em SET 72; fui colocado no Centro de Instrução Militar (CIM), em BOLAMA, como Director de Instrução; tinha o posto de Major.
Através da Directiva nº 2/73, de 8 JAN 73, do Comando Chefe das Forças Armadas da GUINÉ, foi criado o Comando Operacional nº 5 (COP 5), para o qual fui designado Comandante.
A MISSÃO do COP 5 era a seguinte:
(1) Intercepta o corredor de GUILEJE, especialmente pela implantação de minas e armadilhas e execução de fogos de interdição.
(2) Executa acções de reconhecimento na faixa fronteiriça, por forma a detectar novas linhas de infiltração In na sua ZA, com vista ao oportuno desenvolvimento de acções de contra-penetração.
(3) Acaba com o IN na sua ZA, aniquilando-o, capturando-o, ou no mínimo, expulsando-o para o exterior do TO.
(4) Procura alargar a sua área de actividade de contra-guerrilha, por acções de reconhecimento no corredor de GUILEJE em ordem a intensificar o esforço de contra-penetração e por acções de golpe de mão sobre a área do QUITAFINE.
(5) Assegura a defesa eficiente dos aglomerados populacionais ocupados pelas NT e o socorro em tempo oportuno dos reordenamentos da sua ZA.
(6) Garante as condições de segurança necessárias à execução de movimentos nos itinerários do Sector, em especial GADAMAEL-GUILEJE e CACINE-CAMECONDE.
(7) Coopera com o COP 4 na realização de acções terrestres no CANTANHEZ, a pedido daquele comando.
(8) Prevê a execução de fogos de Artilharia sobre o CANTANHEZ a desencadear a pedido do COP4.
Os meios atribuídos ao COP 5 eram os que, do antecedente, estavam nas guarnições de GUILEJE, GADAMAEL e CACINE.
A Zona de Acção (ZA) do COP 5 era a que estava atribuída àquelas três guarnições.
Refere-se que um dos considerandos da Directiva que criou o COP 5 era:
“…que, com a criação do COP4 e o desenvolvimento da respectiva manobra no CANTANHEZ, é de admitir que o In reforce os seus efectivos armados naquela região com material e pessoal a partir da REP GUINÉ e, consequentemente, pressione ainda mais as nossas guarnições de GUILEJE, GADAMAEL e CACINE em virtude de a travessia das respectivas ZA constituir o itinerário mais curto entre a fronteira e o CANTANHEZ.”
Embora o Comando Chefe admitisse que o In iria pressionar ainda mais as guarnições indicadas, não foi atribuído nenhum meio de reforço ao recém-criado COP 5, tendo-me o Sr. Comandante-Chefe dito, expressamente, que não pedisse reforços e que efectuasse a adequada manobra dos meios existentes.
Era habitual, até então, a criação de um COP ser acompanhada da atribuição de meios, para o cumprimento da MISSÃO. O COP 5 foi o primeiro que não viu reforçado o seu dispositivo, com qualquer meio.
Na véspera da minha partida de BISSAU, o Sr. Comandante-Chefe disse-me que, qualquer dia, iria fazer uma visita a GUILEJE; ficou, assim, estabelecida a sede do COP 5, o que não constava na Directiva que o criou.
3. Aparecimento dos mísseis terra-ar na região de GUILEJE
No dia 25 MAR 73 (Domingo), o aquartelamento de GUILEJE foi flagelado pelo PAIGC, das 13.00 às 14.30 horas; esta flagelação, em pleno dia, não era habitual, pois que, até então, tais acções ocorriam durante a noite; esta flagelação constituiu, seguramente, um chamariz, pois que certamente o PAIGC tinha conhecimento que os aviões da Força Aérea Portuguesa não deixariam de aparecer; conforme o que estava determinado, foi feito o pedido de Apoio Aéreo; passado pouco tempo, sobrevoava o quartel um Avião FIAT G 91;o Piloto entrou em contacto rádio e depois de receber a indicação da direcção e distância estimadas donde partira o bombardeamento, voou nesse rumo, não mais tendo estabelecido qualquer comunicação; passados cerca de 15/20 minutos, apareceu um segundo Avião do mesmo tipo (era habitual virem os dois aviões ao mesmo tempo), que informado do que tinha ocorrido, sobrevoou a área indicada, verificando, ao fim de algum tempo, que o primeiro avião tinha sido abatido. O Piloto, Tenente Piloto Aviador PESSOA conseguira ejectar-se e, devido ao adiantado da hora, só foi recolhido na manhã do dia seguinte.
Foi este o primeiro Avião FIAT G 91 abatido por um míssil terra-ar, mas não a primeira acção com êxito sobre aeronaves portuguesas; de facto, em 1968, tinha sido abatido um avião do mesmo tipo, numa acção de apoio de fogo ao aquartelamento de GANDEMBEL, atingido pelo fogo de Metralhadoras Anti-Aéreas; o Piloto também conseguiu ejectar-se e foi recuperado, de imediato.
O aparecimento dos mísseis terra-ar provocou, como não podia deixar de ser, profundas alterações na actuação da Força Aérea Portuguesa. Em 27 ABR 73, a Repartição de Operações do Comando Chefe, enviou uma mensagem a todos os Comandos, determinando, no que dizia respeito ao Sector do COP 5, que eram canceladas temporariamente as evacuações por avião DORNIER (DO 27) a partir de GUILEJE e GADAMAEL; era também cancelado o avião do Sector, efectuado por DORNIER; o acompanhamento de forças por DO 27 passava a efectuar-se a altitudes superiores a 6.000 pés; o ataque ao solo, feito por aviões FIAT G 91, passava a ser efectuado somente com bombas, a altitudes acima de 6.000 pés; as evacuações por helicóptero e outras missões ficavam condicionadas ao estudo prévio do Comando de Operações Aero-Tácticas da Força Aérea.
Até 6 ABR 73, as colunas de reabastecimento eram acompanhadas, sobrevoando o itinerário, por um DO 27 armado; após esta data, as colunas passaram a ser feitas sem qualquer apoio aéreo, tendo sido determinado que, no caso de contacto com o IN, deveria ser pedido apoio imediato.
Também deixaram de ser efectuadas as evacuações; estas eram feitas através de transporte por estrada até GADAMAEL, daqui de barco até CACINE e transporte pela Força Aérea para BISSAU.
No dia 11 MAI 73.o Sr. Comandante-Chefe fez uma visita a GUILEJE, após ter realizado, em CATIÓ, uma reunião com todos os Comandantes da Zona Sul; perante formatura geral, na pista, referiu que se esperava um agravamento da situação, que a Força Aérea não podia executar as missões de rotina como até há pouco tempo atrás, mas que, numa situação difícil, apoiaria as NT, voando mais alto; afirmou ainda que, no caso de haver feridos muito graves, a Força Aérea faria a sua evacuação.
Nesse mesmo dia, tinha sido efectuada uma coluna de reabastecimento GUILEJE-GADAMAEL, sem qualquer incidente.
Durante este período, foram realizadas 9 colunas de reabastecimento, sem apoio aéreo, (documento elaborado pela 4ª Repartição do QG/CTIG), nos dias 14, 21 e 25 ABR e 1, 4, 7, 11, 14 e 16 MAI 73.
4. Diligências efectuadas no período de 18/21 MAI 73
Em 18 MAI 73, pelas 07.00 horas, as forças de segurança para a realização de mais uma coluna de reabastecimento GUILEJE-GADAMAEL, foram emboscadas a cerca de 300 metros do cruzamento de GUILEJE, com fornilhos comandados, RPG 2, RPG 7 e armas automáticas; as NT reagiram com Artilharia, Morteiro, lança granadas foguete e armas automáticas e sofreram 1 morto (Comandante do Pelotão de Milícia), 7 feridos graves e 4 feridos ligeiros.
Face ao grande poder de fogo das forças do PAIGC, as baixas foram recolhidas para GUILEJE e a coluna não se realizou.
Tendo-me apercebido da gravidade da situação, iniciei uma série de diligências, tendo em vista a sua resolução; refere-se que foi a primeira vez que não foi possível efectuar a coluna, por acção do IN.
Às 09.05 horas, enviei uma mensagem para a Repartição de Operações do Comando Chefe, (REPOPER/COMCHEFE) do seguinte teor:
“ VIRTUDE FORTE EMBOSCADA HOJE SOLICITO VINDA ESTE DELEGADO ESSA DELEGADO COAT”
Ao enviar esta mensagem, esperava que fossem feitas as evacuações, entretanto solicitadas, de acordo com o que o Sr. Comandante-Chefe tinha afirmado 8 dias antes; os Delegados poderiam utilizar os helicópteros que viessem fazer as evacuações.
Porque estas não foram efectuadas, um dos feridos graves (um Cabo da CCAV 8350) veio a falecer às 10.15 horas; após esta nefasta ocorrência, fiz nova mensagem para a REP PER, com o seguinte texto:
“NÃO SATISFAÇÃO PEDIDO APOIO FOGOS FORÇA AÉREA E EVACUAÇÕES (Y) CAUSOU GRANDE MAL ESTAR TODO PESSOAL POIS ÚLTIMA VISITA SEXA GENERAL ESTE DISSE MESMAS SERIAM EFECTUADAS QUANDO NT CONDIÇÕES DIFÍCEIS”.
Como não aparecia ninguém, nem obtinha qualquer resposta, redigi às 22.45 horas, a mensagem seguinte:
“M/703 18 MAI 73 SOLICITO RESPOSTA ESTA VIA POIS TENHO POSSIBILIDADE SEGUIR MANHÃ 19 MAI GADAMAEL PORTO”.
A mensagem 703 solicitava a vinda dos delegados.
Das 20.00 às 21.45 horas, o PAIGC iniciou uma série de flagelações, tendo-se logo, nesta primeira acção, verificado vários rebentamentos dentro da área de arame farpado. Às 03.50 horas do dia 19 MAI, enviei nova mensagem:
“CASO HAJA DIFICULDADE VINDA DELEGADOS SOLICITO AUTORIZAÇÃO IDA BISSAU E TRANSPORTE URGENTE PARA GADAMAEL PORTO FIM EXPOR SITUAÇÃO”.
Esta última mensagem somente foi respondida, pela REPOPER, às 11.11 horas desse dia 19 MAI:
“ SITUAÇÃO LOCAL NÃO ACONSELHA SUA SAÍDA DEMORADA DO SECTOR. ESTE TENTOU IR MAS FAEREA SO VAI GADAMAEL EMERGÊNCIA. EXPONHA SITUAÇÃO ESTA VIA”.
Esta mensagem apenas foi enviada para GUILEJE, onde eu já não me encontrava, só tendo tomado conhecimento dela bastante mais tarde, quando foi retransmitida para CACINE; por isso, a resposta só seguiu às 03.20 horas do dia 20 MAI:
“ CMDT COP 5 PRESENTE NESTA INFORMA NECESSITA UMA COMPANHIA TROPA ESPECIAL REFORÇO TEMPORARIO FIM EFECTUAR REABASTECIMENTO GUILEJE. NECESSARIO TAMBEM REFORÇO VIATS E ESTIVADORES. VIRTUDE SE ENCONTRAR NESTA JULGA NECESSARIO IR BISSAU REGRESSANDO IMEDIATAMENTE”.
Entretanto, em 19 MAI, pelas 06.00 horas efectuou-se a evacuação das baixas da véspera, por estrada até à foz do Rio AFIÁ (na direcção de MEJO) e daqui de barco para CACINE.
Continuando a não receber resposta de BISSAU, insisti, já em CACINE, no dia 20 MAI, às 10.00 horas, com a seguinte mensagem:
“ CMDT COP 5 SOLICITA TPT IMEDIATO BISSAU OU ALTERNATIVA VINDA CACINE HOJE SEM FALTA DELEGADO DESSA “.
Uma hora depois -11.00 horas - enviei nova mensagem:
“CMDT COP 5 INFO SITUAÇÃO GUILEJE IMPRESCINDÍVEL VINDA IMEDIATA REFORÇO PEDIDO E SOLICITA RESPOSTA ESTA VIA”.
Finalmente no final da tarde de 20 MAI (tinha chegado a CACINE na manhã de 19 MAI), fui transportado de helicóptero para BISSAU.
Compareci na reunião diária do Comando-Chefe, onde expus a situação ao Sr. Comandante-Chefe, acabando por apresentar a necessidade de reforços, já solicitada por mensagem.
O Sr. Comandante-Chefe respondeu-me que não me atribuía nenhum reforço, que deveria regressar a GUILEJE na manhã seguinte e que seria substituído no Comando do COP 5, passando eu a desempenhar as funções de 2º Comandante.
Esclarece-se que na reunião estavam presentes, além dos Senhores Comandantes dos 3 Ramos das Forças Armadas e o Sr. Comandante Adjunto Operacional, os Chefes das Repartições de Operações e de Informações, bem como os Chefes das outras Repartições do Comando-Chefe.
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aliento o teor de uma mensagem, enviada para GUILEJE pela Repartição de Informações, nesse dia às 19.00 horas, isto é, muito pouco tempo antes do início da reunião:
“NOT A2 REFERE EFECTIVOS 3º CE MATA MEJO. ADMITE-SE POSSIBILIDADE VIREM A ACTUAR SOBRE ESSA “.
Nenhum dos presentes teve qualquer intervenção, além do Sr. Comandante-Chefe. Nessa mesma noite, enviei de BISSAU (através da REPOPER), a seguinte mensagem para as Companhias de CACINE, GADAMAEL e GUILEJE:
“CMDT COP 5 PRESENTE NESTE SEGUE 21 MAI 73 SINTEX CACINE GUILEJE. SEGURANÇA MONTADA MARGENS RIO CACINE CCAÇ 4743 CCAV 8350 PARTIR 210900 MAI 73. SINTEX PRESENTE GADAMAEL AGUARDAM FOZ RIO CACONDO BARCOS CACINE.CCAÇ 3520 SOLICITA APOIO DFE DOIS BARCOS”.
A CCAV 8350 (GUILEJE) enviou no dia 21 MAI às 07.40 horas, uma mensagem referindo:
“ REF S… TOTALMENTE IMPOSSIVEL PARA ESTA”.
Perante esta informação, face à impossibilidade de a Companhia de GUILEJE montar a segurança nas margens do rio, decidi alterar o meu regresso a GUILEJE, seguindo de barco para GADAMAEL e daqui a pé para o Comando do COP 5. Nestas condições, enviei de CACINE, para a Companhia de GADAMAEL, às 09.40 horas, a seguinte mensagem:
“ CMDT COP 5 SEGUE ESSA BOTE. PREPARE CCAÇ 4743 02 GR COMB PEL MIL SEGUIR COM COMANDANTE COP 5 A PÉ GUILEJE. PERNOITAM GUILEJE”.
Durante a minha ausência, justificada pelo facto de eu considerar imprescindível o contacto pessoal com Oficiais do Comando-Chefe, GUILEJE continuou a ser flagelado, dia e noite.
Ao chegar a GADAMAEL, o Sr. Comandante de Companhia informou-me que os seus homens não estavam dispostos a seguir para GUILEJE; após uma formatura geral, em que expliquei o que se estava a passar, a necessidade de ir para GUILEJE e mais algumas diligências que tomei, foi possível organizar a coluna apeada que me escoltou, nela incluído o Sr. Comandante da Companhia; durante o trajecto, utilizando um trilho da população e que nunca sido percorrido pelas NT, tivemos a oportunidade de ouvir a flagelação que o PAIGC desencadeou sobre o aquartelamento de GUILEJE (das 14.30 às 16.30 horas).
Chegamos a GUILEJE ao fim da tarde do dia 21 MAI.
(Continua)
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Nota de L.G.:
(1)Vd. poste de 23 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2673: Uma semana memorável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (10): Guiledje: Homenagem ao Coronel Coutinho e Lima
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