Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > Visita ao antigo aquartelamento português, por dos participantes do Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > Quem foram os construtores e os defensores de Gandembel e Ponte Balana ? A importância estratégica de Gandembel / Balana em pleno corredor de Guiledje (bem como a sua heróica defesa, ao longo de nove meses, pela CCAÇ 2317 e outras forças portugueses), não foi esquecida, apesar da mediatização de Guileje...
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Rio Balana, visto da ponte > 1 de Março de 2008 > Lavadeiras na antiga fonte de abastecimento de água do quartel de Gandembel... Uma cena do quotidiano, hoje pacífica, quase idílica... No tempo em que o Idálio Reis e os seus camaradas da CCAÇ 2317 aqui vinham abastecer-se de água e tomar banho, não havia população civil...
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > Blocos de barro, seco ao sol, usados tradicionalmente na construção de casas.... Gandembel foi construído com materiais fornecidos pela engenharia militar (ferro, cimento, cibes, pedra)... Depois de abandonado pelos portugueses, em finais de Janeiro de 1969, os sapadores do PAIGC encarregaram-se de destruir o mítico aquartelamento com sucessivas cargas de trotil... Pudera: Gandembel/Balana era um enorme pedregulho postado no coração do Caminho do Povo, transformado pela guerra em Corredor da Morte, tanto para as NT como para o PAIGC. Ainda está por contabilizar a factura, em vidas humanas, que custou, ao PAIGC, a manutenção e a defesa desta posição estratégica que era o Corredor de Guiledje.
Fotos: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
1. Recebemos um longo texto de Alberto Branquinho, que foi alferes miliciano na CART 1689 (1967/69), tendo passado por Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá. Ajudou a "construir o quartel de Gandembel". Também esteve "presente na construção do quartel de Gubia /Empada". Fez, além disso, "várias movimentações terrestres, fluviais e costeiras para outros quartéis-base de operações conjuntas (por ex., Bambadinca, Buba, Bedanda, Bafatá, Banjara).
O texto só agora é publicado porque pedi, entretanto, ao Idálio Reis que respondesse também às questões (e objecções) do Alberto Branquinho, o que ele fez, com mais autoridade e propriedade do que eu:
ASSUNTO: A propósito de um post de 14 de Março 2008, assinado por Luís Graça
(A) Tenho conhecimento da existência deste blogue há alguns anos, através do Eng. Carlos Schwarz [, Pepito].
De onde em onde, venho lendo alguns pedaços de posts e, apesar de já me terem perguntado porquê não escrevia, decidi não o fazer, porque:
(i) Abundam as intervenções na base do «…gosto de falar de mim», umas vezes de forma directa e simples, mas (pior ainda) outras vezes de forma bem empacotada, em estilo rebuscado, procurando ocultar um narcisismo diletante. Num e noutro caso há fotografias, muitas fotografias de si mesmos. Isto não seria de estranhar, visto que «…o gosto de falar de mim» é uma característica dos blogues, em geral. Não consigo digerir isso neste blogue, em primeiro lugar, porque é colectivo e, em segundo lugar, porque aborda matéria que fala de sofrimento físico e psíquico.
Parece que muita gente que nele vem escrevendo esteve em áreas muito pequenas da Guiné e onde a actividade do PAIGC era mínima, assim como que numas férias com um pouco de risco, que lhes teria acrescentado um certo tempero de excitação.
Se bem que mesmo na guerra dura há sempre a possibilidade de momentos de humor (por vezes negro), há neste blogue descrições/situações pícaras e brejeiras em demasia, que não parecem reais ou talvez pudessem ter acontecido em Mafra, Tancos, etc. e não em zonas operacionais na Guiné.
(ii) Encontro, também, demasiadas tentativas de provar que a «minha companhia», o «meu pelotão» eram conhecidos pelos turras pelos xxxx ou pelos yyyy, procurando demonstrar com isto não sei bem o quê.
(iii) Por outro lado, outros preocupam-se em demonstrar que foi a sua companhia ou o seu pelotão os que mais sofreram, citando nomes de operações militares que só eles conhecem, factos (extraordinários) que se assemelham a outros que todos nós conhecemos, etc., e descrevendo os quartéis e os locais perigosos como se eles tivessem surgido como perigosos somente com a sua própria chegada à Guiné.
(B) Mas, depois do SIMPÓSIO DE GUILEDJE, fui lendo tudo o que sobre ele se vem escrevendo neste blogue, porque foi minha vontade estar lá, na esperança de ir a Gandembel, para exorcizar os fantasmas ainda presentes. Mas não pude. Também pensei que, dado o ênfase colocado em Guileje, os locais dos antigos aquartelamentos de Ponte Balana e Gandembel fossem simples lugares de uma rápida passagem. E foi assim que, tendo presente o que está escrito na margem esquerda do blogue («Não deixemos que sejam os outros a contar a nossa história por nós") que me senti impelido a escrever o que a seguir vai.
(C) Estivemos (CART 1689) na operação militar para construção do aquartelamento que se passou a chamar Gandembel, desde o seu início, em 7 de Abril e até 15 de Maio de 1968. Aliás, o quartel esteve para ser construído 4 ou 5 Km mais a sul, acabando por se fazer o movimento para norte, o que não foi simples, devido à quantidade de tropa no terreno, à grande quantidade de material e viaturas chegadas de Guileje e aos contínuos ataques do PAIGC do lado leste/sudeste. Acabou por ser construído mais próximo do declive para o Rio Balana, porque se chegou à conclusão que os referidos 4 ou 5 Km seriam mais um espaço para exposição a emboscadas quando se fosse buscar água ao Rio Balana todos os dias, como é óbvio. Não se espantem aqueles que na Guiné só conheceram rios de água salgada.
(D) Chego, agora, ao motivo deste meu escrito.
Constam do post de 14 de Março de 2008, de Luís Graça, a propósito da passagem por Gandembel durante a deslocação ao SIMPÓSIO DE GUILEDJE, as afirmações que se transcrevem:
- «Da Ponte Balana ao antigo aquartelamento de Gandembel é um saltinho. A caravana automóvel parou e fez uma visita demorada ao que resta – já muito pouco – do aquartelamento construído por Idálio Reis e seus homens-toupeiras da CCAÇ 2317»;
- «…na recolha da CCAÇ 2317 que fez nascer Gandembel …»;
- «… em que os homens-toupeira da CCAÇ 2317 construiram Gandembel/Balana de raiz, com pás e picas e defenderam-na com unhas e dentes…».
(E) Com o escrito que, a partir daqui, passo a fazer, não quero menosprezar o pessoal da CCAÇ 2317 (principalmente a partir do momento em que ficaram sós naquele quartel) (1).
(F) Em 7 de Abril de 1968, o local onde veio depois a existir o quartel Gandembel era um pedaço de terra, plano, com capim e árvores dispersas – mais nada.
Sendo assim, como pode alguém, com experiência daquela guerra, pensar que uma só companhia poderia ter conseguido chegar àquele terreno, instalar-se, fazer abrigos provisórios, montar arame farpado, construir abrigos de morteiro, construir, depois, os novos abrigos com cimento e estrutura de ferro, reconstruir a dinamitada Ponte Balana (indispensável para os abastecimentos do lado Norte) e, SIMULTANEAMENTE, conseguir fazer a defesa próxima e afastada dos trabalhos em curso?
E MAIS !!! – Há que ter presente, também, que tudo isso tinha que ser feito sobre aquela faixa de terreno que, desde da fronteira da Guiné-Conakri, atravessava a Guiné (Bissau), indispensável para abastecer o PAIGC de combatentes, armas, munições e (alguma) alimentação – nada menos que o CORREDOR DE GUILEJE !!!!
(G) contece que nesse referido dia 7 de Abril de 1968 teve início a designada Operação BOLA DE FOGO, cujo objectivo foi "implantar um aquartelamento ´(agora chamado Gandembel) para efectivo de Companhia no CORREDOR DE GUILEJE…». (NOTA: A transcrição é feita da História da Unidade CART 1689, da qual há referências e transcrições num post de Idálio Reis, de 17 de Fevereiro de 2007, e em um outro, de Vítor Condeço, de 19 de Fevereiro de 2007, a propósito da morte do Belmiro dos Santos João).
Da mesma História da Unidade CART 1689 (que, como atrás disse, participou na Operação BOLA DE FOGO entre 7 de Abril e 15 de Maio de 1968) passo a transcrever:
«Durante a operação e dias subsequentes actuaram também a 3ª Companhia de Comandos, a 5ª Companhia de Comandos, a CCAÇ 2316, a CCAÇ 2317, forças das CART 1612, da CART 1613, o Pelotão de Sapadores do BART 1896, o Pelotão de Caçadores Nativos 51, o Pelotão de Milícia 138, o Pelotão de Milícia 139, o Pelotão de Reconhecimento Fox 1165, o Pelotão de Reconhecimento DAIMLER de Aldeia Formosa e elementos especializados do BENG 447» (itálicos meus).
ASSIM, pergunto: - Qual terá sido a missão de: Um Pelotão de Sapadores e pessoal de um Batalhão de Engenharia ?
(H) REPITO: Não pretendo menosprezar o trabalho e o sofrimento da CCAÇ 2317, principalmente a partir do momento em que ficaram exclusivamente responsáveis pelo aquartelamento, MAS,
(I) Pergunto ainda: Sabia o autor do post de 14 de Março de 2008 da dimensão (em homens, meios e duração) da Operação BOLA DE FOGO para a construção de Gandembel ? Será que alguma vez tinha ouvido falar do Operação BOLA DE FOGO, entre as muitas outras mais ou menos badaladas, mais ou menos mediáticas ?
(J) Para terminar:
(i) Não foram só os homens da CCAÇ 2317 que trabalharam nas obras de construção do quartel e na recuperação da Ponte Balana. Para além dos Sapadores e do pessoal da Engenharia, outros homens de outras companhias trabalharam nessas obras. E fizeram, também, segurança próxima, patrulhamentos, emboscadas, etc.. Da História da Unidade CART 1689 transcrevo: «63 homens desta Companhia começaram a trabalhar na construção do aquartelamento».
(ii) Os abrigos iniciais, com uma entrada tipo buraco-de-toupeira, ao nível do chão, da largura dos ombros de um homem, com setenta/oitenta cm de altura, cobertos de cibes, com chapa de bidão batida em cima e, finalmente, cobertos de 1m a 1,5 m de terra e com uma seteira virada para o exterior da instalação em quadrado (ainda sem arame farpado), foram construídos por cada três, quatro ou cinco homens, que passaram a ocupá-los, fossem eles da CACÇ 2317 ou de outra Companhia instalada no terreno. Sempre que os abrigos de cimento e ferro ficavam concluídos (construídos na retaguarda dos iniciais), estes eram arrasados e ocupados os novos.
Alberto Branquinho
2. Comentário de L.G.:
Mandei, logo na volta do correio, a seguinte mensagem ao Branquinho:
Caro camarada Branquinho:
Fico-lhe profundamente reconhecido pelas críticas que faz ao blogue e ao mesmo tempo pelo seu contributo (importantíssimo) para um melhor conhecimento da história de Gandembel / Balana... Se possível, publicarei o texto ainda hoje ou amanhã. Fica, desde já, convidado a fazer parte da nossa Tabanca Grande. Um Alfa Bravo (abraço). Luís Graça
Ele respondeu-me gentilmente nos seguintes termos:
Os meus agradecimentos uma vez mais, acompanhados da certeza (dantes era uma simples suposição) do muito trabalho que dá dirigir e editar um bogue com estas características,
Um abraço
Alberto Branquinho
Está agora na altura de fazer dois ou três reparos, ou melhor, comentários, às críticas que nos fez, e que acabei de publicar, sem qualquer censura:
(i) Vejo, com muito agrado, que chegou ao nosso blogue através da mão de um grande homem, que deve ser um amigo comum, pelo menos é um amigo nosso, meu e dos demais camaradas da Guiné. Refiro-me ao Pepito, um homem que na sua terra não precisa de se pôr em bicos de pés para ser visto: ele é suficientemente grande - física, moral, intelectual e profissionalente falando - para ser visto e reconhecido, lá e cá. Além da amizade com que nos honra, tem manifestado publicamente o seu apreço, o seu e da sua ONG, pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
(ii) Verifico, já algum pesar, que o Branquinho só nos lê episódica e irregularmente ("de onde em onde"), e mesmo assim apenas uns excertos de textos ("alguns pedaços de posts");
(iii) Respeito a sua decisão de, embora instado por amigos e conhecidos, nunca ter querido até agora escrever no nosso blogue, por razões que aponta, e que eu não vou repetir, nem comentar nem muito nem muito menos contestar, uma a uma, porque seria fastidioso;
(iv) Congratulo-me, por outro lado, com o facto de ter manifestado interesse em ir ao Simpósio Internacional de Guileje ("para exorcizar os fantasmas ainda presentes"), desejo esse que infelizmente não pôde concretizar;
(v) E, por fim, felicito-o, mais uma vez, pelo escrito que produziu, e pela relutância que teve de vencer em mandá-lo, em nome da verdade e do imperativo (que é o lema do nosso blogue) "Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti"...
Acho que fez muito bem e valeu a pena. E a razão é simples: no final ganhamos todos... Você, caro Branquinho, trouxe mais umas peças importantes para a reconstrução do puzzle da nossa memória... A verdade histórica ganha com isso, mesmo que se trate apenas da nossa pequena história, a petite histoire, como dizem os franceses. Os abnegados construtores e defensores de Gandembel/Balana, que ainda estão vivos, ganham com isso. A memória dos guineenses e dos portugueses que por lá passaram, passam ou passarão, também sai favorecida. O nosso blogue cumpre o seu dever, que é contar a verdade (e, se possível, só a verdade)...
Você veio, muito oportunamente, lembrar-nos que houve uma vasta e longa operação, a Op Bola de Fogo (de 8 de Abril a 15 de Maio de 1968). Você veio dizer, com todo o direito, que a sua unidade, a CART 1689 esteve lá, também, de pá e pica e G-3 na mão... Mais os enegenheiros, os sapadores e outras unidades... E que, portanto, os méritos, do início da construção e da defesa do aquartelamento de Gandembel e do destacamento de Balana, não cabem só à CCAÇ 2317...
Nem eu nem o Idálio Reis nem ninguém neste blogue lhe quer tirar esse mérito. Nós não somos historiadores nem investigadores nem jornalistas. Não temos toda a informação nem muito menos os meios de a recolher e tratar exaustivamente...
Publicamos sobretudo depoimentos (mas também estórias, poemas, etc.) dos camaradas que estiveram lá, no TO da Guiné, depoimentos esses que valem o que valem, mas a que a partir do momento em que são publicitados, passam a estar sujeitos à critica, à validação e à triangulação das fontes e das várias versões, enfim, estão sujeitos ao famoso e saudável princípio do contraditório...
No nosso blogue, ao fim de quase três anos de produção diária de textos, já é difícil aldrabarmo-nos uns aos outros... Há sempre alguém que estava lá, em tal sítio, em tal data... Por outro lado, nennhum de nós faz questão se arvorar em herói. Nenhum de nós fez a guerra sozinho. Nenhum de nós a ganhou ou a perdeu... sozinho.
Admitindo que o Branquinho não conheça bem o nosso blogue (que tem duas séries, indo a primeira de Abril de 2005 a Maio de 2006; e já tem cerca de 2700 textos publicados, com um movimento de visitas diárias de mil a mil quinhentas), aqui ficam mais uns links que complementam a informação (vastíssima e sobretudo rica, do ponto de vista do conteúdo e da forma) dada pelo nosso querido amigo e camarada Idálio Reis, a quem eu pedi que também comentasse publicamente o seu texto e respondesse às suas questões e objecções (2). Estou grato aos dois.
Um abraço do camarada Luís Graça
PS - Continua em aberto o convite para o Branquinho se juntar à nossa Tabanca Grande, que tem dez normas de conduta, sendo a nº 2 a seguinte: manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a violência verbal).
Vd,. postes de:
23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1780: Zé Neto: Um herói de Guileje homenageando os heróis de Gandembel
(...) "OS HERÓIS DE GANDEMBEL
"Estou certo de que seria reconfortante para um punhado de bravos do Exército Português que algum dos Comandantes do PAIGC de então contasse, com a sua dignidade de militar, o que foi para eles a campanha de Gandembel e Ponte Balana em 1968/69.
"Como interveniente muito próximo da gesta dos rapazes da [CCAÇ] 2317, sirvo-me da História da Unidade (BART 1896) para trazer à tona da memória alguns pormenores duma batalha pouco conhecida.
"É uma pequena achega com a qual quero reafirmar a minha profunda admiração pelos camaradas que foram deliberadamente atirados para o massacre pelos senhores de Bissau.
"A Operação Bola de Fogo destinou-se ' à implantação de um aquartelamento para efectivo de companhia, no Corredor de Guileje' .Desenvolveu-se entre 8 e 14 de Abril de 1968, com a seguinte 'Força executante':
- CART 1613
- CART 1689
- CCAÇ 2316 (-) (3 Gr Comb)
- CCAÇ 2317
- 3ª COMP COMANDOS (-) (2 Gr Comb)
- 5ª COMP COMANDOS (-) (2 Gr Comb)
- PEL REC FOX 1165
- PEL SAPADORES/CCS /BART 1896
- PEL CAÇ NAT 51
- PEL CAÇ NAT 67
- PEL MILÍCIAS 138 e 139
- ELEMENTOS DO BENG 447
- APAR (Apoio Aéreo)
"Instalado o Aquartelamento em GUILEJE 8 D4 -93 (Coordenadas de Gandembel).
"Durante a operação o IN flagelou 7 (sete) vezes a posição, causando às NT 2 mortos, 13 feridos graves e 34 ligeiros.
"Até 25 de Junho de 1968, data em que o BART 1896 foi substituído no subsector pelo BCAÇ 2835 (a que a CCAÇ 2317 pertencia), o aquartelamento de Gandembel foi flagelado com fogo de Mort 82 e Canhão S/R por 52 (cinquenta e duas) vezes.
"Normalmente os ataques duravam entre 8 e 15 minutos. São de destacar os três de 19 de Abril de 1968 às 3h45, 4h20 e 5h00; os três de 30 de Abril, às 2h15, 21h20 e 22h15; e os quatro de 14 de Maio (não houve registo das horas). José A S Neto" (...).
9 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2515: Em busca de... (19): Informações sobre a morte do Fur Mil Belmiro dos Santos João (Irundino N. João / Belmiro Vaqueiro)
15 de Fevereiro de 2007> Guiné 63/74 - P1529: Belmiro dos Santos João, de Miranda do Douro, vítima de mina antipessoal em Catió (Fernando Chapouto / A. Marques Lopes)
17 de Fevereiro de 2007> Guiné 63/74 - P1532: O furriel Belmiro dos Santos João, a primeira vítima mortal do inferno de Gandembel (Idálio Reis)
19 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1535: Subsídios para a história da CART 1689, a que pertencia o Belmiro dos Santos João (Vitor Condeço)
(...) "Eu não pertencia à CART 1689, mas pertencia ao mesmo batalhão, o BART 1913, com sede em Catió, e privei com os elementos desta companhia durante a sua permanência ali. Embora tenha algumas fotografias da época, onde possam estar o Belmiro , já não consigo recordar-me quem era e por isso também não posso falar especificamente dele.
"Posso no entanto, (...) acrescentar alguns poucos pormenores, que constam da história da Companhia e que relatam o seu percurso na Guiné entre 1967 e 1969.
"A CART 1689, quando em 1 de Maio de 1967 chegámos a Bissau, embarcou na BOR para subir o Geba até Bambadinca, instalando-se ainda nessa noite em Fá Mandinga, onde adquiriu treino e desenvolveu actividade operacional, aí permanecendo até 18 de Julho de 1967.
"Em 19 de Julho de 1967 chega a Catió onde rende a CCAV 1484, ficando em intervenção na sede do BART 1913, Comando do Sector.
"Em 22 de Março de 1968 é deslocada para Buba a bordo de uma LDG, onde permanecerá até 7 de Abril em concentração de meios, patrulhamentos e treinos. Neste mesmo dia 7 de Abril de 1968 inicia-se a Operação Bola de Fogo, que teve por missão implantar o Aquartelamento de Gandembel/Ponte Balana, na qual participa e onde chega a 8 de Abril de 1968. Ao longo desta Operação que decorreu durante vários dias, participaram inúmeros efectivos de pelo menos 14 unidades.
"A CART 1689 retirou de Gandembel em 15 de Maio de 1968 via Aldeia Formosa e daqui para Buba nos dias 16 e 17 do mesmo mês. Pelas 8h30 do dia 23 de Maio a Companhia embarcou em LDG com destino a Catió, tendo passado a noite ao largo do Tombali.
"No dia 24 de Maio quando a LDG navegava no Rio Cobade foi atacada de ambas as margens, com armamento ligeiro, bazucas e morteiros que lhe provocaram dois rombos, um do lado esquerdo e outro à ré. A Companhia não teve feridos e desembarcou em Catió ao fim da manhã deste mesmo dia.
"A CART 1689 permaneceu em Catió em actividade de intervenção até ao dia 10 de Junho de 1968, data em que é transferida para Cabedu, onde permanece até 30 de Julho. Nesta data inicia a sua deslocação para Canquelifá, Sector de Nova Lamego, que prossegue em 31 e onde chega às 22h30 do dia 1 de Agosto de 1968 (...).
__________
Notas de L.G.:
(1) Vd. o dossiê do Idálio Reis sobre Gandembel/Balana: 10 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2172: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/69) (Idálio Reis) (11): Em Buba e depois no Gabu, fomos gente feliz... sem lágrimas (Fim)(2) Vd., poste do Idálio Reis, a seguir: 26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2689: Construtores de Gandembel / Balana (2): O papel da CART 1689 (8 de Abril a 15 de Maio de 1968) (Idálio Reis)
Sem comentários:
Enviar um comentário