Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)
1. Em mensagem com data de 4 de Abril de 2009, recebemos do nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, (1972/74), este soneto e esta sextilha.
A CRIATURA
Figurão de figurina figura,
Pavão de politiqueiro pendor,
Cacique de cambada condutor
E Soba de sortuda sinecura...
Pedante de pestilenta postura
Camaleão cambiando de cor,
Peralta presunçoso, sem pudor,
Casmurra e capciosa é a criatura...
Verboso de verborreia viscosa,
Falante de fala falaciosa
Cultor de calculado cinismo.
Fedúncio de farisaico feitio
Bargante de bedúncio bafio
Nababo de notório narcisismo...
Manuel Maia
RAMBO GUINÉU
Os óculos "Ray-Ban", boina a preceito,
Medalhas à mão cheia enchendo o peito,
Nem Rambo ostenta pose tão guerreira...
O camuflado é novo, sem usança,
O lenço um adereço de "cagança"
Num certo general, que faz nojeira...
Manuel Maia
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes com data de:
15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4037: Blogpoesia (31): Quando eu era menino e moço... (Manuel Maia)
e
29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4101: O trauma da notícia da mobilização (6): Trata de arranjar o caixão, disse-me o pobre do Zé... (Manuel Maia)
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4112: Blogpoesia (37): Para fechar o dia dos poetas da guerra colonial, celebrado hoje, aqui e em Coimbra... (Alberto Branquinho)
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3 comentários:
Caro Manuel Maia, porque será que tenho a indelével sensação de conhecer o pavão ?
Seja-me, no entanto, permitido recordar os tempos em que comandando um pelotão fora do arame farpado, tive necessidade de mandar parar o tiro para as necessárias recolocações no terreno e avaliação da situação.
Pois paremos agora e avaliemos os efeitos da contestação senão corremos o risco de esgotar as munições e não termos mais argumentos para ripostar no caso do inimigo se empertigar e começar de lá à fogachada.
Que dizem ?
Pode ser que A.B tenha, então, tempo para reflectir e dar-nos uma qualquer justificação sobre o que o levou a insultar-nos obscenamente.
Aguardemos ...
António Matos
Manuel Maia caro Amigo,
Um soneto, pior que uma morteirada do Santos Oliveira no Cachil!
Poesia é isto! Dizer o que sentimos, para fazer meditar o que nos ofendem.
Bonito!
Sátira extraordiária que me faz recordar Bocage.
Parabéns!
Mário Fitas
camaradas,
O Manuel Maia tem cá uma verve, que até peço ao A.B. que volte às atoardas de estrume para alimentação inspirativa do poeta.
O António Matos, na matéria em apreço, bate-se com a gana toda e o tiro certeiro. Mas eu não espero qualquer resposta do dito cujo, e passo bem sem ela.
A propósito, será possível publicar a relação de feitos que justificam a ostentação de tanta cangalhada por parte do A.B.?
É certo que comandou os dias de Guidage, mas ter-se-á distinguido mais do que os outros combatentes? Será que combateu?
Pessoalmente, nos idos de 70/71, só ouvi falar dele como acompanhante do Caco Baidé.
Para a Tabanca, um abraço fraterno
José Dinis
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