quinta-feira, 9 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4165: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (13): As afirmações de Almeida Bruno em A Guerra (idálio Reis)

1. Mensagem de Idálio Reis (*), ex-Alf Mil da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana, 1968/69, com data de 2 de Abril de 2009:

Assunto: O documentário de Joaquim Furtado «A Guerra». As afirmações de Almeida Bruno (**)

Meus caros Luís, Carlos, Virgínio e demais companheiros Tertulianos.

O visionamento do episódio difundido no pretérito dia 25, da importante e valiosa série documental que a RTP1 por via de Joaquim Furtado nos vem presenteando, manteve-me em suspenso até à divulgação do de ontem.

Sobre este último, houve uma criteriosa revelação quanto à figura de Eduardo Mondlane e o seu assassinato.

Quanto ao penúltimo programa, pudemos constatar de forma ampla e elucidativa, o que foi a evacuação do aquartelamento de Madina do Boé, a 6 de Fevereiro de 1969, e a retirada da CÇaç 1790, aí sediada desde Janeiro de 1968.

A mesma, é levada a efeito no contexto da Operação Mabecos Bravios, sob a coordenação do ex-Ten Cor Hélio Felgas, no que significa que houve uma prática cuidada com o intuito de resguardo de eventuais conflitos a desencadear pelo PAIGC, onde parecia actuar com alguma liberdade de movimentação.
E tudo veio a decorrer normalmente até ao rio Corubal, da saída final de Madina e do longo percurso que a imensa coluna de viaturas teria de calcorrear até ao aquartelamento de Che-Che, sito na outra margem.

O derradeiro atravessamento deste rio, causa o horror mais confrangedor e dilacerante, o acontecimento mais funesto de toda a guerra da Guiné, a perdurar como a pesarosa tragédia do Che-Che, com uma brutal perda de 46 homens.

Uma semana antes – a 28 de Janeiro -, a Gandembel/Ponte Balana foi-lhe traçado idêntico destino. E sobre esta retirada, não há qualquer apontamento ou testemunho no documentário referido.

Dada a proximidade temporal destes 2 episódios, que pretendeu Spínola demonstrar? Qual o grau de conexão destes factos?

António de Spínola, ao chegar à Província, vinha aureolado como um valoroso cabo-de-guerra, que efectivamente demonstrou ser. E logo que chega a Bissau, deseja tomar súbito conhecimento da situação político-militar da Província.
E ao tempo, a região do Boé era particularmente visada, pelas piores das razões: inóspita, pobre, sem população civil, fronteiriça com a Guiné-Conacri, com meios militares manifestamente insuficientes e de dificultado apoio logístico.
Também, o local de Gandembel/Ponte Balana, estava apontado a círculo vermelho, por um conjunto de circunstâncias adversas, no que revelava ter sido objecto de uma hedionda manobra militar, leviana e irresponsável, com as tropas aí envolvidas a serem constantemente assoladas pelo PAIGC.

Curiosamente, a 1.ª Directiva do Comandante-Chefe, em Junho de 1968, toma como assunto a remodelação do dispositivo militar da região do Boé, em que aponta a transferência de Madina para localização em área-chave da região do Che-Che e faz abandonar o destacamento de Béli.
Tal manifesto, faz fenecer de forma drástica, qualquer estratégia quanto à região, e toda uma vasta zona entre a fronteira e o Corubal torna-se num dilacerante espinho que se acera inclementemente sobre a isolada Companhia de Madina do Boé, e o PAIGC soube argutamente terçar as suas armas, para vir a reclamar o domínio total sobre esse território.

Em face do ocorrido, julgo que Spínola teve um forte receio na construção do aquartelamento que previra, onde se tornava imprescindível um enorme apoio logístico geral, que a Província não detinha. Optará tão-só pela retirada, com as consequências supra referidas, procurando a melhor época para o fazer.

Quanto a Gandembel/Ponte Balana, aonde se desloca pela 1.ª vez a 28 de Maio, facilmente reconhece que está ante um colossal erro estratégico, mas não quer tomar qualquer decisão, ficando na expectativa de melhores e promissores dias.
Todavia, a situação cada vez é mais gravosa, com o local a continuar a ser um abismal palco de guerra, sempre na lista negra das más notícias.

Os objectivos da Operação que determinaram à construção daquele aquartelamento, foram inteiramente envilecidos. Não se conseguiu travar ou mesmo minimizar as acções que o PAIGC mantinha no interior da Província; e inclusive, contribuiu para acirrar ódios nas zonas envolventes a Aldeia Formosa, levando o PAIGC a agir de forma violenta e brutal, semeando o pavor na densa população indígena que povoava esses vastos chãos.
Para colmatar esta enorme brecha, a fim de tornar estas áreas mais sossegadas, é obrigado a fazer uso de tropa de elite (cerca de 1/3 dos efectivos dos pára-quedistas, em constante permanência, um bem demasiado escasso e tão necessário em outras frentes).
Sem nada referir, aproveita então a circunstância, há muito tempo definida, da evacuação de Madina do Boé, para também resolver arquivar em definitivo o dossier de Gandembel/Ponte Balana.
Foi definido um espaço muito curto para se proceder à retirada, e a Companhia aí sediada – a minha CCaç 2317 -, sai como que a trouxe-mouxe e debanda rumo a Aldeia Formosa. O PAIGC nem deu pela nossa saída, pois que o local de Gandembel viria a ser violentamente flagelado nessa noite.
E assim faria esvanecer o que, logo que chegou à Província, tivera assumido. A região do Boé, que teve forças militares desde 1961 e que foram paulatinamente minguando; Gandembel/Ponte Balana, junto ao corredor de Guileje, com apenas 11 efémeros meses.

Esta última evacuação, realizada de forma muito secreta, aporta consigo o estigma de um agravante esquecimento. Julgo hoje, que o Exército procurou propositadamente intentar branquear este imenso malogro militar, e no seu arbítrio, conseguiu-o de algum modo. Os factos bélicos que atravessaram as vivências desse local, estão praticamente omissos nos arquivos histórico-militares, pelo que acabarão fatalmente por se apagarem.

Mas tais decisões, foram convenientemente acertadas?
Tento entrevê-las, ler-lhes o significado para poder emitir o meu juízo, obviamente muito subjectivo.

Spínola foi, porventura, um dos maiores estrategos da guerra colonial, mas numa vertente meramente militar. Era um homem frontal, denotando alguma obstinação quanto às directrizes que tomava, em que muitas delas, seguramente, o foram de resolução própria. Porém a guerra de guerrilhas, travada na Guiné, era exercida num mosaico labiríntico de díspares contrastes, tantas vezes complexo e perigoso, que o ardil, a sageza e a perfídia de alguns brilhantes guerrilheiros do PAIGC sabiam tão bem urdir.
À medida que vai tomando conhecimento da situação global das suas próprias forças armadas (NT), bem como do poder bélico que o PAIGC detinha, Spínola procura sempre jogar a última cartada que tinha ao seu alcance. Mas nem sempre o fiel da balança pende para o seu lado, e muito mais tarde após o meu regresso (Dezembro de 1969), com o Senegal a permitir a movimentação do PAIGC, julgo que compreende que a situação militar se tumultua, e que ter-se-á de empreender um outro rumo, muito para além do estritamente militar.

Da retirada da região do Boé, a ilação que retiro, é que tal facto não trouxe grandes vicissitudes às zonas envolventes do sector de Nova Lamego, onde a minha Companhia viria findar a sua comissão, numa estada de cerca de 6 meses; o aquartelamento de Nova Lamego era bastante sereno, e os itinerários que se encruzilhavam para oeste (Bafatá) e para norte (Pirada), não ofereciam quaisquer dificuldades, o que leva a depreender que o efectivo bélico do PAIGC, que se acoitava na Guiné-Conacri, não era numeroso.

Já o mesmo não se pode afirmar sobre os efectivos do PAIGC que actuavam sobre Gandembel/Ponte Balana, que ficando livres, se dispersam pela imensa região do Tombali e Forreá, no arco Buba, Aldeia Formosa e Guileje, onde no imediato, uma grande parte vem actuar na obstrução à construção da estrada de Buba – Aldeia Formosa, que se converte numa pungente odisseia. E Guileje, que já assistira à retirada de Mejo, também tem de aumentar a sua vigilância, e está-se a uma distância enorme do ano de 1973.

Spínola, não teve grandes dúvidas em se aperceber da situação de desastre a que a Companhia estava votada, do forte poder bélico que o PAIGC demonstrava. Procurou a sua ocasião, que em seu entendimento, deveria procurar coincidir com a de Madina do Boé.
Teria sido mais ousado na antecipação da retirada, evitando as perdas sofridas de muitos militares. De todo o modo, reconheço que a vinda permanente dos pára-quedistas, quase estancou a hemorragia, pois a estes abnegados homens, a grande generalidade de nós deve-lhes a vida.
Spínola tomava atitudes desconcertantes para o mais humilde dos militares. O que fez pela minha Companhia, merece a maior das considerações.
Mas o abandono não foi da nossa laia. E hoje, ao sabor do premir das teclas alinhavando estas linhas, perpassa um frémito abalo de emoção contida, porquanto os momentos dramáticos foram tantos e tão intensos, quanto as marcas profundas de sofrimento ou as incontornáveis mazelas taciturnas e dolentes. As violências pessoais, só parecem contar para o inventário de nós mesmos.

Quanto a alguns depoimentos expressos, obviamente que não fiquei indiferente à prosápia insolente do ex-capitão Almeida Bruno, que tive o ensejo de conhecer na qualidade de ajudante-de-campo de António de Spínola, e que sempre o acompanhou nas deslocações a Gandembel.
Em meu entendimento, do início das campanhas de África, o Estado Novo não fez surgir unicamente o “Angola é nossa”, como também fez criar muitos heróis, agraciando-os pelas suas raras qualidades de valor, lealdade e mérito. Alguns destes, convenceram-se que tinham sido fadados para sobressaírem como guerreiros de elevado quilate, e Almeida Bruno foi um deles.

Tive a oportunidade de contactar com militares de alta estirpe, caso dos pára-quedistas, ou de Fabião, Corvacho, Azeredo e poucos mais.

Dentre estes, Carlos Fabião foi um referencial que muito prezo. De uma enorme dimensão humana, a um militar de craveira superior, pareciam sobrar-lhes valores de probidade e estatura.

O Almeida Bruno, pela condição que detinha, era um militar onde ressaía uma certa presunção, procurando distinguir-se entre os demais.
E como nunca conheceu o que foi pernoitar noite após noite em abrigos desabrigados; como jamais ouviu a metralha mais ou menos continuada, por vezes de tempo infindo, de um ataque ao local de vivência; como nunca procurou quotidianamente água para beber nos charcos do Balana; como nunca se confrontou com comida quase intragável, onde o arroz se toldava com a marmelada; como nunca necessitou de estar de atalaia permanente para reconhecer nas noites medonhas, os sons estrídulos que entonteciam; como nunca supôs o que foi um trabalho insano de pá e picareta, com a G-3 pousada ao lado; permite-se afirmar que tais acções eram próprias de bandos acoitados dentro do arame farpado.

Má figura para tão nobre gente!

Almeida Bruno, como homem da guerrilha, alcandorava-se entre os primeiros. Porém as suas acções eram devidamente planeadas, intervindo em zonas antecipadamente identificadas por via aérea, e os resultados forçosamente teriam que surgir (os célebres roncos dos comandos africanos).
As afirmações que Almeida Bruno proferiu para o documentário, foram feitas num período em que a guerra colonial tinha acabado há muito, e se já não estava na reserva com a patente mais elevada do Exército, estaria imbuído de um alto cargo militar, e portanto competia-lhe ser bastante mais cuidadoso.
Ousou a forma mais soez, a de vilipendiar milhares de homens, em que teve ocasião de conhecer como muito poucos, as condições em que sobrevivia naqueles aquartelamentos e destacamentos.

Não me esquivo de comentar um caso que se passou em Gandembel, numa das visitas de Spínola.

As casernas-abrigo tinham umas frecheiras frontais de formato rectangular. Em uma delas, pendurava-se a metralhadora MG-42, que permitia a sua utilização em caso de risco de aproximação inimiga. E o local mais adequado para estar, só podia ser aquele.
Almeida Bruno, ao sair de uma das casernas, questiona-me quanto à utilidade daquela mangueira, no que me fiz desentendido, perguntando-lhe a que se referia.
Apontou-me para a metralhadora e disse-me que aquilo não servia para nada. Não podia ficar mudo, e respondi-lhe mais ou menos com as seguintes palavras:
- Desculpe-me meu capitão, o Senhor de guerra de guerrilha deve perceber muito mais do que eu, agora de ataques a um aquartelamento, estamos a uma distância enorme.

Não fez mais qualquer afirmação, porquanto o helicóptero já poisara para levar os 2 homens a outro destino.

Um depoimento para a posterioridade. E o Blogue virou mais uma página à indiferença, ao afirmar o seu direito à indignação, com a Tabanca Grande a não querer pactuar com a insensatez ou o desmando, qualquer que seja o seu remetente.

Um cordial abraço do Idálio Reis, a toda a Tertúlia, com boas mas poucas amêndoas de Páscoa.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3984: Nuvens sobre Bissau (17): Curvo-me à memória do Nino, o homem que nos fez a vida negra em Gandembel/Balana (Idálio Reis)

(**) Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4151: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (12): As origens dos bandos da Guiné (Magalhães Ribeiro)

7 comentários:

Anónimo disse...

Segundo o que tenho ouvido junto do pessoal mais entendido nesta matéria da Guerra do Ultramar/Colonial, o Gen. A.B. é o militar branco mais condecorado das Forças Armadas Portugesas, sendo o Marcelino da Mata o "rei" nesta mesma área.

Assim, desculpem a minha absoluta ignorância neste caso, mas até ao momento ainda não vi/ouvi, alguém dizer que viu o dito general imiscuído em acções, mais ou menos ferozes, de combate.

Porque não acredito que o general A.B. conquistou todas as suas condecorações e condecorações sentado num gabinete em Bissau, peço a quem melhor informado me possa elucidar devidamente.

Obrigado.
M.R.

Anónimo disse...

Idálio Reis:O texto acima merece uma conversa. Num comentário pouco se diria e muito,mas muito, ficaria por dizer. Além disso, problema ou deformação minha,preferia ter o Mapa da Guiné Esc:- 1/500.000 em cima da mesa. Conversa de "paisanos" que um dia foram Militares. Talvez um dia a tenhamos.Levantas certas questões que, eu mesmo, tenho colocado a mim.
Ora dois "paisanos", uma Carta, dois blocos e etc...conversando talvez chegassem a conclusões curiosas. Já anotei o nº e data do post. Irei ler novamente e tomar notas. É uma zona enorme,não é?!!
Isto é a primeira parte. Quanto á segunda, as declarações de um Militar em - A Guerra- continuo a sorrir com algumas apreciações, como foi agora o caso. Nada mais comento, por agora. Nunca digas nunca...Fico por aqui.Escreve com mais assiduidade. Abraços Torcato

Torcato Mendonca disse...

Não esperava voltar a escrever.
Podes colher facilmente as informações que pretendes.
Por vezes opinamos e, sem querer, podemos não avaliar o todo. Isto não tem nada a ver com os comentários em levantados por esse Militar.
Um Abraço MR do TM

Anónimo disse...

Camaradas,
Este texto descreve a personagem narcísica do A.B., desde um período anterior à minha passagem pela Guiné. Cada vez mais me convenço do papel subserviente, de menino bem comportado, qual aio de S.Alteza perante o Com-Chefe, também narciso e muito ambicioso. Completavam-se, um dava medalhas, outro devia retribuir com mimos.
A maneira aviltante como se referiu sobre as tropas, fica como um marco da soberba e da incompetência, de lideranças fetichadas que não atinaram com os caminhos da guerra, servindo-se dela para a promoção pessoal.
Como referi noutro comentário, também me assolam as dúvidas de M.R. sobre os feitos e merecimentos de A.B.
Abraços fraternos
José Dinis

Anónimo disse...

Caros Companheiros:
Penso que o Idálio faz uma apreciação correcta e isenta da "GUERRA" da Guiné.
Dezembro de 1969 foi a data do meu (nosso)regresso a Portugal.
Toupeiras fomos nós, rações de combate, mandioca apanhada do chão, mancarra verde, água do charco da picada onde os macacos cão urinavam, eram o nosso dia a dia.
Pá e picareta, banho nem vê-lo. Só quando chovia e havia sabonete Lifebuoy.
Feijão frade, arroz, etc...
Verdes nem cheirá-los.
Quando chegava o heli as batatas já vinham metade podres.

Enfim. Já passou...

Almeida Bruno onde estava com os "seus BANDOS".

Um abraço,
CMSantos
Mansambo 68/ 69

Anónimo disse...

Caro Carlos MSantos:
Eu estive em Mansambo,salvo erro,a partir de Maio de 68, Eu sei isso, eu vivi isso- lá e noutros lados por onde "andamos", tentei descrever o que me a memória me o permitia, dizendo- a minha versão,subjectivo ou até antes de enviar para os editores entregar-te para veres,com receio de engano.No caso, do comentário a este post, estou mais interessado na análise das zonas e quartéis abandonados... há escritos meus, publicados ou não, que tentam descrever as condições em que a tropa normal, na generalidade, e a nossa Companhia em particular, era obrigada a viver. Nunca disse,nem direi tropa macaca etc.Aceito que outros o digam. como aceito que outros façam determinadas afirmações. Se não concordar e forem atentatórias da minha dignidade, como pratico o direito ao protesto e á indignação, faço-o. Das condições vividas por nós, há dias, escrevi,levemente, o ataque á fonte de Mansambo para um Camarada nosso, amigo do peito do Vieira que lá morreu. Sobre as declarações do Gen A. Bruno enviei logo um mail aos editores, sobre os bandos no arame...e, sobre as declarações de um outro militar,Cap. da Comp. de Madina. Um dos editores, o V. Briote publicou uns textos e merecem ser lidos. Outros certamente serão publicados. Não estou a branquear as palavras proferidas por ninguém.Tenho tempo de, sobre isso escrever. Penso que me conheces o suficiente para saberes que se tiver a dizer algo digo e os militares da 2339 estiveram muitas horas debaixo de fogo...alguns até gostavam e nunca pertenceram a bando algum. A vaidade trai, por vezes o Narciso e leva-o a dizer o que não deve, mesmo tendo obrigação de saber uma realidade que viveu ou viu. Outros sacodem água do capote mesmo em clima tropical. Isto só conversado meu caro camarada. A nossa 2339 é intocável e fez o que tinha a fazer. Abraços Torcato VIVAM OS VIRIATOS

Anónimo disse...

Caro Idálio:
O tua análise politico-militar da zona onde estiveste é fabulosa. Falo disto com um pouquinho de conhecimento, pela minha presença em Guileje de Dez 72 até Maio de 73 e onde a zona de Gandenbel fazia parte da nossa área de patrulhamento. Eram ainda vísiveis sinais da violência da guerra: Crateras enormes na estrada que ligava Gandenbel a Gadamael com um número elevado de carcaças de viaturas espalhadas no trajecto.
Eu coloco aqui a questão, um pouco idêntica à tua: Como foi possível a construção de um aquartelamento junto à linha de fronteira e em cima do mítico Corredor de Guilege? O Corredor de Guilege era o local de penetração do PAIGC para reabestecimento de quase todo o território, Ninguém conseguiu estancar essa entrada.
Em 2003, com a equipa do Joaquim Furtado, estive em Gandenbel, mas já não vi sinais da vossa passagem por lá. Visitámos alguns santuários do outro lado, isto claro com a devida permissão da tropa fronteiriça.
Ao passar por lá senti um arrepio no corpo e uma necessidade de ajoelhar e rezar. Para mim este foi o maior BURAKO da Guiné.
Através do blogue sei que vives em Cantanhede.Como a minha aldeia, onde vou 3 ou 4 vezes por semana, dista apenas 12Km, deixo aqui a possibilidade de um encontro.

Um grande abraço
Manuel Reis