1. Do nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo) (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70, e membro-fundador da Tabanca de Matosinhos, mas com morança também na Tabanca dos Melros):
Data: 25 de Abril de 2010 19:06
Assunto: Tabanca Grande - 25 de Abril
Terá sido coincidência o blogue ter nascido num aniversário, ou próximo disso, do 25 de Abril ? Aposto que sim. Que não foi coincidência.
Ninguém quereria que seus filhos passassem pela nossa experiência em África e na Guiné em particular. E a minha até terá sido das menos difíceis. Em termos de guerra. Mas não foi só a guerra, mas tudo que ela transmitiu colateralmente: O clima, a alimentação, as hierarquias militares. E aqui bate o ponto do 25 de Abril. Já o disse e aqui escrevi e talvez não só em comentários a escritos de camaradas. O único militar de Abril honesto e decente foi o Salgueiro Maia. E se bem nos lembrarmos, foi o único que deu a cara e esteve sozinho no momento capital. E que já era um revoltado por natureza.
Desculpem (lá está a palavra chata) qualquer coisinha.
Jorge/Portojo
Meus espaços
http://jportojo.blogspot.com/
http://portojo.multiply.com/
http://youtube.com/portojo
24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6243: O 6º aniversário do nosso blogue (29): Aqui vamos adquirindo conhecimentos sobre outras culturas e tradições (Filomena Sampaio)
Assunto: Tabanca Grande - 25 de Abril
Terá sido coincidência o blogue ter nascido num aniversário, ou próximo disso, do 25 de Abril ? Aposto que sim. Que não foi coincidência.
Camaradas, companheiro, camarigos, todos já se referiram a ele. Ao blogue e ao espírito que levou à sua criação. Creio que disseram tudo. Pela parte que me toca apenas posso dizer que foi por ele, directa ou indirectamente, que vim a conhecer a maior parte da malta com quem hoje confraternizo. Ao vivo e pela Net. Nele li coisas lindas, vi publicadas algumas estórias minhas partilhadas por outros camaradas. Só por isso, que não é pouco, eu me sinto agradecido.
Me desculpem (palavra chata que não gosto de escrever nem dizer, a não ser que fira alguém, e nessa altura digo-a mesmo, mas acho que não temos outra para demonstramos certos sentimentos ) a ignorância, mas quando vi o vídeo do Jorge Felix há mais de um mês, julguei que era nessa altura que o blogue, ou a feliz ideia do seu criador, faria aninhos.
Mas o blogue, o seu autor e os seus editores, os historiadores, os cartógrafos, os redactores, os fotógrafos, estão de parabéns todos os dias do ano.
Este espaço acaba por ser uma irmandade, com prós e contras e ainda bem, e que por qualquer razão estranha para o mundo, que não para nós, nos faz dizer que algures, existe um País que tem um bocadinho de terra que amamos. E que tentamos ajudar como se fosse a nossa aldeia aqui deste lado do Atlântico.
Estou para aqui a divagar, quando o que eu queria era escrever algo sobre o 25 de Abril.
Não sei se dará direito a Post. Isso é com os editores.
Li o Post do Mário Miguéis e os comentários do Mário Reis, do Dinis, do Luís, do Vinhal e já não sei de quem mais.
Acho que nenhum de nós quer o 24 de Abril.
Ninguém quereria que seus filhos passassem pela nossa experiência em África e na Guiné em particular. E a minha até terá sido das menos difíceis. Em termos de guerra. Mas não foi só a guerra, mas tudo que ela transmitiu colateralmente: O clima, a alimentação, as hierarquias militares. E aqui bate o ponto do 25 de Abril. Já o disse e aqui escrevi e talvez não só em comentários a escritos de camaradas. O único militar de Abril honesto e decente foi o Salgueiro Maia. E se bem nos lembrarmos, foi o único que deu a cara e esteve sozinho no momento capital. E que já era um revoltado por natureza.
Ou porque tive experiências durante os meus 3 anos de SM obrigatório com alguns deles, ou por descrer das próprias pessoas em si, o certo é que nunca alinhei nas ideias do chamado MFA.
Lembro que no Porto se fez uma manifestação, parece que grandiosa, ao General Spínola. A empresa onde trabalhava na altura, fechou, com os trabalhadores excitados para estarem presentes. Houve quem ficasse admirado por me ver continuar a trabalhar (a verdade que também não fui só eu que me mantive no lugar), Patrões (boa gente) incluídos.
Mas como um dos camaradas disse, e eu concordo, a revolução deu-se por causa e efeito dos milicianos. Oficiais, note-se. Porque os milicianos sargentos, não tinham onde cair mortos. Salvo seja, porque a sustentação das forças armadas deveu-se em grande parte a eles. Desde a exploração monetária, à sustentabilidade do pessoal - leia-se soldados - à operacionalidade, à mobilidade, enfim, o chamado pau para toda a colher. Eles foram de tudo, inclusive ultrajados pela classe do Q.P. Mas não foram tidos nem achados nessa "guerra" de poder académico-militar.
Claro que houve oficiais milicianos, principalmente alferes operacionais, que estiveram sempre ali ao lado do seu pessoal. E a quem o regime, logo a guerra, estragou vidas. E porque alguns enveredaram pelo profissionalismo militar, os do QP começaram a ver com maus olhos a igualdade. E para completar e complicar a situação, a chamada de civis em situação de reserva (como o meu irmão) ou em outras situações - Neto, Picado, os que conheço e me lembro de momento - provocaram e aumentaram a azia. Não para fazerem um 25 de Abril, digo eu, mas para se fazerem notar aos olhos dos governantes, já que Spínolas, Gomes da Costa e compadres se limitavam a escrever anotações à parte, para a governação do País.
Claro que houve oficiais milicianos, principalmente alferes operacionais, que estiveram sempre ali ao lado do seu pessoal. E a quem o regime, logo a guerra, estragou vidas. E porque alguns enveredaram pelo profissionalismo militar, os do QP começaram a ver com maus olhos a igualdade. E para completar e complicar a situação, a chamada de civis em situação de reserva (como o meu irmão) ou em outras situações - Neto, Picado, os que conheço e me lembro de momento - provocaram e aumentaram a azia. Não para fazerem um 25 de Abril, digo eu, mas para se fazerem notar aos olhos dos governantes, já que Spínolas, Gomes da Costa e compadres se limitavam a escrever anotações à parte, para a governação do País.
Mais do que nunca, hoje estou desiludido com o País. Como se pode ler e ouvir, os militares que deram verdadeiramente com o corpo ao manifesto, são como se nunca tivessem existido. As verdadeiras glórias militares são os de agora - talvez até o sejam- os que estiveram no Iraque, em Timor, os que estão no Afeganistão, na Croácia (?) na Nato e por aí fora. Quási 14 anos estão esquecidos - limpos (?) da história de Portugal. Quantos deficientes ainda existem desses anos ? Quantos deficientes que não sabem que o são há ? Quantos sobrevivem com nada ? Quantos vivem mal ?
Entretanto, os que podemos, vamos contribuindo com qualquer coisita para ajudar os que estão naquela terra distante que, segundo as últimas conversas dos que de lá vêm depois de matar saudades, é um País de lixo, desgovernado, corrupto.
Mas como diz e muito bem o Mexia Alves, primeiro os nossos. E desses,, quem quer saber ?
Um abraço para a Tabanca. E um muito especial para o Luís.
Desculpem (lá está a palavra chata) qualquer coisinha.
Jorge/Portojo
Meus espaços
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Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série:
24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6243: O 6º aniversário do nosso blogue (29): Aqui vamos adquirindo conhecimentos sobre outras culturas e tradições (Filomena Sampaio)
6 comentários:
Pois é companheiro, camarada e amigo, realmente o que o 25 de Abril nos deu foi a faculdade de falar, escrever e conviver livremente, sem os probbbblemas de antigamente, que quando nos juntávamos 3 ou 4 a contar anedotas vinha o policia e nos mandava dispersar e um para cada lado.
Mas também se reparares bem o que tu possas dizer ou escrever aos detentores do poder és simplesmente ignorado fazem de conta que não existes. Tu escolheste os teus deputados já fizeste o que tinhas a fazer porque a partir daqui é com ele "OS ELEITOS DO POVO" até os 40e tal por cento dos abstencionistas elegem deputados dos partidos que eles não querem, porque para além da vacuídade de ideias dos nossos deputados, não há lugares vagos no nosso parlamento para lhes mostrar a eles e ao resto do mundo que o maior partido português é o da INDIFERENÇA DOS VOTANTES. Não é isto que o 25 de Abril merecia depois destes anos todos.
Um grande abraço para todos.
Adriano Moreira - Cart. 2412 "SEMPRE DIFERENTES"
Caro Adriano Moreira. Ao cair-se no erro(por alguns bem ajudado) de se confundir o dia 25 de Abril(Dia da Liberdade)com opcoes políticas que desde logo se lhe procuraram "colar", pelos lados direito e esquerdo,esqueceu-se que os únicos campos que Abril dividiu foram entre homens LIVRES e.....os outros! Um abraco amigo.
O 25 de Abril não é propriedade de ninguém, muito menos dos partidos políticos do sistema...
Hoje é difícil festejar o 25 de Abril fora do contexto "institucional"... Para os nossos filhos e netos, deve ser uma "chumbada" as comemorações de cariz político-partidário... O que é preocupante: atrás disso, pode vir o discurso "totalitário" (ou no mínimo "musculado) contra os partidos, o sistema de partidos, a democracia parlamentar, a liberdade, e por aí fora... (Pessoalmente, não gostaria que enveredássemos por aí, e muito menos neste blogue).
Mesmo assim há iniciativas, interessantes, da sociedade civil, de natureza cultural, que conseguem escapar à instrumentalização político-partidária...
Eu, por exemplo, segui a sugestão do Museu da Presidência da República e fui assistir, "sem preconceitos", no Palácio de Belém, a um notável concerto dos, para mim, deslumbrantes,k surpreendentes, "Deolinda"... Não os conhecia, foram uma revelação, e fizeram-me melhor que um gin tónico nas vésperas do 25 de Abril... E, a par disso, assisti, no Palácio de Belém, a um fantástico espectáculo multimédia, sobre o 25 de Abril, com documentos notáveis - incluindo excertos de filmes sobre a guerra colonial, reportagens, recortes de jornal, autocolantes, murais...
Defendo a democracia, acredito nas vantagens da democracia, mas não sou um "crente de ir á missa", de comemorar datas especiais, etc. Mas não critico ninguém, por "ir ou deixar de ir à missa"...
Concordo com o Manuel Reis e o Vasco da Gama: podiam ter aparecido mais postes sobre a efeméride, nomeadamente sobre a relação entre a guerra colonial e o 25 de Abril... Há muita malta (os últimos soldados do império...) que poderá contribuir com histórias, memórias, etc., desses dias... Estamos na semana do 25 de Abril...
Que viva a liberdade, sempre!
CARO JORGE PORTOJO,
CONCORDO NA GENERALIDADE COM AS AFIRMAÇÕES QUE PRODUZES E COMUNGO DAS TUAS PREOCUPAÇÕES QUE SÃO AS DO MEXIA.
E OS NOSSOS?
Com licença,
Dirijo-me-me, principalmente, ao Cmdt Luis e aos sempre disponíveis Carlos e Eduardo.
Reporto-me ao post do M.Maia, em vias de sair desta janela, que refere estar o blogue condenado ao crescimento. Quero crer que sim.
No entanto, o post dele foi ontem publicado, e hoje ainda, amanhã com certeza, sairá de cena.
Pergunto se não haverá forma de aumentar a exposição dos posts, conforme acontecia recentemente.
O Carlos já me referiu alguma coisa desconhecida que afecta a parte técnica.
Ora, esta limitação à exposição, consulta e leitura, porque ninguém vai sistematicamente procurar postes não lidos, não contribui para a popularização do blogue e, parece-me, urge enfrentar o problema.
Abraços fraternos
JD
O assunto que o Amigo José Dinis aborda, sobre a permanência dos Postes julgo que é importante, pois também me sinto muito afectado e, até diminuído, pelo desaparecimento rápido dos mesmos.
Vejam lá se dão um jeitinho.
Abraços
Jorge Picado
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