terça-feira, 27 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6256: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (7): Em Empada, peripécias de um 1.º Cabo a substituir um Furriel Miliciano

1. Continuação da narrativa referente à estadia de Arménio Estorninho* (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70) em Empada:

A CCAÇ 2381 em Empada

Parte II

Por Arménio Estorninho


Duas situações com ameaças disciplinares, quando o Fur Mil, Bertino Cardoso, fora de férias à Metrópole ficando eu fiquei a responder pela Secção Auto


- Certo dia é chegada uma DO-27, que nos trazia a correspondência, frescos, legumes, frutas e outros, era necessário uma viatura para ir à pista com pessoal para segurança e trazer o que for deixado. Não havendo um condutor na Secção (estavam em outras funções e/ou desenfiados) para o serviço, de imediato aprestei-me para o fazer embarcando militares e civis na carroçaria. Dando início à marcha da viatura, eis que um taipal mal trancado se abre, tendo um militar caído para o pavimento e sofrido uma luxação num pulso. Caso a Enfermagem não o recuperasse, teria de ser feito um auto de ocorrência e o militar evacuado para os Serviços do Hospital Militar 241, em Bissau.

Devido à situação clínica do militar, sou chamado à Secretaria perante o 2.º Sargento João Gouveia, tendo-lhe sinteticamente exposto o acontecido. Por sua vez, o sargento retorquiu que eu não podia conduzir a viatura porque estava distribuída a um condutor. Dando-lhe a resposta que não havia no momento um condutor disponível e a viatura não estar distribuída, sendo eu possuidor de carta de condução militar, e estando como responsável pela Secção, sendo urgente a segurança à Pista e outro pessoal, resolvi fazer o serviço.

O Sargento “armado em pudico”, com ameaças impróprias (avancemos, ele não chegara ao fim da comissão), continuando o diálogo disse-lhe: se tenho carta e sou o responsável, porque não posso conduzir viaturas da Companhia em situações prementes e o senhor que não tem Carta Militar, pega na chave leva o jipe quando quer e lhe apetece e vai com ele passear pela povoação. (sic)

Moral da “estória,” com resposta pronta do Sargento Gouveia: sabes que eu tenho boné com pala só posso olhar para baixo, não posso olhar para cima e assim como tu também não.

Contudo ainda me disse que não podia olhar para o nosso Alferes que estava presente e do qual não me vem à memória o nome.
Da situação fiquei grato e reconhecido aos meus Companheiros Enfermeiros, pelos esforços postos e não sendo necessária a eventual evacuação.

- Quando foi de férias à Metrópole o responsável pela Secção Auto, o ex-Fur Mil Bertino Cardoso, deu-me instruções de que não era necessário requisitar combustíveis, embora eu lhe observasse que a quantidade existente poderia vir a ser insuficiente.
Com o avançar do tempo a reserva de gasóleo para o gerador eléctrico ia baixando (mas também me pareceu que houve rato) e pela média de gastos verifico que até à reposição ia faltar para uma semana. Do facto dou conta ao Capitão Aidos.
Apanhei logo ameaças de um processo disciplinar, que ele nada tinha a ver de quem era a culpa e eu é que respondia caso não houvesse gasóleo para o gerador. Contudo a sorte esteve comigo, tendo em conta na data de estar em fase de Lua Cheia. Propus ao Capitão que o gerador funcionasse somente enquanto a luminosidade do luar fosse insuficiente. Concordara após verificar não haver qualquer inconveniente e foi amigo, contudo em caso de ataque In seria imediatamente ligado, eu comprometia-me a ir accioná-lo, não dormindo nas horas suspeitas.

Rezei a todos os Santinhos da minha Paróquia e de mais algumas, felizmente nada acontecera que ficasse prejudicado pela situação deparada.

Com a chegada do Furriel Mec Auto foi um descarregar da bateria e focando a inadmissível situação deixada.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6246: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (6): Em Empada, primeiras impressões e morte de um camarada por electrocussão

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