Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Guiné 63/74 - P7079: Operação Vadiagem e Ventana, executada pela CCAÇ 3306/BCAÇ3833 (Augusto Silva Santos)
1. Relatório das Acções "Vadiagem e Ventana", com batida às Regiões de Bugula, Badã e Ponta Nhaga, executada pela CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, enviado pelo nosso camarada Augusto Silva Santos* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833), Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, na sua mensagem de apresentação com data de 25 de Setembro de 2010:
OBS:- Clicar nas imagens para as ampliar
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7051: Tabanca Grande (245): Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)
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4 comentários:
É sempre muito interessante vermos aqui publicados estes documentos originais. É que mesmo copiando-os e publicando-os até em formato mais legível não têm o mesmo "sabor". Evidentemente que ninguém gosta que venham indicados feridos ou mortos. Ficamos sempre tristes e, no caso dos feridos, com a esperança de que tenham tido óptima recuperação.
Mas estes documentos, em especial os relatórios de operações, têm também interesse para se verificar como "funcionavam", muitas vezes, as NT. No caso concreto, ao ler-se o desenvolvimento da acção, na secura burocrática como é descrita, não se imaginaria que fosse possível terem sido consumidos 8000 cartuchos de G3, ou seja, 400 carregadores!
Das duas, uma: ou a operação foi muito mais complicado do que vem descrito, ou houve que repor falhas de material.
Mas, se calhar, estou a interpretar mal o relatório.
Obrigado, caro camarada Augusto Santos, por nos ter disponibilizado este documento no original.
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Caro camarada Augusto Santos
Sou o Manuel Carvalho ex. Fur. Mil. Armas Pes. da c. caç. 2366 68/70.
estive em Jolmete antes de ti e do
Manuel Resende de Junho de 68 a Ju-
lho de 69. Passo algum tempo livre por
aqui e quando aparece alguem a falar de Jolmete naturalmente que mexe comigo porque passei ai um ano da mi-
nha vida mas um ano muito intenso quer
em trabalho quer operacionalmente,
Construimos bons abrigos e grande
parte dos edificios existentes.
Mas um dos motivos porque estou a fazer este comentario e porque vejo
mencionado no relatorio da operaçao
o pel, mil. 222 e no nosso tempo o
pel. mil. de Jolmete era o 128 e o
Comandante era o Dante Mendes que
foi caçador antes da guerra e conhe-
cia o Jol muito bem. A este homem
devemos muito e julgo que posso fa-
lar assim pelo menos em nome da 2366
Foi assassinado em 74 as ordens do
PAIGC. Pois caro amigo parece que
começa a aparecer gente de Jolmete.
Ainda bem.
Um grande abraço e conta mais coisas.
Manuel Carvalho Ccaç2366
mail/manueljscarvalho@hotmail.com
De: Augusto Silva Santos
Para: Carlos Cordeiro
Camarada e Amigo,
Antes de mais, muito obrigado pelas tuas palavras. É bom registar que leste atentamente o documento. Relativamente à questão que levantas (com toda a pertinência) a quase 40 anos de distância não é fácil confirmar se os números estão ou não correctos. Provavelmente pecarão pelo exagero mas, tal como tu referes (e bem) o relatório não reflecte a real complexidade / dimensão que esta operação representou na altura. Se foi ou não consumida tanta munição, sinceramente não sei, mas sei (como costumavamos dizer) que foi um "fogachal" tremendo. Foi uma acção com 3 Grupos de Combate reforçados com voluntários, mais o Pelotão de Milícias 222, e alguns elementos do Pel.Caç.Nat.59. Era muito pessoal e, quanto a mim, estranhamente (para não dizer outra coisa) só ficou um Grupo de Combate no aquartelamento. Imagina se os nossos "amigos" do PAIGC tivessem sabido disto . . . Numa operação desta envergadura, provavelmente justificava-se que tivessemos contado com o apoio / colaboração de forças especiais.
Um Grande Abraço
De: Augusto Silva Santos
Para: Manuel Carvalho
Camarada e Amigo,
Mais uma vez, muito obrigado pelas tuas palavras. Tal como acontece contigo, também a mim tudo o que se relacione com o Jol, "mexe" cá dentro.
Relativamente à questão que colocas sobre o Pelotão de Milícias, pelo menos no meu tempo era de facto o 222, conforme vem mencionado no relatório, e o seu Comandante era por nós conhecido como "Dandy", embora na realidade o seu nome fosse Dassin Djassi. Aliás, ele era mesmo o Comandante da Companhia de Milícias do Pelundo, embora estivesse sempre em Jolmete, onde residia. Foi ferido nesta operação com um tiro numa perna. Era um extraordinário guerrilheiro, inclusivé condecorado com a cruz de guerra pelo Spínola. Posto isto, julgo não se tratar da mesma pessoa. Provavelmente terá tido o mesmo destino do Dante Mendes . . .
Um Grande Abraço
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